1. Vivemos em um mundo globalizado, repleto de deveres e
direitos para todos, independente de sexo, raça ou religião.
No entanto um mundo que se diz igualitário de sexos, en-
contramos diferentes situações entre homens e mulheres
no mercado de trabalho, marcando em pleno século 21 a
desigualdade dos gêneros.
Um relatório do Fórum Econômico Mundial de 2014 afir-
ma que a igualdade de gêneros no Brasil apenas será possível
aproximadamente no ano de 2095. Trabalho que se dará at-
ravés de muito esforço de instituições públicas e privadas, e
ainda, considerando a disparidade, quando se trata de par-
ticipação econômica e oportunidades para as mulheres, a
diferença se torna ainda maior, em torno de 60%. O Brasil por
sua vez, em 2014 se enquadrou na posição de 71ª levando-se
em conta a divergência de gêneros, em 2013 ocupava a 62ª
posição entre 142 países.
Apesar de ter sido mantida a igualdade entre homens
e mulheres nas áreas de saúde e educação, o Brasil perdeu
posições importantes e consideráveis nos índices que medem
a participação feminina na economia e na política. A maior
queda ocorreu na avaliação que leva em conta os salários, par-
ticipação e liderança feminina no mercado de trabalho em ger-
al. Uma pesquisa realizada pelo IBGE também nos mostra que
as mulheres possuem nível escolar superior ao dos homens, e
que representam 55,1% dos universitários de todo Brasil. Dos
estudantes que concluem os cursos as mulheres também são
maioria, 58,8%. Na pós-graduação elas também superam os
homens, sendo 53,5% dos alunos.
RecentepesquisadaOrganizaçãoInternacionaldoTrabalho
(OIT), agência da Organização das Nações Unidas (ONU), rev-
ela o crescimento da presença feminina em cargos de chefia
em companhias de todo mundo, em especial as Norte Ameri-
canas, mas ainda há um longo caminho a ser percorrido: essa
evolução se deu especialmente nas posições intermediárias de Prof. Melissa Monteiro Milanesi Toloi
Professora na FACIG – Faculdade de Ciências
Gerenciais; Possui graduação em Relações
Internacionais e em Administração de
Empresas e Comércio Exterior; Pós Grad-
uação em Negócios Internacionais; APICS
– Supply Chain Management; Gestão de
Recursos Humanos – SENAI; Profissional da
área de Comércio Exterior e Logística há 15
anos; Experiência em empresas nacionais e
multinacionais como: Foxconn, Ericsson, Libra
Logística, UPS Cargo, American Airlines, TEAD
Aeroportos; Consultora de Comércio Exterior;
EmpresáriaRua Maria Rosa da Silva, 151, Jardim Paraíso,
São Joaquim da Barra, SP - (16) 3818-3271
AS MULHERES E O MERCADO DE TRABALHO
gerência. No caso de CEOs, as mulheres ocupam entre 5% e
10% dos postos de alto comando no Brasil, mesmo com nível
técnico muitas vezes superior ao dos homens.
Para se chegar a conclusões mais satisfatórias em relação
a disparidade, é necessário analisar os dados de empresas no
que diz respeito aos seus programas de promoção e verificar a
quantidade de profissionais de cada sexo que entraram na cor-
poração em relação àqueles que conseguiram alcançar ouros
níveis hierárquicos, baseando-se em funções semelhantes. Por
exemplo, qual é a proporção de homens e mulheres promovidas
para gerentes nos primeiros cinco anos? Os salários são equiva-
lentes? Essa pode ser uma métrica eficiente para ajudar as em-
presas identificar quais são os gargalos e os pontos que devem
ser desenvolvidos para reduzir tamanha disparidade, e não ape-
nas deixar as métricas sob responsabilidade de órgãos públicos.
O mundo corporativo vem garantindo maior destaque aos
valores femininos, como a capacidade de trabalhar em equipe,
a simpatia, carisma, o poder de influência e, principalmente, a
cooperação características mais femininas. Atualmente, vemos
mulheres ocuparem posições de destaque não apenas nas em-
presas, mas também nos tribunais, ministérios, na política, em
organizações de pesquisa e nas forças armadas.
As mulheres sofrem mais com estresse e pressões no tra-
balho, mas isso não as impede de se dedicarem às suas ativ-
idades. A mulher, além de sua capacidade técnica, possui o
poder de conciliar as diversas áreas da vida, como esposa, mãe
e dona de casa.
Algumas empresas ainda hesitam em contratar profission-
ais mulheres para cargos elevados ou de tradição masculina.
Trabalhar para si e ter seu próprio negócio foram maneiras que
a mulher encontrou para garantir sua independência pessoal,
profissional e financeira. E ao tomar a decisão de empreender
ou ter seu próprio negócio ela sabe da sua autonomia e flexi-
bilidade com horários, no entanto além do conhecimento que
as vezes terá que trabalhar com cargas horárias ainda maior
diante das demandas e necessidades do negócio e afazeres
familiares. Nota-se um aumento da procura por trabalhos lib-
erais por parte das mulheres, que facilite a conciliação.
Devido às múltiplas atividades no trabalho e em casa, outro
grande desafio é equilibrar responsabilidade profissional com
a família. As mulheres são desafiadas quanto à gestão de tem-
po e em como garantir foco e prioridade ao que é realmente
importante e necessário, definindo e determinando horários
para fazer cada atividade.
É certo afirmar que muitos são os desafios que ainda precis-
am ser enfrentados pela igualdade de gêneros, começando o
combate ao machismo encontrado em muitas esferas da nossa
sociedade.
Se o avanço da industrialização nos últimos cinquenta anos
mudou a vida das mulheres, devido à rápida urbanização e
modernização dos setores, as reformas agrária, tributária e so-
cial não foram realizadas na mesma velocidade e isto possibili-
tou a consolidação de uma sociedade partida entre o mercado
de trabalho organizado e políticas sociais.
Algumas empresas, inclusive garantem a ascensão das
mulheres, oferecendo benefícios diferenciados, promovendo
a cargos de liderança. Peterson Institute for International Eco-
nomics apontou o impacto da diversidade de gênero na rent-
abilidade das companhias. O banco Citibank é um exemplo
de empresa que busca redução na desigualdade de gêneros
e vem colhendo frutos do trabalho realizado, possui cerca de
90.000 funcionários no mundo, com 56% de mulheres, sendo
que 42% dos alto executivos são do sexo feminino, investindo
em programas de liderança voltados para mulheres, garantin-
do benefícios, não apenas para as mães, mas também aos fil-
hos dos funcionários de forma geral.
O desenvolvimento econômico, a elevação da escolaridade e
a luta do movimento de mulheres e feministas nacional e inter-
nacional provocaram mudanças na sociedade e no papel femi-
nino. As mulheres foram massivamente ao mercado de trabalho,
mas, as desigualdades existentes na sociedade permitiram esta
incorporação feminina no mercado de trabalho, sem que isso
provocasse maiores mudanças nas relações de gênero.
Com base nos dados acima, mostramos a grande dispari-
dade entre homem e mulher no ambiente de trabalho, e cabe
a nós, lutar cada vez pela igualdade no ambiente corporativo,
com respeito e equivalência de salários.