Aula Jonatas 23: Jesus Cristo e o endemoninhado geraseno
1. 23ª LIÇÃO – JC E O ENDEMONINHADO GERASENO
Mc 5.1-14
INTRODUÇÃO: No estudo anterior, vimos que JC é o mesmo Deus do AT. Ele é
Senhor também da natureza, tendo, inclusive, participado da criação (Gn. 1.26; Jo 1.2).
Vimos também que a tribulação não significa ausência de JC; pelo contrário, Ele estava
no meio da tempestade e havia mandado os discípulos rumarem àquela situação.
Na presente seção, vamos tratar de outro episódio muito interessante, quando JC
expulsa uma legião de demônios que atormentava uma pessoa.
DESENVOLVIMENTO:
a) V. 1 – Como JC havia mandado (Mc. 4.35), assim se fez: eles
chegaram à outra margem.
Tal localidade era composta por gentios, ou seja, por pessoas que não
eram judeus. Chegamos a esta conclusão porque naquela localidade
havia criação de porcos (v.11) e os judeus, por ordem do Senhor, não
comiam a carne de porco (Lv 11.4 e 7).
Como servos do Senhor, compondo o Israel espiritual (Gl 6.16),
devemos também nos abster da carne de porco? A resposta negativa se
impõe.
Não temos hoje esta mesma vedação, eis que toda a lei cerimonial dada
por Deus a Moisés se cumpriu e extinguiu em JC (Hb 9.14); a ARA
chama de “obras mortas”. A lei moral de Deus permanece, porque Ele
é eterno e seu caráter invariável (Tg 1.17), mas a Lei Cerimonial
terminou com o sacrifício eterno de JC (Ap 13.8).
Esta foi a orientação de JC a Pedro, quando através de visão mandou
Pedro não chamar de impuro aquilo que JC santificou (At 10.9-16);
neste episódio, JC estava levantando Pedro para falar e se relacionar
com a igreja gentílica.
Por que, então, Deus havia dado esta ordem ao seu povo? Segundo
Gordon D. Fee e Douglas Stuart (in Entendes o que Lês?, Ed. Vida
Nova), por razões sanitárias. Imaginem como seria danosa a carne de
porco no deserto sem geladeira ou outro meio de conservação... Por
misericórdia e onisciência Deus havia dado esta lei ao seu amado povo.
Costuma-se dizer que “a lei é a graça do Antigo Testamento”.
2. b) V. 2-8 – Aqui se descreve o endemoninhado como alguém que: a)
andava por sepulcros, b) era impossível de se conter e c) que se
autodigladiava.
Andar por sepulcros tornava a pessoa cerimonialmente impura, bem
como quem viesse a tocá-la (Nm 19.11); isso, em território gentílico
não era muito importante, mas denotava que um judeu deveria evitar
tal pessoa. Isso não era, nem nunca foi, problema para JC, que se fez
maldição por nós para nos dar vida eterna (Gl 3.13).
Os dois outros aspectos do endemoninhado mostravam que não era
qualquer pessoa que poderia subjugá-lo; isso porque estava possesso
por uma legião (v. 9).
É notório que o próprio endemoninhado tenha reconhecido que JC
poderia “atormentá-lo” (v. 7). As hostes do mal sabem que é JC; eles
temem e tremem (Tg 2.19); e vc, sabe quem é o seu Deus?
As simples palavras de JC mostram em quem estava realmente o
poder: não numa fórmula mágica, mas na pessoa de JC.
Sendo o evangelho a pregação da Palavra de Deus encarnada (Jo 1.14),
vemos que a melhor forma de se lutar contra as hostes do mal é
PREGAR O EVANGELHO!
Em casos extremos de possessão precisamos clamar pela misericórdia
do Senhor para nos dar discernimento no modo de proceder. No
entanto, a maior e melhor investida contra satanás continua sendo a
pregação do evangelho, a boa-nova de salvação em Cristo Jesus; esta,
sim, continua estremecendo o inferno!
No v. 6, vemos que o endemoninhado se ajoelhou e adorou ao Senhor.
Parece estranho o fato, mas isso antecipa um acontecimento ecumênico
que já foi profetizado (Fp 2.10)
c) V. 9-14 – Não sendo possível resistir à ação de JC, ainda que se
tratasse de milhares1
, eles tentam negociar com JC.
3. É interessante que JC concede o pedido dos demônios. Isso nos mostra
que a oração é universal, ou seja, não é restrita aos filhos de Deus (Jo
1.12).
Uma pessoa, ainda que não confesse a JC como único e suficiente
salvador, pode ter sua oração atendida, desde que aquele desejo, por
óbvio, esteja dentro da soberana vontade de Deus. Por vezes, ainda que
tateando, é possível encontrar JC (At 17.27)
No v. 13 vemos que os porcos se lançaram no precipício. Não há nada
de místico aqui! João Calvino comenta que tal a atitude deve-se a
natureza deles: se prestam a matar, roubar e destruir (Jo 10.10).
CONCLUSÃO: Não há situação que nos impeça de chegarmos a JC; mesmo o mais
imundo dos homens pode ser uma nova criatura e tornar-se um evangelista. Foi essa a
situação do ex-endemoninhado (Mc 5.18 e 19), do Ap. Paulo (1Tm 1.15), a minha e
deve ser a sua também.
Quando ouvimos falar de ex-traficantes, ex-homicidas ou ex-homossexuais não
devemos olhar com desprezo, antes devemos olhar como JC olhou: com compaixão (Mc
5.19). Eles são a prova contemporânea de que o evangelho continua a abalar as
estruturas do inferno.
Você sabe de algum testemunho deste tipo? Compartilhe com o grupo.
Você tem algum parente ou conhecido que “não tem jeito”? Estimule se
grupo a orar todos os dias por ele. Quem sabe nas próximas semanas ele não estará
ai evangelizando outros gerasenos?
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1- Legião é um exército romano de 6.000 soldados. Aqui é empregado no sentido de número incontável, assim
como o é a quantidade de porcos que despencaram.