O documento discute o comportamento suicida, definindo-o como a retirada deliberada da própria vida e analisando seus possíveis fatores psicológicos, biológicos, culturais e socioambientais. Também aborda diferentes interpretações do comportamento suicida e possíveis "causas", além de listar vários indícios desse comportamento como quietude, tristeza, fracasso crescente e abandono de objetos pessoais.

1. Comportamento suicida: o que é, possíveis “causas” e indícios
O suicídio é caracterizado pela ciência psicológica como a retirada deliberada,
“consciente” e proposital da própria vida. Consiste em um fenômeno complexo,
de difícil prevenção e controle, que envolve fatores psicológicos, biológicos,
culturais e socioambientais. Como qualquer outro comportamento, é um repertório
multideterminado,quedemandaarealizaçãodeumaanálisepormenorizadaecuidadosa
para a sua compreensão. Nesse sentido, aspectos da história de vida do indivíduo e do
contexto atual em que vive podem estar relacionados a esse evento comportamental.
Existem diferentes interpretações quanto à emissão do comportamento suicida:
1) esse comportamento pode ser simulado, quando ele “ocorre”, mas não há risco
de vida ao indivíduo que o emitiu; 2) presença de ideação suicida, ou seja, a pessoa
passou alguma parte do tempo de sua vida imaginando ou desejando a própria morte;
3) vivência de situações que colocam em risco a própria vida, quer seja praticando
esportes radicais, participando com frequência de episódios de brigas e violência,
fazendo uso abusivo de substâncias químicas ou se engajando em comportamento
sexual de risco; 4) maneira encontrada de “aplacar a fúria do ambiente” ou “recuperar
afetos perdidos” e 5) acidente, fruto de tentativas gradativamente mais sérias, ou um
ato aparentemente de fuga que resulta em morte.
As possíveis “causas” do suicídio referem-se à inabilidade do indivíduo para
satisfazer as demandas sociais (família, amigos e comunidade) e à “culpa” por não
ser digno dessas relações; fuga impossibilitada e desesperada de violência física
e humilhações; perda de pessoas e/ou de outras condições significativas para o
indivíduo; morte por protesto (manifestações sociais, por exemplo) ou ainda por
cansaço (idade avançada e a consequente perda de liberdade) e, por último, como
forma de atingir objetivos no contexto religioso (busca do paraíso), por uma causa
(pela pátria, como no caso do terrorismo) ou por honra.
Enquanto indícios de comportamentos suicidas, têm-se: quietude, retraimento e
poucos amigos; ter vários amigos e passar a ficar retraído; deixar de comunicar-se;
tristeza;faltadeexpressãofacial;serretraídoepassaraficaragitadoecriarproblemas;
fracasso crescente ou pressão sobre o desempenho; mudanças familiares recentes;
sentimentos de desespero ou falta de esperança; correr riscos desnecessários;
envolvimento com o abuso de substâncias; emissão de comportamento submisso
ou agressivo de forma inapropriada; abandono da posse das coisas; repertórios
quanto ao planejamento do ato em si; “atitudes” negativas ou temerosas a respeito
de tratamentos de “saúde mental” e etc.
Para auxiliar pessoas que estejam nessa condição, pode-se passar o contato do
Centro de Valorização da Vida (CVV), que oferece apoio emocional sob total sigilo e
atua na prevenção ao suicídio voluntária e gratuitamente por telefone (número 188),
e-mail e chat 24 horas todos os dias.
Valorize a sua vida e a vida das pessoas ao seu redor... somos todos vulneráveis a
intempéries.
Referências
Zortea, T. (2016). Como ajudar alguém que sofre de ideações suicidas? Comporte-
se: Psicologia & Análise do Comportamento. Recuperado de https://www.comportese.
com/2016/12/como-ajudar-alguem-que-sofre-de-ideacoes-suicidas
Zortea, T. (2016). Prevenção ao suicídio em nível individual: o papel da empatia no
salvamentodevidas.Comporte-se:Psicologia&AnálisedoComportamento.Recuperado
de https://www.comportese.com/2016/10/prevencao-suicidio-empatia