Este documento discute o ciúme como uma emoção humana comum que surge quando há uma ameaça percebida a um relacionamento valorizado. O ciúme pode ser normal e transitório quando baseado em fatos reais ou patológico quando excessivo e infundado, causando prejuízo no funcionamento da pessoa. Pessoas ciumentas tendem a ter baixa autoestima, ser desconfiadas ou impulsivas, devido a suas histórias comportamentais. É importante identificar comportamentos problemáticos para favorecer o tratamento dessas pessoas.

1. Comportamento emocional ciumento
Você já sentiu ciúme? Quem nunca! rs O ciúme é uma emoção humana
extremamente comum, senão universal, que se caracteriza como um conjunto de
pensamentos, emoções e ações desencadeado por alguma ameaça à estabilidade
ou qualidade de um relacionamento íntimo valorizado. As definições de ciúme são
muitas, tendo em comum três elementos: 1) ser uma reação frente a uma ameaça
percebida; 2) haver um rival real ou imaginário e 3) a reação visar eliminar os riscos
da perda do amor.
O ciúme “patológico” envolve muito medo de perder o parceiro(a) para um(a) rival,
desconfiança excessiva e infundada, gerando significativo prejuízo no funcionamento
pessoal e interpessoal. Majoritariamente, o ciúme “normal” é transitório, específico e
baseado em fatos reais, no qual se deseja preservar o relacionamento. É possível que
essa emoção seja experienciada na relação com o próprio companheiro “suspeito”,
algum(a) colega de trabalho, vizinho(a) ou, até mesmo, um membro da família.
A partir da compreensão de cada caso clínico é um caso e deve ser analisado
individualmente (portanto as considerações feitas nesse texto são genéricas e devem
ser investigadas por um profissional na relação com o cliente), alguns estudiosos
descrevem a pessoa que emite o comportamento emocional ciumento como sensível,
vulnerável e desconfiada, com baixa autoestima e pouco assertiva, ou, ao contrário,
impulsiva, egoísta e agressiva. Todos esses “rótulos” não devem ser interpretados
antecipadamente a uma avaliação psicológica, nem os descrevo no intuito de julgar
essas pessoas. Elas, provavelmente, têm uma história comportamental para isso.
Apenas considero importante ter ciência de possíveis comportamentos-problema
para que se possa identificá-los, favorecendo o engajamento do indivíduo “ciumento”
em processos de tratamento e evitando que mais prejuízos sejam acumulados.
Achar que alguém é “posse” de si mesmo resulta em uma prática nefasta ao
relacionamento, ao passo que investir em uma interação prazerosa aumenta (e
MUITO!) a chance de “pertencer” a alguém, no sentido apropriado dessa palavra.
Afinal, “o que mantém o gado no pasto é a grama e não a cerca”! rs
Referências
Calheiros, T. C., & Aquino, A. C. (2018). Relato de experiência sobre atendimento
psicológico em caso de “ciúme”: considerações analítico-comportamentais. Revista
Terra e Cultura: Cadernos de Ensino e Pesquisa, 31(60), 99-114.
Costa, N., & Barros, R. S. (2010). Ciúme: uma interpretação analítico-
comportamental. Acta Comportamentalia, 18(1), 135-149.