O documento discute três modelos teóricos de avaliação educacional (positivista, subjetivo-interpretativo e crítico) e suas implicações na prática avaliativa dos professores. A orientação positivista valoriza dados quantitativos e tem como objetivo classificar e selecionar alunos. Já as abordagens qualitativas e críticas visam compreender o processo de aprendizagem e fornecer feedback para melhoria.
1. AS ORIENTAÇÕES
TEÓRICO-METODOLÓGICAS
DA AVALIAÇÃO DA
APRENDIZAGEM:
SIGNIFICADOS E IMPLICAÇÕES
PARA A PRÁTICA AVALIATIVA DO PROFESSOR
Sonia Maria Duarte Grego
Por: Prof.ª Maria Inês
Síntese do
texto:
2. OBJETIVO
O texto apresenta três modelos teóricos
de avaliação educacional, com enfoque
em suas dimensões política, ética e
metodológica com o objetivo de subsidiar
professores e gestores na análise das
avaliações que são praticadas nas
escolas brasileiras.
3. INTRODUÇÃO
A prática da AVALIAÇÃO não é neutra.
Ao optar por um modelo de avaliação, o educador
revela seu posicionamento político e ideológico em
sua ação pedagógica.
É necessário, portanto, conhecer os fundamentos
teórico-metodológicos da avaliação que revelam
princípios, objetivos e valores que regem os sistemas
de avaliação aplicados nas instituições escolares.
4. AVALIAÇÃO NAS ESCOLAS
HOJE
Com relação aos discursos teóricos:
No interior das escolas
Qualitativa: privilegia a aprendizagem
Avaliação externa
Quantitativa: analisa a instituição
escolar
5. AVALIAÇÃO NAS ESCOLAS
HOJE
Com relação à prática, verifica-se:
Prevalência de uma prática conservadora e
elitista no cotidiano das salas de aula.
Processo de avaliação externa de orientação
instrumental, centrado em resultados
quantitativos e implementado para o
monitoramento do sistema.
6. O que é necessário fazer?
Esclarecer as lógicas e os princípios assumidos
nos enfoques teóricos de avaliação para
viabilizar a reflexão sobre o significado e o
sentido das práticas embutidas nas diferentes
metodologias utilizadas nas avaliações internas e
externas na rede de ensino público.
7. Orientações teórico-metodológicas
de avaliação
A avaliação educacional pode ser entendida
como um processo que visa a produzir
conhecimentos e informações para orientar o
processo de tomada de decisões de diferentes
sujeitos em função dos valores que sustentam, seja
sobre um sistema educacional, um projeto
curricular, um programa de ensino ou sobre o
processo de aprendizagem e formação dos alunos.
(MacDONALD, 1974; HOUSE, 1989)
8. Surge, então a pergunta:
Quais são os interesses e pressuposições
que sustentam cada orientação
metodológica?
9. Habermas (1987) identifica três formas de
conhecimento:
Um conhecimento instrumental - que se define
na dimensão de produção da vida material, a
saber, o trabalho.
Um conhecimento subjetivo-interpretativo - que
se define na dimensão da linguagem, nos
significados que as pessoas atribuem às coisas
e experiências vivenciadas.
Um conhecimento crítico ou teórico-crítico –
que se define na dimensão do poder.
10. Aoki (1986), Grego (1991) e Rodrigues (1994)
sugerem três enfoques teórico-metodológicos:
Orientação positivista
Orientação subjetivo-interpretativa
ou qualitativa
Orientação crítica ou teórico-crítica
11. ORIENTAÇÃO POSITIVISTA
Tem um interesse em controle, como refletido nos
valores de eficiência, efetividade, certeza e predição.
A fo rm a d e c o nhe c im e nto im p lic a e m a bs tra ir o s
fa to s d e va lo re s , s e nd o a re a lid a d e p a s s íve l d e s e r
c o nhe c id a e m te rm o s d e c a us a lid a d e line a r e
d e m o ns trá ve l a tra vé s d e p ro c e d im e nto s c ie ntífic o s
e x p e rim e nta is , q ua ntific a d a e a na lis a d a
e s ta tis tic am e nte .
12. ORIENTAÇÃO POSITIVISTA valoriza dados
empíricos, quantificáveis e tomados como fatos.
Exemplos:
Testes de
inteligência
Tem como base critérios
relativos, referenciados
na norma ou padrão de
grupo.
Testes referentes a
critério
Utilizados nas avaliações de
órgãos oficiais e nas salas
de aula.
Primeira geração da avaliação-medição
Segunda geração da avaliação
13. Qual foi o embasamento teórico da
orientação positivista?
O determinismo biológico.
“As d e s ig ua ld a d e s na tura is e intríns e c a s e ntre o s
s e re s hum a no s a o na s c e re m s ã o d e te rm ina nte s d e
e ve ntua is d ife re nç a s e m s e us s ta tus , riq ue z a e p o d e r
e q ue e s ta s p ro p rie d a d e s q ue d e fine m o s ind ivíduo s
s ã o d e te rm ina d a s bio lo g ic am e nte ”. (LEWONTIN, 1982, p.
153).
Uma sociedade democrática providencia não
ig ua ld a d e d e s ta tus , m a s d e oportunidade.
14. Críticas ao uso dos testes de
inteligência:
critérios de ‘normalidade’ estabelecidos
ideologicamente, com base na cultura da classe
dominante.
assimilação acrítica dos diagnósticos psicométricos
pelo pensamento pedagógico, institucionalizando a
explicação do fracasso escolar das crianças com
dificuldades escolares, rotuladas como ‘fracas’,
‘atrasadas’, ‘desajustadas’
15. Críticas ao uso dos testes referenciados
no padrão de grupo:
Uso dos resultados para estabelecer
comparações e classificando o aluno como
excelente, regular ou insuficiente.
contradição com o discurso atual de uma escola
de qualidade para todos, de uma escola
inclusiva, pois a cada estudante é atribuído um
valor, uma capacidade de inserção. Isso significa
classificar, selecionar, discriminar.
16. Florestan Fernandes (1986)
enfatiza, com relação à tradição cultural e educacional
brasileira ...
[. . . ] é d e um e litism o c ultura l fe cha d o , c e rra d o , num a
s o c ie d a d e na q ua l s e c ultivo u, s e m p re , o
c o nhe c im e nto , o livro e a té a filo s o fia d a ilus tra ç ã o
[. . . ] o p ró p rio p ro fe s s o r inte re s s a va à m e d id a q ue e ra
um a g e nte p uro e s im p le s d e tra nsm is s ã o c ultura l [. . . ]
um e le m e nto d e m e d ia ç ã o , na c a d e ia inte rm iná ve l d e
d o m ina ç ã o p o lític a e c ultura l [. . . ] nunc a p o s to num
c o nte x to d e re la ç ã o d e m o c rá tic a c o m a s o c ie d a d e .
17. Nesta concepção, a finalidade da escola é:
fundamentar e legitimar a hierarquia social.
distinguir, discriminar os “mais aptos” dos “menos aptos”
por meio da avaliação da aprendizagem.
justificar as diferenças sociais apresentando-as apenas
como individuais.
indicar a adequação ou inadequação do aluno para a
continuidade dos estudos.
informar a posição do aluno no grupo-classe onde se
insere.
criar expectativas antecipadas quanto à qualificação dos
alunos. Obs: isso decorre dos procedimentos avaliativos aplicados na prática
Obs: isso decorre dos procedimentos avaliativos aplicados na prática
escolar.
escolar.
18. O que a escola está
avaliando?
Apenas o q ua nto o aluno é capaz de
reproduzir de um determinado conteúdo em
relação a outros alunos do grupo-classe e
esse q ua nto p o d e va ria r, dependendo do
grupo de referência.
Apenas o q ua nto o aluno é capaz de
reproduzir de um determinado conteúdo em
relação a outros alunos do grupo-classe e
esse q ua nto p o d e va ria r, dependendo do
grupo de referência.
19. A avaliação quantitativa referente a critério: as teorias
ambientalistas (a teoria da carência cultural) e a avaliação
por objetivos
Mudou o foco de explicação das diferenças
entre os indivíduos para fatores ambientais.
Pressuposto: as condições materiais, culturais e
emocionais do ambiente familiar têm grande
influência na progressão das crianças e dos
jovens no processo de escolarização.
teoria da privação cultural parte do princípio de
que ausência de conhecimentos, habilidades,
valores e modos de linguagem apropriados
levam ao baixo aproveitamento escolar.
20. A avaliação referenciada em critério e avaliação
formativa: controle ou desenvolvimento do
processo de ensino e aprendizagem?
Tem seu foco em objetivos educacionais.
avaliação por objetivos tem possibilitado a
emergência de novas formas de avaliação
mais qualitativa.
pretende-se que atenda aos princípios da
democracia e da inclusão.
avaliação da qualidade e da eficiência do
sistema educacional.
21. Contradições:
- Avaliação da qualidade e da eficiência do sistema
educacional envolvem o monitoramento e controle
das escolas, do trabalho docente e da aprendizagem
dos alunos;
- Avaliação do processo de ensino e aprendizagem é
comprometida com a formação do aluno e/ou em
otimizar as aprendizagens.
22. OBSERVAÇÕES:
Se a finalidade é avaliar a eficiência e eficácia
de um programa ou das escolas, com base
nos resultados obtidos pelos alunos em um
teste, o interesse é em controle.
Se a finalidade é obter informações relevantes
sobre o processo educativo para orientar
propostas de melhoria do ensino-aprendizagem,
então o interesse é
pedagógico e qualitativo.
23. Questões:
Como nos posicionarmos ante estes dois enfoques, de modo
a orientar nossa avaliação para uma finalidade pedagógica em
essência?
E como posicionar nossa prática a serviço de uma pedagogia
situada social, cultural e politicamente à realidade brasileira,
considerando que os modelos, hoje, postos foram pensados e
gestados para outra sociedade, fundamentada em outras
concepções de educação e de formação?
24. Fonte de consulta:
http://www.acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/