O grupo musical brasileiro Vira Saia se originou em Mariana, Minas Gerais, onde busca preservar as tradições culturais locais marcadas pela miscigenação entre culturas européia, africana e indígena. Seu trabalho musical envolve pesquisar e resgatar estilos musicais populares brasileiros ameaçados de extinção, incorporando diversos instrumentos de origens variadas. Apesar da qualidade artística, o grupo enfrenta dificuldades de reconhecimento devido ao estilo musical diferente da indústria fon
Histórias da Música no Brasil e Musicologia: uma leitura preliminarRenato Borges
Apresentação preparada para a disciplina de "História da Música Brasileira", PPGM UniRIo 2013.2.
Conteúdo reflete um fichamento do artigo "Histórias da Música no Brasil e Musicologia: uma leitura preliminar", de Carla Bromberg.
Artigo Filme "Axé- canto do povo de um lugar" (Por Jurema Paes)AfroeducAÇÃO
Artigo, de autoria de Jurema Paes, como material de apoio pedagógico para leitura crítica do filme "Axé- canto do povo de um lugar". Curadoria da sessão de cinema onde o debate foi iniciado: AfroeducAÇÃO (www.afroeducacao.com.br)
Histórias da Música no Brasil e Musicologia: uma leitura preliminarRenato Borges
Apresentação preparada para a disciplina de "História da Música Brasileira", PPGM UniRIo 2013.2.
Conteúdo reflete um fichamento do artigo "Histórias da Música no Brasil e Musicologia: uma leitura preliminar", de Carla Bromberg.
Artigo Filme "Axé- canto do povo de um lugar" (Por Jurema Paes)AfroeducAÇÃO
Artigo, de autoria de Jurema Paes, como material de apoio pedagógico para leitura crítica do filme "Axé- canto do povo de um lugar". Curadoria da sessão de cinema onde o debate foi iniciado: AfroeducAÇÃO (www.afroeducacao.com.br)
Entrevista feita com o bando Vira Saia. Por Flávio UlhôaMo Maie
Entrevista realizada por Flávio Ulhôa com o bando Vira Saia para a concepção de sua monografia de final de curso na UFOP (MG), em que discute sobre a realidade das bandas independentes mineiras.
Salvador (BA) / Ouro Preto (MG)
2013.
Música. Pesquisa. Indústria fonográfica. Música e Internet. Produção. Criação.
O conhecimento das raízes culturais formadoras de nossas práticas, costumes e
saberes, nos faz entender, respeitar e apreciar a história do nosso povo. E tal atitude
se aplica a quaisquer povos.
Nosso atual foco de estudo está na reflexão sobre a importância e riqueza das
Africanidades na formação cultural do povo Brasileiro.
Sendo a África um continente que abriga vários povos com grande diversidade
cultural, verificaremos estas contribuições através de manifestações artísticas tais
como: os grafismos praticados nos tecidos e utensílios, assim hábitos de alimentação, linguagem, ritmos e vocabulário(palavras usadas)
Este estudo intitulado "O Arraial da Cultura Popular Paraense é só Pavulagem" discute a cultura popular, tendo como objeto de análise o Arraial do Pavulagem, grupo que nasceu em 1987 com a finalidade de divulgar, juntamente com a participação popular, a cultura paraense. O Arraial, como ícone da cultura popular, não apenas reproduz as manifestações populares, mas também cria, renova e incorpora elementos, tanto da cultura amazônica como de outras regiões como linguagem, estilos e instrumentos musicais. Assim, em função do Arraial do Pavulagem misturar elementos do culto, do popular e do massivo e construir o sentido de identidade cultural amazônica, constitui-se num rico exemplo para mostrar que a cultura é dinâmica e está em constante rotação.
Foi uma monografia apresentada ao curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Pará (UFPA) como requisito parcial para obtenção do curso do grau de bacharel em Comunicação Social – habilitação em Jornalismo, sob a orientação da professora mestre Rosaly de Seixas Brito junto às estudantes Alcilene Costa de Souza, Ana Mônica Monteiro e Cleide Lúcia Magalhães de Souza, em 2003.
Criado em 2012 por músicos de várias partes do Brasil e da América Latina, na comunidade quilombola do Alto da Sereia, em Salvador (BA), o grupo mescla em suas composições e arranjos bases rítmicas africanas com elementos da música popular brasileira, criando uma contagiante fusão musical.
A investigação e experimentação de timbres e possibilidades rítmico-sonoras de instrumentos africanos fusionados com os timbres de instrumentos brasileiros, somados à força dos metais, da guitarra e do baixo dão caráter jazzístico e de “world music” ao universo musical do grupo, originando uma obra musical autêntica, questionando o conceito de música instrumental como algo em que o espectador fica passivo, apenas ouvindo a música sentado.
O Vira Saia nasceu na cena da música independente mineira em 2007, unindo pesquisa, intercâmbio e criação musical a partir de estilos como o chorinho, a música popular brasileira em todos os seus matizes com a world music. Desde 2012 o grupo vive em Salvador (Bahia), onde vem desenvolvendo seu trabalho musical com a proposta de fundir as formações e experiências de mineiros e baianos com transversalidade nos segmentos da dança, da poesia e do audiovisual.
Histórias Iluminadas é uma compilação de histórias e canções que desenvolve o tema da morte a partir de uma perspectiva celebrativa. Se apropriando do "Teatro de Objetos" e da música, três atrizes desmistificam o aspecto exclusivamente sombrio e aterrador da morte, apresentando cenas curtas que aguçam um imaginário de poesia e reflexão sobre a existência.
Nesse diário, olhos surpreendidos escrevem sobre mundos tão distantes quanto próximos.
De Barcelona ao norte da Índia, saindo de um posto de gasolina sem ter nada pensado e voltando quando o dinheiro se acaba.
Os protagonistas dessa história são pessoas comuns das montanhas do Paquistão, dos desertos sírios, dos vales do Himalaya, da eterna Damasco ou da bela Peshawar; também de Istambul, Teerã, Esfahan e das planícies da Turquia Oriental.
O diário abre as portas dos lares e mostra cartões postais cotidianos tão estranhos quanto reconhecíveis. Cantos, tertúlias, cafés-da-manhã e jantares; estradas, mulheres e caminhões; mundos particulares e comuns.
O espetáculo Maracá é surpreendente por sua riqueza e diversidade musical e artística, aliados a elementos plásticos e cênicos contemporâneos.
Seu repertório, embasado em vários anos de pesquisa de ritmos da música popular brasileira e latina com a poesia popular de raízes nordestinas, gerou uma fusão entre linguagens artísticas, como a poesia, a dança, a performance e o vídeo, causando grande impacto sonoro e visual.
Portfolio do intercâmbio artístico e cultural entre a cultura afro-brasileira e marroquina realizado em Essaouira, no Marrocos, no ano de 2012. O evento foi realizado pelo Coletivo Vira Saia e Centro de Movimento Cultural Rosa dos Ventos. Sob o patrocínio do Programa Música Minas, Alliance Franco-Marrocaine d´Essaouira e delegação cultural desta cidade.
Vira Saia. Uma estética da reconstrução da cultura brasileira. Artigo escrito por Flávio Ulhôa sobre o bando Vira Saia
1. Grupo Vira Saia, uma estética de reconstrução da cultura brasileira.
Por Flávio Ulhôa.
O grupo teve origem no que pode ser chamado de centro histórico cultural de
Minas Gerais. Formado em Mariana, primeira vila e capital do estado, Vira Saia
se desenvolveu em um ambiente que conserva não só o seu cenário
arquitetônico dos séculos XVII e XVIII, mas também mantêm vivas antigas
tradições culturais. Tradições essas que evidenciam bem o forte processo de
miscigenação cultural pelo qual passou a região, que é marcada por grande
influência da igreja católica e pela escravidão que “importou” a cultura negra
das tribos africanas.
O fato de existirem culturas distintas convivendo em um mesmo espaço
geográfico, é responsável por um processo de modificação cultural mutua que
está presente acentuadamente na região dos inconfidentes, mas também
ocorre em todo território brasileiro. Tal fenômeno conhecido como sincretismo,
foi definido por Valente (1976) como “um processo que se propõe a resolver
uma situação de conflito cultural”. Para o autor, o sincretismo se difere de uma
aculturação, pelo fato de haver um processo de aceitação, assimilação e fusão,
no qual o tempo exerce ação determinante. No caso do encontro da cultura
europeia com a africana no Brasil, por mais que a dominância branca tenha
tentado impor a sua cultura sobre a cultura negra, é evidente a influência dos
escravos na identidade cultural do país.
Pode-se dizer que Vira Saia é um grupo que inspira e transpira brasilidade, a
miscigenação cultural está presente em cada manifestação que compõe sua
arte. O grupo realiza um trabalho de pesquisa musical com o intuito de resgatar
as origens da música popular brasileira e compreender o processo de hibridismo
pelo qual ela passou. Os integrantes do grupo além de frequentar vários cultos
e celebrações das mais diversas origens e realizam ainda uma pesquisa em
regiões interioranas do Brasil, buscando resgatar músicas, poesias, causos e
2. tradições que em sua maioria se mantêm vivas somente por oralidade. A
integrante do grupo Mônica Elias explicou o foco atual de pesquisa do grupo:
Nossa pesquisa atualmente está focada nas manifestações musicais,
folclóricas e culturais afro-ameríndias brasileira. Estamos fazendo uma
investigação que vai além das fronteiras de Minas, buscamos analisar
as origens (que vêm desde a África, Europa, chegam ao Brasil pelas
cidades portuárias e se encontram com as tradições indígenas), as
transformações advindas dessa mistura, seu desenvolvimento com o
passar do tempo e suas possibilidades de mistura e evolução (isso já
entra na parte de criação ou recriação, quando nos apropriamos
dessas manifestações musicais e elas se fusionam com nossas
composições.)1
Esse trabalho de pesquisa realizado pelo Vira Saia está claro na diversidade de
instrumentos musicais utilizados pelo grupo. O som do Vira Saia se sustenta
com a base harmônica do vilão e por uma forte massa percussiva. O violão tem
origem Euro-Oriental. A percussão utilizada pelo grupo tem raiz africana e
indígena (tambores, agogôs, xequerês, caxixis, ganzá, patangome, tamborim,
berimbau, gungas, tambor falante), latino-americano (cajón, congas), européia
(caixa, triângulo) e árabe (o prato, o pandeiro, as castanholas, os guizos de
pés, snooj e os krakrabas). Para as evoluções melódicas, são utilizadas
diferentes flautas que veem da China, Colômbia, Peru, nordeste brasileiro, além
da flauta transversal de origem Europeia.
Tamanha diversidade sonora pode ser explicada pelo infinito e constante
processo de hibridização por qual passa a música popular brasileira, o que
oferece material riquíssimo para que o grupo possa pesquisar e agregar
elementos à sua música. Peter Burke (2003) explica essas constantes
modificações da seguinte maneira:
[...] Devemos ver formas híbridas como o resultado de encontros
múltiplos e não como resultado de um único encontro, quer encontros
sucessivos adicionem novos elementos à mistura, quer reforcem os
antigos elementos, como no caso da visita de Gilberto Gil a Lagos
para dar â sua música um sabor mais africano. (BURKE, 2003, p. 30)
3. O espetáculo Maracá idealizado e concretizado pelo grupo em 2011, na cidade
de Ouro Preto, sintetiza toda a diversidade cultural que está presente no
trabalho do Vira Saia. O espetáculo apresenta em suas canções, totalmente
autorais, uma rica variedade de sons que vão de batuques negros, indígenas,
ritualísticos; do afoxé e do yjexá; do samba e das marchas de outrora; da
música de raiz do sertão; do rock; do flamenco; da música indiana e do reggae
Além da “salada musical” preparada para o espetáculo, o espetáculo foi
marcante na evolução artística do grupo pela incorporação de elementos de
expressão visual, que tornaram o mesmo mais completo e impactante. Maracá
contou com a participação de mais de 20 artistas da região dos inconfidentes. A
parte da produção visual foi trabalhada em coreografia e cenografia, já a parte
de apresentação artístico-visual foi feita por meio de dança e performances
circenses.
Contraditoriamente, apesar de grande preocupação com a estética e com a
pesquisa para reconstruir as origens e a identidade da música popular
brasileira, o grupo não atinge as grandes massas. Suas características de
trabalho se chocam ao estilo musical que a grande indústria fonográfica elege
para investir. Sendo assim o grupo Vira Saia se desenvolveu completamente
independente, buscando um espaço que ainda permanece restrito a uma
pequena fatia da população que contesta as músicas apresentadas para massa
e se interessa, de fato, pela qualidade estética. Segundo Felipe Trotta (2010):
Com dificuldades de posicionar-se num mercado que lhes nega
espaço mercadológico, a saída para os artistas prestigiados dentro do
próprio campo, mas sem reconhecimento comercial, é a veiculação de
seu trabalho em nichos periféricos, de circulação restrita, onde podem
exercer sua autonomia criativa, negociar conhecimento e consagração
estética com seus pares e reclamar da grande indústria que não
veicula sua “arte” para um público mais amplo. Assim, o artista
autônomo pode ser livre, independente.
(TROTTA, 2010, p. 253)
Bibliografia
4. VALENTE, Valter. Sincretismo religioso afro-brasileiro. 2. ed. São Paulo:
Companhia Editora Nacional, 1976.
Burke, Peter. Hibridismo Cultural / tradução de Leila Souza Mendes. São
Leopoldo, RS: UNISINOS, 2003.