O documento discute a reunião das Nações Unidas sobre AIDS em Nova York para estabelecer novas estratégias de combate à doença. Dois pontos polêmicos que devem gerar debate são a quebra de patentes de medicamentos anti-retrovirais e a menção a grupos vulneráveis como homossexuais e usuários de drogas nos documentos, com alguns países se opondo. O Brasil deve assumir papel de liderança nas negociações com base em seu bem-sucedido programa de controle da AIDS.
1. Saúde na mídia Brasília, 09 de junho de 2011
Correio Braziliense/BR
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Combate à Aids em discussão
SAÚDE
Laura Rauch/AP - 11/9/03
duas questões ainda devem gerar tensão nas mesas de
negociação. O primeiro deles é a quebra de patentes
dos medicamentos de controle do HIV.
Em 2001, respondendo a uma demanda feita por paí-
ses em desenvolvimento, liderados pelo Brasil, a Or-
ganização Mundial do Comércio (OMC) autorizou a
quebra dos "direitos" em relação a fármacos de gran-
de emergência. Com mais de 7 mil novas infecções a
cada dia, a Aids tem sido enquadrada nessa categoria,
posição contestada pelos países desenvolvidos, se-
gundo os quais a quebra reduz o interesse da indústria
Manifestantes pedem a quebra das patentes de medicamentos, no México:
tema polêmico do encontro. farmacêutica de investir em pesquisas. "A-
creditamos que, em nenhuma hipótese, o aspecto fi-
nanceiro é mais importante do que a saúde. Por isso
vamos defender um acesso mais democrático aos me-
Max Milliano Melo dicamentos anti-HIV", afirma o infectologista
Dirceu Greco, diretor do Departamento de DST/Aids
Na semana em que o início da epidemia mundial de do Ministério da Saúde, que participa da reunião.
Aids completa 30 anos, representantes da área de saú-
de de 134 países se reúnem em Nova York para dis- O outro ponto polêmico sai da esfera econômica e
cutir uma nova estratégia global para combater a tem relação com o lado cultural. "Por razões re-
doença. A Reunião de Alto Nível das Nações Unidas ligiosas, alguns países muçulmanos são contra qual-
sobre Aids, que ocorre até amanhã, vai avaliar o re- quer menção aos grupos mais vulneráveis -
sultado do último acordo, feito em 2000, durante as- homossexuais, profissionais do sexo e usuários de
sembleia-geral da ONU, e propor novas metas de drogas - nos documentos internacionais que nor-
redução da transmissão, de ampliação ao acesso a tra- teiam as políticas de controle da doença", relata a re-
tamentos e de combate ao preconceito. Ontem, na presentante do Programa das Nações Unidas para
abertura do encontro, o secretário-geral da ONU, Aids (Unaids) no Brasil, Jaqueline Côrtes. Para essas
Ban Ki-moon, fixou um prazo de 10 anos para er- nações, os documentos devem fazer uma menção ge-
radicação da doença do mundo e pediu audácia para nérica a essas populações, já que suas leis nacionais
que a meta seja alcançada. "Hoje nos reunimos para muitas vezes criminalizam a prostituição e a ho-
dar fim a Aids. Esse é o nosso objetivo: o fim da Aids moafetividade, por exemplo.
em 10 anos, com zero novas infecções, zero trau-
matismos e zero mortes ligadas à doença", assinalou. "Defenderemos o combate ferrenho a toda e qual-
quer forma de preconceito, e por isso acreditamos
Segundo especialistas, com o peso de quem tem um que a simples menção a "grupos vulneráveis", sem a
dos mais eficientes programas de combate à sín- especificação de quais são esses grupos, é uma forma
drome do mundo, o Brasil deve ser uma peça-chave de marginalização a ser combatida", adianta Greco.
na negociações. Apesar do avanço nos últimos anos O representante brasileiro acredita que, apesar das
em relação à pandemia, quando o número de novas duas questões serem polêmicas, há espaço para avan-
contaminações em todo o mundo se estabilizou e hou- ços e elaboração de um acordo vantajoso para todas
ve ampliação do acesso ao tratamento, pelo menos
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2. Saúde na mídia Brasília, 09 de junho de 2011
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Continuação: Combate à Aids em discussão
as partes. Segundo ele, o país vai usar o reconhecido tribuição de medicamentos para soropositivos, o ín-
sucesso no combate à Aids para assumir uma posição dice de contaminação por via sanguínea é próximo de
central nos debates. JaquelineCôrtes,daUnaids, con- zero, e a transmissão vertical (de mãe para filho) tem
corda que o Brasil tem respaldo internacional para caído drasticamente".
ser protagonista: "O sucesso das políticas brasileiras
credenciou o país como um especialista nessa área.
Atualmente, o país conta com uma ampla rede de dis-
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