O documento discute as conexões entre a obra Fausto de Goethe e as Ciências da Religião, especialmente a influência na concepção de sagrado de Mircea Eliade. Também aborda como a literatura pode inspirar a ciência e como o campo das Ciências da Religião é transdisciplinar, recebendo contribuições de diversas áreas.
O documento discute a relação entre teologia e filosofia ao longo da história. Apresenta diferentes perspectivas sobre como a filosofia influenciou o desenvolvimento da teologia cristã, desde os filósofos gregos até pensadores modernos. Também destaca os perigos de aliar a fé cristã a sistemas filosóficos específicos, defendendo que a experiência de salvação vem por meio do encontro com Jesus Cristo pelo Espírito Santo.
O objetivo deste artigo é entender algumas implicações da relação ao longo da
história entre Filosofia e a fé. Propondo uma análise cuidadosa para que
entendamos os exageros e também o menosprezo da influência da Filosofia sobre a
fé e da fé sobre a Filosofia.
Santo Agostinho nasceu na África em 354 e foi influenciado pela mãe Mônica a se converter ao Cristianismo após desviar-se moralmente na juventude. Ele faleceu em 430 na cidade de Hipona e foi importante para introduzir o pensamento grego na tradição cristã, influenciando diversos teólogos e filósofos posteriores.
Contribuições da antropologia para as pesquisas no programa de póslumennovum
O documento discute possíveis diálogos entre a Antropologia e as Ciências das Religiões no estudo da religiosidade e discursos de pessoas com esquizofrenia. Apresenta brevemente a história das Ciências das Religiões e sua abordagem plural de objetos religiosos. Argumenta que a Antropologia, com seu olhar cultural, pode contribuir para compreender experiências religiosas de pessoas com diagnósticos psiquiátricos de forma menos patológica.
O documento discute três concepções do homem na filosofia ocidental: (1) A concepção clássica do homem como animal racional e político; (2) A concepção cristã-medieval do homem como criatura de Deus que caiu em desgraça; (3) A concepção moderna do homem como centro da história após a Renascença.
O documento discute a história da filosofia da religião, desde seus antecedentes até seu desenvolvimento no mundo anglo-saxão e continental. Apresenta os principais pensadores e correntes que contribuíram para o estudo filosófico da religião ao longo dos séculos, como a distinção entre religião e filosofia, as primeiras reflexões sobre o tema, e o amadurecimento do campo no mundo moderno.
O documento descreve a Filosofia Medieval na Europa entre os séculos V e XV, quando a Igreja Católica teve grande influência. Os principais temas filosóficos eram a relação entre razão e fé, a existência e natureza de Deus, e os limites do conhecimento humano. Filósofos como Santo Agostinho e São Tomás de Aquino procuraram harmonizar a filosofia greco-romana com a doutrina cristã.
O documento discute a moral em Kant e suas implicações para as Ciências das Religiões. Aborda a transição de Kant de uma razão prática baseada em necessidades humanas para uma baseada no dever moral autônomo. Também destaca que as ideias de Kant sobre agir moralmente podem contribuir para o estudo sistemático da religião sem depender de dogmas teológicos.
O documento discute a relação entre teologia e filosofia ao longo da história. Apresenta diferentes perspectivas sobre como a filosofia influenciou o desenvolvimento da teologia cristã, desde os filósofos gregos até pensadores modernos. Também destaca os perigos de aliar a fé cristã a sistemas filosóficos específicos, defendendo que a experiência de salvação vem por meio do encontro com Jesus Cristo pelo Espírito Santo.
O objetivo deste artigo é entender algumas implicações da relação ao longo da
história entre Filosofia e a fé. Propondo uma análise cuidadosa para que
entendamos os exageros e também o menosprezo da influência da Filosofia sobre a
fé e da fé sobre a Filosofia.
Santo Agostinho nasceu na África em 354 e foi influenciado pela mãe Mônica a se converter ao Cristianismo após desviar-se moralmente na juventude. Ele faleceu em 430 na cidade de Hipona e foi importante para introduzir o pensamento grego na tradição cristã, influenciando diversos teólogos e filósofos posteriores.
Contribuições da antropologia para as pesquisas no programa de póslumennovum
O documento discute possíveis diálogos entre a Antropologia e as Ciências das Religiões no estudo da religiosidade e discursos de pessoas com esquizofrenia. Apresenta brevemente a história das Ciências das Religiões e sua abordagem plural de objetos religiosos. Argumenta que a Antropologia, com seu olhar cultural, pode contribuir para compreender experiências religiosas de pessoas com diagnósticos psiquiátricos de forma menos patológica.
O documento discute três concepções do homem na filosofia ocidental: (1) A concepção clássica do homem como animal racional e político; (2) A concepção cristã-medieval do homem como criatura de Deus que caiu em desgraça; (3) A concepção moderna do homem como centro da história após a Renascença.
O documento discute a história da filosofia da religião, desde seus antecedentes até seu desenvolvimento no mundo anglo-saxão e continental. Apresenta os principais pensadores e correntes que contribuíram para o estudo filosófico da religião ao longo dos séculos, como a distinção entre religião e filosofia, as primeiras reflexões sobre o tema, e o amadurecimento do campo no mundo moderno.
O documento descreve a Filosofia Medieval na Europa entre os séculos V e XV, quando a Igreja Católica teve grande influência. Os principais temas filosóficos eram a relação entre razão e fé, a existência e natureza de Deus, e os limites do conhecimento humano. Filósofos como Santo Agostinho e São Tomás de Aquino procuraram harmonizar a filosofia greco-romana com a doutrina cristã.
O documento discute a moral em Kant e suas implicações para as Ciências das Religiões. Aborda a transição de Kant de uma razão prática baseada em necessidades humanas para uma baseada no dever moral autônomo. Também destaca que as ideias de Kant sobre agir moralmente podem contribuir para o estudo sistemático da religião sem depender de dogmas teológicos.
Os gregos criaram mitos para entender os fatos da vida, representados por deuses e heróis. Os pré-socráticos questionaram visões míticas da natureza. Sofistas ensinavam retórica em troca de pagamento. Sócrates usava diálogos para buscar verdade. Platão acreditava em um mundo das ideias superior ao sensível. Aristóteles estudou ética e lógica.
1) Cientistas colocaram macacos em uma jaula com uma escada e bananas no topo para observar seu comportamento.
2) Quando um macaco subia, os outros recebiam jatos de água fria e aprenderam a bater em quem tentasse subir.
3) Mesmo quando todos os macacos originais foram substituídos, os novos continuaram a bater em quem tentasse subir sem saber o porquê.
Como o pesquisador entende o sagrado; hierofania na escola. é possível falar ...sosreligiao
Este documento discute conceitos-chave da fenomenologia da religião aplicados ao contexto escolar, como o conceito de sagrado, hierofanias e espaço sagrado. O autor argumenta que é possível falar de manifestações do sagrado na escola através da experiência religiosa vivida por professores e alunos e das relações estabelecidas no ambiente educacional.
Filosofia e teologia como expresses propriamente humanasSusana Barbosa
1) A filosofia é essencial para a teologia porque permite uma experiência de fé racional através da reflexão e da razão, características únicas do ser humano.
2) A capacidade de reflexão distingue os seres humanos de outros animais. Sem filosofia não há teologia porque não há relação lógica com o divino.
3) Para Platão e Sócrates, uma vida sem filosofia não é digna de um ser humano, pois a filosofia constitui a própria humanidade através da
Reflexões teóricas e históricas sobre o espiritualismo de 1850 a 1930ceakimb
1) O documento discute reflexões teóricas e históricas sobre o espiritualismo entre 1850-1930. Apresenta diferentes abordagens teóricas para estudar fenômenos religiosos como o trabalho de Rudolf Otto, Mircea Eliade e Alphonse Dupront.
2) Debate questões como a distinção entre sagrado e profano e a necessidade de analisar fenômenos religiosos dentro de seus contextos históricos e culturais específicos.
3) Tem como objetivo fornecer uma base teórica para estudos sobre a hist
O documento discute o sagrado como foco do fenômeno religioso. Argumenta-se que o sagrado preserva aspectos subjetivos e objetivos da religião e deve ser restabelecido como categoria de análise do fenômeno religioso. Também aborda a distinção entre aspectos racionais e transracionais do sagrado.
Este documento apresenta um novo programa de filosofia para o ensino secundário em Portugal. O programa mantém a estrutura do anterior mas com algumas alterações nos conteúdos e maior ênfase na metodologia. O objetivo é promover o pensamento crítico dos alunos e ajudá-los a refletir sobre questões filosóficas de forma a viverem juntos de maneira democrática.
1) O documento apresenta um plano de aula para o curso de Filosofia da Religião I.
2) Aborda conceitos como religião, filosofia, revelação e o relacionamento entre fé e razão.
3) Discutem-se questões como o que é religião, como pode ser objeto da filosofia, como justificar a religião perante a razão.
O documento discute diferentes perspectivas sobre mitos e rituais, desde visões reducionistas dos primeiros antropólogos até abordagens mais holísticas. Também apresenta as visões de Campbell, Jung e Eliade sobre como os mitos fornecem modelos exemplares e expressam realidades sagradas.
Santo Agostinho reinterpreta a teoria platônica do conhecimento, distinguindo entre conhecimento proveniente dos sentidos e conhecimento inteligível, acessível apenas pela reflexão. Ele defende que o homem recebe de Deus o conhecimento das verdades eternas por iluminação divina. Agostinho também influencia o pensamento medieval sobre a graça divina e a predestinação, defendendo que a salvação depende tanto do esforço humano quanto da graça concedida por Deus.
A filosofia medieval ocorreu entre os séculos VIII e XIV na Europa dominada pela Igreja Católica. Dois de seus principais pensadores foram Santo Agostinho e São Tomás de Aquino, que influenciaram a religião e outros filósofos cristãos. A escolástica foi a corrente filosófica dominante nesse período, buscando conciliar fé e razão por meio do ensino nas universidades.
1) O documento discute mitos, ritos e diferentes perspectivas sobre eles, incluindo funcionalismo, estruturalismo e abordagens psicológicas e fenomenológicas.
2) Apresenta um ritual de iniciação ao cristianismo ortodoxo em três etapas: batismo, unção com óleo e comunhão.
3) Defende uma abordagem transdisciplinar que integra perspectivas antropológicas, históricas e psicológicas para compreender mitos e ritos.
O documento descreve os principais conceitos da filosofia medieval, incluindo a Escolástica, Patrística e os pensadores Santo Agostinho e São Tomás de Aquino. A Escolástica buscou conciliar a fé cristã com o pensamento racional enquanto a Patrística defendeu e esclareceu os dogmas cristãos nos primeiros séculos. Santo Agostinho e São Tomás de Aquino foram influentes filósofos medievais que procuraram harmonizar a filosofia greco-romana com a doutrina crist
O documento descreve a filosofia medieval na Europa entre os séculos V e XV. Durante este período, a Igreja Católica teve grande influência e os temas religiosos predominaram no campo filosófico. Dois estágios principais foram a patrística entre os séculos I e VII e a escolástica entre os séculos IX e XIV, quando filósofos procuraram conciliar a fé cristã com o pensamento de Aristóteles e Platão.
1) A Filosofia Patrística surgiu para conciliar o Cristianismo com o pensamento filosófico dos gregos e romanos a fim de converter pagãos.
2) Santo Agostinho foi um dos principais filósofos da Patrística, influenciado pelo platonismo. Ele se converteu ao cristianismo após uma vida de pecados.
3) Agostinho acreditava que o conhecimento vinha de Deus através da luz intelectual, e não apenas das forças naturais do espírito humano.
A Idade Média compreendeu o período do século V (queda do Império Romano) ao século XV (inicio do Renascimento). Uma das características desse período foi a relação entre a Fé e Razão.
2 filosofia antiga e medieval filosofiaDaniele Rubim
A filosofia grega teve início com o pensamento racional sobre o cosmos, desenvolvido pelos sofistas e pré-socráticos como Heráclito e Parmênides. Sócrates ensinou que o conhecimento só é possível ao reconhecer a própria ignorância. Platão desenvolveu a divisão entre mundo sensível e inteligível, enquanto Aristóteles uniu os dois mundos e definiu conceitos como substância, forma e matéria. A filosofia medieval buscou harmonizar fé e razão, com Agostinho e Tom
Forum dialogo na assembleia legislativa, fala de gilbrazGilbraz Aragão
O documento discute a importância do diálogo inter-religioso na era da globalização e urbanização. Ele argumenta que as religiões precisam ultrapassar a lógica da identidade e buscar uma ética global compartilhada que una as pessoas. Também descreve as atividades do Observatório Transdisciplinar das Religiões na Universidade Católica de Pernambuco para promover o entendimento entre tradições religiosas.
O Simpósio Nacional Ecumenismo e Missão discutiu como testemunhar a fé cristã em um mundo plural através de momentos de oração, debates e apresentações sobre a história do ecumenismo no Brasil e desafios atuais. Participaram diversas igrejas que aprovaram um documento comum enfatizando a cooperação ecumênica e o diálogo inter-religioso.
Esta resolução estabelece as diretrizes para o ensino religioso nas escolas públicas de Pernambuco, definindo os procedimentos para os conteúdos e habilitação dos professores, de acordo com os princípios de independência entre Estado e Igreja e liberdade religiosa. O ensino religioso terá caráter interconfessional, expressando a diversidade cultural e religiosa do Brasil, sem proselitismo. A formação docente deverá ocorrer preferencialmente em cursos de ciências da religião ou teologia.
O documento descreve a espiritualidade de Dom Helder Câmara. Ele era antes de tudo um místico cuja vida era absorvida por Deus. Sua mística era baseada na religiosidade popular nordestina e se expressava através de sua grande sensibilidade. O cerne de sua mística era o amor universal e a paz, sem ênfase no pecado.
Os gregos criaram mitos para entender os fatos da vida, representados por deuses e heróis. Os pré-socráticos questionaram visões míticas da natureza. Sofistas ensinavam retórica em troca de pagamento. Sócrates usava diálogos para buscar verdade. Platão acreditava em um mundo das ideias superior ao sensível. Aristóteles estudou ética e lógica.
1) Cientistas colocaram macacos em uma jaula com uma escada e bananas no topo para observar seu comportamento.
2) Quando um macaco subia, os outros recebiam jatos de água fria e aprenderam a bater em quem tentasse subir.
3) Mesmo quando todos os macacos originais foram substituídos, os novos continuaram a bater em quem tentasse subir sem saber o porquê.
Como o pesquisador entende o sagrado; hierofania na escola. é possível falar ...sosreligiao
Este documento discute conceitos-chave da fenomenologia da religião aplicados ao contexto escolar, como o conceito de sagrado, hierofanias e espaço sagrado. O autor argumenta que é possível falar de manifestações do sagrado na escola através da experiência religiosa vivida por professores e alunos e das relações estabelecidas no ambiente educacional.
Filosofia e teologia como expresses propriamente humanasSusana Barbosa
1) A filosofia é essencial para a teologia porque permite uma experiência de fé racional através da reflexão e da razão, características únicas do ser humano.
2) A capacidade de reflexão distingue os seres humanos de outros animais. Sem filosofia não há teologia porque não há relação lógica com o divino.
3) Para Platão e Sócrates, uma vida sem filosofia não é digna de um ser humano, pois a filosofia constitui a própria humanidade através da
Reflexões teóricas e históricas sobre o espiritualismo de 1850 a 1930ceakimb
1) O documento discute reflexões teóricas e históricas sobre o espiritualismo entre 1850-1930. Apresenta diferentes abordagens teóricas para estudar fenômenos religiosos como o trabalho de Rudolf Otto, Mircea Eliade e Alphonse Dupront.
2) Debate questões como a distinção entre sagrado e profano e a necessidade de analisar fenômenos religiosos dentro de seus contextos históricos e culturais específicos.
3) Tem como objetivo fornecer uma base teórica para estudos sobre a hist
O documento discute o sagrado como foco do fenômeno religioso. Argumenta-se que o sagrado preserva aspectos subjetivos e objetivos da religião e deve ser restabelecido como categoria de análise do fenômeno religioso. Também aborda a distinção entre aspectos racionais e transracionais do sagrado.
Este documento apresenta um novo programa de filosofia para o ensino secundário em Portugal. O programa mantém a estrutura do anterior mas com algumas alterações nos conteúdos e maior ênfase na metodologia. O objetivo é promover o pensamento crítico dos alunos e ajudá-los a refletir sobre questões filosóficas de forma a viverem juntos de maneira democrática.
1) O documento apresenta um plano de aula para o curso de Filosofia da Religião I.
2) Aborda conceitos como religião, filosofia, revelação e o relacionamento entre fé e razão.
3) Discutem-se questões como o que é religião, como pode ser objeto da filosofia, como justificar a religião perante a razão.
O documento discute diferentes perspectivas sobre mitos e rituais, desde visões reducionistas dos primeiros antropólogos até abordagens mais holísticas. Também apresenta as visões de Campbell, Jung e Eliade sobre como os mitos fornecem modelos exemplares e expressam realidades sagradas.
Santo Agostinho reinterpreta a teoria platônica do conhecimento, distinguindo entre conhecimento proveniente dos sentidos e conhecimento inteligível, acessível apenas pela reflexão. Ele defende que o homem recebe de Deus o conhecimento das verdades eternas por iluminação divina. Agostinho também influencia o pensamento medieval sobre a graça divina e a predestinação, defendendo que a salvação depende tanto do esforço humano quanto da graça concedida por Deus.
A filosofia medieval ocorreu entre os séculos VIII e XIV na Europa dominada pela Igreja Católica. Dois de seus principais pensadores foram Santo Agostinho e São Tomás de Aquino, que influenciaram a religião e outros filósofos cristãos. A escolástica foi a corrente filosófica dominante nesse período, buscando conciliar fé e razão por meio do ensino nas universidades.
1) O documento discute mitos, ritos e diferentes perspectivas sobre eles, incluindo funcionalismo, estruturalismo e abordagens psicológicas e fenomenológicas.
2) Apresenta um ritual de iniciação ao cristianismo ortodoxo em três etapas: batismo, unção com óleo e comunhão.
3) Defende uma abordagem transdisciplinar que integra perspectivas antropológicas, históricas e psicológicas para compreender mitos e ritos.
O documento descreve os principais conceitos da filosofia medieval, incluindo a Escolástica, Patrística e os pensadores Santo Agostinho e São Tomás de Aquino. A Escolástica buscou conciliar a fé cristã com o pensamento racional enquanto a Patrística defendeu e esclareceu os dogmas cristãos nos primeiros séculos. Santo Agostinho e São Tomás de Aquino foram influentes filósofos medievais que procuraram harmonizar a filosofia greco-romana com a doutrina crist
O documento descreve a filosofia medieval na Europa entre os séculos V e XV. Durante este período, a Igreja Católica teve grande influência e os temas religiosos predominaram no campo filosófico. Dois estágios principais foram a patrística entre os séculos I e VII e a escolástica entre os séculos IX e XIV, quando filósofos procuraram conciliar a fé cristã com o pensamento de Aristóteles e Platão.
1) A Filosofia Patrística surgiu para conciliar o Cristianismo com o pensamento filosófico dos gregos e romanos a fim de converter pagãos.
2) Santo Agostinho foi um dos principais filósofos da Patrística, influenciado pelo platonismo. Ele se converteu ao cristianismo após uma vida de pecados.
3) Agostinho acreditava que o conhecimento vinha de Deus através da luz intelectual, e não apenas das forças naturais do espírito humano.
A Idade Média compreendeu o período do século V (queda do Império Romano) ao século XV (inicio do Renascimento). Uma das características desse período foi a relação entre a Fé e Razão.
2 filosofia antiga e medieval filosofiaDaniele Rubim
A filosofia grega teve início com o pensamento racional sobre o cosmos, desenvolvido pelos sofistas e pré-socráticos como Heráclito e Parmênides. Sócrates ensinou que o conhecimento só é possível ao reconhecer a própria ignorância. Platão desenvolveu a divisão entre mundo sensível e inteligível, enquanto Aristóteles uniu os dois mundos e definiu conceitos como substância, forma e matéria. A filosofia medieval buscou harmonizar fé e razão, com Agostinho e Tom
Forum dialogo na assembleia legislativa, fala de gilbrazGilbraz Aragão
O documento discute a importância do diálogo inter-religioso na era da globalização e urbanização. Ele argumenta que as religiões precisam ultrapassar a lógica da identidade e buscar uma ética global compartilhada que una as pessoas. Também descreve as atividades do Observatório Transdisciplinar das Religiões na Universidade Católica de Pernambuco para promover o entendimento entre tradições religiosas.
O Simpósio Nacional Ecumenismo e Missão discutiu como testemunhar a fé cristã em um mundo plural através de momentos de oração, debates e apresentações sobre a história do ecumenismo no Brasil e desafios atuais. Participaram diversas igrejas que aprovaram um documento comum enfatizando a cooperação ecumênica e o diálogo inter-religioso.
Esta resolução estabelece as diretrizes para o ensino religioso nas escolas públicas de Pernambuco, definindo os procedimentos para os conteúdos e habilitação dos professores, de acordo com os princípios de independência entre Estado e Igreja e liberdade religiosa. O ensino religioso terá caráter interconfessional, expressando a diversidade cultural e religiosa do Brasil, sem proselitismo. A formação docente deverá ocorrer preferencialmente em cursos de ciências da religião ou teologia.
O documento descreve a espiritualidade de Dom Helder Câmara. Ele era antes de tudo um místico cuja vida era absorvida por Deus. Sua mística era baseada na religiosidade popular nordestina e se expressava através de sua grande sensibilidade. O cerne de sua mística era o amor universal e a paz, sem ênfase no pecado.
O que e religiao, agora. texto de gilbraz pro congresso religiao e cultura da...Gilbraz Aragão
O documento discute a natureza da experiência religiosa e como ela está mudando. O autor descreve uma experiência na infância que o levou a questionar sua fé e religião de forma mais crítica. Isso o inspirou a estudar teologia para entender melhor os valores e símbolos culturais do Nordeste brasileiro e como podem ser reinterpretados de forma mais humana.
Este documento apresenta o projeto do Parque das Religiões, um parque-museu inter-religioso em construção em Igarassu, Pernambuco. O parque terá como objetivo promover o diálogo entre diferentes religiões e oferecer um espaço para educação, reflexão e meditação sobre o fenômeno religioso de forma universal. Ele contará com salas temáticas, trilhas, auditórios e outras estruturas distribuídas em uma área natural de 5.000m2.
(1) O documento descreve o povo pobre que participa do Movimento Encontro de Irmãos, incluindo Dona Bel que reúne crianças para comemorar a cura milagrosa de seu filho e Dona Benedita que cria várias crianças sozinha. (2) O movimento se reúne em torno da Bíblia e liga a fé à vida e ao sofrimento do povo, realizando ações como pesquisas comunitárias e manifestações para resolver problemas. (3) Grandes encontros do movimento ocorrem para celebrar
Aula inaugural de marcelo barros ciências da religião unicapGilbraz Aragão
1) O documento discute o papel das ciências da religião no mundo pluralista atual, caracterizado por grande diversidade religiosa.
2) Argumenta-se que as ciências da religião podem ajudar a explicar essa diversidade e mediar o diálogo entre teologias e o mundo exterior às religiões.
3) Defende-se que as ciências da religião devem ter um compromisso com a transformação do mundo, unindo o melhor da teologia e da política.
O documento descreve a história e objetivos do Espaço das Religiões, um centro cultural e museológico proposto para promover o diálogo inter-religioso em Pernambuco. Ele surgiu de discussões no Movimento de Cursilhos de Cristandade na década de 1980 e tem como objetivo educar sobre tradições religiosas e fomentar a convivência pluralista. O documento detalha a organização, localização e investimentos previstos para o espaço.
O documento descreve uma viagem pelo Nordeste brasileiro visitando locais de fé, observando a interação entre religião popular e modernidade. Descreve lugares onde o sincretismo religioso é forte, convivendo tradições indígenas e afro-brasileiras com o catolicismo. Também observa a competição entre igrejas católicas e evangélicas, e questiona se estamos caminhando para uma espiritualidade pós-religiosa.
Transdisciplinaridade, ciências da religião e ensino religiosoGilbraz Aragão
O documento discute a abordagem transdisciplinar no estudo das religiões, defendendo uma compreensão multidimensional que considere vários níveis de realidade. A transdisciplinaridade busca a unidade do conhecimento de forma a entender a complexidade dos fenômenos religiosos.
O documento discute o ensino religioso no Brasil, abordando seus desafios, enfoques e perspectivas. Ele explora três modelos de ensino religioso, os eixos de conteúdo das ciências da religião e o papel do profissional de ensino religioso.
O documento resume os principais aspectos do Islamismo, incluindo sua origem no século VII na Península Arábica, os seus símbolos como o crescente, os cinco pilares da fé Islâmica como a oração e o jejum, e as principais divisões dentro do Islamismo entre Sunitas e Xiitas.
A área de ciências da religião no brasil 2023.ppsxGilbraz Aragão
O documento discute o campo das Ciências da Religião no Brasil. Ele descreve como as Ciências da Religião surgiram para estudar historicamente, compreender e investigar sistematicamente as religiões e experiências religiosas ao longo do tempo, ajudando a esclarecer experiências místicas e traduzir conhecimentos religiosos para o diálogo. O documento também discute vários métodos e abordagens utilizadas pelas Ciências da Religião, incluindo métodos empíricos, comparativos e classificatórios.
O documento discute a importância do diálogo entre religiões e a transdisciplinaridade no estudo das ciências da religião. Defende uma visão inclusiva da espiritualidade que reconhece valores em diferentes tradições e a interdependência entre ciência, cultura e sujeito. Aponta Raimon Panikkar como pensador transdisciplinar que desenvolveu uma perspectiva holística da realidade baseada na Trindade.
O documento discute o modelo conflitual para análise dos textos sagrados. Ele descreve como as sociedades antigas viam a religião como a única lente para entender o mundo, enquanto os gregos começaram a questionar princípios religiosos e analisar fenômenos de forma racional. O Renascimento trouxe o humanismo e questionamento crítico, influenciando a Reforma Protestante. O Iluminismo rejeitou verdades não comprovadas pela razão, aplicando crítica até à religião.
O documento apresenta uma resenha de um livro sobre Ciência da Religião organizado por João Décio Passos e Frank Usarski. O livro aborda diversos temas relacionados à Ciência da Religião como epistemologia, história, fenomenologia, filosofia, ciências sociais e psicológicas da religião. A resenha destaca a abordagem dos organizadores em buscar legitimidade disciplinar para a Ciência da Religião e discute os diferentes capítulos do livro que tratam de objetos, métodos e teorias da
A história, a relevância social
e o desenvolvimento da teologia.pdfLeandroFernandes17198
1) O artigo analisa a história, o desenvolvimento e a relevância social da teologia ao longo do tempo.
2) A teologia teve momentos de maior e menor importância dependendo de como era vista pela sociedade em cada época.
3) No século 20, a teologia ganhou mais relevância na América Latina à medida que teólogos passaram a refletir sobre a realidade social da região.
O artigo discute como o Cristianismo sempre concebeu a fé como tendo fundamentos históricos, desde sua origem. A Bíblia apresenta a história como tendo significado teológico e valor qualitativo, mostrando que Deus se revelou na história humana. Isso significa que o Cristianismo pode ter evidências históricas que ratificam sua veracidade.
Este documento apresenta conceitos filosóficos e principais filósofos. Resume:
1) A filosofia examina questões fundamentais sobre a existência humana, conhecimento, verdade, valores e universo através da argumentação racional. Ela inclui disciplinas como metafísica, epistemologia e ética.
2) Dois principais filósofos discutidos são Friedrich Nietzsche, conhecido por criticar valores estabelecidos e defender um "Homem Superior", e Santo Agostinho, importante teólogo cristão e autor de "Conf
1. A filosofia teve origem na Grécia antiga, no século VI a.C, sendo considerada o berço da filosofia ocidental.
2. Os gregos antigos tiveram grande importância para a construção da civilização ocidental, influenciando áreas como arte, filosofia, literatura e direito.
3. A cultura ocidental deriva de influências da Grécia e Roma antigas e do cristianismo, e se desenvolveu ao longo da Idade Média e dos períodos moderno e contemporâneo.
Este documento apresenta um resumo do livro "História da Filosofia: Filosofia Pagã Antiga" de Giovanni Reale e Dario Antiseri. O livro explora as origens gregas do pensamento ocidental, a fundação do pensamento filosófico e os primeiros filósofos naturalistas que buscavam entender a natureza. O texto fornece um índice de nomes e conceitos importantes para guiar o leitor na compreensão desta parte inicial da história da filosofia.
1) O autor diz que todos os temas podem ser tratados de maneira filosófica, questionando ideias aceitas e buscando respostas racionais.
2) O texto afirma que a filosofia não tem um objeto próprio, questionando todas as respostas dadas, sejam elas científicas, religiosas ou de senso comum.
3) O papel principal do filósofo, segundo o autor, é questionar o que já está dado como resposta e procurar enxergar com clareza através da razão.
O documento explora a relação entre filosofia e religião, destacando o pensamento de Heidegger. Heidegger propõe que a filosofia ocidental é uma "onto-teo-logia", buscando o fundamento de todas as coisas através de um Deus. Isso marca a superação da metafísica tradicional.
1. O documento discute a filosofia da religião, definindo filosofia e religião. Apresenta as principais classificações de religião, incluindo religiões primitivas e superiores como politeísmo, panteísmo, deísmo e monoteísmo.
2. Elementos comuns a muitas religiões são discutidos, como crenças, rituais, normas de conduta e instituições religiosas. Crenças geralmente incluem vida após a morte e mundo sobrenatural.
3. Rituais
O documento discute a relação entre conhecimento filosófico e científico. Inicialmente, o conhecimento filosófico englobava todo o saber racional na Grécia Antiga, sem distinção entre filosofia e ciência. Posteriormente, o conhecimento se dividiu em filosófico, sobre generalidades, e científico, sobre particulares. Atualmente, embora distintos, filosofia e ciência permanecem em interação, com a filosofia da ciência integrando ambos.
O documento discute a glossolalia, ou falar em línguas, na igreja primitiva de Corinto. A glossolalia originalmente simbolizava a graça divina universal, mas em Corinto tornou-se um símbolo de poder que favorecia um grupo seleto sobre os demais. Paulo aborda a questão em sua epístola aos coríntios, orientando um uso estruturado da glossolalia para evitar divisões.
Glossolalia, símbolo de poder na igreja de CorintoIsrael serique
O documento discute a glossolalia, ou falar em línguas, na igreja primitiva de Corinto. A glossolalia originalmente simbolizava a graça divina universal, mas em Corinto tornou-se um símbolo de poder que favorecia um grupo seleto sobre os demais. Paulo aborda a questão em sua epístola aos coríntios, orientando um uso moderado da glossolalia para evitar divisões.
Os gregos criaram mitos para entender os fatos da vida, representados por deuses e heróis. Os pré-socráticos questionaram visões míticas da natureza. Sofistas ensinavam retórica em troca de pagamento. Sócrates usava diálogos para buscar verdade. Platão acreditava em um mundo das ideias superior ao sensível. Aristóteles estudou ética e lógica.
O documento discute a inter-relação entre psicanálise e filosofia à luz de uma interpretação da modernidade como um projeto de encobrimento da finitude humana. A psicanálise e a filosofia podem se encontrar nessa tensão em relação à razão, uma vez que ambas se movem entre os parâmetros da angústia e do saber. A tensão entre esses saberes ilustra como eles reconhecem seu enraizamento na finitude humana apesar dos esforços de racionalização.
O documento discute a inter-relação entre psicanálise e filosofia à luz de uma interpretação da modernidade como um projeto de encobrimento da finitude humana. A psicanálise e a filosofia podem se encontrar nessa tensão em relação à razão, uma vez que ambas se movem entre os parâmetros da angústia e do saber. A tensão entre esses saberes é ilustrada pela questão da angústia, que revela o abismo no qual o saber se abisma.
Este documento é uma apostila sobre pedagogia e educação espírita. Ele discute a importância da educação da criança não apenas para esta vida, mas para a sua própria evolução espiritual. Também apresenta exemplos de textos sobre desenvolvimento dos princípios da ciência espírita e a necessidade de criar um curso regular de espiritismo para propagar o estudo sério desta doutrina.
O documento discute a hermenêutica e a teoria do conhecimento. Define hermenêutica como a interpretação e aplica-la na bíblia, filosofia e direito. Discute origem, definições e aplicações de conhecimento, epistemologia e epistemologia jurídica, concluindo com a relação entre hermenêutica e teoria do conhecimento ao longo da história.
Semelhante a Fausto e religioes, artigo de gilbraz (20)
Modelos Evolutivos em História das ReligiõesGilbraz Aragão
O documento discute os principais tópicos sobre religião e espiritualidade, incluindo a história, distribuição geográfica, deidades, textos sagrados, rituais, crenças sobre vida e morte, ética, diálogos e conflitos entre tradições. Faz referência ao pensamento de Panikkar sobre conceitos como equivalentes homeomórficos e hermenêutica diatópica.
LIBERDADE DE RELIGIÃO E DE CONSCIÊNCIA.ppsxGilbraz Aragão
O documento discute a participação de um observatório transdisciplinar de religiões em eventos da Organização dos Estados Americanos (OEA) sobre liberdade religiosa e direitos humanos. O observatório faz parte de uma coalizão que defende a laicidade do estado, a diversidade religiosa e a proteção de grupos vulneráveis. Na Assembleia da OEA no Peru, a coalizão se opôs a vozes tradicionalistas que desrespeitam direitos trabalhistas, ambientais e de grupos marginalizados.
A tese analisa a história e o debate epistemológico da Ciência da Religião no Brasil desde sua introdução até os dias atuais. A pesquisa mapeia como o termo "epistemologia" tem sido usado nesse debate de forma instável e heterogênea, prolongando problemas teóricos não resolvidos na área. A análise busca oferecer subsídios para superar tais impasses conceituais.
1. O documento descreve uma pesquisa sobre casos de intolerância religiosa registrados na cidade do Recife entre 2014-2019.
2. A pesquisa utilizou métodos como revisão bibliográfica, análise de notícias em jornais locais e entrevistas para mapear os casos.
3. Foram construídos mapas temáticos localizando onde ocorreram casos de intolerância e de enfrentamento a ela na cidade.
O documento descreve os planos para o Museu Parque das Religiões em Olinda, Pernambuco. O museu terá como objetivo promover o diálogo inter-religioso e intercultural através de exposições e programas educativos sobre diferentes tradições religiosas na região. Ele será construído no local do antigo Convento dos Franciscanos e contará com tendas temáticas, anfiteatro, biblioteca e espaços para reflexão espiritual em meio à natureza.
O Observatório Transdisciplinar das Religiões no Recife é um projeto da UNICAP que analisa encontros e desencontros entre religiões na região através de grupos de estudo, eventos e um fórum inter-religioso. O projeto também contribui para a construção de um Parque das Religiões para apresentar a diversidade religiosa da região ao longo do tempo.
A exposição organizada pela Fundação Ética Mundial no Observatório Transdisciplinar das Religiões no Recife explora como as principais religiões mundiais podem promover a paz mundial e a ética global.
1. Fausto e Religiões: questões para uma atitude transdisciplinar em Ciências da Religião.
Gilbraz Aragão1
Resumo: Tanto Goethe quanto Eliade, referência teórica clássica da nossa área de
Ciências da Religião, com a sua teoria sobre o "sagrado", participaram do mesmo
Círculo de Eranos, onde se desenvolveu uma hermenêutica simbólica do sentido. Fausto
é um personagem sobre o qual apenas supõe-se que tenha existido. Contudo, tornou-se
história ao ter se tornado inspiração para a ficção – a maior delas, justamente a de
Goethe. O Fausto de Goethe transmite uma sensação de claustrofobia, como no quarto
baixo e apertado do protagonista ou na sua aldeia, aprisionada entre as colinas – o que,
em certa medida, se contrapõe às ambições cósmicas do personagem de abarcar todo o
conhecimento. Essa condição paradoxal do ser humano, solitário e frágil, mas
almejando a totalidade – oximoro divino, inacessível sem Mefisto –, remete a uma
possível influência na concepção de Eliade sobre o sagrado, mistério de “coincidentia
oppositorum”, que se vislumbra entre e além da sua relação com o profano – opostos
unidos por um Ente Supremo, transcendente, porém assimilável através dos símbolos.
Que consequências a compreensão dessas conexões traz para o estudante de Ciências da
Religião? Como a literatura pode inspirar a ciência?! A resposta a tais perguntas é o
objetivo desta reflexão.
Palavras-chave: Ciências da Religião, Transdisciplinaridade e Religião, Literatura e
Teologia.
“No que diz respeito a essa ciência,
é muito difícil evitar o caminho errado;
ela contém tanto veneno oculto,
que praticamente não se distingue do remédio”
(Fausto, de Goethe, sobre a teologia).
1
Doutor em teologia, trabalha na Universidade Católica de Pernambuco, onde coordena o Mestrado em
Ciências da Religião. E-mail: gilbraz@unicap.br
2. O campo de conhecimento das Ciências da Religião é mais do que interdisciplinar e
recebe colaborações teóricas (e estudantes) das áreas de História e de Humanidades, das
disciplinas de Sociologia, Antropologia e Psicologia, bem como de Filosofia,
Linguística e Teologia – exigindo, contudo, que tais aportes metodológicos sejam
redimensionados epistemologicamente com base na comparação empírica dos fatos e na
busca hermenêutica de significados, através de uma lógica dialogal (as Ciências da
Religião se articulam em torno da cultura epistemológica das controvérsias). De modo
que pesquisadores daquelas diversas áreas são bem-vindos às Ciências da Religião e
podem produzir trabalhos com enfoques desde as suas graduações, bastando que se
coloquem questões atingíveis fenomenologicamente e trabalháveis hermeneuticamente.
O conceito de Ciências da Religião, cunhado por Max Müller (1823-1900) e
desenvolvido por Mircea Eliade (1907-1986), deu origem a uma área acadêmica que
busca esclarecer a experiência humana do sagrado. Sobre a base da história geral das
religiões ergue-se o estudo comparativo das religiões, que aborda as religiões e seus
fenômenos com questionamentos sistemáticos. Ele forma categorias genéricas e se
esforça para apreender o mundo dos fenômenos religiosos de tal modo que
transpareçam linhas fundamentais, sobretudo fazendo uso da fenomenologia. Enquanto
a história das religiões constitui a base das Ciências da Religião, a pesquisa sistemática
das religiões deve mostrar semelhanças e diferenças de fenômenos análogos (sobre o
sagrado) em diversas religiões e apresentar a hermenêutica dos “textos” sacros em seus
contextos.
As relações entre religião e suas condições contextuais são então aclaradas por distintas
disciplinas. Assim, por exemplo, a sociologia da religião ocupa-se das relações
recíprocas entre religião e sociedade, incluindo também a dimensão política. A
psicologia da religião dedica-se a processos religiosos que devem ser compreendidos a
partir da peculiaridade do elemento psíquico. A geografia das religiões investiga as
relações entre religião e espaço, sendo que este se entende não apenas em sentido físico,
mas também cultural. Assim também, a filosofia participa do campo epistemológico das
Ciências da Religião desde que não reduza teoricamente o religioso a mero
epifenômeno e busque sistematizar os fatos religiosos com maiores preocupações de
objetividade; e a teologia, desde que se redefina metodologicamente como uma
interpretação das tradições de fé e não se limite a expor uma doutrina religiosa.
3. Faz-se necessário, portanto, uma ressignificação da teologia enquanto ciência que
desenvolve a interpretação de mitos, ritos e símbolos de tradições de fé – o que implica
tanto a caracterização dos conceitos teológicos como símbolos, quanto a redescoberta de
conteúdos racionais em narrativas míticas. No caso do cristianismo, majoritário entre
nós, isso implica em uma nova hermenêutica dos símbolos da tradição cristã, pelo
realismo que se impõe a quem participa em um campo transdisciplinarmente aberto à
história comparada das religiões e à crítica psicossocial do fenômeno religioso. Desse
modo, com as questões certas e os procedimentos adequados, podemos construir juntos
a sinfonia polifônica do esclarecimento possível sobre as experiências religiosas.
Mas, na prática, a teoria é mais complicada. Por exemplo, perguntamos no blog 2 do
nosso Mestrado qual destas questões é própria das Ciências da Religião (e não da
Teologia, Filosofia ou História): A Bíblia tem razão? Os espíritos incorporam de
verdade? Qual o sentido deste fato religioso? Deus existe mesmo? Esta é uma
experiência religiosa verdadeira? Que estruturas de produção explicam tal
religiosidade? Então, cinquenta e cinco por cento das pessoas que participaram da
enquete votaram acertadamente na pergunta “Qual o sentido deste fato religioso”.
Questões como “A Bíblia tem razão” ou “Esta é uma experiência religiosa verdadeira”
são mais restritamente teológicas. “Deus existe mesmo” é um problema filosófico. “Que
estruturas de produção explicam tal religiosidade” e “Os espíritos incorporam de
verdade” correspondem a certas linhas de pesquisa da sociologia e da psicologia,
historicamente datadas. Quer dizer, praticamente a metade do pessoal que circula na
área é que está de acordo sobre o objetivo mesmo dos estudos da religião, e a
problemática se complica quando tentamos acertar balizas metodológicas para as nossas
pesquisas. Nem sempre é fácil fecharmos o consenso sobre o campo epistemológico
apropriado das Ciências da Religião 3 e, por isso, vamos recorrer a uma analogia literária
provocativa.
A experiência do sagrado, seja em que religião for, condensa-se em uma literatura
humana. Para o nosso Ariano Suassuna, por exemplo, o mundo é um “pasto incendiado”
e a função da arte e, mais especificamente, da literatura, é “salvar do incêndio e deixar
alguma coisa de permanente e belo, que escapasse das chamas e das cinzas”. A
2
Disponível em http://crunicap.blogspot.com, acesso em 08/10/12.
3
Para uma exploração sobre os novos métodos em ciências da religião, ver o meu artigo disponível em
http://crunicap.blogspot.com.br/2011/10/novos-metodos-em-ciencias-da-religiao.html, acesso em
08/10/12.
4. literatura, de fato, tem a missão de aprofundar, no que tem de mais profundo, o mistério
do humano. Brota, como arrebatamento do imo das pessoas, naquilo que têm de mais
irredutível, em seu mistério envolto por silêncio e solidão, antes de abrir-se aos outros
com a mediação da linguagem. É a vida que toma consciência de si mesma, quando
atinge a plenitude de expressão, valendo-se de conceitos, imagens, símbolos.
Qual seria nosso conhecimento do que é o humano, se não fosse Adélia Prado e
Guimarães Rosa, Patativa do Assaré e Clarice Lispector, João Cabral de Melo Neto e
Ariano Suassuna? Esses grandes nomes da literatura captam uma palavra diferente e
criativa, que causa diferença em nossas vidas. Por trás das suas palavras aparece uma
humanidade tão humana, que acaba transparecendo o divino. Se a gente fosse ousado
para tentar uma edição revista e inculturada dos nossos livros sagrados, teria de incluir
muitas passagens inspiradas desses mestres e profetas que, mesmo sem “pertencer a
Israel”, ajudam na compreensão do fato religioso e até na fé das pessoas. Afinal, quando
a bíblia foi sendo escrita, por exemplo, muita coisa foi como literatura e não
imediatamente sagrada, e outros textos inspirados também recorrem a estilos e fatos
profanos para nos trazer um toque do divino.
Até pouco tempo atrás a literatura ocupou nos estudos da religião, na reflexão sobre o
sagrado e o divino, apenas um lugar suspeitoso. Mas os cientistas da religião atuais vão
à literatura como a uma fonte insubstituível: às vezes a literatura veicula ao mesmo
tempo uma mensagem religiosa, que se tornou vida na vida do autor. Mas há também
um tipo de literatura que, embora não sendo explicitamente religiosa, chega a tal
conhecimento do ser humano e de seus problemas e esperanças, que constitui uma fonte
fecunda de questões e que estimula a reflexão sobre o sagrado. O drama Fausto, do
alemão Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832), é uma dessas fontes, e dela
queremos aqui tomar lições4, tanto porque esboça o drama da ciência moderna que se
pergunta o que dizer, agora, da religião, quanto pela influência que certamente exerceu
sobre Mircea Eliade, um dos fundadores da nossa área de conhecimento – com o seu
conceito de sagrado e a sua meta-história, idealista ou romântica, das religiões5.
4
Tomo emprestados os comentários do professor Georg OTTE em Teoria cinzenta e vida verde (Magis,
nº 46, set. 2004, 13-28), e aproveito suas críticas à busca de Fausto pelo conhecimento, para provocar
nos estudantes de ciências da religião, a partir de uma aula inaugural do seu curso, a ampliação nas
expectativas do que e de como conhecer nesse campo.
5
Para uma reflexão bibliográfica sobre a história das religiões, ver meu artigo disponível em
http://crunicap.blogspot.com.br/2011/02/historia-das-religioes.html, acesso em 08/10/12.
5. A primeira impressão é sempre duradoura. E tenho a honra e a responsabilidade de
começar, na Universidade Católica de Pernambuco, as aulas do nosso Mestrado em
Ciências da Religião – ou seria melhor ciência das religiões?! As diferenças estão na
compreensão do nosso método: existe uma ciência da religião com método
transdisciplinar próprio ou apenas aplicações dos métodos das ciências humanas e
sociais ao tema da religiosidade?! Esconder-se-ia em todas as religiões uma essência,
ainda que fenomenológica, da religião, ou devemos nos contentar com a apreensão da
diversidade de tradições locais dos fatos religiosos?
O meu curso quer, então, justamente refletir sobre as interfaces metodológicas e as
perspectivas epistemológicas da pesquisa sapiente dos fatos religiosos. Singular na
epistemologia e plural nos métodos e objetos – esta é a minha perspectiva. E assim a
tarefa se torna bem difícil na iniciação de cada novo grupo de estudantes, porque devo
iniciá-los em um campo de estudos profundamente transdisciplinar 6, muito
recentemente desenvolvido entre nós no Brasil e ainda não completamente esboçado
pelo mundo afora, mas que não tem o mesmo ponto de vista e processamento sobre o
fenômeno das religiões a que nos habituamos em nossas formações de filósofos e
teólogos, antropólogos, psicólogos e sociólogos...
Acresce a isso a minha convicção crescente de que qualquer ciência que não tiver sabor,
que não for mesmo sapiência, não deve ser buscada nem ensinada. Então, para me
apoiar nessa missão hercúlea, resolvi me socorrer nesse livro que há uns anos me
acompanha: o Fausto7. Uma tragédia que inaugura a cultura moderna e em torno da qual
eu gostaria de dissertar agora, convidando também outros estudiosos da religião quase
para um “pacto com o diabo” como o feito por Fausto, ou ao menos para um
distanciamento/esclarecimento de deus e da fé – para que consigam fazer ciência em
nossos programas de estudos da religião. Convidando-os para uma volta à natureza da
realidade e a uma mudança nos seus métodos de estudos, como fez Fausto, não apenas
para ampliar sua ciência, mas para reaprender a viver. E espero que tenham mais sorte
(viver é estender fio sobre um abismo!) ou, ao menos, sejam mais sábios e íntegros do
que o personagem de Goethe.
6
Para um aprofundamento da metodologia transdisciplinar de pesquisa e a sua aplicação aos estudos da
religião, ver ARAGÃO, Gilbraz S. Do transdisciplinar ao transreligioso. In: TEPEDINO, Ana M. ROCHA,
Alessandro R. (Org.). A teia do conhecimento. São Paulo: Paulinas, 2009, p. 133-148.
7
Sirvo-me de GOETHE, Johann. Fausto. São Paulo: Martin Claret, 2002.
6. A tragédia alemã surgiu como adaptação da lenda do homem que acumulou os saberes
do seu mundo religioso, mas se desiludiu com o conhecimento do tempo medieval, fez
um pacto com o demônio para ter amor e poder, em troca de sua alma, tornando-se
vítima desse enredo afetivo do qual sai como criminoso. Fausto é o protótipo do homem
moderno, no seu esforço obsessivo para controlar a natureza e a história, ainda que
relutante com a ciência e desconfiado dos seus limites.
Essa obra (que tem sido livro de cabeceira, nessa altura da minha carreira de magistério,
pelos motivos óbvios que passo a apresentar) principia de fato com uma imprecação
contra o saber de então:
“FAUSTO:
Estudei com ardor tanta Filosofia,
Direito e Medicina,
E infelizmente até muita Teologia,
A tudo investiguei com esforço e disciplina,
E assim me encontro eu, qual pobre tolo, agora,
Tão sábio e tão instruído quanto fora outrora!
Primeiro fui Assistente e em seguido Doutor,
Dez anos a ensinar, autêntico impostor
A subir e a descer por todos os lados
Estudantes à volta em mim sempre grudados
E chego ao fim de tudo ignorante em tudo”
A tragédia de Fausto começa nesse desgosto com a vida de intelectual, pois percebe que
se tornaram antiquadas a Filosofia, o Direito, a Medicina e a Teologia, disciplinas
clássicas da universidade medieval e as carreiras da maioria dos alunos e professores
dos nossos programas de Ciências da Religião. O sentimento de Fausto é de que esses
conhecimentos não trouxeram felicidade à sua vida e de que a verdadeira existência
estaria ocorrendo, talvez, nos mercados e nas praças, nos êxtases amorosos e místicos,
7. que ele desconhecia. Decide se entregar então a experiências esotéricas e vai acabar
encontrando-se com o diabo.
Fausto quer voltar à natureza das coisas, para além dos seus livros e esquemas, assim
como começam a fazê-lo muitos teólogos e filósofos e outros mais, que têm se dedicado
mais e mais ao estudo transdisciplinar das religiões, fenomenologicamente. O campo
epistemológico das "Ciências da Religião", com efeito, forma-se pela busca dos
fenômenos, das experiências, como se apresentam em sua "natureza"!
Pode-se situar a obra de Goethe em pleno Iluminismo, era cultural que promoveu a
emancipação do ser humano pela razão, razão da qual a burguesia se apropriou depois
para reprimir as tradições não produtivistas do ser humano. Fausto quer trocar seus
livros pela vivência da natureza e os estudos da religião, hoje, como querendo
emancipar-se do contexto e dos constrangimentos das igrejas, também se organizam
para voltar aos fenômenos, porque muitos discursos filosóficos e teológicos e até
mesmo ditos científicos, pela psicossociologia, tornaram-se por demais teóricos e
autocentrados. Tanto quanto na tragédia, contudo, temos de nos livrar, igualmente, das
superstições religiosas e da razão sacralizada.
Fausto vai buscar a magia para mudar sua aproximação da realidade. Será que a
epistemologia científica dos estudos da religião não deveria se tornar mais alquímica,
mais engajada não apenas em explicar os fenômenos, mas em salvar os fenômenos?! As
palavras lhe parecem mortas e os livros são cadáveres entre os esqueletos que usa para
os seus estudos. Por isso ele busca novas palavras, mágicas, na tentativa de interagir e
intervir na natureza. Ao Fausto não basta a contemplação do macrocosmo: ele tenta
invocar os espíritos da terra para se exaltar, mas não tem habilidade e é atrapalhado pela
intervenção do assistente, Wagner, que procura mais jogos de palavras para
impressionar academicamente – e uma coisa que deveríamos perguntar bem direitinho
nas entrevistas dos calouros de Ciências da Religião era: quais as suas intenções, quais
os seus desejos secretos, ao buscarem fazer ciência?! Wagner, na falta de poder político,
procura o poder da erudição, ainda que vazia e dissimulada.
“FAUSTO:
Aquilo que não sentes, não deves pleitear,
É preciso que o queiras tendo a alma em fogo;
8. Com inspiração sincera o peito a te inflamar
Os corações dominas da assistência logo.
Experimentas pois! O grande tolo clama
Por fazer um ragu para o banquete, e gralha
E sopra para o alto uma franzina chama
Da cinza, no montão, que logo então se espalha!
Adoração das crianças e dos pobres símios,
A quem pode agradar uma tal comezaina?
A prender corações e corações exímios
Só com forças secretas que o teu peito amaina”.
A angústia de Fausto é com o fato das ciências terem se afastado do “coração” e da
vida. Os descomedimentos censurados por ele, e bem conhecidos em nossas
universidades, o saber requentado e a submissão dos estudantes, resultam da separação
entre saber e sabedoria. O teatro acadêmico, o saber do passado afastado da lida com a
existência, isola Fausto na solidão do seu quarto.
Então, qual é o saber que os estudantes da religião carregam das suas tradições
familiares e religiosas? Qual é o saber que teimam em carregar das suas formações
“científicas”? Como eu gostaria de mostrar – é o que eu digo aos meus estudantes – que
vocês e eu não sabemos muita coisa sobre o fenômeno religioso de verdade... Como eu
gostaria que vocês entrassem em crise, como Fausto, e começassem uma nova era de
sabedoria em suas vidas... Só se interessa mesmo por culinária quem se descobre com
fome: vocês estão com sede do sagrado? É preciso o sofrimento do desaprender, para se
atingir o conhecimento de uma realidade maior do que sonhavam nossas vãs teologias e
filosofias, sociologias e histórias...
Se o saber não é usado a partir e em função de uma necessidade do nosso “momento”,
ele se torna uma “carga pesada”. Os livros e sites, tanto quanto os campos de pesquisa,
são uma fonte do saber, desde que nós tenhamos sede. Fausto não vive o presente e não
reconhece bem as suas ausências e carências, daí o seu vazio, que se assemelha ao do
9. ignorante que, no outro lado do espectro, sobrevive no presente. E os cientistas da
religião, estão satisfeitos com a vida que levam, com o saber que trazem? Se não
estiverem dispostos a sacrificar a sua “ciência”, é melhor nem começarem os estudos...
Fausto, tomado pela falta de sentido do seu saber, é arrastado para o suicídio, sendo
salvo graças aos sinos que anunciam a Páscoa, as celebrações da ressurreição cristã e da
primavera europeia – que não lhe tocam a fé, mas criam uma relação entre presente e
passado, suas memórias de infância e o “momento”. Os cientistas da religião bem
poderiam tomar Fausto como “padroeiro” e tratarem de aguçar os sentidos para ouvir
sinos e atabaques, mas não logo com os ouvidos da fé – pois se esta é a última palavra
na vida, a penúltima ao menos deve ser da razão. E é para atingirem uma razão mais
universal que vêm a uma universidade, não é?
“FAUSTO:
Vozes vindas do céu, poderosas e amenas,
Que desejais de mim, que sou pó deste mundo?
Vibrai noutro lugar, buscai almas serenas,
Vossa mensagem sinto; em fé não sou profundo,
Da fé filho dileto é o Milagre, apenas,
Às esferas longínquas ascender não ouso
De lá baixam hosanas brandas, maviosas.
Revivo da puerícia as horas radiosas,
Esse canto da vida em mim refaz o gozo.
Do céu divino beijo, outrora, recebia
No dia de Sabbat, silente meditava;
Dos sinos o clangor a alma me inundava
E a prece nos meus lábios, férvida, surgia.
Um anseio sublime, ardente, indefinido,
10. Por prados e floresta em sonhos me arrastava
E mal contendo o pranto ardente e dolorido
Em mim um novo mundo então desabrochava.
Esse canto relembra os bons divertimentos
Da juventude em festa, albor da primavera;
Escravo do lembrar, com pueris sentimentos
Entanco antes de dar o passo que espera.
Vibrai, oh! Doce coro, angelical entono!
A lágrima rebenta; o mundo não abandono!”
Fausto voltou a ter concretude, relações humanas, vivendo, ainda que por pouco, o
momento, e, através da “lembrança”, resgatando um passado concreto. As ciências das
religiões devem levar igualmente ao resgate dos fatos para uma história comparada, da
fé dos outros e das nossas próprias experiências de crença. É o verde da natureza e o
desejo das pessoas se encontrarem na páscoa que inspiram esperança a Fausto... Quando
pesquisarem o fato religioso, por favor, perguntem-se então os estudantes das religiões:
este passeio por terreiros e igrejas está aumentando a minha alegria humana? Essa
expressão religiosa está provocando mais humanidade nessa gente?!
A saída de Fausto, contudo, é muito episódica e de volta ao seu “quarto de estudos”, ele
é acompanhado por um cão que começa a rosnar. Assoma-lhe a convicção de que a
natureza, enquanto lugar do presente puro, ou do momento eterno, é consolo passageiro.
O cão preto se revela como o próprio diabo, Mefisto, e o famoso pacto que Fausto fecha
com ele é uma tentativa de viver, mais, o “momento”. A tragédia de Fausto é não saber
conviver com o tempo, saindo da descoberta de nunca ter vivido no presente com as
suas teorias, para a tentativa de sentir o momento e despertar os sentidos, a qualquer
custo.
E vocês, estudantes das religiões, o que pretendem fazer com os seus dados de pesquisa:
tentar processá-los com as folhas cinzentas das suas velhas teorias? Que metodologia
vocês pretendem re-aprender para compreender a religião e viver melhor? E como vocês
11. estão dispostos a aprender? Como se “o” professor/pesquisador tivesse “a” teoria
absoluta e imutável? O que vocês sentem quando olham para coisas verdes, heim?!
O “mundo inteligível” sempre precede o “mundo sensível” e os fenômenos empíricos,
em termos ideais, vem questionar ou “falsificar” as teorias. Lidar com teoria, ao
contrário do que ainda se pensa nas academias, não é garantia de objetividade. Todo
cientista possui limites e falhas de observação e reflexão, sendo a sedução pela teoria o
maior problema do conhecimento. Um bom profissional de ciência não apenas aplica
conceitos, mas revê conceitos, na discussão transdisciplinar com os colegas. Se
retomarmos a história do pensamento epistemológico 8, incluindo Popper, Kuhn,
Feyerabend e Lakatos, veremos que as contradições precisam ser incorporadas não
como disfunções da realidade ou do discurso e sim como manifestações do seu modo
próprio de se desenvolverem e que o conhecimento se funda mesmo em comunidades
de diálogo intersubjetivo e de práticas que têm como horizonte o desabrochamento das
potencialidades da vida humana em comunidade.
Principalmente quem tem formação filosófico-teológica precisa atentar para uma
sedução “platônica” que nos persegue: a sedução pela ideia pura e pela pureza da ideia.
E a melhor maneira de assegurar a pureza da ideia é ficar longe dos dados empíricos e
sensíveis que podem “sujá-la”. Um pesquisador da religião deve se equilibrar entre o
realismo crítico e o respeito ao mistério que escapa à observação, deve se exercitar na
apreciação dialética (e sempre aberta) dos argumentos, como forma de mitigação da
nossa miséria cognitiva (que, no caso dos “ocidentais”, e mormente dos acadêmicos
modernos, manifesta-se sobretudo como uma falta de “tato religioso”).
“Identificar um fenômeno religioso novo não implica visitarmos a definição pura de
religião mas vermos em que medida ele se enquadra nos eventos empíricos que fazem
parte da família de fenômenos historicamente identificáveis como religiosos. É claro
que há aqui uma crítica ao invisível como havia no ateísmo metodológico, mas o foco
não é negar a crença revelando-a como epifenômeno de uma carência cognitiva, mas
simplesmente evitar metodologicamente o confronto com o platonismo que alimenta
8
Ver a esse respeito: CASALI, Alípio. El pensamiento complejo: el marco epistemológico. In CASALI,
Alípio; LIMA, Licínio; NUNEZ, Carlos; SAUL, Ana. Propuestas de Paulo Freire para una renovación
educativa. Tlaquepaque/Pátzcuaro (México)/Panamá (Panamá): Iteso/Crefal/Ceaal, 2005, p. 51-71).
12. necessariamente toda a discussão religiosa/anti-religiosa, e que inviabiliza o
conhecimento metodologicamente controlável” 9.
Fausto não apenas garantia a “limpeza” de suas ideias isolando-se do mundo, mas ainda
entendia que esse isolamento lhe dava uma superioridade que o aproximava da esfera
divina. Fausto era um eremita profano que, como os antigos monges, afastava-se “deste
mundo” para ficar mais perto do certo e do divino. Descobriu-se incapaz de lidar com os
espíritos, além de afastado da vida e da própria natureza de tudo. Foi Mefisto que
lembrou, então, a distância entre o conhecimento e a vida:
“MEFISTO:
Cinzenta, caro amigo, é toda teoria,
Verdejante e dourada é a árvore da Vida!”
“FAUSTO:
Entendes muito bem. Não é divertimento!
Lanço-me ao turbilhão, onde há dor e prazer.
Ódio misto de amor, agradável tormento.
Minha alma se curou da ânsia de saber,
Nem deve se fechar às desgraças futuras!
E o que é distribuído aos que habitam no mundo,
Devo agora gozar nas entranhas impuras.
Alcanço com minha alma o mais Alto e Profundo,
Acumulo prazeres, dores, desventuras,
E nesse turbilhão arrojo então meu ser
De vez, a naufragar, e como ele morrer”.
9
PONDÉ, Luiz. Em busca de uma cultura epistemológica. In: TEIXEIRA, Faustino (Org.). As ciências da
religião no Brasil. São Paulo: Paulinas, 2001, pg. 62.
13. Fausto fez um pacto com Mefisto para sentir, e de preferência prazer: a finalidade era a
sedução da bela Margarete. A experiência sensual e sexual, todavia, foi alcançada com
um preço alto: a mãe de Margarete morre da poção sonífera que Mefisto lhe preparou;
Fausto mata o irmão de Margarete durante uma luta porque Mefisto faz sua mão ficar
paralisada; Margarete mata seu filho recém-nascido para escapar da vergonha social e
acaba enlouquecida. Fausto não soube conviver com o momento, com o fenômeno, e
acabou levando em sua interpretação diabólica um saber viver das pessoas que tinha
mais valia do que a sua filosofia sem vida. Fausto passou do desequilíbrio da erudição
para o desequilíbrio da sensualidade, trocando o saber do passado pelo viver do
presente. Não aprendeu a conhecer direito, nem a viver melhor.
As ciências da religião, não se enganem, são uma sedução meio diabólica para nos
tornar mais sensuais e naturais 10, mais atentos aos fé-noumenos do que ao "noumeno"
(existe mesmo essa coisa-em-si, para além da coisa-em-relação?!), para nos soltarmos
das amarras das nossas teorias e ciências “divinas” e nos perdermos em passeios
primaveris pelos centros e terreiros, pelos pagodes e assembleias do nosso povo, para
olharmos as suas tradições de fé com um tanto de empatia e uma certa desconfiança.
Vocês estão dispostos a pagar esse preço? Vocês já imaginaram quem é que vão
encontrar em suas “casas” quando voltarem desse passeio racional inebriado pela paixão
carnavalesca do povo, pelos santos festivos da nossa gente?
Cuidado: toda religião tem um outro lado, opositor... Todo estudioso das religiões deve
re-conhecer um lado sombrio do fato religioso, notadamente quando se busca poder
(magia) não com os outros, mas à custa de outro e/ou contra um outro (transformado em
"bode expiatório"). Religião é para terapeutizar as nossas loucuras humanas, mas sói
acontecer dos nomes dos deuses servirem como travestimento precisamente pra psicose
e perversão mais vil. Inclusive essa não é uma versão restrita aos grupos religiosos
marginalizados e a casos pessoais, manifestando-se mesmo em grandes religiões – que
abençoam solenemente armas e dinheiros, instrumentos de uma "magia" social mais
complexa, mas não menos possessiva e predatória. Também é preciso considerar a
associação entre o sagrado, objeto de toda experiência religiosa, e o prazer erótico, que
10
Vale a pena, para aprofundar a compreensão do “duplo” nos símbolos religiosos, ver o livro
WASSERSTROM, Steven. A religião além da religião. São Paulo: Triom, 2003. Nele se explora a maneira
como três conferencistas, colegas de Goethe – e de Jung – no Círculo de Eranos, Scholem, Eliade e
Corbin, ultrapassaram abordagens tradicionais ao estudar religião, tirando a ênfase da lei, do ritual e da
história social e exaltando o papel do mito e do misticismo.
14. é a primeira pulsão da nossa vida – e, nesses casos sombrios, manifesta-se numa
lascívia mórbida e perversa, potencializada e liberada pelo sentimento de poder que um
ritual qualquer proporciona.
Então, estão preparados para encontrarem, seja em que religião for, nada mais do que
experiências bem profanas e (des)humanas, ou para se defrontarem com um sagrado que
não é bem o que se espera? E vocês já pensaram, enfim, nas tragédias que podem
provocar nas “aldeias” de fé do povo? “Quem castiga nem é Deus, é os avessos”, já
dizia Guimarães Rosa. Portanto, cuidado com o pacto que vocês farão com Mesfisto no
estudo científico das religiões – porque com certeza terão de fazê-lo. Desejo que, de
todo modo, isso sirva para o maior fausto da vida e a maior “glória de Deus” – que,
segundo dizem, serve-se até das tramas do “coisa-ruim”.