O documento discute a diversidade de gênero no ambiente de trabalho com base em uma pesquisa global conduzida pela Hays. A pesquisa mostra que a maioria acredita na igualdade salarial, mas as mulheres são menos propensas a acreditar nisso. Muitos acreditam que práticas de trabalho flexíveis melhorariam a diversidade, mas poucos apoiam cotas. No Brasil, a maioria das empresas não têm políticas formais sobre diversidade.
1. O AVANçO DA
MULHER NO
ambiente de
TRABALHO
hays.com.br
Pesquisa global de diversidade
de gêneros 2015
2. 1 Hays - Mulheres na Liderança Hays - Mulheres na Liderança 1
DIVERSIDADE
DE GÊNEROS
O AVANÇO DA
MULHER NO
AMBIENTE DE
TRABALHO
A Hays apoia o avanço das mulheres no local de trabalho.
Embora progresso esteja sendo feito, a diversidade de
gêneros continua a ser uma questão crítica de negócios.
Muitas das empresas com quem falamos, sofrem com a
escassez de competências, e aumentando o número de
profissionais seniores femininos ajudaria a resolver a falta de
competências no mercado.
Ao melhorar o acesso ao talento, as organizações estarão
mais bem posicionadas para conduzir o seu desempenho,
aumentar seus negócios e garantir o sucesso futuro.
Nossa pesquisa global sobre a diversidade de gêneros foi
respondida por quase 6.000 entrevistados de 31 países,
todos profissionais tomadores de decisão. Este relatório
destaca os resultados globais e locais e ainda explora as
implicações destas estatísticas. Ele Incluí também uma
entrevista com Carla Rebelo, Diretora Geral da Hays Brasil.
Carla compartilha sua experiência sobre a diversidade de
gêneros no local de trabalho e nos dá uma visão sobre a
diversidade dentro do mercado brasileiro.
3. 2 Hays - Mulheres na Liderança Hays - Mulheres na Liderança 3
44%
dos entrevistados
acreditam que práticas
de trabalho flexíveis
teriam grande impacto de
melhoria na diversidade
de gênero no local de
trabalho.
OS IMPACTOS DA
DIFERENÇA ENTRE
OS GÊNEROS
61%
dos entrevistados
acreditam que as mesmas
oportunidades de
carreira estão disponíveis
independente do gênero.
OPORTUNIdaDES
de carreira
Analisando as respostas
masculinas e femininas,
quase uma em cada duas
mulheres (48%) disseram que
não são dadas as mesmas
oportunidades para os dois
gêneros que ocupam uma
mesma posição dentro da
companhia.
Em comparação, 21% dos
homens disseram que
não são dadas as mesmas
oportunidades para os dois
gêneros que ocupam uma
mesma posição dentro da
companhia.
18%
dos homens pensam que
duas pessoas de sexos
diferentes igualmente
capacitadas não são
remuneradas igualmente.
45%
45% das mulheres pensam
que dois profissionais
igualmente capacitados,
porém de sexos diferentes
não são remunerados de
forma equalitária.
64%64% dos entrevistados
acham que há igualdade
de remuneração entre
gêneros, porém estes
resultados mostram uma
significativa diferença de
opinião entre as idades.
IGUALDADE
DE SALÁRIOS
Analisando as respostas
masculinas e femininas por
faixas etárias vemos uma
tendência interessante onde
os mais jovens são muito
menos propensos a ver
discriminação no local de
trabalho.
Apenas 33% das mulheres
e 8% dos homens com
25 anos ou menos acham
que não há desigualdade
de remuneração entre os
gêneros. 46% das mulheres
e 17% dos homens com 55
anos ou mais, acham que há
diferença de remuneração.
49%
dos entrevistados disseram
que a sua organização não
possui uma política de
diversidade.
POLÍTICAS DE
DIVERSIDADE
50% dos entrevistados
que trabalham no setor
público ou sem fins
lucrativos disseram que
suas empresas tinham uma
política de diversidade de
gênero vigente, seguido por
Mineração & Recursos com
37% e Serviços Financeiros
com 36%.
Empresas de Publicidade
e Mídia foram menos
propensas a ter uma política
de diversidade de gênero
em vigor (17%), seguido por
Construção, Propriedade &
Engenharia (25%) e na área
Industrial (27%).
36%
dos entrevistados que
disseram que sua empresa
possui formalmente uma
política de diversidade de
gêneros e estas tiveram
uma boa aderência.
39%
disseram que sua empresa
possui uma política de
diversidade entre os
gêneros.
4. 4 Hays - Mulheres na Liderança Hays - Mulheres na Liderança 5
Você acha que você e seus companheiros de trabalho igualmente capazes são recompensados de forma
igual, independente do gênero?
No quesito da igualdade de remuneração, há uma tendência constante: a maioria dos entrevistados acredita que há
igualdade de remuneração entre os sexos em todos os setores.
RESULTADOS GLOBAIS MOSTRAM A
DIFERENÇA NA PERCEPÇÃO DOS
SALÁRIOS EM TODOS OS SETORES
Publicidade e Mídia
Construção, Propriedade & Engenharia
Serviços Financeiros
Hotelaria, Viagens & Entretenimento
TI & Telecomunicações
Manufatura
Mineração e Recursos
Serviços Profissionais
Público/Sem fins lucrativos
Varejo
Transporte & Distribuição
No geral, os entrevistados tendem a pensar que permitir práticas mais flexíveis de trabalho (44%) e realizar mudanças
na cultura local de trabalho (44%) teriam maior impacto sobre a diversidade de gêneros. Em contrapartida, apenas 9%
acreditam que a introdução das cotas teria o maior impacto.
Qual destas mudanças você acha que tem maior impacto sobre a diversidade no seu ambiente de trabalho?
44%
44%
32%
28%
32%
27%
26%
21%
9%
Permitir práticas de trabalho mais flexíveis
Mudar a cultura local de trabalho por meio da educação em
toda a empresa
Destacar profissionais modelos femininos
Alterar a política da empresa
Mudar as práticas e políticas de recrutamento
Alterar as políticas do governo
Maior suporte do board para questões de diversidade
Reagir positivamente quando mulheres se aplicam a vagas
de gestão ou superior
Introduzir políticas de cotas
Sim Não
62%
60%
58%
64%
59%
62%
66%
69%
68%
66%
63%
38%
40%
42%
36%
41%
38%
34%
31%
32%
34%
37%
5. 6 Hays - Mulheres na Liderança Hays - Mulheres na Liderança 7
100%
66%
92%
80%
34%
8%
20%
40%
9%
51%
47%
36%
17%
66%
Sim
DIVERSIDADE DOS GÊNEROS
NO MERCADO BRASILEIRO
Quão respeitadas são essas práticas e políticas?
políticas de diversidade de gêneros
A sua organização possui práticas e políticas
formais sobre a diversidade dos gêneros?
Acredita que você e seus companheiros igualmente qualificados são pagos recompensados de forma
igual independentemente do gênero?
REMUNERAÇÃO EQUIVALENTE
76% Sim
24% Não
OPORTUNIdades de carreira
Você acha que as mesmas oportunidades de carreira estão abertas para os companheiros de trabalho
igualmente qualificados, independentemente do gênero?
34%
Não
59% Sim
41% Não
92% Sim
8% Não
Você acha que as mesmas oportunidades de carreira estão abertas para os companheiros de trabalho
igualmente qualificados, independentemente do gênero?
Acredita que você e seus companheiros igualmente qualificados são remunerados de forma igual
independentemente do gênero?
Acredita que você e seus companheiros igualmente qualificados são remunerados de forma igual
independentemente do gênero?
70% Sim
30% Não
92% Sim
8% Não
114 Tomadores de decisão do mercado brasileiro responderam nossa pesquisa
global de diversidade de gêneros.
25 anos ou menos
26-40 anos
41-54 anos
55 anos ou mais
Sim
Não sei
Não
Bem respeitadas
Razoavelmente
bem respeitadas
Não são
respeitadas
Sim Não
6. 8 Hays - Mulheres na Liderança Hays - Mulheres na Liderança 9
Qual foi a sua trajetoria até a Hays
Brasil?
Depois de vários cargos de liderança,
em 2003 entrei para a Ranstad como
CFO em Portugal e em 2008 passei
para a posição de Controller Sênior
do Grupo, quando me mudei para
a sede corporativa da empresa em
Amsterdã. Eu era responsável por
fornecer informações e orientações
sobre o desempenho de 9 empresas
operacionais. Em 2011 me mudei
para o Brasil para trabalhar para
Kelly Services como a Gerente Geral
da operação no país e finalmente
me juntei a Hays em junho de 2013,
também como Gerente Geral no Brasil
e sou responsável pela gestão de
todos os aspectos do negócio.
Possuo um histórico em Finanças
com um PhD em ciências da tomada
de decisão e experiência profissional
como Diretora Financeira/CFO em
grandes empresas. Antes de me mudar
de Portugal para o Brasil, obtive
vivência internacional trabalhando
na Holanda, nos Estados Unidos e no
Canadá como Controller de um grupo
multinacional.
Conte-nos sobre a sua progressão
para um papel de liderança, que
desafios você enfrentou ao longo
do caminho?
Eu ainda não encarei nenhum desafio
específico pelo meu gênero em minha
carreira até agora, e em nenhum
momento senti que ser uma mulher
pudesse atrapalhar em alguma coisa.
Meu principal desafio veio por eu ter
começado a trabalhar muito jovem.
Eu tive um papel de liderança ainda
muito jovem. Comecei a trabalhar
aos 16 anos, e aos 19 eu era Chefe de
Contabilidade na Nestlé Waters.
Isso é algo que vemos com mais
frequência hoje em dia, especialmente
vindo da Geração Y. As pessoas
estão trabalhando em posições de
liderança cada vez mais jovens e
por serem novos, eles não possuem
experiência que os suportem nesses
papéis. A preocupação é que os jovens
observam outros jovens profissionais
em cargos de liderança e pensam “se
eles podem fazer isso, eu também
posso”. Mas nem sempre é o caso.
Você precisa estar preparado, não só
tecnicamente, mas mentalmente.
O meu conselho é que você deve ser
completamente focada e dedicada
ao seu papel e estar disposta a
fazer sacrifícios para realizar o que
a empresa precisa em um momento
específico do ciclo econômico
empresarial. Se você mostrar para a
sua empresa que está determinada,
focada e trabalhando duro, eles serão
mais propensos a te dar uma chance
e recompensá-la com a evolução da
sua carreira e o reconhecimento que
atenda a sua ambição, mesmo se você
não tiver muita experiência.
Em sua opinião, existe uma
diferença entre a forma como
homens e mulheres progridem
em suas carreiras?
Muitas vezes algumas empresas ainda
questionam se uma mulher com filhos
será capaz de trabalhar todas as horas
necessárias exigidas, ou de viajar
pelo seu trabalho. Acho que ter filhos
tem um impacto sobre a progressão
na carreira de uma mulher, pois as
empresas passam a se preocupar se
ela vai ser capaz de se dedicar da
mesma maneira pelo seu trabalho
tendo mais compromissos familiares.
Você já se deparou com algum
obstáculo específico na sua
carreira por ser uma mulher?
Eu ainda não enfrentei nenhum
obstáculo específico de gênero na
minha carreira. Eu não sou mãe, então
tenho a flexibilidade para trabalhar a
quantidade de horas que eu precisar.
E não estou dizendo que mães que
trabalham não conseguem fazer isso;
Mulheres podem ter uma vida familiar
organizada e ainda sim trabalhar muito
bem. No entanto, há uma crença de
que você não pode ser tão dedicada
ao seu trabalho se você tem filhos, e os
empregadores estão mais cautelosos
nas contratações por causa disso.
Você tem algum conselho para
profissionais do sexo feminino
que estão trabalhando, ou
procurando por uma vaga com
um papel de liderança?
Em minha experiência, os homens
tendem a fazer mais network do que
as mulheres, o que é significativo
quando você quer evoluir em sua
carreira. O networking exerce um
grande papel em sua maneira de
trabalhar e no seu sucesso em uma
posição de liderança. Trata-se de
conhecer as pessoas certas.
Foco e determinação também são
muito importantes, se concentrar no
que você quer alcançar e ter uma visão
do que você quer fazer.
E conciliar isso com a sua vida familiar,
este é o meu conselho.
No Brasil, 51% dos entrevistados
disseram que sua companhia não
tem políticas formais de gênero
vigentes e 9% não tinham certeza.
Quais você acha que são as
implicações destas estatísticas?
Isso não é surpreendente. Ainda
não é comum para as empresas no
Brasil focarem na diversidade; Não é
prioridade nas politicas das empresas.
Também não há uma motivação para
aumentar a consciência pública sobre
a diversidade no local de trabalho.
No entanto, dos entrevistados
que disseram que sua organização
tinham políticas formais de
gênero, 83% sentem que as
políticas vigentes são bem
respeitadas. Isto implica que
as políticas de diversidade são
valorizados nas empresas que
as têm. Isto é algo que você
concorda?
Essa estatística é mais provável
em companhias internacionais,
especificamente as empresas
Americanas, que são mais focadas na
diversidade no local de trabalho. É
obrigatório nos EUA que as empresas
tenham políticas de diversidade
e a economia Brasileira está mais
conectada com os EUA do que com a
Europa. Os brasileiros se orientam com
grande influência dos EUA e há uma
grande “interligação” entre eles. Essa
influência internacional e americana é
mostrada nos resultados da pesquisa.
Globalmente, 48% das mulheres
não acham que elas têm as
mesmas oportunidades de
carreira que os homens. No Brasil,
apenas 41% das mulheres não
acham que elas têm as mesmas
oportunidades de carreira que os
homens. O que você acha disso?
Essa é uma estatística surpreendente.
No Brasil a família ainda é considerada
como uma responsabilidade da mulher,
e as empresas acreditam que as
mulheres não serão capazes de serem
tão dedicadas ao trabalho uma vez
que tenham filhos. Esta é uma atitude
cultural. Os homens não possuem as
mesmas responsabilidades familiares
e isso impacta nas oportunidades de
carreira das mulheres.
70% das mulheres brasileiras
entrevistadas acreditam que há
uma igualdade de remuneração
entre os sexos, em comparação
com 92% dos entrevistados
brasileiros do sexo masculino.
Essa é uma tendência esperada?
Estas estatísticas são bastante elevadas,
mas é de acordo com o que eu esperava.
Como recrutadores, nós não vemos
clientes pedindo para pagarem salários
diferentes de acordo com o gênero. No
entanto, homens são mais agressivos na
negociação de salários em comparação
com as mulheres. Isso pode contribuir
para estas estatísticas também.
Entrevistados globais (homens
e mulheres) acreditam que
permitir práticas de trabalho mais
flexíveis e mudanças na cultura
local de trabalho por meio da
educação em toda a empresa,
geraria um maior impacto sobre a
diversidade no local de trabalho.
O que você acha sobre isso?
Eu acredito que horários mais flexíveis
terão um impacto positivo sobre a
diversidade, especialmente para as
mulheres. No entanto, práticas flexíveis
funcionam melhor em mercados
mais maduros, onde há mais controle
e consciência do trabalho que
está sendo realizado em uma base
flexível. A partir dessa perspectiva
o Brasil, como muitos outros países
do sul da Europa (Portugal, Itália e
Grécia), não é um mercado maduro
e, portanto, horários flexíveis podem
ter alguns impactos negativos, como
ruptura da comunicação e perda de
coesão dentro das equipes, o que
pode comprometer a produtividade.
As pessoas podem pensar que, por
estarem em casa elas não tem que
trabalhar duro, porque ninguém mais
está lá. O Brasil está evoluindo no
sentido de ser capaz de implementar
horários flexíveis, mas eu acho que
é importante implementar essas
políticas gradualmente, permitindo o
trabalho em casa para apenas alguns
funcionários a princípio, não todos.
Nesta entrevista, Carla Rebelo, Diretora Geral da Hays Brasil,
compartilha sua experiência sobre a diversidade de gêneros
no ambiente de trabalho, sua progressão em um papel de
liderança e avalia os resultados da pesquisa no Brasil.
ENTREVISTA COM UMA mulher na liderança