SlideShare uma empresa Scribd logo
Cad.Cat.Ens.Fís., v. 15, n. 3: p. 319-322, dez. 1998. 319
LABORATÓRIO CALORÍMETRO DE BAIXO CUSTO
CASEIRO
Carlos Eduardo Laburú
Rogério Rodrigues
1
Depto. de Física UEL
Londrina PR
Resumo
Este trabalho propõe a construção de um calorímetro de baixo custo,
de montagem simples e com materiais facilmente encontrados. Objeti-
va-se com o calorímetro proposto substituir os normalmente utilizados
nos laboratórios de física do secundário. Examina-se a capacidade
térmica e o isolamento térmico do calorímetro proposto, comparando-o
com um comercial muito utilizado nas escolas.
I. Introdução
Neste trabalho propomos a construção de um calorímetro de baixo custo,
que use material de fácil obtenção, a fim de substituir o calorímetro didático
convencional, comumente empregado nas escolas. Particularmente, nas caixas
comerciais de materiais de termologia para laboratório do nível médio (por exemplo,
Funbec) encontramos calorímetros constituídos de um recipiente de isopor contendo, no
seu interior, um copo de alumínio. Muitas vezes, quando precisamos utilizar vários
calorímetros e não temos um número suficiente de caixas, ou quando há danificação do
calorímetro de uma caixa, fazemos uso de garrafas térmicas de café, que substituem de
maneira satisfatória o calorímetro convencional. Contudo, pudemos observar na pratica
docente que, além de relativamente caros, esses calorímetros eram muito perigosos.
Quando se manipulava materiais sólidos duros como, por exemplo, barras de ferro, de
cobre, etc., com o objetivo de medir os seus calores específicos, o recipiente de vidro a
vácuo da garrafa térmica estourava, ou melhor, implodia com facilidade durante as
experiências.
Com essas preocupações em mente, propomos substituir o calorímetro
comercial por um calorímetro constituído de uma vasilha de isopor, para latas de
1
Graduado, bolsista UEL/CAE.
320 Laburú, C. E. e Rodrigues, R.
refrigerante ou cerveja de 350 ml, tendo uma dessas latas como recipiente interno,
conforme detalhamos na seção abaixo. O custo do calorímetro fica sendo o preço de
dois recipientes de isopor.
Este trabalho pretende apresentar, na seqüência, uma comparação
quantitativa dos calorímetros da Funbec com o aqui proposto. Essa comparação será
feita tomando como base dois parâmetros. Primeiramente, medimos os valores da
capacidade térmica dos calorímetros, mostrando, assim, as diferenças relativas entre os
dois. Em seguida, faremos um estudo da qualidade experimental dos calorímetros, no
que se refere aos seus isolamentos térmicos.
II. Construção do calorímetro
Como dissemos, o material utilizado para construir o calorímetro constitui-
se, basicamente, de dois recipientes de isopor para latas de 350 ml e mais uma dessas
latas vazia, da qual retira-se a tampa, com a ajuda de um abridor de latas. Um dos dois
recipientes de isopor será usado como a tampa do calorímetro. Para isso, cortamos, a
aproximadamente dois dedos do fundo do recipiente, a peça que vai servir a esse fim.
Toma-se o cuidado para que esse corte seja bem feito, pois a tampa deve encaixar da
melhor maneira possível na parte superior do recipiente de isopor que contém a lata sem
tampa. Esta última, geralmente, sobressai uns dois dedos do recipiente de isopor que a
contém. Por fim, fazemos uma perfuração central na tampa de isopor, de modo que o
diâmetro do furo sirva para passar perfeitamente o termômetro que será usado nas
experiências de calorimetria. Feito isso, temos o nosso calorímetro pronto para realizar
as experiências.
III. Medidas comparativas e procedimentos experimentais
a) Capacidade térmica dos calorímetros
Para a determinação das capacidades térmicas dos calorímetros alternativos
e da Funbec, partiu-se das medidas das temperaturas de equilíbrio térmico que estes
alcançavam quando trocavam calor com uma certa quantidade de água previamente
fervida. A temperatura inicial dos calorímetros era a ambiente
2
e a quantidade de água
usada foi de 340g para o calorímetro alternativo e de 200g para o da Funbec. Tais
valores correspondiam às suas capacidades volumétricas máximas. A água fervida,
antes de ser rapidamente jogada no calorímetro, tinha a sua temperatura previamente
2
Para a avaliação dos erros experimentais foram realizadas várias experiências. Em cada uma
delas, o calorímetro era resfriado com água à temperatura ambiente.
Cad.Cat.Ens.Fís., v. 15, n. 3: p. 319-322, dez. 1998. 321
avaliada. Após a ação de verter a água dentro do calorímetro, tomava-se o cuidado de
fechá-lo imediatamente e encaixar o termômetro no buraco da tampa, a fim de medir a
temperatura de equilíbrio térmico. Depois da medida da temperatura de equilíbrio e da
precisa determinação da quantidade de água vertida, passávamos ao cálculo da
capacidade térmica.
O cálculo da capacidade térmica sai diretamente do primeiro princípio da
calorimetria, que diz o seguinte: quando dois corpos, termicamente isolados, trocam
entre si calor, sem ganhar ou perder energia para outros corpos, a quantidade de calor
cedida por um deles é igual à quantidade de calor que o outro recebe, ou seja,
absorvidocedido QQ .
Sabendo que a capacidade térmica dos calorímetros é tQC / e que a quantidade
de calor cedido ou recebido é tmcQ , podemos estabelecer a seguinte relação:
ocalorímetrágua QQ
(a quantidade de calor cedido pela água é igual à quantidade de calor absorvido pelo
calorímetro),
),()(
,
caleqeqcedaa
calaaa
ttCttcm
tCtcm
),/()( caleqeqcedaa ttttcmC
que é a capacidade térmica do calorímetro, no qual ma é a massa de água, ca o calor
específico de água e t a variação de temperatura da água ou do calorímetro. Da
relação anterior obtivemos as seguintes medidas para ambos os calorímetros:
C (Funbec) = 20,74 ± 1,07 cal/°C
C (Alternativo) = 19,7 ± 0,7 cal/°C
b) Isolamento térmico
Um segundo ponto importante de avaliação comparativa entre os
calorímetros refere-se à qualidade do isolamento térmico de ambos. Para isso, fizemos
um teste dessa qualidade. Assim, passamos a medir o decréscimo da temperatura interna
dos calorímetros a partir da temperatura de equilíbrio em função do tempo (de 10 em 10
minutos), durante 40 minutos.
Na tabela a seguir mostramos as temperaturas dos calorímetros em função do tempo.
322 Laburú, C. E. e Rodrigues, R.
Temperatura (± 0,5 °C)
Tempo (mim) Funbec T Alternativo T
0 (te) 91 91
10 85 6 87 4
20 81 4 83 4
30 77 4 79 4
40 73 4 76 3
Pela tabela, verifica-se que as taxas de perda de calor entre os calorímetros
são praticamente equivalentes.
IV. Comentários e conclusões
Comparando os dados do calorímetro alternativo com os do comercial
podemos destacar dois aspectos: primeiro, apesar de fisicamente diferentes em seus
tamanhos, os calorímetros apresentam, dentro dos erros experimentais, capacidades
térmicas semelhantes (aproximadamente, 20 cal/°C); segundo, no que se refere ao
isolamento térmico, o calorímetro alternativo apresenta melhor qualidade. Como se
pode ver na tabela acima, a qualidade do isolamento térmico conta a favor do
calorímetro alternativo, pois ao se comparar a perda de calor pelo controle da
diminuição de temperatura a partir da temperatura de referência de 91°C para ambos os
aparelhos, verifica-se que o calorímetro alternativo apresenta, no tempo, uma queda
menor de temperatura (de 2% e 4% a menos em 10 e 40 min., respectivamente) em
relação ao comercial. Como última observação a favor do calorímetro proposto,
apontamos o seu maior volume interno, 350g deste contra 200g do comercial, o que
facilita a realização de experiências que envolvam maior quantidade de água e de
objetos, quando isso se fizer necessário.
Assim, com este trabalho, deixamos uma proposta de construção de um
calorímetro que, em todos os sentidos, apresenta vantagens em relação ao calorímetro
convencional ou ao possível uso alternativo da garrafa térmica. Desta forma, esperamos
ter contribuído efetivamente para as aulas experimentais do professor de física do nível
médio, procurando, com este tipo de proposta, manter a preocupação constante na busca
de experimentos de qualidade em Física, desvinculados, na medida do possível, dos
altos custos e da dificuldade na aquisição e na manutenção dos seus componentes.
Referência
FUNBEC. Laboratório portátil, 2º grau, Física. Manual de experimentos para o profes-
sor. São Paulo: EDART, 1977.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Funções inorgânicas bases
Funções inorgânicas   basesFunções inorgânicas   bases
Funções inorgânicas bases
Rafael Nishikawa
 
Concentração de soluções aquosas
Concentração de soluções aquosasConcentração de soluções aquosas
Concentração de soluções aquosas
Ana Dias
 
Reações químicas
Reações químicasReações químicas
Reações químicas
Lucas Mariano da Cunha e Silva
 
Soluções 2º ano
Soluções   2º anoSoluções   2º ano
Soluções 2º ano
Silvio Gentil
 
Slide - Aula teórica densidade
Slide - Aula teórica densidadeSlide - Aula teórica densidade
Slide - Aula teórica densidade
Dibiela
 
História da química
História da químicaHistória da química
História da química
Joanan Oliveira
 
Reações de esterificação e saponificação
Reações de esterificação e saponificaçãoReações de esterificação e saponificação
Reações de esterificação e saponificação
Rafael Nishikawa
 
Ácidos - Química
Ácidos - QuímicaÁcidos - Química
Ácidos - Química
Viviane Dilkin Endler
 
Aula 03 estudo do àtomo
Aula 03 estudo do àtomoAula 03 estudo do àtomo
Aula 03 estudo do àtomo
Colegio CMC
 
Equilíbrio Químico
Equilíbrio QuímicoEquilíbrio Químico
Equilíbrio Químico
José Nunes da Silva Jr.
 
Aula Digital de Química - Ácidos e Bases
Aula Digital de Química - Ácidos e BasesAula Digital de Química - Ácidos e Bases
Aula Digital de Química - Ácidos e Bases
Nelson Virgilio Carvalho Filho
 
Filosofia contemporânea - Jean Paul Sartre
Filosofia contemporânea - Jean Paul SartreFilosofia contemporânea - Jean Paul Sartre
Filosofia contemporânea - Jean Paul Sartre
Juliana Corvino de Araújo
 
1 filosofia e ética
1 filosofia e ética1 filosofia e ética
1 filosofia e ética
Israel serique
 
Ácidos e bases
Ácidos e basesÁcidos e bases
Ácidos e bases
Atami Santos
 
concentração comum e concentração em molL.ppt
concentração comum e concentração em molL.pptconcentração comum e concentração em molL.ppt
concentração comum e concentração em molL.ppt
MarcoReisBrugnerotto
 
Aula termoquímica
Aula termoquímicaAula termoquímica
Aula termoquímica
Marilena Meira
 
Aula 8 sais e oxidos
Aula 8   sais e oxidosAula 8   sais e oxidos
Aula 8 sais e oxidos
José Vitor Alves
 
Cinetica quimica
Cinetica quimicaCinetica quimica
Cinetica quimica
Liana Maia
 
Densidade
DensidadeDensidade
Gases aula 01
Gases aula 01Gases aula 01

Mais procurados (20)

Funções inorgânicas bases
Funções inorgânicas   basesFunções inorgânicas   bases
Funções inorgânicas bases
 
Concentração de soluções aquosas
Concentração de soluções aquosasConcentração de soluções aquosas
Concentração de soluções aquosas
 
Reações químicas
Reações químicasReações químicas
Reações químicas
 
Soluções 2º ano
Soluções   2º anoSoluções   2º ano
Soluções 2º ano
 
Slide - Aula teórica densidade
Slide - Aula teórica densidadeSlide - Aula teórica densidade
Slide - Aula teórica densidade
 
História da química
História da químicaHistória da química
História da química
 
Reações de esterificação e saponificação
Reações de esterificação e saponificaçãoReações de esterificação e saponificação
Reações de esterificação e saponificação
 
Ácidos - Química
Ácidos - QuímicaÁcidos - Química
Ácidos - Química
 
Aula 03 estudo do àtomo
Aula 03 estudo do àtomoAula 03 estudo do àtomo
Aula 03 estudo do àtomo
 
Equilíbrio Químico
Equilíbrio QuímicoEquilíbrio Químico
Equilíbrio Químico
 
Aula Digital de Química - Ácidos e Bases
Aula Digital de Química - Ácidos e BasesAula Digital de Química - Ácidos e Bases
Aula Digital de Química - Ácidos e Bases
 
Filosofia contemporânea - Jean Paul Sartre
Filosofia contemporânea - Jean Paul SartreFilosofia contemporânea - Jean Paul Sartre
Filosofia contemporânea - Jean Paul Sartre
 
1 filosofia e ética
1 filosofia e ética1 filosofia e ética
1 filosofia e ética
 
Ácidos e bases
Ácidos e basesÁcidos e bases
Ácidos e bases
 
concentração comum e concentração em molL.ppt
concentração comum e concentração em molL.pptconcentração comum e concentração em molL.ppt
concentração comum e concentração em molL.ppt
 
Aula termoquímica
Aula termoquímicaAula termoquímica
Aula termoquímica
 
Aula 8 sais e oxidos
Aula 8   sais e oxidosAula 8   sais e oxidos
Aula 8 sais e oxidos
 
Cinetica quimica
Cinetica quimicaCinetica quimica
Cinetica quimica
 
Densidade
DensidadeDensidade
Densidade
 
Gases aula 01
Gases aula 01Gases aula 01
Gases aula 01
 

Semelhante a Calorimetro de baixo custo

Prática 02
Prática 02Prática 02
Prática 02
Samira Elaine
 
Trocadores de calor
Trocadores de calorTrocadores de calor
Trocadores de calor
Gabriella Procópio
 
QUESTIO ATUAALLL FISICO.docx
QUESTIO ATUAALLL  FISICO.docxQUESTIO ATUAALLL  FISICO.docx
QUESTIO ATUAALLL FISICO.docx
Santos Raimundo
 
QUESTIO ATUAALLL FISICO.docx
QUESTIO ATUAALLL  FISICO.docxQUESTIO ATUAALLL  FISICO.docx
QUESTIO ATUAALLL FISICO.docx
Santos Raimundo
 
QUESTIO ATUAALLL FISICO.docx
QUESTIO ATUAALLL  FISICO.docxQUESTIO ATUAALLL  FISICO.docx
QUESTIO ATUAALLL FISICO.docx
Santos Raimundo
 
Calor específico dos sólidos
Calor específico dos sólidosCalor específico dos sólidos
Calor específico dos sólidos
LDuarte2
 
90045867 experimento-energia-de-amendoim
90045867 experimento-energia-de-amendoim90045867 experimento-energia-de-amendoim
90045867 experimento-energia-de-amendoim
Edson Emidio
 
termodinâmica - Resolução de exercicios.pptx
termodinâmica - Resolução de exercicios.pptxtermodinâmica - Resolução de exercicios.pptx
termodinâmica - Resolução de exercicios.pptx
Ferreira José
 
APOSTILA DE DEPENDÊNCIA DE FÍSICA
APOSTILA DE DEPENDÊNCIA DE FÍSICAAPOSTILA DE DEPENDÊNCIA DE FÍSICA
APOSTILA DE DEPENDÊNCIA DE FÍSICA
KATIA CAVALCANTI
 
Escalas termometricas.
Escalas termometricas.Escalas termometricas.
Escalas termometricas.
leonardomardegan5
 
Artigo convecção natural completo
Artigo convecção natural completo Artigo convecção natural completo
Artigo convecção natural completo
Feelipe Rover
 
Evaporador
EvaporadorEvaporador
Evaporador
Tássia Passos
 
construcao-de-um-termometro.trabalho para
construcao-de-um-termometro.trabalho paraconstrucao-de-um-termometro.trabalho para
construcao-de-um-termometro.trabalho para
SamiaPeres
 
Apostila eja fisica 2
Apostila eja fisica 2Apostila eja fisica 2
Apostila eja fisica 2
Leo Anjos
 
Calorimetria
CalorimetriaCalorimetria
Calorimetria
Nyra Leão
 
Corg 2ano-calorimetria-120229182800-phpapp02
Corg 2ano-calorimetria-120229182800-phpapp02Corg 2ano-calorimetria-120229182800-phpapp02
Corg 2ano-calorimetria-120229182800-phpapp02
Paulo Souto
 
Calorimetria
CalorimetriaCalorimetria
Calorimetria
Ananda Freitas
 
rela calorimetria.pdf
rela calorimetria.pdfrela calorimetria.pdf
rela calorimetria.pdf
FlavioAugusto72
 
Listasabado6 fisica2
Listasabado6 fisica2Listasabado6 fisica2
Listasabado6 fisica2
resolvidos
 
Caldeira (c lculo vapor por g-s)
Caldeira (c lculo vapor por g-s)Caldeira (c lculo vapor por g-s)
Caldeira (c lculo vapor por g-s)
consultor tecnico
 

Semelhante a Calorimetro de baixo custo (20)

Prática 02
Prática 02Prática 02
Prática 02
 
Trocadores de calor
Trocadores de calorTrocadores de calor
Trocadores de calor
 
QUESTIO ATUAALLL FISICO.docx
QUESTIO ATUAALLL  FISICO.docxQUESTIO ATUAALLL  FISICO.docx
QUESTIO ATUAALLL FISICO.docx
 
QUESTIO ATUAALLL FISICO.docx
QUESTIO ATUAALLL  FISICO.docxQUESTIO ATUAALLL  FISICO.docx
QUESTIO ATUAALLL FISICO.docx
 
QUESTIO ATUAALLL FISICO.docx
QUESTIO ATUAALLL  FISICO.docxQUESTIO ATUAALLL  FISICO.docx
QUESTIO ATUAALLL FISICO.docx
 
Calor específico dos sólidos
Calor específico dos sólidosCalor específico dos sólidos
Calor específico dos sólidos
 
90045867 experimento-energia-de-amendoim
90045867 experimento-energia-de-amendoim90045867 experimento-energia-de-amendoim
90045867 experimento-energia-de-amendoim
 
termodinâmica - Resolução de exercicios.pptx
termodinâmica - Resolução de exercicios.pptxtermodinâmica - Resolução de exercicios.pptx
termodinâmica - Resolução de exercicios.pptx
 
APOSTILA DE DEPENDÊNCIA DE FÍSICA
APOSTILA DE DEPENDÊNCIA DE FÍSICAAPOSTILA DE DEPENDÊNCIA DE FÍSICA
APOSTILA DE DEPENDÊNCIA DE FÍSICA
 
Escalas termometricas.
Escalas termometricas.Escalas termometricas.
Escalas termometricas.
 
Artigo convecção natural completo
Artigo convecção natural completo Artigo convecção natural completo
Artigo convecção natural completo
 
Evaporador
EvaporadorEvaporador
Evaporador
 
construcao-de-um-termometro.trabalho para
construcao-de-um-termometro.trabalho paraconstrucao-de-um-termometro.trabalho para
construcao-de-um-termometro.trabalho para
 
Apostila eja fisica 2
Apostila eja fisica 2Apostila eja fisica 2
Apostila eja fisica 2
 
Calorimetria
CalorimetriaCalorimetria
Calorimetria
 
Corg 2ano-calorimetria-120229182800-phpapp02
Corg 2ano-calorimetria-120229182800-phpapp02Corg 2ano-calorimetria-120229182800-phpapp02
Corg 2ano-calorimetria-120229182800-phpapp02
 
Calorimetria
CalorimetriaCalorimetria
Calorimetria
 
rela calorimetria.pdf
rela calorimetria.pdfrela calorimetria.pdf
rela calorimetria.pdf
 
Listasabado6 fisica2
Listasabado6 fisica2Listasabado6 fisica2
Listasabado6 fisica2
 
Caldeira (c lculo vapor por g-s)
Caldeira (c lculo vapor por g-s)Caldeira (c lculo vapor por g-s)
Caldeira (c lculo vapor por g-s)
 

Último

AE02 - FORMAÇÃO SOCIOCULTURAL E ÉTICA II UNICESUMAR 52/2024
AE02 - FORMAÇÃO SOCIOCULTURAL E ÉTICA II UNICESUMAR 52/2024AE02 - FORMAÇÃO SOCIOCULTURAL E ÉTICA II UNICESUMAR 52/2024
AE02 - FORMAÇÃO SOCIOCULTURAL E ÉTICA II UNICESUMAR 52/2024
Consultoria Acadêmica
 
MAQUINAS-EQUIPAMENTOS-E-FERRAMENTAS.pptx
MAQUINAS-EQUIPAMENTOS-E-FERRAMENTAS.pptxMAQUINAS-EQUIPAMENTOS-E-FERRAMENTAS.pptx
MAQUINAS-EQUIPAMENTOS-E-FERRAMENTAS.pptx
Vilson Stollmeier
 
AE03 - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL ENGENHARIA DA SUSTENTABILIDADE UNIC...
AE03 - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL ENGENHARIA DA SUSTENTABILIDADE UNIC...AE03 - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL ENGENHARIA DA SUSTENTABILIDADE UNIC...
AE03 - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL ENGENHARIA DA SUSTENTABILIDADE UNIC...
Consultoria Acadêmica
 
Dimensionamento de eixo. estudo de caso.pdf
Dimensionamento de eixo. estudo de caso.pdfDimensionamento de eixo. estudo de caso.pdf
Dimensionamento de eixo. estudo de caso.pdf
RodrigoQuintilianode1
 
AE03 - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL INDÚSTRIA E TRANSFORMAÇÃO DIGITAL ...
AE03 - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL  INDÚSTRIA E TRANSFORMAÇÃO DIGITAL ...AE03 - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL  INDÚSTRIA E TRANSFORMAÇÃO DIGITAL ...
AE03 - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL INDÚSTRIA E TRANSFORMAÇÃO DIGITAL ...
Consultoria Acadêmica
 
AE03 - MATERIAIS DA CONSTRUÇÃO MECÂNICA UNICESUMAR 52/2024
AE03 - MATERIAIS DA CONSTRUÇÃO MECÂNICA UNICESUMAR 52/2024AE03 - MATERIAIS DA CONSTRUÇÃO MECÂNICA UNICESUMAR 52/2024
AE03 - MATERIAIS DA CONSTRUÇÃO MECÂNICA UNICESUMAR 52/2024
Consultoria Acadêmica
 
Workshop Gerdau 2023 - Soluções em Aço - Resumo.pptx
Workshop Gerdau 2023 - Soluções em Aço - Resumo.pptxWorkshop Gerdau 2023 - Soluções em Aço - Resumo.pptx
Workshop Gerdau 2023 - Soluções em Aço - Resumo.pptx
marcosmpereira
 
Introdução ao GNSS Sistema Global de Posicionamento
Introdução ao GNSS Sistema Global de PosicionamentoIntrodução ao GNSS Sistema Global de Posicionamento
Introdução ao GNSS Sistema Global de Posicionamento
GeraldoGouveia2
 

Último (8)

AE02 - FORMAÇÃO SOCIOCULTURAL E ÉTICA II UNICESUMAR 52/2024
AE02 - FORMAÇÃO SOCIOCULTURAL E ÉTICA II UNICESUMAR 52/2024AE02 - FORMAÇÃO SOCIOCULTURAL E ÉTICA II UNICESUMAR 52/2024
AE02 - FORMAÇÃO SOCIOCULTURAL E ÉTICA II UNICESUMAR 52/2024
 
MAQUINAS-EQUIPAMENTOS-E-FERRAMENTAS.pptx
MAQUINAS-EQUIPAMENTOS-E-FERRAMENTAS.pptxMAQUINAS-EQUIPAMENTOS-E-FERRAMENTAS.pptx
MAQUINAS-EQUIPAMENTOS-E-FERRAMENTAS.pptx
 
AE03 - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL ENGENHARIA DA SUSTENTABILIDADE UNIC...
AE03 - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL ENGENHARIA DA SUSTENTABILIDADE UNIC...AE03 - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL ENGENHARIA DA SUSTENTABILIDADE UNIC...
AE03 - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL ENGENHARIA DA SUSTENTABILIDADE UNIC...
 
Dimensionamento de eixo. estudo de caso.pdf
Dimensionamento de eixo. estudo de caso.pdfDimensionamento de eixo. estudo de caso.pdf
Dimensionamento de eixo. estudo de caso.pdf
 
AE03 - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL INDÚSTRIA E TRANSFORMAÇÃO DIGITAL ...
AE03 - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL  INDÚSTRIA E TRANSFORMAÇÃO DIGITAL ...AE03 - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL  INDÚSTRIA E TRANSFORMAÇÃO DIGITAL ...
AE03 - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL INDÚSTRIA E TRANSFORMAÇÃO DIGITAL ...
 
AE03 - MATERIAIS DA CONSTRUÇÃO MECÂNICA UNICESUMAR 52/2024
AE03 - MATERIAIS DA CONSTRUÇÃO MECÂNICA UNICESUMAR 52/2024AE03 - MATERIAIS DA CONSTRUÇÃO MECÂNICA UNICESUMAR 52/2024
AE03 - MATERIAIS DA CONSTRUÇÃO MECÂNICA UNICESUMAR 52/2024
 
Workshop Gerdau 2023 - Soluções em Aço - Resumo.pptx
Workshop Gerdau 2023 - Soluções em Aço - Resumo.pptxWorkshop Gerdau 2023 - Soluções em Aço - Resumo.pptx
Workshop Gerdau 2023 - Soluções em Aço - Resumo.pptx
 
Introdução ao GNSS Sistema Global de Posicionamento
Introdução ao GNSS Sistema Global de PosicionamentoIntrodução ao GNSS Sistema Global de Posicionamento
Introdução ao GNSS Sistema Global de Posicionamento
 

Calorimetro de baixo custo

  • 1. Cad.Cat.Ens.Fís., v. 15, n. 3: p. 319-322, dez. 1998. 319 LABORATÓRIO CALORÍMETRO DE BAIXO CUSTO CASEIRO Carlos Eduardo Laburú Rogério Rodrigues 1 Depto. de Física UEL Londrina PR Resumo Este trabalho propõe a construção de um calorímetro de baixo custo, de montagem simples e com materiais facilmente encontrados. Objeti- va-se com o calorímetro proposto substituir os normalmente utilizados nos laboratórios de física do secundário. Examina-se a capacidade térmica e o isolamento térmico do calorímetro proposto, comparando-o com um comercial muito utilizado nas escolas. I. Introdução Neste trabalho propomos a construção de um calorímetro de baixo custo, que use material de fácil obtenção, a fim de substituir o calorímetro didático convencional, comumente empregado nas escolas. Particularmente, nas caixas comerciais de materiais de termologia para laboratório do nível médio (por exemplo, Funbec) encontramos calorímetros constituídos de um recipiente de isopor contendo, no seu interior, um copo de alumínio. Muitas vezes, quando precisamos utilizar vários calorímetros e não temos um número suficiente de caixas, ou quando há danificação do calorímetro de uma caixa, fazemos uso de garrafas térmicas de café, que substituem de maneira satisfatória o calorímetro convencional. Contudo, pudemos observar na pratica docente que, além de relativamente caros, esses calorímetros eram muito perigosos. Quando se manipulava materiais sólidos duros como, por exemplo, barras de ferro, de cobre, etc., com o objetivo de medir os seus calores específicos, o recipiente de vidro a vácuo da garrafa térmica estourava, ou melhor, implodia com facilidade durante as experiências. Com essas preocupações em mente, propomos substituir o calorímetro comercial por um calorímetro constituído de uma vasilha de isopor, para latas de 1 Graduado, bolsista UEL/CAE.
  • 2. 320 Laburú, C. E. e Rodrigues, R. refrigerante ou cerveja de 350 ml, tendo uma dessas latas como recipiente interno, conforme detalhamos na seção abaixo. O custo do calorímetro fica sendo o preço de dois recipientes de isopor. Este trabalho pretende apresentar, na seqüência, uma comparação quantitativa dos calorímetros da Funbec com o aqui proposto. Essa comparação será feita tomando como base dois parâmetros. Primeiramente, medimos os valores da capacidade térmica dos calorímetros, mostrando, assim, as diferenças relativas entre os dois. Em seguida, faremos um estudo da qualidade experimental dos calorímetros, no que se refere aos seus isolamentos térmicos. II. Construção do calorímetro Como dissemos, o material utilizado para construir o calorímetro constitui- se, basicamente, de dois recipientes de isopor para latas de 350 ml e mais uma dessas latas vazia, da qual retira-se a tampa, com a ajuda de um abridor de latas. Um dos dois recipientes de isopor será usado como a tampa do calorímetro. Para isso, cortamos, a aproximadamente dois dedos do fundo do recipiente, a peça que vai servir a esse fim. Toma-se o cuidado para que esse corte seja bem feito, pois a tampa deve encaixar da melhor maneira possível na parte superior do recipiente de isopor que contém a lata sem tampa. Esta última, geralmente, sobressai uns dois dedos do recipiente de isopor que a contém. Por fim, fazemos uma perfuração central na tampa de isopor, de modo que o diâmetro do furo sirva para passar perfeitamente o termômetro que será usado nas experiências de calorimetria. Feito isso, temos o nosso calorímetro pronto para realizar as experiências. III. Medidas comparativas e procedimentos experimentais a) Capacidade térmica dos calorímetros Para a determinação das capacidades térmicas dos calorímetros alternativos e da Funbec, partiu-se das medidas das temperaturas de equilíbrio térmico que estes alcançavam quando trocavam calor com uma certa quantidade de água previamente fervida. A temperatura inicial dos calorímetros era a ambiente 2 e a quantidade de água usada foi de 340g para o calorímetro alternativo e de 200g para o da Funbec. Tais valores correspondiam às suas capacidades volumétricas máximas. A água fervida, antes de ser rapidamente jogada no calorímetro, tinha a sua temperatura previamente 2 Para a avaliação dos erros experimentais foram realizadas várias experiências. Em cada uma delas, o calorímetro era resfriado com água à temperatura ambiente.
  • 3. Cad.Cat.Ens.Fís., v. 15, n. 3: p. 319-322, dez. 1998. 321 avaliada. Após a ação de verter a água dentro do calorímetro, tomava-se o cuidado de fechá-lo imediatamente e encaixar o termômetro no buraco da tampa, a fim de medir a temperatura de equilíbrio térmico. Depois da medida da temperatura de equilíbrio e da precisa determinação da quantidade de água vertida, passávamos ao cálculo da capacidade térmica. O cálculo da capacidade térmica sai diretamente do primeiro princípio da calorimetria, que diz o seguinte: quando dois corpos, termicamente isolados, trocam entre si calor, sem ganhar ou perder energia para outros corpos, a quantidade de calor cedida por um deles é igual à quantidade de calor que o outro recebe, ou seja, absorvidocedido QQ . Sabendo que a capacidade térmica dos calorímetros é tQC / e que a quantidade de calor cedido ou recebido é tmcQ , podemos estabelecer a seguinte relação: ocalorímetrágua QQ (a quantidade de calor cedido pela água é igual à quantidade de calor absorvido pelo calorímetro), ),()( , caleqeqcedaa calaaa ttCttcm tCtcm ),/()( caleqeqcedaa ttttcmC que é a capacidade térmica do calorímetro, no qual ma é a massa de água, ca o calor específico de água e t a variação de temperatura da água ou do calorímetro. Da relação anterior obtivemos as seguintes medidas para ambos os calorímetros: C (Funbec) = 20,74 ± 1,07 cal/°C C (Alternativo) = 19,7 ± 0,7 cal/°C b) Isolamento térmico Um segundo ponto importante de avaliação comparativa entre os calorímetros refere-se à qualidade do isolamento térmico de ambos. Para isso, fizemos um teste dessa qualidade. Assim, passamos a medir o decréscimo da temperatura interna dos calorímetros a partir da temperatura de equilíbrio em função do tempo (de 10 em 10 minutos), durante 40 minutos. Na tabela a seguir mostramos as temperaturas dos calorímetros em função do tempo.
  • 4. 322 Laburú, C. E. e Rodrigues, R. Temperatura (± 0,5 °C) Tempo (mim) Funbec T Alternativo T 0 (te) 91 91 10 85 6 87 4 20 81 4 83 4 30 77 4 79 4 40 73 4 76 3 Pela tabela, verifica-se que as taxas de perda de calor entre os calorímetros são praticamente equivalentes. IV. Comentários e conclusões Comparando os dados do calorímetro alternativo com os do comercial podemos destacar dois aspectos: primeiro, apesar de fisicamente diferentes em seus tamanhos, os calorímetros apresentam, dentro dos erros experimentais, capacidades térmicas semelhantes (aproximadamente, 20 cal/°C); segundo, no que se refere ao isolamento térmico, o calorímetro alternativo apresenta melhor qualidade. Como se pode ver na tabela acima, a qualidade do isolamento térmico conta a favor do calorímetro alternativo, pois ao se comparar a perda de calor pelo controle da diminuição de temperatura a partir da temperatura de referência de 91°C para ambos os aparelhos, verifica-se que o calorímetro alternativo apresenta, no tempo, uma queda menor de temperatura (de 2% e 4% a menos em 10 e 40 min., respectivamente) em relação ao comercial. Como última observação a favor do calorímetro proposto, apontamos o seu maior volume interno, 350g deste contra 200g do comercial, o que facilita a realização de experiências que envolvam maior quantidade de água e de objetos, quando isso se fizer necessário. Assim, com este trabalho, deixamos uma proposta de construção de um calorímetro que, em todos os sentidos, apresenta vantagens em relação ao calorímetro convencional ou ao possível uso alternativo da garrafa térmica. Desta forma, esperamos ter contribuído efetivamente para as aulas experimentais do professor de física do nível médio, procurando, com este tipo de proposta, manter a preocupação constante na busca de experimentos de qualidade em Física, desvinculados, na medida do possível, dos altos custos e da dificuldade na aquisição e na manutenção dos seus componentes. Referência FUNBEC. Laboratório portátil, 2º grau, Física. Manual de experimentos para o profes- sor. São Paulo: EDART, 1977.