1. Saúde na mídia Brasília, 03 de outubro de 2011
O Globo/BR
Ministério da Saúde | Alexandre Padilha
A ONU no jogo
OPINIÃO
ALEXANDRE PADILHA Avanços recentes do Sistema Único de Saúde pro-
vocaram a redução de 20% na mortalidade por estas
Líderes mundiais estiveram reunidos em Nova York doenças ao longo da última década no Brasil.
em encontro de alto nível convocado pela Or-
ganização das Nações Unidas (ONU) para discutir o É fundamental garantir o acesso ao tratamento. Des-
enfrentamento às doenças crônicas não trans- de janeiro, o Brasil triplicou a oferta de remédios de
missíveis (DCNT). Desde a criação da ONU, em graça distribuídos em mais de 20 mil farmácias em
1945, esta é a terceira vez que a saúde entra na pauta todo o país, beneficiando mais de 5,4 milhões de pa-
de discussões dos chefes de Estado, o que representa cientes.
oportunidade para o engajamento global na luta con-
tra enfermidades como câncer, diabetes e problemas Na prevenção, é preciso mobilizar todos a adotarem
cardiovasculares. hábitos mais saudáveis. A Agência Nacional de
Saúde Suplementar (ANS ) está estimulando as ope-
É evidência da importância dada ao enfrentamento radoras de planos de saúde a concederem descontos
destas doenças, que são responsáveis por 63% das nas mensalidades para usuários que aderirem a pro-
mortes precoces em todo o mundo. Sob a liderança da gramas de hábitos saudáveis e acompanhamento per-
Organização Mundial da Saúde (OMS ),os go- manente com foco em prevenção de doenças.
vernos decidiram trabalhar para definir re-
comendações e metas globais para prevenção e Pelos custos gerados às famílias e aos sistemas de
controle destas enfermidades e construir um acordo, saúde e pela paralisia criada no setor produtivo, estas
a ser implantado a partir do ano que vem. doenças têm elevado impacto econômico, conforme
aponta estudo do Banco Mundial, que estimou em 20
O Brasil tem cerca de 750 mil mortes por ano por con- milhões de anos produtivos de vida as perdas dos
ta destas doenças, o que equivale a 72% do total de BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul)
mortes, com destaque para problemas car- com estas doenças.
diovasculares (31,3%), câncer (16,2%), doenças res-
piratórias crônicas (5,8%) e diabetes mellitus (5,2%). O êxito obtido nas outras duas vezes nas quais a ONU
Em comum, estas doenças têm fatores de risco mo- destinou sua atenção aos temas da saúde, cul-
dificáveis, como o tabagismo, o consumo nocivo de minando na mudança de paradigmas para a pre-
bebida alcoólica, a inatividade física e alimentação venção e o tratamento da poliomielite e da Aids, nos
inadequada. Somam-se os determinantes sociais, ou deixa otimistas.
seja, as desigualdades de renda, a baixa escolaridade
e a falta de informação. ALEXANDRE PADILHA é ministro da Saúde.
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