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      O papel das ciências da religião no mundo pluralista

                                                   Marcelo Barros

         Contam que, em uma cidade do primeiro mundo, um
homem passeava em um balão dirigível e, a um determinado
momento, sentiu-se perdido e baixou o balão até uma altura
possível de se comunicar, viu um homem andando na estrada e
perguntou:

        - Meu amigo, será que você pode me ajudar? Em meu
passeio, me perdi. E estou com um problema: tenho um
encontro importante às duas da tarde e, pelo que vejo, não vou
conseguir chegar. Será que você pode me dizer onde estou.

        O rapaz respondeu:

          - Claro que eu o ajudo. O senhor está em um balão
dirigível a 10 metros e meio de altura a 45 graus de latitude sul e
32 de longitude oeste.

        Do balão, o homem respondeu:

        - Muito obrigado, pela informação. Por acaso, você não
é teólogo?

        O rapaz respondeu:

        - Exatamente. Sou teólogo. Como o senhor descobriu?

         - Muito fácil. Você só pode ser um teólogo. Aceita
ajudar, mas dá a informação de uma maneira tal que eu continuo
perdido do mesmo jeito e não sei o que fazer com a informação
que me deu.
2



          É verdade. O senhor tem razão. Mas, se eu não me
engano, eu também me arriscaria em dizer: o senhor só pode ser
político.

          O outro riu e retrucou:

          - Sou mesmo. Como é que o senhor adivinhou tão
rápido?

          Foi a vez do rapaz responder:

        - Facílimo. O senhor está perdido, não sabe de onde
veio, nem para onde vai. Nem por isso deixa de usar o dinheiro
do povo para passear. Promete coisas que já deveria saber que
não pode cumprir. Espera que outros resolvam seus problemas e
ainda encontra um jeito de dizer que eu sou culpado do senhor
continuar perdido... Só pode ser político.

         Embora não pense que essas imagens caricaturadas
tanto do teólogo como do politico sejam justas com relação à
maioria das pessoas que exercem essas funções, eu me lembrei
dessa história porque vocês estão começando um período de
estudo de ciências da religião que, de certa forma, une em vocês,
o melhor do teólogo e o melhor do político. A tarefa de vocês é
dialogar com uma teologia que tenha utilidade concreta e
imediata para o mundo e uma política que tenha como objetivo
um mundo mais justo... Permitam-me a mim que sou um
permanente estudante de teologia e apenas admirador das
ciências da religião, conversar com vocês sobre como vejo o
papel das ciências da religião no horizonte do mundo atual e
principalmente dentro de uma universidade católica, como essa
na qual estamos. Como escolho o estilo provocativo, me sinto
livre de imaginar horizontes possíveis e lançar questões e
3



possibilidades, para no final tentar amarrar alguma coisa. O
importante é refletirmos juntos. Minha provocação é só para
puxar conversa.

        1 – Um olhar sobre a diversidade religiosa atual

          Outro dia, soube de um dado que, como leigo no
assunto, me impressionou muito. Soube que no censo realizado
no Brasil em 2010, entre as perguntas que o recenseador devia
fazer a cada brasileiro, uma delas era: “Qual a sua religião?”. O
meu espanto foi que no final quando foram classificar as
respostas a essa pergunta, descobriram 35 mil respostas
diferentes. 35 mil possibilidades de dizer que religião cada um
segue no Brasil. Eles acharam demais e conseguiram sintetizar ou
agrupar em 500 respostas diferentes. Mas, mesmo assim, é
muito. É claro que não se tratam exatamente de 500 religiões
diferentes, menos ainda de 35 mil. São modalidades
diferenciadas sobre como as pessoas se colocam quando se trata
da pertença às religiões ou diante do fenômeno religioso.

          É claro que podemos dizer que são tentativas de
respostas à busca mais profunda de dar sentido à vida. Quem
lida com religião, não lida somente com instituições e estruturas
antigas. Lida também e principalmente com formas como as
pessoas expressam sua busca de sentido para o viver tanto no
plano pessoal como coletivo. Não sei quantas religiões estariam
classificadas aí, mas vamos imaginar que cada uma delas
pudesse ter uma teologia para explicar e aprofundar sua visão
própria de Deus, da fé, e sua razão de ser e missão no mundo.
Essas teologias seriam uma visão a partir de dentro de cada uma
4



e em si seriam dirigidas para os fiéis ou pessoas que têm
afinidade com cada uma.

         Será que as ciências da religião poderiam explicar essa
diversidade e o lugar de cada uma delas para a assembleia dos
crentes de todas e dos que não seguem nenhuma? Será que as
ciências da religião conseguiriam mediar o diálogo entre o
mundo cultural, social e político, perdido no balão em que está
divagando, e a teologia que sempre corre o risco de dar
respostas corretas, mas que não servem concretamente para
nada nesse mundo de fora da cultura própria daquela religião?
Ainda considerando que seja assim, é claro que não é a mesma
coisa a resposta pelo sentido da vida de um intelectual que
acredita que os anaunaques, antigos deuses dos sumérios, eram
seres interplanetários que vieram ao mundo cinco mil anos antes
de nossa era e o sentido da vida de um grupo de moradores de
um morro do Rio de Janeiro, de Salvador ou do Recife, que tem a
cada dia de lidar com a vida e a morte, a sobrevivência e a
urgência de reafirmar sua dignidade humana ameaçada.

         Nesse caso, ao lidar com a religião, seja ela uma
comunidade de Xangô, seja uma comunidade neopentecostal, as
ciências da religião estão lidando com um elemento importante
da resistência cultural e da expressão afetuosa das pessoas. O
fato de compreender e acompanhar as pessoas em seus
devaneios de amor (individuais ou coletivos) não nos tornam
ingênuos em aceitar instituições que usam o sagrado para
legitimar o seu poder, como nesses dias se pode ver tão
frequentemente nos jornais e televisões ou outras que exploram
economicamente as pessoas para fortalecer seu império
5



econômico e tomam a religião como mercadoria e sua teologia
como negócio.

              2 – Formas de compreender a função das ciências da
religião

         A interdisciplinaridade e a tentativa de olhar de forma
mais ampla possível vai fazendo com que as fronteiras das
ciências não somente se cruzem, mas se relativizem. Tenho a
impressão de que a discussão sobre o próprio nome da disciplina
se se trata de Ciências das Religiões ou se se pode simplesmente
denominar “Ciência da religião” tem sido útil porque mostra uma
complementaridade de objetos de estudo e de métodos que se
somam e se interpenetram1.

         Essa riqueza não impede a polêmica e certos mal
entendidos. Desde que nasceu a teologia da libertação foi
acusada por setores conservadores de Igrejas cristãs de ser
sociologia da religião e não teologia. Agora essa mesma acusação
se faz com a teologia do pluralismo religioso. Para esses setores
conservadores, isso representa uma acusação, como se fazer
ciências da religião fosse uma degradação, uma diminuição em
relação à teologia.

          Talvez se possa dizer que, no século IV, Santo Agostinho,
ao fazer teologia a partir da filosofia platônica, fez ciência da
religião. Às vezes em seus textos o limite entre teologia e
filosofia é muito tênue. No século XIII, Santo Tomás de Aquino
fez o mesmo com a filosofia aristotélica. Hoje, uma teologia para
responder aos problemas concretos da humanidade tem de não
1
 - Cf, MARCELO CAMURÇA, Ciências sociais e Ciências da Religião, Polêmicas e Interlocuções, São
Paulo, Paulinas, 2008, 0. 20.
6



só dialogar, mas inserir-se junto com a sociologia, a antropologia
e outras ciências para aprofundar seu objeto de pesquisa e seu
caminho de elaboração.

         Comumente se diria que a distinção entre teologia e
ciências da religião é que o objeto de estudo pode ser o mesmo,
mas o ponto de partida seria diverso. As ciências que estudam a
religião seriam o olhar leigo e de fora, enquanto a teologia
partiria da fé e seria um olhar a partir de dentro. Esse tipo de
visão parece ingênua porque imagina para a teologia uma fé
desvinculada de uma cultura concreta e desenraizada da história.
Seria como se existisse em estado puro algo chamado fé e não a
expressão da fé na cultura semita, a expressão ou as várias
expressões de fé em cada cultura humana, condicionada pelo
tempo e pelo espaço na qual ela é expressa.

         Além disso, por outro lado, sempre houve na história
uma teologia confessional e chamemos, se quisermos, de cúria
ou de corte, mas sempre houve também uma teologia laical e
por excelência crítica que, em uma linha mais bíblica, não fala só
de Deus, nem da Igreja, mas da forma como as pessoas
vivenciam aquilo que a fé chama de reino de Deus ou projeto
divino no mundo. Não tem como objetivo provar ou defender
dogmas. Seu trabalho é construir metáforas, ou melhor,
descobri-las na realidade da vida cotidiana e nos acontecimentos
do mundo. Como forma estrutural de linguagem, a metáfora é
aberta e plural. Não é dogmática. Não tem a pretensão de dizer o
que é certo ou errado, mas de acompanhar a humanidade em
sua busca de sentido para a vida.
7



         Nunca ouvi ninguém de direita ou de esquerda, de
teologia aberta ou fechada que negasse a Dietrich Bonhoeffer o
título de um dos teólogos mais importantes da primeira metade
do século XX. Todos reconhecem que a teologia dele teve e tem
uma profunda influência na teologia evangélica e católica como
teologia da realidade e como um dos precursores do que depois,
na América Latina, se chamou teologia da libertação. Entretanto,
a teologia de Bonhoeffer é totalmente laical e secular. Em uma
de suas cartas, escritas na prisão para Eberhard Bethge, ele
retomou um conceito da filosofia do direito, formulado pelo
holandês Hugo Crócio no início do século XVII e o aplicou à
realidade social e política da sociedade de seu tempo. Ele
defendeu que “devemos viver com Deus como se não houvesse
Deus” (“etsi Deus non daretur”)2.

         Temos aí teologia e ciências da religião, ao mesmo
tempo. Ele construiu toda sua teologia assim. Uma teologia
judaica e cristã faz isso a partir das fontes da revelação bíblica
lida histórica e culturalmente. Uma teologia hindu a partir das
tradições hindus. Uma teologia da tradição ioruba ou fon a partir
dessas culturas. Mas, essa teologia leiga, profética e livre se
insere em uma realidade eclesial e religiosa, mas até para ajudar
a instituição precisa da liberdade de pesquisa e de dialogar
verdadeiramente com as ciências do mundo. Por isso precisa das
ciências da religião.

         Ofélia Pérez, diretora do Centro de Estudos das Ciências
da Religião em Havana me disse que até os anos 90, para alguém

22
  - CF. D. BONHOEFFER, Resistência e Submissão, Cartas da prisão, São Leopoldo, Ed. Sinodal, varias
edições – trata-se da famosa carta de 30 de abril de 1944 (não tenho aquí a citação de páginas do libro).
8



entrar no curso de ciências da religião na Universidade de
Havana, um dos requisitos era que a pessoa não tivesse religião.
Acreditava-se que só alguém ateu poderia ser suficientemente
isento para fazer uma sociologia ou antropologia do fenômeno
religioso ou fazer uma análise objetiva das diversas instituições
religiosas que existem em Cuba. Conforme ela me relatou, a
mudança não se deu por alguma norma da universidade ou do
governo. Foram as próprias pessoas que, ao pesquisarem se
envolviam com o objeto de pesquisa. Descobriram que o
problema não é o fato de se envolver e sim como e para que.

         Um psicólogo que faz terapia de casal deve entrar na
relação, mas deve saber como e de que forma pode ajudar. O
médico que luta contra uma epidemia de doença tropical na
África tem de aceitar correr riscos para cumprir sua missão. Há
coisas que se compreendem melhor e se analisam mais
profundamente quando são vistas “de fora” e outras que só se
compreendem “de dentro”. Então parece que o problema não é
que a teologia vê a partir de dentro e em função de dentro,
enquanto as ciências da religião veem de fora e a partir de fora.
Possivelmente poderíamos dizer que as ciências da religião
teriam um olhar a partir da universidade – da
interdisciplinaridade e de um compromisso mais com o mundo e
as pessoas envolvidas nas religiões, como cidadãos e
construtores desse mundo.

          3 – Convite para uma missão difícil, mas urgente
9



         “Até aqui os cientistas quiseram compreender o mundo.
O importante é transformá-lo”3, propôs Marx. Uma das coisas
mais difíceis de compreender é porque as religiões e tradições
espirituais nasceram, todas elas, para transformar o mundo, se
tornaram na história, não somente elementos de conservação,
mas de resistência e bloqueio à transformação. Até hoje, a
mística é algo sempre revolucionário no sentido de
transformador, mas a religião, quase por natureza, é elemento
de tradição e de apego ao passado e ao status quo. Marx chegou
a dizer que a religião é o suspiro da criatura oprimida, a alma de
um mundo sem coração, o ópio do povo”4.

         Na América Latina, nas últimas décadas, alguns setores
de Igrejas cristãs e também de religiões negras e indígenas se
colocaram em um processo revolucionário. Na Bolívia, esse
processo novo se chama justamente “insurreição indígena”, no
Equador, “revolução cidadã” e na Venezuela, “processo
bolivariano”. E cada vez mais um grande número de estudiosos
desses processos chegam a conclusão que sem a participação
das bases ligadas às Igrejas e religiões autóctones nesses
processos sociais, dificilmente esse caminho levará a algum
resultado novo e transformador. Tanto por causa da importância
numérica e cultural da religião na América Latina, como pela
força mística do seu potencial revolucionário. Já em 1932, no
Peru, José Carlos Mariátegui, um dos mais importantes
intelectuais marxistas da América Latina, escrevia: “A força dos

3
 - KARL MARX, na 11ª Tese sobre Fuerbach. Citado por NAYAR LOPEZ CASTELLANOS, Perspectivas del
Socialismo Latinoamericano en el siglo XXI, Havana, Ocean Sur, 2012, p. 101.

4
 - Cf. KARK MARX, Critique de la Philosophie du Droit de Hegel, Introducción en Karl Marx et F. Engels,
Sur la Religion, Textes choisis, Paris, Ed. Sociales, 1960, p. 41.
10



revolucionários não está na sua ciência, mas na sua fé, na sua
paixão, na sua vontade. É uma força religiosa, mística espiritual...
A emoção revolucionária... é uma emoção religiosa. As
motivações religiosas se deslocaram do céu para a terra. Elas não
são divinas, mas humanas e sociais”5.

          E as revoluções sociais e políticas que partem das
comunidades indígenas e negras precisam desse potencial. Há 40
anos, foi a Teologia da Libertação que assumiu a tarefa de
inserir-se nos processos sociais da época e elaborar uma teoria a
partir da prática que pudesse ser útil na caminhada. Hoje, essa
contribuição teológica continua válida e atual, mas quem sabe se
para esses novos processos, seria mais uma plataforma de
ciências da religião que poderia cumprir essa tarefa profética –
interpelar continuamente as instituições religiosas sobre sua
função e ajuda-las a compreender melhor o que o mundo espera
delas.

          Não pensem que estou pedindo para vocês se
desviarem do objetivo de suas pesquisas e agora se voltarem
para a política. Não. Estou propondo que ajudem as religiões a
recuperarem a dimensão revolucionária e transformadora de sua
fé. Isso tem um aspecto religioso mesmo e um aspecto social e
político que é urgente no nosso continente. E penso que as
ciências da religião podem sim cumprir um papel de nos ajudar a
descobrir como as religiões podem se renovar no seu potencial
místico e revolucionário.



5
 - JOSÉ CARLOS MARIÁTEGUI, El Hombre y el Mito, El alma matinal, Lima, Biblioteca Amauta, 1970, p.
22.
11



         Se as tradições espirituais e religiosas voltarem a ser
laboratórios de utopias, as ciências da religião ajudariam as
religiões a discernir as utopias dignas desse nome como não
caminho – irrealizáveis e irreais, das utopias que tornam possível
o caminhar e embora não sejam realizáveis imediatamente, aqui
e agora, têm força mobilizadora e devem estar presentes no
nosso processo.

        Na porta de uma casa em Havana li um cartaz que bem
se poderia aplicar às ciências das religiões se vocês aceitarem o
convite que fiz aqui: “Somos tão realistas que queremos o
impossível e por ele lutamos”.

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  • 1. 1 O papel das ciências da religião no mundo pluralista Marcelo Barros Contam que, em uma cidade do primeiro mundo, um homem passeava em um balão dirigível e, a um determinado momento, sentiu-se perdido e baixou o balão até uma altura possível de se comunicar, viu um homem andando na estrada e perguntou: - Meu amigo, será que você pode me ajudar? Em meu passeio, me perdi. E estou com um problema: tenho um encontro importante às duas da tarde e, pelo que vejo, não vou conseguir chegar. Será que você pode me dizer onde estou. O rapaz respondeu: - Claro que eu o ajudo. O senhor está em um balão dirigível a 10 metros e meio de altura a 45 graus de latitude sul e 32 de longitude oeste. Do balão, o homem respondeu: - Muito obrigado, pela informação. Por acaso, você não é teólogo? O rapaz respondeu: - Exatamente. Sou teólogo. Como o senhor descobriu? - Muito fácil. Você só pode ser um teólogo. Aceita ajudar, mas dá a informação de uma maneira tal que eu continuo perdido do mesmo jeito e não sei o que fazer com a informação que me deu.
  • 2. 2 É verdade. O senhor tem razão. Mas, se eu não me engano, eu também me arriscaria em dizer: o senhor só pode ser político. O outro riu e retrucou: - Sou mesmo. Como é que o senhor adivinhou tão rápido? Foi a vez do rapaz responder: - Facílimo. O senhor está perdido, não sabe de onde veio, nem para onde vai. Nem por isso deixa de usar o dinheiro do povo para passear. Promete coisas que já deveria saber que não pode cumprir. Espera que outros resolvam seus problemas e ainda encontra um jeito de dizer que eu sou culpado do senhor continuar perdido... Só pode ser político. Embora não pense que essas imagens caricaturadas tanto do teólogo como do politico sejam justas com relação à maioria das pessoas que exercem essas funções, eu me lembrei dessa história porque vocês estão começando um período de estudo de ciências da religião que, de certa forma, une em vocês, o melhor do teólogo e o melhor do político. A tarefa de vocês é dialogar com uma teologia que tenha utilidade concreta e imediata para o mundo e uma política que tenha como objetivo um mundo mais justo... Permitam-me a mim que sou um permanente estudante de teologia e apenas admirador das ciências da religião, conversar com vocês sobre como vejo o papel das ciências da religião no horizonte do mundo atual e principalmente dentro de uma universidade católica, como essa na qual estamos. Como escolho o estilo provocativo, me sinto livre de imaginar horizontes possíveis e lançar questões e
  • 3. 3 possibilidades, para no final tentar amarrar alguma coisa. O importante é refletirmos juntos. Minha provocação é só para puxar conversa. 1 – Um olhar sobre a diversidade religiosa atual Outro dia, soube de um dado que, como leigo no assunto, me impressionou muito. Soube que no censo realizado no Brasil em 2010, entre as perguntas que o recenseador devia fazer a cada brasileiro, uma delas era: “Qual a sua religião?”. O meu espanto foi que no final quando foram classificar as respostas a essa pergunta, descobriram 35 mil respostas diferentes. 35 mil possibilidades de dizer que religião cada um segue no Brasil. Eles acharam demais e conseguiram sintetizar ou agrupar em 500 respostas diferentes. Mas, mesmo assim, é muito. É claro que não se tratam exatamente de 500 religiões diferentes, menos ainda de 35 mil. São modalidades diferenciadas sobre como as pessoas se colocam quando se trata da pertença às religiões ou diante do fenômeno religioso. É claro que podemos dizer que são tentativas de respostas à busca mais profunda de dar sentido à vida. Quem lida com religião, não lida somente com instituições e estruturas antigas. Lida também e principalmente com formas como as pessoas expressam sua busca de sentido para o viver tanto no plano pessoal como coletivo. Não sei quantas religiões estariam classificadas aí, mas vamos imaginar que cada uma delas pudesse ter uma teologia para explicar e aprofundar sua visão própria de Deus, da fé, e sua razão de ser e missão no mundo. Essas teologias seriam uma visão a partir de dentro de cada uma
  • 4. 4 e em si seriam dirigidas para os fiéis ou pessoas que têm afinidade com cada uma. Será que as ciências da religião poderiam explicar essa diversidade e o lugar de cada uma delas para a assembleia dos crentes de todas e dos que não seguem nenhuma? Será que as ciências da religião conseguiriam mediar o diálogo entre o mundo cultural, social e político, perdido no balão em que está divagando, e a teologia que sempre corre o risco de dar respostas corretas, mas que não servem concretamente para nada nesse mundo de fora da cultura própria daquela religião? Ainda considerando que seja assim, é claro que não é a mesma coisa a resposta pelo sentido da vida de um intelectual que acredita que os anaunaques, antigos deuses dos sumérios, eram seres interplanetários que vieram ao mundo cinco mil anos antes de nossa era e o sentido da vida de um grupo de moradores de um morro do Rio de Janeiro, de Salvador ou do Recife, que tem a cada dia de lidar com a vida e a morte, a sobrevivência e a urgência de reafirmar sua dignidade humana ameaçada. Nesse caso, ao lidar com a religião, seja ela uma comunidade de Xangô, seja uma comunidade neopentecostal, as ciências da religião estão lidando com um elemento importante da resistência cultural e da expressão afetuosa das pessoas. O fato de compreender e acompanhar as pessoas em seus devaneios de amor (individuais ou coletivos) não nos tornam ingênuos em aceitar instituições que usam o sagrado para legitimar o seu poder, como nesses dias se pode ver tão frequentemente nos jornais e televisões ou outras que exploram economicamente as pessoas para fortalecer seu império
  • 5. 5 econômico e tomam a religião como mercadoria e sua teologia como negócio. 2 – Formas de compreender a função das ciências da religião A interdisciplinaridade e a tentativa de olhar de forma mais ampla possível vai fazendo com que as fronteiras das ciências não somente se cruzem, mas se relativizem. Tenho a impressão de que a discussão sobre o próprio nome da disciplina se se trata de Ciências das Religiões ou se se pode simplesmente denominar “Ciência da religião” tem sido útil porque mostra uma complementaridade de objetos de estudo e de métodos que se somam e se interpenetram1. Essa riqueza não impede a polêmica e certos mal entendidos. Desde que nasceu a teologia da libertação foi acusada por setores conservadores de Igrejas cristãs de ser sociologia da religião e não teologia. Agora essa mesma acusação se faz com a teologia do pluralismo religioso. Para esses setores conservadores, isso representa uma acusação, como se fazer ciências da religião fosse uma degradação, uma diminuição em relação à teologia. Talvez se possa dizer que, no século IV, Santo Agostinho, ao fazer teologia a partir da filosofia platônica, fez ciência da religião. Às vezes em seus textos o limite entre teologia e filosofia é muito tênue. No século XIII, Santo Tomás de Aquino fez o mesmo com a filosofia aristotélica. Hoje, uma teologia para responder aos problemas concretos da humanidade tem de não 1 - Cf, MARCELO CAMURÇA, Ciências sociais e Ciências da Religião, Polêmicas e Interlocuções, São Paulo, Paulinas, 2008, 0. 20.
  • 6. 6 só dialogar, mas inserir-se junto com a sociologia, a antropologia e outras ciências para aprofundar seu objeto de pesquisa e seu caminho de elaboração. Comumente se diria que a distinção entre teologia e ciências da religião é que o objeto de estudo pode ser o mesmo, mas o ponto de partida seria diverso. As ciências que estudam a religião seriam o olhar leigo e de fora, enquanto a teologia partiria da fé e seria um olhar a partir de dentro. Esse tipo de visão parece ingênua porque imagina para a teologia uma fé desvinculada de uma cultura concreta e desenraizada da história. Seria como se existisse em estado puro algo chamado fé e não a expressão da fé na cultura semita, a expressão ou as várias expressões de fé em cada cultura humana, condicionada pelo tempo e pelo espaço na qual ela é expressa. Além disso, por outro lado, sempre houve na história uma teologia confessional e chamemos, se quisermos, de cúria ou de corte, mas sempre houve também uma teologia laical e por excelência crítica que, em uma linha mais bíblica, não fala só de Deus, nem da Igreja, mas da forma como as pessoas vivenciam aquilo que a fé chama de reino de Deus ou projeto divino no mundo. Não tem como objetivo provar ou defender dogmas. Seu trabalho é construir metáforas, ou melhor, descobri-las na realidade da vida cotidiana e nos acontecimentos do mundo. Como forma estrutural de linguagem, a metáfora é aberta e plural. Não é dogmática. Não tem a pretensão de dizer o que é certo ou errado, mas de acompanhar a humanidade em sua busca de sentido para a vida.
  • 7. 7 Nunca ouvi ninguém de direita ou de esquerda, de teologia aberta ou fechada que negasse a Dietrich Bonhoeffer o título de um dos teólogos mais importantes da primeira metade do século XX. Todos reconhecem que a teologia dele teve e tem uma profunda influência na teologia evangélica e católica como teologia da realidade e como um dos precursores do que depois, na América Latina, se chamou teologia da libertação. Entretanto, a teologia de Bonhoeffer é totalmente laical e secular. Em uma de suas cartas, escritas na prisão para Eberhard Bethge, ele retomou um conceito da filosofia do direito, formulado pelo holandês Hugo Crócio no início do século XVII e o aplicou à realidade social e política da sociedade de seu tempo. Ele defendeu que “devemos viver com Deus como se não houvesse Deus” (“etsi Deus non daretur”)2. Temos aí teologia e ciências da religião, ao mesmo tempo. Ele construiu toda sua teologia assim. Uma teologia judaica e cristã faz isso a partir das fontes da revelação bíblica lida histórica e culturalmente. Uma teologia hindu a partir das tradições hindus. Uma teologia da tradição ioruba ou fon a partir dessas culturas. Mas, essa teologia leiga, profética e livre se insere em uma realidade eclesial e religiosa, mas até para ajudar a instituição precisa da liberdade de pesquisa e de dialogar verdadeiramente com as ciências do mundo. Por isso precisa das ciências da religião. Ofélia Pérez, diretora do Centro de Estudos das Ciências da Religião em Havana me disse que até os anos 90, para alguém 22 - CF. D. BONHOEFFER, Resistência e Submissão, Cartas da prisão, São Leopoldo, Ed. Sinodal, varias edições – trata-se da famosa carta de 30 de abril de 1944 (não tenho aquí a citação de páginas do libro).
  • 8. 8 entrar no curso de ciências da religião na Universidade de Havana, um dos requisitos era que a pessoa não tivesse religião. Acreditava-se que só alguém ateu poderia ser suficientemente isento para fazer uma sociologia ou antropologia do fenômeno religioso ou fazer uma análise objetiva das diversas instituições religiosas que existem em Cuba. Conforme ela me relatou, a mudança não se deu por alguma norma da universidade ou do governo. Foram as próprias pessoas que, ao pesquisarem se envolviam com o objeto de pesquisa. Descobriram que o problema não é o fato de se envolver e sim como e para que. Um psicólogo que faz terapia de casal deve entrar na relação, mas deve saber como e de que forma pode ajudar. O médico que luta contra uma epidemia de doença tropical na África tem de aceitar correr riscos para cumprir sua missão. Há coisas que se compreendem melhor e se analisam mais profundamente quando são vistas “de fora” e outras que só se compreendem “de dentro”. Então parece que o problema não é que a teologia vê a partir de dentro e em função de dentro, enquanto as ciências da religião veem de fora e a partir de fora. Possivelmente poderíamos dizer que as ciências da religião teriam um olhar a partir da universidade – da interdisciplinaridade e de um compromisso mais com o mundo e as pessoas envolvidas nas religiões, como cidadãos e construtores desse mundo. 3 – Convite para uma missão difícil, mas urgente
  • 9. 9 “Até aqui os cientistas quiseram compreender o mundo. O importante é transformá-lo”3, propôs Marx. Uma das coisas mais difíceis de compreender é porque as religiões e tradições espirituais nasceram, todas elas, para transformar o mundo, se tornaram na história, não somente elementos de conservação, mas de resistência e bloqueio à transformação. Até hoje, a mística é algo sempre revolucionário no sentido de transformador, mas a religião, quase por natureza, é elemento de tradição e de apego ao passado e ao status quo. Marx chegou a dizer que a religião é o suspiro da criatura oprimida, a alma de um mundo sem coração, o ópio do povo”4. Na América Latina, nas últimas décadas, alguns setores de Igrejas cristãs e também de religiões negras e indígenas se colocaram em um processo revolucionário. Na Bolívia, esse processo novo se chama justamente “insurreição indígena”, no Equador, “revolução cidadã” e na Venezuela, “processo bolivariano”. E cada vez mais um grande número de estudiosos desses processos chegam a conclusão que sem a participação das bases ligadas às Igrejas e religiões autóctones nesses processos sociais, dificilmente esse caminho levará a algum resultado novo e transformador. Tanto por causa da importância numérica e cultural da religião na América Latina, como pela força mística do seu potencial revolucionário. Já em 1932, no Peru, José Carlos Mariátegui, um dos mais importantes intelectuais marxistas da América Latina, escrevia: “A força dos 3 - KARL MARX, na 11ª Tese sobre Fuerbach. Citado por NAYAR LOPEZ CASTELLANOS, Perspectivas del Socialismo Latinoamericano en el siglo XXI, Havana, Ocean Sur, 2012, p. 101. 4 - Cf. KARK MARX, Critique de la Philosophie du Droit de Hegel, Introducción en Karl Marx et F. Engels, Sur la Religion, Textes choisis, Paris, Ed. Sociales, 1960, p. 41.
  • 10. 10 revolucionários não está na sua ciência, mas na sua fé, na sua paixão, na sua vontade. É uma força religiosa, mística espiritual... A emoção revolucionária... é uma emoção religiosa. As motivações religiosas se deslocaram do céu para a terra. Elas não são divinas, mas humanas e sociais”5. E as revoluções sociais e políticas que partem das comunidades indígenas e negras precisam desse potencial. Há 40 anos, foi a Teologia da Libertação que assumiu a tarefa de inserir-se nos processos sociais da época e elaborar uma teoria a partir da prática que pudesse ser útil na caminhada. Hoje, essa contribuição teológica continua válida e atual, mas quem sabe se para esses novos processos, seria mais uma plataforma de ciências da religião que poderia cumprir essa tarefa profética – interpelar continuamente as instituições religiosas sobre sua função e ajuda-las a compreender melhor o que o mundo espera delas. Não pensem que estou pedindo para vocês se desviarem do objetivo de suas pesquisas e agora se voltarem para a política. Não. Estou propondo que ajudem as religiões a recuperarem a dimensão revolucionária e transformadora de sua fé. Isso tem um aspecto religioso mesmo e um aspecto social e político que é urgente no nosso continente. E penso que as ciências da religião podem sim cumprir um papel de nos ajudar a descobrir como as religiões podem se renovar no seu potencial místico e revolucionário. 5 - JOSÉ CARLOS MARIÁTEGUI, El Hombre y el Mito, El alma matinal, Lima, Biblioteca Amauta, 1970, p. 22.
  • 11. 11 Se as tradições espirituais e religiosas voltarem a ser laboratórios de utopias, as ciências da religião ajudariam as religiões a discernir as utopias dignas desse nome como não caminho – irrealizáveis e irreais, das utopias que tornam possível o caminhar e embora não sejam realizáveis imediatamente, aqui e agora, têm força mobilizadora e devem estar presentes no nosso processo. Na porta de uma casa em Havana li um cartaz que bem se poderia aplicar às ciências das religiões se vocês aceitarem o convite que fiz aqui: “Somos tão realistas que queremos o impossível e por ele lutamos”.