1. 01/09/2016 às 05h00
Aumentaaprocuraporcoachingnas
companhias
Nos últimos dois anos, muitas empresas
enxugaram seus quadros por conta da
crise. Em alguns casos, fizeram
substituições para reduzir custos
contratando profissionais com salários
inferiores, mas que nem sempre estavam
totalmente preparados para os cargos
que passaram a ocupar. Nessa
reestruturação interna, que muitas vezes
resultou na redução de níveis
hierárquicos, alguns executivos tiveram
que subir de posto sem estarem
completamente treinados para a nova função.
Foi nesse cenário adverso que o coaching, treinamento para aperfeiçoamento
profissional, encontrou espaço para crescer nos país. Entre o primeiro
semestre de 2015 e 2016, segundo dados das consultorias de recursos
humanos, houve um aumento médio de 30% nas contratações desse tipo de
serviço pelas empresas. Patrícia Epperlein, presidente da Stato, por exemplo,
diz que registrou um aumento de 35% na demanda geral por coaching no
último ano.
Para André Freire, sócio­diretor da consultoria de recrutamento Exec, a
performance de um executivo é a diferença entre uma empresa ter lucro ou
não. "Em um cenário de crise em que restruturações são necessárias, o
coaching vem como a ferramenta para acelerar o conhecimento das pessoas e
melhorar o desempenho em curto prazo", diz. Curto prazo, nesse caso,
significa de três a quatro meses, garante Freire. "Geralmente, uma pessoa é
promovida porque tem um bom desempenho. Mas isso pode não se repetir
em uma outra cadeira, que exige uma visão mais ampla do negócio", diz.
"Eu vejo executivos que assumiram mais desafios, em áreas que não
dominam, sendo cobrados por mais resultados. Eles precisam evoluir
rapidamente para que possam ficar mais confortáveis nas novas cadeiras",
resume Izabela Toledo, diretora do Fesap Group. Ela tem percebido esse
comportamento em mercados tradicionais como o financeiro e o
agronegócio, mais tem visto também em novos como no varejo, ligado ao
ramo da moda.
Quem ainda não é familiarizado com o assunto precisa entender que o
coaching não é um programa de reciclagem comum. É um processo que
acontece em sessões regulares, que variam conforme a disponibilidade e a
necessidade, com objetivos claros e específicos.
Para José Augusto Figueiredo, presidente para o Brasil e América Latina da
consultoria LHH, diante de uma situação econômica desfavorável o coaching
ajuda a aumentar a capacidade do executivo de inovar, liderar e influenciar
toda a organização. "Os líderes estão tendo de dar respostas diferentes das
tradicionais uma vez que se vive um contexto de muitas rupturas e no qual
mexer apenas no preço das coisas já não resolve mais", afirma. Na LHH, a
demanda por esse serviço aumentou 30% entre 2015 e 2016. Em outras
consultorias, como na SBCoaching, a procura por soluções para as empresas
teve um crescimento maior, de 73,5% em 2016, em relação ao ano passado.
Por Luiz De França | Para o Valor, de São Paulo
Mauro Fávero, atual VP de vendas para a
AL do Husqvarna Group, diz que o
coaching o ajudou a se recolocar no
mercado
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2. A Whirlpool, dona de marcas como a Consul e a Brastemp, resolveu
incorporar o coaching ao seu programa de liderança para deixar seus líderes
mais preparados para enfrentar um cenário econômico adverso. "Depois
desse mergulho nas questões de avanço profissional e pessoal, as pessoas
mudam", diz Andrea Clemente, diretora de recursos humanos da Whirlpool.
Ela ressalta que a empresa já tem tradição por desenvolver gestores internos,
com cerca de 80% dos executivos formados dessa maneira, e que a
contratação de coaching externo também ajuda na retenção de talentos.
Desde a implantação do programa em 2015, 20 executivos já participaram.
Para medir os resultados, todos são acompanhados por uma avaliação de 360
graus, que envolve superiores, pares e subordinados. "O que a gente observa
é que os resultados passam a ser sentidos por todos os envolvidos
rapidamente", conta.
A Agropalma, produtora brasileira de óleos, que cortou 14% do pessoal em 12
meses, promoveu mudanças internas e conseguiu sair do negativo. "Não
tenho dúvidas de que o coaching que introduzimos para alguns executivos
teve uma relação direta com esse resultado", afirma Marcello Brito, CEO da
companhia. Ele mesmo passou por esse processo quando foi promovido à
diretoria executiva há pouco menos de um ano. "O processo me ajudou a
melhorar os pontos fortes, mas é preciso encarar os pontos fracos também",
diz Brito.
O coaching não é apenas para pessoas que foram promovidas ou receberam
mais um departamento para tomar conta da noite para dia. Executivos que
estão com medo de perder o emprego e precisam melhorar os resultados já
são o segundo tipo de cliente das consultorias em recursos humanos
especializadas no assunto. A diferença é quem paga a conta. Nesse caso, são
os próprios profissionais. Segundo dados da International Coach Federation
(ICF), a maioria dos clientes brasileiros já é composta por pessoas físicas,
representando 62,2% do total.
Mas o coaching particular não é apenas para quem teme perder o emprego na
crise. É também para quem já perdeu. Mauro Fávero entrou na empresa
sueca de engenharia mecânica SKF como trainee em 1989 e saiu no ano
passado, como diretor­executivo da companhia. A empresa pagou o
outplacement, um plano de recolocação, mas ele decidiu fazer o coaching em
paralelo.
"O outplacement é bom para ajudar pessoas como eu, que ficaram muito
tempo em uma única empresa, a entender as novas ferramentas disponíveis
para se recolocar e reativar o networking", diz Fávero. "Mas somente o
coaching me fez entender o que eu precisava mudar para atingir novos
objetivos e abrir novas perspectivas que, certamente, foram o que me
levaram para essa nova posição que estou hoje". Desde janeiro deste ano,
Fávero é vice­presidente de vendas da América Latina do Husqvarna Group,
empresa também sueca.
Exemplos como esse demonstram o quanto fatores macroeconômicos estão
ajudando o coaching a ser mais conhecido. Para especialistas como José
Augusto Figueiredo, da LHH, a atividade ainda tem muito espaço para
crescer no Brasil. Enquanto nos Estados Unidos e Europa a proporção de
coachs por habitantes é de 40 para 1 milhão de pessoas, no Brasil essa
relação é de apenas seis por 1 milhão.
Sobre esse futuro, Izabela Toledo, da Fesa, acredita que vai depender do
desenrolar do cenário econômico no Brasil e da relação deste com as
mudanças que estão ocorrendo no mundo. "A minha perspectiva é que o
processo de coaching passe a ser mais valorizado pelas empresas e pelos
executivos daqui em diante. "
Mas é preciso ter alguns cuidados na hora de contratar um serviço como esse.
"Por ser uma profissão que não exige uma formação específica, tem muita
gente que se diz coach mas não é", afirma André Freire, da Exec. Segundo ele,
a primeira coisa é saber se a pessoa é credenciada em instituições sérias como
o International Coach Federation (ICF), o que garante que ela fez o curso e
prestou exames de qualificação.
De acordo com um estudo global conduzido pela PwC e divulgado
recentemente pelo ICF, o mercado brasileiro de coaching é formado por 64%
de mulheres, com 17,4% do total de profissionais na faixa etária de 50 a 54
anos, com quase 68% tendo mestrado ou doutorado, mais do que a média
O que esperar do mercado executivo para o ano
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19/12/2016
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3. Globo Notícias
anos, com quase 68% tendo mestrado ou doutorado, mais do que a média
global, de 62,6%. No entanto, apenas 12% dos profissionais brasileiros têm
mais de 10 anos de experiência na atividade, contra 27% no mundo, o que
indica que essa ainda é uma prática recente no país.
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