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SUMÁRIO
UNIDADE 1 – Estudo do texto ...................................................................................... 03
Capítulo I – O texto ......................................................................................................... 03
Capítulo II – Linguagem verbal e não verbal .................................................................. 04
Capítulo III – Funções da linguagem .............................................................................. 04
Capítulo IV – Efeitos de sentido ...................................................................................... 06
Capítulo V – Gêneros textuais ....................................................................................... 12
Leitura ........................................................................................................................... 15
Fixação .......................................................................................................................... 17
Pintou no ENEM ........................................................................................................... 20
Gabarito ........................................................................................................................ 25
UNIDADE 2– Estudo da língua .................................................................................... 26
Capítulo VI – Variação linguística .................................................................................... 26
Capítulo VII – Fala e escrita ..............................................................................................29
Capítulo VIII – Estrutura das palavras .............................................................................. 30
Capítulo IX – Classe de palavras ...................................................................................... 31
Leitura .............................................................................................................................. 48
Fixação ............................................................................................................................ 49
Pintou no ENEM .............................................................................................................. 54
Gabarito ........................................................................................................................... 63
UNIDADE 3 – Análise textual ......................................................................................... 64
Capítulo X – Elementos textuais e contextuais ................................................................ 64
Capítulo XI – Intertextualidade .......................................................................................... 67
Leitura .............................................................................................................................. 70
Fixação ............................................................................................................................. 73
Pintou no ENEM ............................................................................................................. 78
Gabarito ........................................................................................................................... 79
Referências ...................................................................................................................... 80
3
UNIDADE 1 – Estudo do texto
O TEXTO
Na era da informação tudo é texto. Um slogan político ou
publicitário, um anúncio visual sem nenhuma palavra, uma
canção, um filme, um gráfico, um discurso oral que nunca foi
escrito, enfim, os mais variados arranjos organizados para
informar, comunicar, veicular sentidos são texto. O texto não é,
pois, exclusivamente da palavra.
. Irene A. Machado
Quando se fala em texto, identifica-se o uso da linguagem (verbal ou não verbal) que tem significado,
unidade e objetivo comunicativo.
É importante considerar que todo texto tem um contexto, ou seja, a situação concreta à qual o texto faz
referência.
O contexto envolve sempre o conhecimento sobre o que está sendo dito e também as crenças e
conclusões relativas ao texto em questão. Há diferentes tipos de contexto (social, cultural, estético, político)
e sua identificação é fundamental para a compreensão do texto.
Também é importante interpretar os pressupostos (circunstância ou fato considerado como antecedente
necessário de outro) e os implícitos (algo que está envolvido naquele contexto, mas não é revelado, é
deixado subentendido, é apenas sugerido) que o texto traz.
Em relação à linguagem, pode-se defini-la como um sistema de signos capaz de representar, através de
som, letra, cor, imagem, gesto etc., significados básicos que resultam de uma interpretação da realidade e
da construção de categorias mentais que representem os resultados dessa interpretação.
Os signos linguísticos são os elementos de significação nos quais se baseiam as línguas. Possuem uma
dupla face: a face do significado (o conceito do objeto) e a face do significante (os sinais gráficos ou
sonoros que representam o objeto).
Exemplo: A palavra cadeira não é a cadeira (você não senta na palavra cadeira!), mas quando é dita ou
lida, imediatamente se tem a ideia de cadeira. O simples fato de dizer a palavra que nomeia o objeto é
suficiente para que sua imagem venha à mente, devido ao seu valor simbólico partilhado pelos usuários da
língua, que se torna convenção em uma sociedade.
4
LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL
Verbal: aquela que faz uso das palavras para comunicar algo.
Não Verbal: aquela que utiliza outros métodos de comunicação, que não são as palavras.
Dentre elas estão a linguagem de sinais, as placas e sinais de trânsito, a linguagem
corporal, uma figura, a expressão facial, um gesto, etc.
Linguagem mista: é o uso simultâneo da linguagem verbal e da linguagem não verbal, usando palavras
escritas e figuras ao mesmo tempo.
FUNÇÕES DA LINGUAGEM
De acordo com a visão clássica, para que haja comunicação é necessário que os interlocutores
(remetente e destinatário de uma dada mensagem) utilizem um sistema de sinais – o código - devidamente
organizado e comum a ambos. A mensagem a ser transmitida refere-se a um contexto e para que chegue
ao destinatário necessita de um canal, um meio físico concreto de contato. Veja o esquema a seguir:
Esquema clássico da comunicação
Segundo a Teoria da Comunicação proposta por Roman Jakobson em 1969, toda mensagem tem uma
finalidade predominante que pode ser a transmissão de informação, o estabelecimento puro e simples de
uma relação comunicativa, a expressão de emoções, e assim por diante. O conjunto dessas finalidades tem
sido entendido sob o rótulo geral de funções da linguagem. As seis funções são:
contato
função fática
código
função metalinguística
destinatário
função conativa
função poética
mensagem
função referencial
contexto
remetente
função emotiva
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1. Função referencial (ou denotativa)
É aquela centralizada no referente, pois o emissor oferece informações da realidade. Objetiva, direta,
denotativa, prevalecendo a terceira pessoa do singular. Essa linguagem é usada na ciência, na arte realista,
no jornal, no “campo” do referente e das notícias de jornal e livros científicos.
Ex: Numa cesta de vime temos um cacho de uvas, duas laranjas, dois limões, uma maçã verde, uma maçã
vermelha e uma pêra.
2. Função emotiva (ou expressiva)
É aquela centralizada no emissor, revelando sua opinião, sua emoção. Nela prevalece a primeira pessoa do
singular, interjeições e exclamações. É a linguagem das biografias, memórias, poesias líricas e cartas de
amor.
Ex: Muito obrigada, não esperava surpresa tão boa assim! Não,... não estou triste, mas também não quero
comentar o assunto.
3. Função apelativa (ou conativa)
É aquela que se centraliza no receptor; o emissor procura influenciar o
comportamento do receptor. Como o emissor se dirige ao receptor, é comum o
uso de tu e você, ou o nome da pessoa, além de vocativos e imperativos. É
usada nos discursos, sermões e propagandas que se dirigem diretamente ao
consumidor.
4. Função Fática
É aquela centralizada no canal, tendo como objetivo prolongar ou não o contato com o receptor, ou testar a
eficiência do canal.
Ex: - Olá, como vai, tudo bem?
- Alô, quem está falando?
5. Função poética
É aquela centralizada na mensagem, revelando recursos imaginativos criados pelo emissor. Afetiva,
sugestiva, conotativa, ela é metafórica. Valorizam-se as palavras, suas combinações. É a linguagem
figurada apresentada em obras literárias, letras de música e em algumas propagandas.
Ex: Tecendo a manhã (João Cabral de Melo Neto) “Um galo sozinho não tece uma manhã:/ele precisará
sempre se outros galos[...]”
6. Função metalinguística
É aquela centralizada no código, usando a linguagem para falar dela mesma. A poesia que fala da poesia,
da sua função e do poeta, um texto que comenta outro texto. Principalmente os dicionários são repositórios
de metalinguagem.
Ex: - Não entendi o que é metalinguagem, você poderia explicar novamente, por favor?
- Metalinguagem é usar os recursos da língua para explicar alguma teoria, um conceito, um filme, um relato,
etc.
6
Quadro-resumo das funções de linguagem
EFEITOS DE SENTIDO
Conotação e denotação
Conotação é o uso da palavra com um significado diferente do original, criado pelo
contexto.
Ex: Você tem um coração de pedra.
Denotação é o uso da palavra com o seu sentido original.
Ex: Pedra é um corpo duro e sólido, da natureza das rochas.
Figuras de Linguagem
As figuras de linguagem são empregadas para valorizar o texto, tornando a linguagem mais expressiva. É
um recurso linguístico para expressar experiências comuns de formas diferentes, conferindo originalidade,
emotividade ou poeticidade ao discurso.
As figuras revelam muito da sensibilidade de quem as produz, traduzindo particularidades estilísticas do
autor. A palavra empregada em sentido figurado, não denotativo, passa a pertencer a outro campo de
significação, mais amplo e criativo.
As figuras de linguagem classificam-se em:
a) figuras de som;
b) figuras de palavras
; c) figuras de pensamento;
d) figuras de construção.
FUNÇÃO OBJETIVO DA MENSAGEM
REFERENCIAL OU
DENOTATIVA
Transmitir informação
EMOTIVA OU
EXPRESSIVA
Expressar as emoções, atitudes, estados de espírito do emissor com relação ao
que fala
CONATIVA OU
APELATIVA
Persuadir o destinatário, influenciando em seu comportamento
FÁTICA Estabelecer ou manter comunicação
METALINGUÍSTICA Falar sobre a própria linguagem
POÉTICA Provocar algum efeito de sentido no receptor
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Figuras de som
a) aliteração: consiste na repetição ordenada de
mesmos sons consonantais.
Ex: “Esperando, parada, pregada na pedra do
porto.”
b) assonância: consiste na repetição ordenada de
sons vocálicos idênticos.
Ex: “Sou um mulato nato no sentido lato
mulato democrático do litoral.”
c) paronomásia: consiste na aproximação de
palavras de sons parecidos, mas de significados
distintos.
Ex: “Eu que passo, penso e peço.”
d) onomatopeia: Ocorre quando uma palavra ou
conjunto de palavras imita um ruído ou som.
Ex: "O silêncio fresco despenca das árvores. /
Veio de longe, das planícies altas, / Dos cerrados
onde o guaxe passe rápido... / Vvvvvvvv...
passou."
Figuras de pensamento
a) antítese: consiste na aproximação de termos
contrários, de palavras que se opõem pelo
sentido.
Ex: “Os jardins têm vida e morte.”
b) ironia: é a figura que apresenta um termo em
sentido oposto ao usual, obtendo-se, com isso,
efeito crítico ou humorístico.
Ex: “A excelente Dona Inácia era mestra na arte
de judiar de crianças.”
c) eufemismo: consiste em substituir uma
expressão por outra menos brusca; em síntese,
procura-se suavizar alguma afirmação
desagradável.
Ex: Ele enriqueceu por meios ilícitos. (em vez de
ele roubou)
d) hipérbole: trata-se de exagerar uma ideia com
finalidade enfática.
Ex: Estou morrendo de sede. (em vez de estou
com muita sede)
e) prosopopeia ou personificação: consiste em
atribuir a seres inanimados predicativos que são
próprios de seres animados.
Ex: O jardim olhava as crianças sem dizer nada.
f) gradação ou clímax: é a apresentação de ideias
em progressão ascendente (clímax) ou
descendente (anticlímax)
Ex: “Um coração chagado de desejos/Latejando,
batendo, restrugindo.”
g) apóstrofe: consiste na interpelação enfática a
alguém (ou alguma coisa personificada).
Ex: “Senhor Deus dos desgraçados!/Dizei-me
vós, Senhor Deus!”
h) paradoxo: Ocorre não apenas na aproximação
de palavras de sentido oposto, mas também na
de ideias que se contradizem referindo-se ao
mesmo termo. É uma verdade enunciada com
aparência de mentira. Oxímoro (ou oximoron) é
outra designação para
paradoxo.
Ex: "Amor é fogo que arde
sem se ver; / É ferida que
dói e não se sente; / É um
contentamento descontente; / É dor que desatina
sem doer;"
Figuras de palavras
a) Comparação: Ocorre comparação quando se
estabelece aproximação entre dois elementos
que se identificam, ligados por conectivos
comparativos explícitos - feito, assim como, tal,
como, tal qual, tal como, qual, que nem - e alguns
verbos - parecer, assemelhar-se e outros.
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Ex: "Amou daquela vez como se fosse máquina. /
Beijou sua mulher como se fosse lógico."
b) metáfora: consiste em empregar um termo com
significado diferente do habitual, com base numa
relação de similaridade entre o sentido próprio e o
sentido figurado. A metáfora implica, pois, uma
comparação em que o conectivo comparativo fica
subentendido.
Ex: “Meu pensamento é um rio subterrâneo.”
c) metonímia: como a metáfora, consiste numa
transposição de significado, ou seja, uma palavra
que usualmente significa uma coisa passa a ser
usada com outro significado. Todavia, a
transposição de significados não é mais feita com
base em traços de semelhança, como na
metáfora. A metonímia explora sempre alguma
relação lógica entre os termos.
Ex: Não tinha teto em que se abrigasse. (teto em
lugar de casa)
d) catacrese: ocorre quando, por falta de um
termo específico para designar um conceito,
torna-se outro por empréstimo. Entretanto, devido
ao uso contínuo, não mais se percebe que ele
está sendo empregado em sentido figurado.
Ex: O pé da mesa estava quebrado.
e) antonomásia ou perífrase: consiste em
substituir um nome por uma expressão que o
identifique com facilidade.
Ex: os quatro rapazes de Liverpool (em vez de os
Beatles)
f) sinestesia: trata-se de mesclar, numa
expressão, sensações percebidas por diferentes
órgãos do sentido.
Ex: A luz crua da madrugada invadia meu quarto.
g)alegoria: é uma acumulação de metáforas
referindo-se ao mesmo objeto; é uma figura
poética que consiste em expressar uma situação
global por meio de outra que a evoque e
intensifique o seu significado. Na alegoria, todas
as palavras estão transladadas para um plano
que não lhes é comum e oferecem dois sentidos
completos e perfeitos - um referencial e outro
metafórico.
Ex: "A vida é uma ópera, é uma grande ópera. O
tenor e o barítono lutam pelo soprano, em
presença do baixo e dos comprimários, quando
não são o soprano e o contralto que lutam pelo
tenor, em presença do mesmo baixo e dos
mesmos comprimários. Há coros numerosos,
muitos bailados, e a orquestra é excelente..."
Figuras de construção
As figuras de construção (ou de sintaxe) dizem
respeito a desvios em relação à concordância
entre os termos da oração, sua ordem, possíveis
repetições ou omissões. Elas podem ser
construídas por: omissão, repetição, inversão,
ruptura ou concordância ideológica. Portanto,
são figuras de construção ou sintaxe:
a) elipse: consiste na omissão de um termo
facilmente identificável pelo contexto.
Ex: “Na sala, apenas quatro ou cinco
convidados.” (omissão de havia)
b) zeugma: consiste na elipse de um termo que já
apareceu antes.
Ex: Ele prefere cinema; eu, teatro. (omissão de
prefiro)
c) assíndeto: Ocorre quando orações ou palavras
deveriam vir ligadas por conjunções
coordenativas, aparecem justapostas ou
separadas por vírgulas.
Ex: "Não nos movemos, as mãos é que se
estenderam pouco a pouco, todas quatro,
pegando-se, apertando-se, fundindo-se."
(Machado de Assis).
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d) polissíndeto: consiste na repetição de
conectivos ligando termos da oração ou
elementos do período.
Ex: “E sob as ondas ritmadas/ e sob as nuvens e
os ventos/e sob as pontes e sob o sarcasmo /e
sob a gosma e sob o vômito (...)”
e) silepse: consiste na concordância não com o
que vem expresso, mas com o que se
subentende, com o que está implícito.
Ex: Vossa Excelência está preocupado.
“O que me parece inexplicável é que os
brasileiros persistamos em comer essa coisinha
verde e mole que se derrete na boca.”
f) anacoluto: consiste em deixar um termo solto
na frase. Normalmente, isso ocorre porque se
inicia uma determinada construção sintática e
depois se opta por outra.
Ex: A vida, não sei realmente se ela vale alguma
coisa.
g) pleonasmo: consiste numa redundância cuja
finalidade é reforçar a mensagem.
Pleonasmo literário:
É o uso de palavras redundantes para reforçar
uma ideia, tanto do ponto de vista semântico
quanto do ponto de vista sintático. Usado como
um recurso estilístico, enriquece a expressão,
dando ênfase à mensagem.
Ex: "Morrerás morte vil na mão de um forte."
Pleonasmo vicioso:
É o desdobramento de ideias que já estavam
implícitas em palavras anteriormente expressas.
Pleonasmos viciosos devem ser evitados, pois
não têm valor de reforço de uma ideia, sendo
apenas fruto do descobrimento do sentido real
das palavras.
Ex: subir para cima / entrar para dentro / repetir
de novo / ouvir com os ouvidos / hemorragia de
sangue / monopólio exclusivo.
h) anáfora: consiste na repetição de uma mesma
palavra no início de versos ou frases.
Ex: “ Amor é um fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer”
i) inversão: consiste na mudança da ordem
natural dos termos na frase.
Ex: “De tudo ficou um pouco.
Do meu medo. Do teu asco.”
Obs: Há quatro figuras de linguagem para a
inversão:
- anástrofe: Ocorre quando há uma simples
inversão de palavras vizinhas
(determinante/determinado).
Ex: "Tão leve estou (estou tão leve) que nem
sombra tenho."
- hipérbato: Ocorre quando há uma inversão
completa de membros da frase.
Ex: "Passeiam à tarde, as belas na Avenida. " (As
belas passeiam na Avenida à tarde.)
- Sínquise: Ocorre quando há uma inversão
violenta de distantes partes da frase. É um
hipérbato exagerado.
Ex: "A grita se alevanta ao Céu, da gente." (A
grita da gente se alevanta ao Céu )
- Hipálage: Ocorre quando há inversão da
posição do adjetivo: uma qualidade que pertence
a um objeto é atribuída a outro, na mesma frase.
Ex: "... as lojas loquazes dos barbeiros." (as lojas
dos barbeiros loquazes)
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Significação das palavras
I) Campos semânticos: as palavras podem
associar-se de várias maneiras. Quando se
relacionam pelo sentido, temos um campo
semântico. Não se trata de sinônimos ou
antônimos, mas de aproximação de sentido num
dado contexto.
Ex.:
- perna, braço, cabeça, olhos, cabelos, nariz
(partes do corpo humano)
- azul, verde, amarelo, cinza, marrom, lilás (cores)
- martelo, serrote, alicate, torno, enxada
(ferramentas)
- batata, abóbora, aipim, berinjela, beterraba
(legumes)
Observações
a) Também constituem campos semânticos
palavras como flor, jardim, perfume, terra,
espinho, embora não pertençam a um grupo
delimitado; mas a associação entre elas é
evidente.
b) As palavras podem pertencer a campos
semânticos diferentes. Veja o caso de abóbora:
ela também serve para indicar cor, o que a
colocaria no segundo grupo de palavras.
II) Polissemia: é a capacidade que as palavras
têm de assumir significados variados de acordo
com o contexto. Não se trata de homonímia, que
estudaremos adiante.
Ex.: Ele anda muito. Mário anda doente. Aquele
executivo só anda de avião. Meu relógio não
anda mais.
O verbo andar tem origem no latim ambulare.
Possui inúmeros significados em português, dos
quais destacamos apenas quatro. Trata-se, pois,
de uma mesma palavra, de uso diverso na língua.
Nas frases do exemplo, significa,
respectivamente, caminhar, estar, viajar e
funcionar.
III) Sinonímia: outro item de suma importância
para a interpretação de textos. Há sinonímia
quando duas ou mais palavras têm o mesmo
significado em determinado contexto. Diz-se,
então, que são sinônimos.
Ex.: O comprimento da sala é de oito metros. A
extensão da sala é de oito metros.
A substituição de comprimento por extensão
não altera o sentido da frase, pois os termos são
sinônimos.
Em verdade, as palavras são sinônimas em
certas situações, mas podem não ser em outras.
É a riqueza da língua portuguesa falando mais
alto. Pode-se dizer, em princípio, que face e rosto
são dois sinônimos: ela tem um belo rosto, ela
tem uma bela face. Mas não se consegue fazer a
troca de face por rosto numa frase do tipo: em
face do exposto, aceitarei.
IV) Antonímia: requer os mesmos cuidados da
sinonímia. Na realidade, tudo é uma questão de
bom vocabulário. Antonímia é o emprego de
palavras de sentido contrário, oposto.
Ex.: É um menino corajoso.
É um menino medroso.
V) Homonímia: diz-se que há homonímia quando
duas ou mais palavras possuem identidade de
pronúncia (homônimos homófonos) ou de grafia
(homônimos homógrafos). Em alguns casos, as
palavras possuem iguais a pronúncia e a grafia
(homônimos perfeitos). A classificação em si não
é importante, mas sim o significado das palavras.
Ex.: ceda - seda -> homônimos homófonos
peso (A) -> peso (ê) -> homônimos
homógrafos
pena - pena -> homônimos perfeitos (ou
homófonos e homógrafos)
VI) Paronímia: emprego de parônimos, palavras
muito parecidas e que confundem as pessoas.
Ex.: O tráfego era intenso naquela estrada.
O tráfico de escravos é uma nódoa em
nossa história.
As palavras tráfego e tráfico são parecidas, mas
não se trata de homônimos, pois a pronúncia e a
grafia são diferentes. Tráfego é movimento de
veículo; tráfico, comércio.
Veja os principais homônimos e parônimos:
11
Homônimos homófonos
acender - pôr fogo a ascender - elevar-se estrato - camada; tipo de
nuvem
extrato - que se extraiu
acento - inflexão da voz assento - objeto onde se
senta
passo – passada paço - palácio imperial
asado - com asas azado – oportuno incerto – duvidoso inserto – inserido
caçar – perseguir cassar – anular incipiente - que está no
início
insipiente - que não sabe
cegar - tirar a visão segar - ceifar, cortar lasso – cansado laço - tipo de nó
cela - cômodo pequeno sela – arreio remissão – perdão remição – resgate
censo – recenseamento senso – juízo seda - tipo de tecido ceda - flexão do verbo
ceder
cerração – nevoeiro serração - ato de serrar taxa – imposto tacha - tipo de prego
cheque - ordem de
pagamento
xeque - lance do jogo de
xadrez
viagem – jornada viajem - flexão do verbo
viajar
cidra - certa fruta sidra - um tipo de bebida estático - firme, parado extático - em êxtase
conserto – reparo concerto – harmonia espiar – olhar expiar – sofrer
Parônimos
amoral - sem o senso da
moral
imoral - contrário à moral flagrante - evidente fragrante - aromático
apóstrofe – chamamento apóstrofo - tipo de sinal gráfico fluir - correr; manar fruir –desfrutar
arrear - pôr arreios arriar – abaixar inerme - desarmado inerte – parado
astral - dos astros austral - que fica no sul inflação - desvalorização infração - transgressão
cavaleiro - que anda a
cavalo
cavalheiro – gentil infligir - aplicar pena infringir - transgredir
comprimento - extensão cumprimento – saudação intemerato - puro intimorato - corajoso
conjetura - hipótese conjuntura – situação lactante - que amamenta lactente - que mama
delatar - denunciar dilatar – alargar lista - relação listra - linha, risco
descrição - ato de
descrever
discrição - qualidade de discreto locador - proprietário locatário - inquilino
descriminar - inocentar discriminar – separar lustre - candelabro lustro - cinco anos; brilho
despercebido - sem ser
notado
desapercebido – desprevenido mandado - ordem judicial mandato - procuração
destratar - insultar distratar – desfazer pleito - disputa preito - homenagem
docente - professor discente – estudante preeminente - nobre,
distinto
proeminente - saliente
emergir - vir à tona, sair imergir – mergulhar prescrever - receitar;
expirar (prazo)
proscrever - afastar,
desterrar
emigrar - sair de um país imigrar - entrar em um país ratificar - confirmar retificar - corrigir
eminente - importante iminente - que está para ocorrer sortir - abastecer surtir - resultar
esbaforido - ofegante espavorido – apavorado sustar - suspender suster - sustentar
estada - permanência de
alguém
estadia - permanência de
veículo
tráfego - movimento de
veículo
tráfico – comércio
facundo – eloquente fecundo - fértil; criador usuário - aquele que usa usurário - avarento; agiota
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GÊNEROS TEXTUAIS
Os gêneros textuais são os textos materializados em situações comunicativas
recorrentes, encontrados em nossa vida diária e apresentam padrões sócio-históricos
característicos, ou seja, são textos orais ou escritos produzidos por falantes de uma
língua em um determinado momento histórico.
Os gêneros textuais são definidos por composições funcionais, objetivos comunicativos e estilos
concretamente realizados na integração de forças históricas, sociais, instituições e técnicas.
Os gêneros textuais se enquadram (relativamente) em um tipo textual. Porém, ao contrário dos tipos
textuais, os gêneros possuem número ilimitado, enquanto os tipos possuem cinco ou seis categorias.
ASPECTOS TIPOLÓGICOS
DOMÍNIOS SOCIAIS DE
COMUNICAÇÃO
CAPACIDADES DE LINGUAGEM
DOMINANTES
EXEMPLOS DE GÊNEROS
ORAIS E ESCRITOS
Cultura literária ficcional
NARRAR
Mimesis da ação através da
criação da intriga
Conto maravilhoso
Fábula
Lenda
Narrativa de aventura
Narrativa de ficção científica
Narrativa de enigma
Novela fantástica
Conto parodiado
Documentação
e memorização de ações
humanas
RELATAR
Representação pelo discurso de
experiências vividas, situadas no
tempo
Relatos de experiência vivida
Relatos de viagem
Testemunho
Curriculum vitae
Notícia
Reportagem
Crônica esportiva
Ensaio biográfico
Discussão de problemas sociais
controversos
ARGUMENTAR
Sustentação, refutação e
negociação de tomadas de
posição
Textos de opinião
Diálogo argumentativo
Carta do leitor
Carta de reclamação
Deliberação informal
Debate regrado
Discurso de defesa
Discurso de acusação
Transmissão e construção de
saberes
EXPOR
Apresentação textual de
diferentes formas dos saberes
Seminário
Conferência
Artigo enciclopédico
Entrevista de especialista
Tomada de notas
Resumos de textos expositivos
e explicativos
Relatório científico
Relato de experiências
científicas
Instruções e prescrições
DESCREVER AÇÕES
Regulação mútua de
Comportamentos
Instruções de montagem
Receita
Regulamento
Regras de jogo
Instruções de uso
Instruções
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É importante considerar que um tipo textual pode aparecer em
qualquer gênero textual, da mesma forma que um único gênero pode
conter mais de um tipo textual. Um tipo textual está contido num gênero
e nunca ao contrário. Uma carta, por exemplo, pode ter passagens
narrativas, descritivas, injuntivas, e assim por diante, sem perder sua
funcionalidade.
DIVERSIDADE DE GÊNEROS TEXTUAIS
GÊNERO TEXTUAL:
OBJETIVO COMUNICATIVO:
GÊNERO TEXTUAL:
OBJETIVO COMUNICATIVO:
GÊNERO TEXTUAL:
OBJETIVO COMUNICATIVO:
GÊNERO TEXTUAL:
OBJETIVO COMUNICATIVO:
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GÊNERO TEXTUAL:
OBJETIVO COMUNICATIVO:
GÊNERO TEXTUAL:
OBJETIVO COMUNICATIVO:
GÊNERO TEXTUAL:
OBJETIVO COMUNICATIVO:
GÊNERO TEXTUAL:
OBJETIVO COMUNICATIVO:
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LEITURA
Indicação:
Livro: Ler e Compreender: os sentidos do texto
Autoras: Ingedore Villaça Koch e Vanda Maria Elias
Editora: Contexto
Ano: 2006
Como interpretar bem um texto?
Gustavo Bernado
A interpretação dos textos não é uma atividade inventada pelos professores para desespero dos alunos.
Antes da gente, as cartomantes, os quiromantes, os astrólogos e outros jogadores de búzios, entre tantos
outros decifradores de mensagens ocultas, dedicam-se a interpretar imagens, indícios, coincidências,
cartas, linhas das mãos, estrelas, conchas, cinzas e sonhos.
A interpretação se torna uma atividade nobre, porém, quando se torna uma tarefa religiosa: instituir o
significado da palavra de Deus através da interpretação dos livros sagrados, por exemplo a Bíblia. No
princípio, só poderia haver uma interpretação correta do texto bíblico, restava encontrá-la.
Esta origem do ato de interpretar deixou alguns problemas para o presente. Há leitores que ainda acham
que só se possa encontrar uma e apenas uma interpretação correta para cada texto. Há outros leitores que
defendem com ardor o seu direito à interpretação livre, entendendo que cada pessoa tem a sua
interpretação, pessoal e intransferível.
Ambos os grupos de leitores incorrem em equívoco.
Por um lado, não há uma interpretação única sequer para a própria Bíblia. Por isso surgiram as religiões
protestantes, que por definição protestavam contra a interpretação dominante dos católicos. Por esta razão,
elas traduziram os textos sagrados para as línguas vulgares de modo a permitir a leitura e,
consequentemente, a interpretação dos fiéis.
Por outro lado, construir uma interpretação pessoal de um texto não é uma tarefa automática. Depende
de respeito ao texto que se lê e aos contextos, quer do texto, quer do momento em que se lê. Na maioria
das vezes, o que se chama de “minha interpretação” não passa de um aglomerado desorganizado de
clichês e citações alheias lidas ou ouvidas sem digestão, sem trabalho pessoal de construção.
Que a obra seja aberta, como mostrou Umberto Eco, não implica que ela seja escancarada. Ou seja: não
vale tudo. O próprio Eco alertou: “dizer que um texto potencialmente não tem fim não significa que todo ato
de interpretação possa ter um final feliz”.” As palavras do texto configuram um conjunto embaraçoso de
evidências materiais que o leitor não pode deixar passar.
Se não há, para cada texto, uma única interpretação correta, e se a interpretação de cada leitor também
não é necessariamente correta, o problema de como interpretar bem persiste.
Os filósofos antigos já se depararam com o fato perturbador de que cada livro possui alguma verdade, e
que esta verdade é contraditória em relação à verdade de outros livros. Ora, se os livros falam a verdade
mesmo quando se contradizem entre si, cada um deles deve ser compreendido como parte da mensagem:
é a leitura de todos os livros que contém a mensagem. A verdade da interpretação se encontra no processo
global de leitura, jamais neste texto ou naquele leitor.
A popularização da interpretação dos textos bíblicos foi obviamente um avanço mas trouxe de
contrabando um atraso, a saber: a multiplicação das seitas. Como boa parte das interpretações se esforça
por excluir as demais, muitos religiosos de origem protestante negam a origem e a denominação de sua
própria religião, aproximando-se do catolicismo (palavra que deriva de “universal”, sugerindo a ideia de uma
única religião possível) que combatiam no começo de tudo.
Ora, se a interpretação dos textos literários vai por esse caminho, entra em conflito frontal com a própria
literatura, que pressupõe a suspensão momentânea de quaisquer verdades para melhor perspectivizar as
possibilidades de saber.
Preocupada com este conflito, a escritora Susan Sontag dedicou-se a escrever contra a própria
interpretação, questionando a tendência dos interpretadores a separar a forma do conteúdo para atribuir
16
caráter acessório à primeira e essencial ao segundo. Essa tendência leva à formulação da pior de todas as
perguntas: “o que o autor quis dizer?”. Encontramos essa pergunta pouco inteligente em muitas aulas e
muitos manuais didáticos. A resposta do aluno mal educado pode ser, infelizmente, a mais correta: “sei lá,
pô!”.
O autor não se encontra presente, em alguns casos faleceu há séculos, logo deveria ter respeitado o seu
direito mínimo de não ter mensagens postas na sua boca à revelia. O máximo que o leitor pode entender do
texto é o que ele mesmo se tornou capaz de entender. É para esta condição que Oscar Wilde alertava,
quando disse: “It is the spectator, and not life, that art really mirrors” – é o espectador, e não a vida, que a
arte realmente reflete.
Quando o leitor interpreta um texto, fala tão-somente do que pode falar: a verdade da sua leitura. A não
ser para desqualificar todos os outros leitores e todas as outras leituras do mundo, não se pode falar da
verdade intrínseca ou absoluta de um texto literário. O intérprete corre sempre o risco da arrogância,
quando escava debaixo do texto para desenterrar o tal do “Sentido” maiúsculo que ali se encontraria
soterrado.
Para Susan Sontag, há uma minoria de casos em que a interpretação configura-se como um ato
liberador que revê e transpõe valores. No entanto, a maioria das interpretações atuais seria “reacionária,
impertinente, covarde, asfixiante.” Neste caso, a interpretação deveria ser condenada, porque “a Arte
verdadeira tem a capacidade de nos deixar nervosos. Quando reduzimos a obra de arte ao seu conteúdo e
depois interpretamos isto, domamos a obra de arte.”
Nas palavras de Sontag, é preciso manter-se nervoso, perturbado, inquieto, depois do contato com a
arte. Nas minhas palavras, é preciso preservar o enigma levantado pelo poeta, sem jamais resolvê-lo.
O personagem de um romance de Isaías Pessoti declarava: “nenhum amor sobrevive à palavra, mas
nenhum poder prescinde dela”. Nenhum amor sobrevive à palavra que se quer completa, ao “conte-me
tudo não me esconda nada”, à insistência em escavar as verdades mais íntimas, em perguntar diariamente
“mas o que é que você está pensando agora?”. Essa insistência não é amor, ou pelo menos não é só amor,
se vem melada de um certo tipo de desespero que se traveste de suficiência para melhor esconder a
necessidade de controle, isto é, a necessidade de exercer poder sobre o outro.
Ora: o que vale para o amor vale para toda leitura – dos livros ou do mundo.
Um exemplo sofisticado se encontra na interpretação usual dos narradores dos romances de Machado
de Assis. Muitos críticos os consideram “unreliable” (em inglês, para parecer mais chique) – isto é, “não
confiáveis”. De fato, Machado escreve muitos dos seus romances contra o próprio narrador – por tabela,
contra o próprio leitor, uma vez que o leitor é forçado a tomar como sua a perspectiva da narrativa. Todavia,
quando considera não confiável o narrador do escritor, o crítico finge que ele mesmo não seria também um
dos alvos prioritários da ironia machadiana. Desta maneira, o crítico sugere que só ele mesmo, “o Crítico”,
seria confiável.
Na verdade, os narradores machadianos em primeira pessoa são tão confiáveis ou não confiáveis
quanto qualquer narrador em primeira pessoa ou, mais amplamente, quanto qualquer pessoa. Bento
Santiago, ao mesmo tempo que nos força a pressupor a traição de Capitu, mostra tantos indícios de que ela
o traiu quanto de que não o fez. Brás Cubas mostra a si mesmo como um canalha, mas através das suas
próprias palavras também podemos ler a decadência do sistema patriarcal do qual Brás Cubas é vítima e
não causa.
Todas estas restrições não nos permitem, entretanto, condenar a interpretação à morte, se este é o seu
tempo. Condenada, a interpretação rirá de nós outros e ainda por cima nos obrigará a interpretar o seu riso.
Como solucionar, então, o conflito entre a interpretação, que pressupõe tudo-dizer e tudo-esgotar, e a
literatura, que pressupõe a suspensão momentânea das verdades, justo para não esgotá-las?
Como sói acontecer, a formulação do problema contém a sua solução. Deve-se manter a questão e o
conflito ativos e abertos. Um projeto inteligente de interpretação recua diante da solução final e protege a
dúvida, preservando tanto o enigma do texto quanto a leitura do outro.
Texto disponível em <http://www.revista.vestibular.uerj.br/coluna/coluna>. Acesso em 06 de março de 2014, às 20h.
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FIXAÇÃO
1. O pai conversa com a filha ao telefone e diz
que vai chegar atrasado para o jantar.
Nesta situação, podemos dizer que o canal é:
a) o pai
b) a filha
c) fios de telefone
d) o código
e) a fala
2. Assinale a alternativa incorreta:
a) Só existe comunicação quando a pessoa que
recebe a mensagem entende o seu significado.
b) Para entender o significado de uma
mensagem, não é preciso conhecer o código.
c) As mensagens podem ser elaboradas com
vários códigos, formados de palavras, desenhos,
números
etc.
d) Para entender bem um código, é necessário
conhecer suas regras.
e) Conhecendo os elementos e regras de um
código, podemos combiná-los de várias maneiras,
criando
novas mensagens.
3. Uma pessoa é convidada a dar uma palestra
em Espanhol. A pessoa não aceita o convite, pois
não sabia falar com fluência a língua Espanhola.
Se esta pessoa tivesse aceitado fazer esta
palestra seria um
fracasso porque:
a) não dominava os signos
b) não dominava o código
c) não conhecia o referente
d) não conhecia o receptor
e) não conhecia a mensagem
4. Um guarda de trânsito percebe que o motorista
de um carro está em alta velocidade. Faz um
gesto pedindo para ele parar. Neste trecho o
gesto que o guarda faz para o motorista parar,
podemos dizer que é:
a) o código que ele utiliza
b) o canal que ele utiliza
c) quem recebe a mensagem
d) quem envia a mensagem
e) o assunto da mensagem
5. A mãe de Felipe sacode-o levemente e o
chama: “Felipe está na hora de acordar”.
O que está destacado é:
a) o emissor
b) o código
c) o canal
d) a mensagem
e) o referente
6. Reconheça nos textos a seguir, as funções da
linguagem:
a) "O risco maior que as instituições republicanas
hoje correm não é o de se romperem, ou serem
rompidas, mas o de não funcionarem e de
desmoralizarem de vez, paralisadas pela sem-
vergonhice, pelo hábito covarde de acomodação
e da complacência. Diante do povo, diante do
mundo e diante de nós mesmos, o que é preciso
agora é fazer funcionar corajosamente as
instituições para lhes devolver a credibilidade
desgastada. O que é preciso (e já não há como
voltar atrás sem avacalhar e emporcalhar ainda
mais o conceito que o Brasil faz de si mesmo) é
apurar tudo o que houver a ser apurado, doa a
quem doer." (O Estado de São Paulo)
b) O verbo infinitivo
Ser criado, gerar-se, transformar
O amor em carne e a carne em amor; nascer
Respirar, e chorar, e adormecer
E se nutrir para poder chorar
Para poder nutrir-se; e despertar
Um dia à luz e ver, ao mundo e ouvir
E começar a amar e então ouvir
E então sorrir para poder chorar.
E crescer, e saber, e ser, e haver
E perder, e sofrer, e ter horror
De ser e amar, e se sentir maldito
E esquecer tudo ao vir um novo amor
E viver esse amor até morrer
E ir conjugar o verbo no infinito...
(Vinícius de Morais)
c) "Para fins de linguagem a humanidade se
serve, desde os tempos pré-históricos, de sons a
que se dá o nome genérico de voz, determinados
pela corrente de ar expelida dos pulmões no
fenômeno vital da respiração, quando, de uma ou
outra maneira, é modificada no seu trajeto até a
parte exterior da boca." (Matoso Câmara Jr.)
d) " - Que coisa, né?
- É. Puxa vida!
- Ora, droga!
- Bolas!
- Que troço!
- Coisa de louco!
- É!"
e) "Fique afinado com seu tempo. Mude para Col.
Ultra Lights."
f) "Sentia um medo horrível e ao mesmo tempo
desejava que um grito me anunciasse qualquer
acontecimento extraordinário. Aquele silêncio,
18
aqueles rumores comuns, espantavam-me. Seria
tudo ilusão? Findei a tarefa, ergui-me, desci os
degraus e fui espalhar no quintal os fios da
gravata. Seria tudo ilusão?... Estava doente, ia
piorar, e isto me alegrava. Deitar-me, dormir, o
pensamento embaralhar-se longe daquelas
porcarias. Senti uma sede horrível... Quis ver-me
no espelho. Tive preguiça, fiquei pregado à
janela, olhando as pernas dos transeuntes."
(Graciliano Ramos)
g) " - Que quer dizer pitosga?
- Pitosga significa míope.
- E o que é míope?
- Míope é o que vê pouco."
7. No texto abaixo, identifique as funções da
linguagem:
"Gastei trinta dias para ir do Rossio Grande ao
coração de Marcela, não já cavalgando o corcel
do cego desejo, mas o asno da paciência, a um
tempo manhoso e teimoso. Que, em verdade, há
dois meios de granjear a vontade das mulheres: o
violento, como o touro da Europa, e o insinuativo,
como o cisne de Leda e a chuva de ouro de
Dânae, três inventos do padre Zeus, que, por
estarem fora de moda, aí ficam trocados no
cavalo e no asno." (Machado de Assis)
8. Descubra, nos textos a seguir, as funções de
linguagem:
a) "O homem letrado e a criança eletrônica não
mais têm linguagem comum." (Rose-Marie
Muraro)
b) "O discurso comporta duas partes, pois
necessariamente importa indicar o assunto de
que se trata, e em seguida a demonstração. (...) A
primeira destas operações é a exposição; a
segunda, a prova." (Aristóteles)
c) "Amigo Americano é um filme que conta a
história de um casal que vive feliz com o seu filho
até o dia
em que o marido suspeita estar sofrendo de
câncer."
d) "Se um dia você for embora
Ria se teu coração pedir
Chore se teu coração mandar." (Danilo
Caymmi & Ana Terra)
e) "Olá, como vai?
Eu vou indo e você, tudo bem?
Tudo bem, eu vou indo em pegar um lugar no
futuro e você?
Tudo bem, eu vou indo em busca de um sono
tranquilo..." (Paulinho da Viola)
9. Quais as funções da linguagem predominantes
no poema abaixo?
Poética
Que é poesia?
uma ilha
cercada
de palavras
por todos os lados
Que é um poeta?
um homem
que trabalha um poema
com o suor do seu rosto
Um homem
que tem fome
como qualquer outro
homem.
(Cassiano Ricardo)
10. Qual a função da linguagem comum às duas
historinhas?
Texto I
TextoII
11. Veja a charge a seguir o e diga o que você
sabe sobre o assunto tratado na mesma. Para
facilitar seu trabalho, escreva pequenos períodos
(frases) respondendo as perguntas: Sobre o que
ela fala? É um problema atual? Como ele afeta
sua vida? Há solução para o problema?
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12. Faça o mesmo agora com a charge abaixo.
Após ver a imagem, responda em forma de texto
as perguntas: Sobre o que ela fala? É um
problema atual? Você lembra de algum exemplo
relacionado ao assunto? Há solução para o
problema?
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13. Analise e responda:
I. O foco narrativo do narrador-personagem é de
primeira pessoa, podendo corresponder,
inclusive, ao protagonista.
II. O narrador em terceira pessoa se caracteriza
por ter uma visão subjetiva, total e impessoal dos
fatos.
III. Ambos os focos narrativos podem ser
caracterizar pela “onisciência” do narrador.
(A) Apenas I está incorreta.
(B) Apenas III está incorreta.
(C) I e II estão incorretas.
(D) II e III estão incorretas.
(E) Nenhuma está incorreta.
14. Leia e classifique os narradores:
1. “Os campos, segundo o costume, acabava de
descer do almoço e, a pena atrás da orelha, p
lenço por dentro do colarinho, dispunha-se a
prosseguir o trabalho interrompido poucos antes.
Entrou no escritório e foi sentar-se à secretária”
(Aluísio Azevedo)
2. “Coloquei-me acima de minha classe, creio que
me elevei bastante. Como lhes disse, fui guia de
cego, vendedor de doces e trabalhador de
aluguel. Estou convencido de quem nenhum
desses ofícios me daria os recursos intelectuais
necessários para engenhar esta narrativa.”
(Graciliano Ramos)
3. “Um segundo depois, muito suave ainda, o
pensamento ficou levemente mais intenso, quase
tentador: não dê, elas são suas. Laura espantou-
se um pouco: por que as coisas nunca eram
dela?” (Clarice Lispector)
( ) narrador participante
( ) narrador observador
( ) narrador onisciente
A sequência correta é:
(A) 1, 2, 3
(B) 1, 3, 2
(C) 2, 3, 1
(D) 2, 1, 3
(E) 3, 2, 1
15. Os gêneros conto e crônica não têm em
comum:
(A) o suporte
(B) a extensão
(C) a presença da narrativa
(D) a definição de tempo-espaço
(E) a intenção artística literária
16. Com relação ao gênero do texto, é correto
afirmar que a crônica:
(A) parte do assunto cotidiano e acaba por criar
reflexões mais amplas;
(B) tem como função informar o leitor sobre os
problemas cotidianos;
(C) apresenta uma linguagem distante da
coloquial, afastando o público leitor;
(D) tem um modelo fixo, com um diálogo inicial
seguido de argumentação objetiva;
(E) consiste na apresentação de situações pouco
realistas, em linguagem metafórica.
20
PINTOU NO ENEM
QUESTÃO 01
________________________________________
QUESTÃO 02
QUESTÃO 03
________________________________________
QUESTÃO 04
21
QUESTÃO 05
________________________________________
QUESTÃO 06
QUESTÃO 07
________________________________________
QUESTÃO 08
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QUESTÃO 09
_________________________________________
QUESTÃO 10
QUESTÃO 11
____________________________________________
QUESTÃO 12
23
QUESTÃO 13
________________________________________
QUESTÃO 14
QUESTÃO 15
QUESTÃO 16
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QUESTÃO 17 QUESTÃO 18
25
GABARITO - Unidade 1
FIXAÇÃO PINTOU NO ENEM
1 C 11 Aquecimento global 1 E 11 D
2 B 12 Violência na escola 2 E 12 E
3 B 13 B 3 A 13 C
4 A 14 D 4 B 14 D
5 D 15 E 5 A 15 A
6 Ver páginas 04 a 06 16 A 6 B 16 D
7 Ver páginas 04 a 06 17 - 7 E 17 D
8 Ver páginas 04 a 06 18 - 8 A 18 E
9 Ver páginas 04 a 06 19 - 9 E 19 -
10 Ver páginas 04 a 06 20 - 10 D 20 -
26
UNIDADE 2 - Estudo da Língua
Variação linguística
A língua abriga vários registros que dependem basicamente da situação de fala e de com quem se fala.
Há variações dentro da mesma língua decorrentes de fatores como: a região geográfica (nordestino,
mineiro, carioca, paulista etc.), o sexo, a idade, a classe social e o grau de instrução dos falantes e o grau
de formalidade do contexto (formal e informal).
Dentre as diversas variações pode-se dizer que a oposição mais importante se dá entre a chamada
linguagem culta (ou padrão) e a linguagem popular, coloquial.
A noção de certo e errado está ligada ao prestígio que a variedade culta adquiriu na sociedade. No
entanto, todas as demais variedades são legítimas e devem ser respeitadas, combatendo o preconceito
linguístico.
A variedade culta é difundida principalmente pela escola e pelos meios de comunicação e está
relacionada a um grupo de pessoas de maior prestígio social.
Aula de Português (Carlos Drummond de Andrade, 1999)
A linguagem
na ponta da língua,
tão fácil de falar
e de entender.
A linguagem
na superfície estrelada de letras,
sabe lá o que ela quer dizer?
Professor Carlos Góis, ele é quem sabe
e vai desmatando
o amazonas de minha ignorância.
Figuras de gramática, esquipáticas,
atropelam-me, aturdem-me, seqüestram-me.
Já esqueci a língua em que comia,
em que pedia para ir lá fora,
em que levava e dava pontapé,
a língua, breve língua entrecortada
do namoro com a prima.
O português são dois: o outro, mistério.
27
Tipos de variação:
Variação histórica: acontece ao longo de um determinado período de tempo e pode ser identificada ao
serem comparados dois estados de uma língua. O processo de mudança é gradual: uma variante
inicialmente utilizada por um grupo restrito de falantes passa a ser adotada por indivíduos
socioeconomicamente mais expressivos. A forma antiga permanece ainda entre as gerações mais velhas,
período em que as duas variantes convivem; porém com o tempo a nova variante torna-se normal na fala, e
finalmente consagra-se pelo uso, na modalidade escrita. As mudanças podem ser de grafia ou de
significado.
Variação geográfica: refere-se a diferentes formas de pronúncia, às diferenças de vocabulário e de
estrutura sintática entre regiões. Dentro de uma comunidade mais ampla, formam-se comunidades
linguísticas menores, em torno de centros polarizadores da cultura, da política e da economia, que acabam
por definir os padrões lingüísticos utilizados na região sob sua influência. As diferenças linguísticas entre as
regiões são graduais, nem sempre coincidindo com as fronteiras geográficas.
Variação social: agrupa alguns fatores de diversidade: o nível socioeconômico, o grau de educação, a
idade e o gênero do indivíduo. A variação social não compromete a compreensão entre indivíduos, como
poderia acontecer na variação regional. O uso de certas variantes pode indicar qual o nível socioeconômico
de uma pessoa, e há a possibilidade de que alguém, oriundo de um grupo menos favorecido, venha a
atingir o padrão de maior prestígio.
Variação estilística: refere-se às diferentes circunstâncias de comunicação em que se coloca um mesmo
indivíduo: o ambiente em que se encontra (familiar ou profissional, por exemplo) o tipo de assunto tratado e
quem são os receptores. Sem levar em conta as graduações intermediárias, é possível identificar dois
limites extremos de estilo: o informal, quando há um mínimo de reflexão do indivíduo sobre as normas
linguísticas, utilizado nas conversações imediatas do cotidiano; e o formal, em que o grau de reflexão é
máximo, utilizado em conversações que não são do dia-a-dia e cujo conteúdo é mais elaborado e complexo.
Não se deve confundir o estilo formal e informal com língua escrita efalada, pois os dois estilos ocorrem em
ambas as formas de comunicação.
Níveis das variações:
Fonética: alteração na pronúncia das palavras.
Ex: planta/pranta; vossa mercê/ você/ocê/cê.
Morfológica: alteração na forma das palavras.
Ex: Verão/ verãos, limão/limões (oposição aos – ões).
Sintática: alteração na correlação entre as palavras.
Ex: Os meninos fizeram o dever. / Os menino fez o dever.
Lexical: alteração na escolha das palavras.
Ex: mandioca /aipim; “Choveu direto essa semana”/ “Choveu todos os dias
nesta semana”
Existem diversas formas de se dizer a mesma coisa em um
mesmo contexto e com o mesmo valor de verdade.
LABOV, 1972
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Atividade para reflexão linguística:
Seu dotô me conhece ?
Patativa do Assaré
Seu dotô, só me parece
Que o sinhô não me conhece,
Nunca sôbe que sou eu,
Nunca viu minha paioça,
Minha muié, minha roça
E os fio que Deus me deu.
Se não sabe, escute agora,
Que vou contá minha história,
Tenha bondade de uvi:
Eu sou da crasse matuta,
Da crasse que não desfruta
Das riqueza do Brasi.
1) Identifique os exemplos de variação linguística no poema e
defina o nível da variação.
2) Caso o poema fosse redigido na variedade culta da língua
portuguesa, o que se perderia no que tange ao objetivo do
poema?
A GRAMÁTICA
Toda língua possui uma estrutura, ou seja, todos os seus elementos estão intimamente ligados. Uma
língua é, não só um conjunto de palavras, mas também um conjunto de regras, aprendidas desde cedo, que
permite aos falantes construir e decodificar enunciados. O conjunto dessas regras é chamado de gramática.
Todo falante tem o conhecimento natural da gramática de sua língua. No entanto, paralelamente a essa
gramática natural, tem-se a gramática normativa.
A gramática normativa é um conjunto de regras sistematizadas que estabelecem um determinado uso da
língua, chamado de uso culto, norma culta, ou norma padrão. Essas regras impõem um padrão de
linguagem a ser seguido pelos falantes, já que possui um prestígio social.
GRAMATICALIDADE E AGRAMATICALIDADE
Como visto anteriormente, não há certo ou errado dentro das variedades linguísticas. Falar “nóis vai” ao
invés de “nós vamos” é apenas uma variação, embora “nós vamos” tenha mais prestígio social. Sendo
assim, dentro da linguagem, tem-se a noção de gramaticalidade e agramaticalidade para aquilo que atende
ou não às regras naturais da língua.
GRAMATICAL
AGRAMATICALGRAMÁTICA NORMATIVA GRAMÁTICA NATURAL
Assisti ao jogo. Assisti o jogo. Jogo o assisti.
Disseram-me a verdade. Me disseram a verdade. Disseram verdade me a.
Todas as variedades constituem sistemas linguísticos perfeitamente adequados para a expressão das
necessidades comunicativas e cognitivas dos falantes, das as práticas sociais e os hábitos culturais de
suas comunidades. O preconceito linguístico e uma forma de discriminação que deve ser combatida.
29
Fala e escrita
A língua falada e a língua escrita, embora sejam expressões de um mesmo idioma, apresentam
características que nos permite a identificação de suas particularidades. Apesar da divisão (de cunho
didático), as duas modalidades formam um contínuo linguístico, que é bastante visível em determinados
gêneros textuais, como o chat ou bate-papo pela internet ou por mensagens telefônicas.
As diferenças entre a fala e a escrita são:
FALA ESCRITA
contextualizada descontextualizada
dependente autônoma
implícita explícita
redundante condensada
não planejada planejada
imprecisa precisa
não normatizada normatizada
fragmentária completa
Falo de um modo, mas escrevo de outro?!
De fato, falamos de um modo, mas escrevemos de outro, pois língua escrita e língua falada são duas
modalidades diferentes de comunicação, tendo cada uma delas suas características próprias.
Quando falamos, além das palavras, utilizamos outros elementos como os gestos, os olhares, a
expressão do rosto e, principalmente, algo chamado entoação da frase. Pela entoação distinguimos uma
frase afirmativa de uma interrogativa, uma frase dita com seriedade de outra dita com ironia, por exemplo.
Quando escrevemos, entretanto, não há mais gestos, nem olhares, nem entoação. Sobram apenas as
palavras. É por isso que, ao redigirmos relatórios, documentos, resenhas ou quaisquer outros tipos de texto
escrito, devemos ter cuidado especial com a pontuação, a ortografia, a concordância e a colocação das
palavras. Do contrário, corremos o risco de não sermos devidamente interpretados; nosso texto ficará
confuso, comprometendo, assim, a comunicação.
É válido ressaltar, também, que a língua escrita não é nem mais nem menos importante que a língua
falada. Não existe "superioridade" de uma ou outra. São apenas modalidades diferentes que se realizam em
situações diferentes.
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Morfologia
Estrutura das palavras
A estrutura interna das palavras
RADICAL: é a forma mínima (morfema) que indica o sentido básico de uma palavra.
VOGAL TEMÁTICA: é um morfema vocálico que se acrescenta ao radical, preparando-o para receber as
desinências.
O tema é o acréscimo da vogal temática ao radical.
DESINÊNCIAS: são morfemas que correspondem às flexões das palavras variáveis. Podem ser nominais
(gênero e número) ou verbais (tempo e modo).
AFIXOS: são morfemas que acrescentados ao radical, alteram sua significação básica. Subdividem-se em
prefixo, colocado antes do radical (infeliz), e sufixo, colocado depois do radical (felizmente).
VOGAL e CONSOANTE DE LIGAÇÃO: são elementos mórficos que não possuem significação gramatical própria,
mas são necessários para facilitar ou até possibilitar a pronúncia de determinadas construções (silv-í-cola,
pe-z-inho, pobre-t-ão, rat-i-cida, rod-o-via).
ALOMORFES: são as variações que os morfemas sofrem (amaria - amaríeis; feliz - felicidade).
PROCESSOS DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS
PALAVRAS PRIMITIVAS - não derivam de outras (casa, flor)
PALAVRAS DERIVADAS - derivam de outras (casebre, florzinha)
PALAVRAS SIMPLES - só possuem um radical (couve, flor)
PALAVRAS COMPOSTAS - possuem mais de um radical (couve-flor)
As palavras são formadas por:
COMPOSIÇÃO - processo em que ocorre a junção de dois ou mais radicais. São dois tipos de composição:
a) justaposição: quando não ocorre a alteração fonética.
Ex: girassol, sexta-feira.
b) aglutinação: quando ocorre a alteração fonética, com perda de elementos.
Ex: pernalta, de perna + alta.
DERIVAÇÃO - processo em que a palavra primitiva (1º radical) sofre o acréscimo de afixos. São cinco tipos de
derivação:
a) prefixal: acréscimo de prefixo à palavra primitiva.
Ex: in-útil.
b) sufixal: acréscimo de sufixo à palavra primitiva.
Ex: clara-mente.
c) parassintética ou parassíntese: acréscimo simultâneo de prefixo e sufixo, à palavra primitiva.
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Ex: em - lata - ado.
d) regressiva: redução da palavra primitiva. Nesse processo, formam-se substantivos abstratos por
derivação regressiva de formas verbais.
Ex: ajuda / de ajudar.
e) imprópria: alteração da classe gramatical da palavra primitiva .
Ex: "o jantar" - de verbo para substantivo.
A língua portuguesa também possui outros processos para formação de palavras:
HIBRIDISMO: palavras compostas ou derivadas, constituídas por elementos originários de línguas diferentes.
Ex: automóvel e monóculo (grego e latim)
ONOMATOPÉIA: reprodução imitativa de sons.
Ex: pingue-pingue, zunzum, miau.
ABREVIAÇÃO VOCABULAR: redução da palavra até o limite de sua compreensão.
Ex: metrô, moto, pneu, extra, dr., obs.
SIGLAS: a formação de siglas utiliza as letras iniciais de uma seqüência de palavras.
Ex:Academia Brasileira de Letras- ABL;Partido do Trabalhador- PT.
NEOLOGISMO: nome dado ao processo de criação de novas palavras.
CLASSES DE PALAVRAS
As palavras são classificadas de acordo com as funções exercidas nas orações. Podemos classificá-las
em: substantivo, adjetivo, pronome, verbo, artigo, numeral, advérbio, preposição, interjeição e conjunção.
1) SUBSTANTIVO
É uma palavra que designa um ser real ou imaginário.
COMUM, COLETIVO E PRÓPRIO
a) Substantivo comum: faz referência a todos os seres de uma espécie, designando-os em termos de
suas propriedades essenciais.
Ex: casa, mesa, água.
b) Substantivo coletivo: designa um conjunto de coisas ou seres de uma espécie ou corporações
sociais e religiosas agrupadas para determinado fim. Apresenta-se de forma singular.
32
Ex: Bando (de aves)
c) Substantivo próprio: faz referência a seres particulares, únicos, dentre aqueles de uma mesma
espécie.
Ex: Carlos, Patrícia, Espírito Santo, Botafogo.
CONCRETO E ABSTRATO
a) Substantivo concreto: designa os seres que têm uma existência independente, real ou imaginária.
Ex: pedra, carro, flor, Deus, alma, fada, Pedro.
b) Substantivo abstrato: nomeia conceitos como ações, estados, qualidades, sentimentos, sensações,
que não têm uma existência independente. Sua manifestação está sempre associada a um ser do
qual depende a sua existência.
Ex: amor, felicidade, beleza, ódio, doença.
FLEXÕES DOS SUBSTANTIVOS
GÊNERO: masculino ou feminino.
NÚMERO: singular ou plural.
GRAU: normal, diminutivo ou aumentativo.
2) ADJETIVO
É a palavra variável que atribui uma especificação ao substantivo, caracterizando-o. Pode indicar uma
qualidade, um estado, a aparência ou um modo de ser dos referentes dos substantivos. Concorda em
gênero e número com o substantivo que determina.
ADJETIVOS PÁTRIOS: são os adjetivos derivados de substantivos que se referem a países, estados,
províncias, regiões, cidades, aldeias, vilas, povoados etc.
Ex: Nordestino, brasileiro, acreano, mineiro, sergipano, carioca.
LOCUÇÃO ADJETIVA: conjunto de palavras (geralmente preposições+ substantivos ou
preposições+advérbios) com valor e função de adjetivo.
Ex: estar com fome = estar faminto, andar de cima = andar superior, indivíduo sem caráter.
FLEXÕES DOS ADJETIVOS
GÊNERO: uniforme (inteligente) ou biforme (honesto, honesta).
NÚMERO: singular ou plural.
GRAU: comparativo e superlativo.
O grau comparativo refere-se a uma mesma qualidade entre dois ou mais seres, duas ou mais qualidades
de um mesmo ser. Pode ser de igualdade: tão alto quanto (como / quão); de superioridade: mais alto (do)
que (analítico) / maior (do) que (sintético) e de inferioridade: menos alto (do) que.
O grau superlativo exprime qualidade em grau muito elevado ou intenso. Pode ser classificado como
absoluto, quando a qualidade não se refere à de outros elementos. Pode ser analítico (acréscimo de
advérbio de intensidade) ou sintético (-íssimo, -érrimo, -ílimo). (muito alto X altíssimo).
3) ARTIGO
É a palavra variável em gênero e número que se antepõe aos substantivos, determinando-os. A
determinação operada pelo artigo pode ser definida ou indefinida.
ARTIGO DEFINIDO - o, a, os, as: um ser claramente determinado entre outros da mesma espécie.
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ARTIGO INDEFINIDO - um, uma, uns, umas: um ser qualquer entre outros de mesma espécie.
Podem aparecer combinados com preposições: numa, do, à, entre outros.
4) NUMERAL
É uma classe especial de palavras que indica quantidade, número de ordem, múltiplo ou fração.
Classifica-se como:
CARDINAL: 1, 2, 3, ...
ORDINAL : primeiro, segundo, terceiro,...
MULTIPLICATIVO: dobro, duplo, triplo, ...
FRACIONÁRIO: meio, metade, terço,...
COLETIVOS: dezena, dúzia, par...
Quanto ao valor, os numerais podem apresentar valor adjetivo ou substantivo. Se estiverem
acompanhando e modificando um substantivo, terão valor adjetivo. Já se estiverem substituindo um
substantivo e designando seres, terão valor substantivo.
Ex: Ele foi o primeiro jogador a chegar. (valor adjetivo)
Ele será o primeiro desta vez. (valor substantivo).
5) INTERJEIÇÃO
É uma palavra invariável que expressa estados emocionais do falante, variando de acordo com o
contexto emocional.
LOCUÇÕES INTERJETIVAS: puxa vida!, não diga!, que horror!, graças a Deus!, ora bolas!, cruz credo!
6) PRONOME
É palavra variável que identifica os participantes da interlocução e os seres, eventos ou situações aos
quais o discurso faz referência, substituindo ou acompanhando um substantivo.
PESSOAS DO DISCURSO:
1ª pessoa - aquele que fala, emissor.
2ª pessoa - aquele com quem se fala, receptor.
3ª pessoa - aquele de que ou de quem se fala, referente.
PRONOME SUBSTANTIVO: substitui um substantivo.
Ex: Ele prestou socorro.
PRONOME ADJETIVO: acompanha um substantivo.
Ex: Aquele rapaz é belo.
PRONOME PESSOAL: faz referência explícita e direta às pessoas do discurso.
EXPRESSÃO INTERJEIÇÃO EXPRESSÃO INTERJEIÇÃO
ALEGRIA ah!, oh!, oba! APLAUSO bravo!, bis!, mais um!
ADVERTÊNCIA cuidado!, atenção CHAMAMENTO alô!, olá!, psit!
AFUGENTAMENTO fora!, rua!, passa!, xô! DESEJO oxalá!, tomara! / dor - ai!, ui!
ALÍVIO ufa!, arre! ESPANTO puxa!, oh!, chi!, ué!
ANIMAÇÃO coragem!, avante!, eia! IMPACIÊNCIA hum!, hem!
SILÊNCIO silêncio!, psiu!, quieto!
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PRONOMES PESSOAIS
PESSOAS DO
DISCURSO
RETOS PRONOMES OBLÍQUOS
ÁTONOS TÔNICOS
Singul
ar
1ª
2ª
3ª
eu
tu
ele,
ela
me
te
o, a, lhe
se
mim,
comigo
ti, contigo
ele, ela
si, consigo
Plural
1ª
2ª
3ª
nós
vós
eles,el
as
nos
vos
os, as,
lhes
se
nós,
conosco
vós,
convosco
eles, elas
si, consigo
Os pronomes pessoais retos desempenham a função de sujeito ou predicativo do sujeito.
Os pronomes pessoais oblíquos desempenham funções de objeto direto, objeto indireto, complemento
nominal, adjunto adverbial ou agente da passiva.
Os pronomes oblíquos tônicos devem vir regidos de preposição.
Os pronomes oblíquos átonos atuam, sintaticamente, como complementos de verbos e a posição que
ocupam na sentença variam. Eles podem aparecer em posição de ênclise (após o verbo do qual é
complemento); em posição de próclise (antes do verbo) ou em posição de mesóclise (entre a forma
derivada do infinitivo e as desinências modo-temporais e número-pessoais no futuro do presente e futuro do
pretérito).
Ex:
Ênclise: Faça-me o favor de não chegar atrasado à aula.
Próclise: Ontem o vi no cinema.
Mesóclise: Emprestar-lhe-ei os discos para a festa.
Atenção!
Na oralidade, é comum
utilizar o pronome
oblíquo átono no início da
sentença.
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PRONOME DE TRATAMENTO: palavra ou locução que funciona como verdadeiro pronome pessoal e é utilizada
para designar o interlocutor.
Ex: Vossa Excelência, Vossa Alteza, Vossa Senhoria.
PRONOME POSSESSIVO: faz referência às pessoas do discurso, indicando uma relação de posse.
Os pronomes possessivos, normalmente, ocorrem antes do nome a que se refere; podendo, também, vir
depois do substantivo que determina. Neste último caso, pode até alterar o sentido da frase.
Meu filho não anda de moto. X Filho meu não anda de moto.
PRONOME DEMONSTRATIVO: faz referência às pessoas do discurso, estabelecendo, entre elas e os seres por
ele designado, uma relação de proximidade ou distanciamento, no tempo e no espaço.
Também são pronomes demonstrativos: mesmo(a)(s), próprio(a)(s), semelhante(s) e tal (tais) quando
determinam substantivos.
Ex: Ele já sabia que tais boatos iriam circular após a separação.
Os demonstrativos podem ocorrer combinados com as preposições de e em: deste, neste, disto, nisto,
desse, nesse, disso, nisso, daquele, naquele, daquilo, naquilo.
PRONOME INDEFINIDO: faz referência à 3ª pessoa do discurso de uma maneira indefinida, vaga, imprecisa e
genérica.
Alguns pronomes indefinidos podem variar quanto ao gênero e número, outros variam apenas quanto ao
número e outros são invariáveis.
VARIÁVIES
INVARIÁVEISGÊNERO E NÚMERO (A/S) NÚMERO (S)
todo, algum, vários, nenhum,
certo, outro, muito, pouco,
quanto, tanto, um.
Qualquer (quaisquer),
qual(quais), bastante
(bastantes)
quem, alguém, ninguém, outrem, que,
algo, tudo, nada, cada, mais, menos,
demais
UM POSSUIDOR VÁRIOS POSSUIDORES
PESSOA GÊNERO NÚMERO
SINGULAR PLURAL SINGULAR PLURAL
1ª pessoa Masc.
Fem.
meu
minha
Meus
minhas
Nosso
nossa
Nossos
nossas
2ª pessoa Masc.
Fem.
teu
tua
teus
tuas
vosso
vossa
vossos
vossas
3ª pessoa Masc.
Fem.
seu
sua
seus
suas
seu
sua
seus
suas
VARIÁVEIS
INVARIÁVEISMASCULINO FEMININO
SINGULAR PLURAL SINGULAR PLURAL
Este Estes Esta Estas Isto
Esse Esses Essa Essas Isso
aquele aqueles aquela aquelas aquilo
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PRONOME RELATIVO: faz referência a algum elemento anteriormente mencionado no texto, considerado seu
antecedente, com o qual estabelece uma relação anafórica e introduz uma oração subordinada adjetiva.
Os pronomes relativos podem ser variáveis ou invariáveis.
VARIÁVIES (A/S) INVARIÁVEIS
o qual, cujo, quanto que, quem, onde, quando, como
O pronome cujo (a/s) é empregado para dar a idéia de posse entre o antecedente e o termo que eles
especificam. Seu sentido equivale ao de de quem, do qual, de que.
Ex: Nunca coma em um restaurante cujo cozinheiro almoça fora.(o cozinheiro do restaurante)
O pronome onde é relativo quando indica lugar e pode ser substituído por em que.
Ex: Quero comprar uma casa com um quintal onde (em que) eu possa construir uma piscina.
PRONOME INTERROGATIVO: é usado nas perguntas diretas ou indiretas e faz referência à 3ª pessoa do
discurso.
São pronomes interrogativos: que, quem, qual, quanto.
Ex: Pergunta direta: Que são pronomes interrogativos?
Pergunta indireta: O professor perguntou ao aluno que são pronomes interrogativos.
7) PREPOSIÇÃO
É a palavra invariável que conecta termos de sintagmas, estabelecendo entre eles uma relação de
dependência. Divide-se em essenciais (exclusivamente preposições) ou acidentais (palavras de outras
classes, mas que funcionam como preposições).
ESSENCIAIS ACIDENTAIS
a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em,
entre, para, per, perante, por, sem, sob, sobre, trás
afora, como, conforme, consoante, durante, exceto,
fora, salvo, segundo, senão, mediante, visto etc.
Quanto ao emprego, as preposições podem ser usadas em:
COMBINAÇÃO: ocorre quando a preposição a junta-se ao artigo masculino singular (ao) ou plural (aos).
Nesse caso, não há perda fonética.
CONTRAÇÃO: ocorre quando, ao combinar-se com outra palavra, a preposição sofre alguma modificação
em sua constituição fonológica. Há, portanto, perda fonética (na/aquela> naquela).
LOCUÇÕES PREPOSITIVAS: são duas ou mais palavras que funcionam solidariamente com o sentido de
preposições. Em geral, são formadas de advérbio (ou locução adverbial) + preposição: abaixo de, acerca
de, a fim de, além de, defronte a, ao lado de, apesar de, através de, de acordo com, em vez de, junto de,
perto de, até a, a par de, devido a.
Observa-se que a última palavra da locução prepositiva é sempre uma preposição, enquanto a última
palavra de uma locução adverbial nunca é preposição.
8) CONJUNÇÃO
É a palavra que liga duas orações ou termos de mesma função na oração. Quando a conjunção exerce
seu papel de ligar as orações, estabelece entre elas uma relação de coordenação (“independência”) ou
subordinação (dependência).
As conjunções classificam-se em:
CONJUNÇÕES COORDENATIVAS: aquelas que ligam duas orações independentes (coordenadas), ou dois
termos que exercem a mesma função sintática dentro da oração.
Apresentam cinco tipos:
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TIPOS IDEIA CONJUNÇÕES
ADITIVAS adição e, nem, mas também, como também, bem como, mas ainda
ADVERSATIVAS contraste, oposição mas, porém, contudo, no entanto, entretanto, todavia, antes (=
pelo contrário), não obstante, apesar disso
ALTERNATIVAS alternância ou exclusão ou, ou...ou, ora...ora, seja... seja, quando... quando, já... já
CONCLUSIVAS conclusão pois, logo, portanto, por isso, por conseguinte.
EXPLICATIVAS explicação porque, que
CONJUNÇÕES SUBORDINATIVAS: aquelas que ligam duas orações dependentes, subordinando uma à outra.
Apresentam dez tipos:
TIPOS IDEIA CONJUNÇÕES
INTEGRANTES “introdutórias de
orações subordinadas
substantivas”
que, se, como
CAUSAIS causa porque, como, uma vez que, já que, que, porquanto, visto
que, pois que
CONCESSIVAS concessão embora, ainda que, mesmo que, apesar de que,
conquanto, posto que, se bem que
CONDICIONAIS condição ou hipótese se, desde que, contanto que, caso, conquanto que, a não
ser que, a menos que, sem que, salvo se, dado que
CONFORMATIVAS conformidade conforme, segundo, como, consoante
COMPARATIVAS comparação como, mais...do que, menos...do que
CONSECUTIVAS consequência de forma que, de sorte que, que, de maneira que, de tal
modo que, sem que
FINAIS finalidade a fim de que, que, porque, para que
PROPORCIONAIS proporção à medida que, à proporção que, ao passo que
TEMPORAIS tempo quando, depois que, desde que, logo que, assim que,
antes que, até que, enquanto que, primeiro que, depois
que, sempre que
9) ADVÉRBIO
É a palavra invariável que se associa ao verbo, indicando as circunstâncias da ação verbal; aos adjetivos,
intensificando as qualidades por eles expressas; e a outros advérbios, intensificando o seu sentido.
Os advérbios podem expressar circunstâncias de:
LUGAR: longe, junto, acima, ali, lá, atrás, alhures.
TEMPO: breve, cedo, já, agora, outrora, imediatamente, ainda.
MODO: bem, mal, melhor, pior, devagar, a maioria dos advérbios com sufixo –mente.
DÚVIDA: quiçá, talvez, provavelmente, porventura, possivelmente.
INTENSIDADE: muito, pouco, bastante, mais, meio, quão, demais, tão.
AFIRMAÇÃO: sim, certamente, deveras, com efeito, realmente, efetivamente.
NEGAÇÃO: não, qual nada, tampouco, absolutamente.
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LOCUÇÕES ADVERBIAIS: são expressões constituídas de duas ou mais palavras que exercem função
adverbial. Resultam geralmente da combinação preposição + (artigo) + substantivo ou de preposição +
(artigo) + advérbio.
10) VERBO
É a palavra que pode variar em número, pessoa, modo, tempo e voz, indicando ações, processos,
estados, mudanças de estado e manifestações de fenômenos da natureza.
FLEXÃO VERBAL
NÚMERO: singular ou plural.
PESSOA: 1ª, 2ª ou 3ª.
MODO: indicativo (certeza de um fato ou estado), subjuntivo (possibilidade ou desejo de realização de um
fato ou incerteza do estado) e imperativo (expressa ordem, advertência ou pedido).
TEMPO: pretérito (perfeito, imperfeito, mais- que prefeito), presente e futuro (futuro de presente e futuro do
pretérito).
VOZ: ativa, passiva e reflexiva.
FORMAS NOMINAIS DO VERBO
INFINITIVO: tem valor equivalente ao de um substantivo.
EX: Preservar a natureza ( a preservação da natureza).
GERÚNDIO: tem valor adverbial ou adjetivo.
Ex: O menino machucou jogando bola( no momento em que jogava bola).
PARTICÍPIO: tem valor equivalente ao de um adjetivo
Ex: Todo livro deve ser lido criticamente.
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VOZES VERBAIS
ATIVA: sujeito é agente da ação verbal.
Ex: O menino atravessou a rua.
PASSIVA: sujeito é paciente da ação verbal.
ANALÍTICA: verbo auxiliar + particípio do verbo principal.
Ex: O doce foi comido.
SINTÉTICA: na 3ª pessoa do singular ou plural + SE (partícula apassivadora).
Ex: Comeu-se o doce.
REFLEXIVA: sujeito é ao mesmo tempo agente e paciente da ação verbal.
Ex: Depois das denúncias, o governador demitiu-se de suas funções.
Na transformação da voz ativa na passiva, a variação temporal é indicada pelo auxiliar (ser, na maioria
das vezes).
Ex: Ele fez o trabalho - O trabalho foi feito por ele.
CLASSIFICAÇÃO DOS VERBOS
Os verbos são classificados de acordo com a maneira como se comportam com relação ao paradigma da
conjugação à qual pertencem. Em função da vogal temática, podem-se criar três paradigmas verbais.
REGULARES: seguem o paradigma verbal de sua conjugação;
Ex: amar, comer, partir.
IRREGULARES: não seguem o paradigma verbal da conjugação a que pertencem. As irregularidades podem
aparecer no radical ou nas desinências.
Ex: ouvir - ouço/ouve, estar - estou/estão.
Entre os verbos irregulares, destacam-se os anômalos que apresentam profundas irregularidades. São
classificados como anômalos em todas as gramáticas os verbos ser e ir.
DEFECTIVOS: não são conjugados em determinadas pessoas, tempo ou modo.
Ex: falir - no presente do indicativo só apresenta a 1ª e a 2ª pessoa do plural.
ABUNDANTES - apresentam mais de uma forma para uma mesma flexão.
Ex: aceito/aceitado, acendido/aceso.
tenho/hei aceitado X é/está aceito
VERBOS AUXILIARES: juntam-se ao verbo principal ampliando sua significação. Presentes nos tempos
compostos e locuções verbais.
Ex: Tenho estudado, haviam dito, precisamos vencer.
TEMPOS VERBAIS
Tomando-se como referência o momento em que se fala, a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em
diversos tempos.
TEMPOS DO INDICATIVO
Presente - Expressa um fato atual.
Ex: Eu estudo neste colégio.
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Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual mas que não foi
completamente terminado.
Ex: Ele estudava as lições quando foi interrompido.
Pretérito Perfeito (simples) - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual e que foi
totalmente terminado.
Ex: Ele estudou as lições ontem à noite.
Pretérito Perfeito (composto) - Expressa um fato que teve início no passado e que pode se prolongar até
o momento atual.
Ex: Tenho estudado muito para os exames.
Pretérito-Mais-Que-Perfeito - Expressa um fato ocorrido antes de outro fato já terminado.
Ex: Ele já tinha estudado as lições quando os amigos chegaram. (forma composta)
Ele já estudara as lições quando os amigos chegaram. (forma simples)
Futuro do Presente (simples) - Enuncia um fato que deve ocorrer num tempo vindouro com relação ao
momento atual.
Ex: Ele estudará as lições amanhã.
Futuro do Presente (composto) - Enuncia um fato que deve ocorrer posteriormente a um momento atual
mas já terminado antes de outro fato futuro.
Ex: Antes de bater o sinal, os alunos já terão terminado o teste.
Futuro do Pretérito (simples) - Enuncia um fato que pode ocorrer posteriormente a um determinado fato
passado.
Ex: Se eu tivesse dinheiro, viajaria nas férias.
Futuro do Pretérito (composto) - Enuncia um fato que poderia ter ocorrido posteriormente a um
determinado fato passado.
Ex: Se eu tivesse chegado a tempo, não teria perdido o avião.
TEMPOS DO SUBJUNTIVO
Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no momento atual.
Ex: É conveniente que estudes para o exame.
Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado mais posterior a outro já ocorrido.
Ex: Eu esperava que ele vencesse o jogo.
* O pretérito imperfeito é também usado nas construções em que se expressa a ideia de condição ou
desejo.
Ex: Se ele viesse ao clube, participaria do campeonato.
Pretérito Perfeito (composto) - Expressa um fato totalmente terminado num momento passado.
Ex: Embora tenha estudado bastante, não passou no teste.
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Pretérito Mais-Que-Perfeito (composto) - Expressa um fato ocorrido antes de outro fato já terminado.
Ex: Embora o teste já tivesse começado, alguns alunos puderam entrar na sala de exames.
Futuro do Presente (simples) - Enuncia um fato que pode ocorrer num momento futuro em relação ao
atual.
Ex: Quando ele vier à loja, levará as encomendas.
*O futuro do presente é também usado em frases que indicam possibilidade ou desejo.
Ex: Se ele vier à loja, levará as encomendas.
Futuro do Presente (composto) - Enuncia um fato posterior ao momento atual mas já terminado
antes de outro fato futuro.
Ex: Quando ele tiver saído do hospital, nós o visitaremos.
FORMAÇÃO DOS TEMPOS SIMPLES
Primitivos: Presente do indicativo, Pretérito perfeito do indicativo, Infinitivo impessoal
Derivados do Presente do Indicativo: Presente do subjuntivo, Imperativo afirmativo, Imperativo negativo.
Derivados do Pretérito Perfeito do Indicativo:Pretérito mais-que-perfeito do indicativo, Pretérito imperfeito
do subjuntivo, Futuro do subjuntivo.
Derivados do Infinitivo Impessoal: Futuro do presente do indicativo, Futuro do pretérito do indicativo,
Imperfeito do indicativo, Gerúndio, Particípio.
TEMPOS PRIMITIVOS
PRESENTE DO INDICATIVO
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Desinência pessoal
CANTAR VENDER PARTIR
cantO vendO partO O
cantaS vendeS parteS S
canta vende parte -
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaIS vendeIS partIS IS
cantaM vendeM parteM M
PRETÉRITO PERFEITO DO INDICATIVO
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Desinência pessoal
CANTAR VENDER PARTIR
canteI vendI partI I
cantaSTE vendeSTE partISTE STE
cantoU vendeU partiU U
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaSTES vendeSTES partISTES STES
cantaRAM vendeRAM partiRAM RAM
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INFINITIVO IMPESSOAL
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação
CANTAR VENDER PARTIR
TEMPOS DERIVADOS DO PRESENTE DO INDICATIVO
PRESENTE DO SUBJUNTIVO
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação
Des.
temporal
Des. temporal
Desinência
pessoal
1ª conj. 2ª/3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantE vendA PartA E A Ø
cantES vendAS partaAS E A S
cantE vendA PartaA E A Ø
cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS
cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantEM vendAM partAM E A M
IMPERATIVO
IMPERATIVO AFIRMATIVO OU POSITIVO
Presente do
Indicativo
Imperativo
Afirmativo
Presente do
Subjuntivo
Eu canto --- Que eu cante
Tu cantas CantA tu Que tu cantes
Ele canta Cante você Que ele cante
Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos
Vós cantais CantAI vós Que vós canteis
Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem
IMPERATIVO NEGATIVO
Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo
Que eu cante ---
Que tu cantes Não cantes tu
Que ele cante Não cante você
Que nós cantemos Não cantemos nós
Que vós canteis Não canteis vós
Que eles cantem Não cantem eles
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TEMPOS DERIVADOS DO PRETÉRITO PERFEITO DO INDICATIVO
PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO
1ª
conjugação
2ª
conjugação
3ª
conjugação
Des.
temporal
Desinência
pessoal
1ª/2ª e 3ª
conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cataRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M
PRETÉRITO IMPERFEITO DO SUBJUNTIVO
1ª conjugação 2ª conjugação
3ª
conjugação
Des.
temporal
Desinência
pessoal
1ª /2ª e
3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíSSEMOS SSE MOS
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
cantaSSEM vendeSSEM partiSSEM SSE M
FUTURO DO SUBJUNTIVO
1ª
conjugação
2ª
conjugação
3ª
conjugação
Des.
temporal
Desinência
pessoal
1ª /2ª e 3ª
conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRES vendeRES partiRES R ES
cantaR vendeR partiR R Ø
cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantaREM VendeREM PartiREM R EM
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TEMPOS DERIVADOS DO INFINITIVO IMPESSOAL
FUTURO DO PRESENTE DO INDICATIVO
FUTURO DO PRETÉRITO DO INDICATIVO
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação
CANTAR VENDER PARTIR
cantarIA venderIA partirIA
cantarIAS venderIAS partirIAS
cantarIA venderIA partirIA
cantaríamos venderÍAMOS partirÍAMOS
cantarÍEIS venderÍEIS partirÍEIS
cantarIAM venderIAM partirIAM
INFINITIVO PESSOAL
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação
CANTAR VENDER PARTIR
cantar vender partir
cantarES venderES partirES
cantar vender partir
cantarMOS venderMOS partirMOS
cantarDES venderDES partirES
cantarEM venderEM partirEM
TEMPOS COMPOSTOS
São formados por locuções verbais que têm como auxiliares os verbos ter e haver e o verbo principal no
particípio.
Pretérito Perfeito Composto do Indicativo
É a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Presente do Indicativo e o principal no
particípio, indicando fato que tem ocorrido com frequência ultimamente.
Ex: Eu tenho estudado demais ultimamente.
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação
CANTAR VENDER PARTIR
cantar ei vender ei partir ei
cantar ás vender ás partir ás
cantar á vender á partir á
cantar emos vender emos partir emos
cantar eis vender eis partir eis
cantar ão vender ão partir ão
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Pretérito Perfeito Composto do Subjuntivo:
É a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Presente do Subjuntivo e o principal no
particípio, indicando desejo de que algo já tenha ocorrido.
Ex: Espero que você tenha estudado o suficiente, para conseguir a aprovação.
Pretérito Mais-que-perfeito Composto do Indicativo:
É a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Pretérito Imperfeito do Indicativo e o
principal no particípio, tendo o mesmo valor que o Pretérito Mais-que-perfeito do Indicativo simples.
Ex: Eu já tinha estudado no Maxi, quando conheci Magali.
Pretérito Mais-que-perfeito Composto do Subjuntivo:
É a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Pretérito Imperfeito do Subjuntivo e o
principal no particípio, tendo o mesmo valor que o Pretérito Imperfeito do Subjuntivo simples.
Ex: Eu teria estudado no Maxi, se não me tivesse mudado de cidade.
Futuro do Presente Composto do Indicativo:
É a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Futuro do Presente simples do Indicativo
e o principal no particípio, tendo o mesmo valor que o Futuro do Presente simples do Indicativo.
Ex: Amanhã, quando o dia amanhecer, eu já terei partido.
Futuro do Pretérito Composto do Indicativo:
É a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Futuro do Pretérito simples do Indicativo
e o principal no particípio, tendo o mesmo valor que o Futuro do Pretérito simples do Indicativo.
Ex: Eu teria estudado no Maxi, se não me tivesse mudado de cidade.
Futuro Composto do Subjuntivo:
É a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Futuro do Subjuntivo simples e o principal
no particípio, tendo o mesmo valor que o Futuro do Subjuntivo simples.
Ex: Quando você tiver terminado sua série de exercícios, eu caminharei 6 Km.
Infinitivo Pessoal Composto:
É a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Infinitivo Pessoal simples e o principal no
particípio, indicando ação passada em relação ao momento da fala.
Ex: Para você ter comprado esse carro, necessitou de muito dinheiro.
LOCUÇÕES VERBAIS
Outro tipo de conjugação composta - também chamada conjugação perifrástica - são as locuções
verbais, constituídas de verbos auxiliares mais gerúndio ou infinitivo. São conjuntos de verbos que, numa
frase, desempenham papel equivalente ao de um verbo único. Nessas locuções, o último verbo, chamado
principal, surge sempre numa de suas formas nominais; as flexões de tempo, modo, número e pessoa
ocorrem nos verbos auxiliares.
Ex: Estou lendo o jornal.
Marta veio correndo: o noivo acabara de chegar.
Ninguém poderá sair antes do término da sessão.
A língua portuguesa apresenta uma grande variedade dessas locuções, conseguindo exprimir por meio
delas os mais variados matizes de significado. Ser (estar, em algumas construções) é usado nas locuções
verbais que exprimem a voz passiva analítica do verbo. Poder e dever são auxiliares que exprimem a
potencialidade ou a necessidade de que determinado processo se realize ou não.
Ex: Pode ocorrer algo inesperado durante a festa.
Deve ocorrer algo inesperado durante a festa.
Outro auxiliar importante é querer, que exprime vontade, desejo.
Ex: Quero ver você hoje.
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Também são largamente usados como auxiliares: começar a, deixar de, voltar a, continuar a, pôr-se
a, ir, vir e estar, todos ligados à noção de aspecto verbal.
ASPECTO VERBAL
No que se refere ao estudo de valor e emprego dos tempos verbais, é possível perceber diferenças entre
o pretérito perfeito e o pretérito imperfeito do indicativo. A diferença entre esses tempos é uma diferença de
aspecto, pois está ligada à duração do processo verbal. Observe:
Quando o vi, cumprimentei-o.
O aspecto é perfeito, pois o processo está concluído.
Quando o via cumprimentava-o.
O aspecto é imperfeito, pois o processo não tem limites claros, prolongando-se por período impreciso
de tempo.
O presente do indicativo e o presente do subjuntivo apresentam aspecto imperfeito, pois não impõem
precisos ao processo verbal.
Ex: Faço isso sempre.
É provável que ele faça isso sempre.
Já o pretérito mais-que-perfeito, como o próprio nome indica, apresenta aspecto perfeito em suas várias
formas do indicativo e do subjuntivo, pois traduz processos já concluídos.
Ex: Quando atingimos o topo da montanha, encontramos a bandeira que ele fincara ( ou havia fincado)
dois dias antes.
Se tivéssemos chegado antes, teríamos conseguido fazer o exame.
Outra informação aspectual que a oposição entre o perfeito e imperfeito pode fornecer diz respeito à
localização do processo no tempo. Os tempos perfeitos podem ser usados para exprimir processos
localizados nos ponto. Os tempos perfeitos podem ser usados para exprimir processos localizados num
ponto preciso do tempo:
Ex: No momento em que o vi, acenei-lhe.
Tinha-o cumprimentado logo que o vira.
Já os tempos imperfeitos podem indicar processos frequentes e repetidos:
Ex: Sempre que saía, trancava todas as portas.
O aspecto permite a indicação de outros detalhes relacionados com a duração do processo verbal.
Ex: Tenho encontrado problemas em meu trabalho.
Esse tempo, conhecido como pretérito perfeito composto do indicativo, indica um processo repetido ou
frequente, que se prolonga até o presente.
Ex: Estou almoçando.
A forma composta pelo auxiliar estar seguido do gerúndio do verbo principal indica um processo que se
prolonga. É largamente empregada na linguagem cotidiana, não só no presente, mas também em outros
tempos (estava almoçando, estive almoçando, estarei almoçando, etc.).
Obs.: em Portugal, costuma-se utilizar o infinitivo precedido da preposição a em lugar do gerúndio. Ex:
Estou a almoçar.
As formas compostas: estará resolvido e estaria resolvido, conhecidas como futuro do presente e
futuro do pretérito compostos do indicativo, exprimem processo concluído - é a ideia do aspecto perfeito - ao
qual se acrescenta a noção de que os efeitos produzidos permanecem, uma vez realizada a ação.
Ex: Tudo estará resolvido quando ele chegar. Tudo estaria resolvido quando ele chegasse.
47
Nas duas locuções destacadas abaixo, mais duas noções ligadas ao aspecto verbal: a indicação do
término e do início do processo verbal.
Ex: Os animais noturnos terminaram de se recolher mal começou a raiar o dia.
As locuções formadas com os auxiliares vir e ir exprimem processos que se prolongam.
Ex: Eles vinham chegando à proporção que nós íamos saindo.
As locuções destacadas abaixo exprimem o início de um processo interrompido e a interrupção de outro,
respectivamente.
Ex: Ele voltou a trabalhar depois de deixar de sonhar projetos irrealizáveis.
48
LEITURA
Indicação:
Livro: Norma Culta Brasileira: desatando alguns nós
Autor: Carlos Alberto Faraco
Editora: Parábola
Ano: 2008
Língua escrita e oral: Não se fala como se escreve
"Português é fácil de aprender porque é uma língua que se escreve exatamente como se fala."
Alfredina Nery,
Especial para a Página 3
Pedagogia e Comunicação
12/09/200719h03
Pois é. U purtuguêis é muinto fáciu di aprender, purqui é uma língua qui a genti iscrevi ixatamenti cumu
si fala. Num é cumu inglêis qui dá até vontadi di ri quandu a genti discobri cumu é qui si iscrevi algumas
palavras. Im purtuguêis não. É só prestátenção. U alemão pur exemplu. Qué coisa mais doida? Num bate
nada cum nada. Até nu espanhol qui é parecidu, si iscrevi muinto diferenti. Qui bom qui a minha língua é u
purtuguêis. Quem soubé falá sabi iscrevê.
O comentário é do humorista Jô Soares, para a revista Veja. Ele brinca com a diferença entre o
português falado e escrito. Na verdade, em todas as línguas, as pessoas falam de um jeito e escrevem de
outro. A fala e a escrita são duas modalidades diferentes da língua e é com esse fato que o Jô brincou.
Na língua escrita há mais exigências, em relação às regras da gramática normativa. Isso acontece
porque, ao falar, as pessoas podem ainda recorrer a outros recursos para que a comunicação ocorra -
pode-se pedir que se repita o que foi dito, há os gestos, etc. Já na linguagem escrita, a interação é mais
complicada, o que torna necessário assegurar que o texto escrito dê conta da comunicação.
A escrita não reflete a fala individual de ninguém e de nenhum grupo social. Por essa razão, a fala e a
escrita exigem conhecimentos diferentes. A maioria de nós, brasileiros, falamos, por exemplo, "Eli me
ensinô". O português na variante padrão exige, no entanto, que se escreva assim: "Ele me ensinou". Essas
diferenças geram muitos conflitos.
A leitura de um trecho do poema de Antonino Sales, "Malinculia", mostra as interferências da fala na
escrita e como elas não anulam a expressividade poética de suas imagens.
Malinculia, Patrão, É um suspiro maguado Qui nace no coração! É o grito safucado Duma sodade
iscundida Qui nos fala do passado Sem se torná cunhicida! É aquilo qui se sente Sem se pudê ispricá! Qui
fala dentro da gente Mas qui não diz onde istá! (...) (BAGNO, Marcos. "A Língua de Eulália: Uma Novela
Sociolinguística)
A língua muda, ainda, conforme o grupo social, a região, e o contexto histórico. São as
chamadas variações linguísticas. A gíria e o jargão são algumas dessas variações.
Texto disponível em <http://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/lingua-escrita-e-oral-nao-se-fala-como-se-
escreve.htm> Acesso em 20 de março de 2014, às 17h.
49
FIXAÇÃO
1. (UNICAMP Adaptada)
MASSA!
“Pô Erundina, massa! Agora que o maneiro Cazuza virou nome num pedaço aqui na Sampa, quem sabe tu
te anima e acha aí um point prá botá um nome de Magdalena Tagliaferro, Cláudio Santoro, Jacques Klein,
Edoardo de Guarnieri, Guiomar Novaes, João de Souza Lima, Armando Belardie Radamés Gnattali. Esses
caras não foi cruner de banda a La ‘Trogloditas do Sucesso’, mas se a tua moçada não manjar quem eles
foi dá um look aí na Enciclopédia Britânica ou no Groves Internacional e tu vai sacá que o astral do século
20 musical deve muito a eles.”
Júlio Medaglia, di-jei do Teatro Municipal do Rio de
Janeiro / (São Paulo, SP)
(“Painel do Leitor”, Folha de S. Paulo, 4.10.90)
a) Que grupo social pode ser identificado por este estilo? Transcreva as marcas linguísticas características
desse grupo, presentes no texto.
b) Em que campo da cultura deram contribuição importante os nomes mencionados na carta e que
passagem(ns) do texto permite(m) afirmar isso?
2. (FUVEST Adaptada)
A tua saudade corta
como aço de navaia…
O coração fica aflito
Bate uma, a outra faia…
E os óio se enche d’água
Que até a vista se atrapaia, ai, ai…
(Fragmento de “Cuitelinho”, canção folclórica)
Se a forma do verbo atrapalhar estivesse flexionada de acordo com a norma-padrão, haveria prejuízo para
o efeito de sonoridade explorado no final do último verso? Por quê?
3. (ENEM) Para falar e escrever bem, é preciso, além de conhecer o padrão formal da Língua Portuguesa,
saber adequar o uso da linguagem ao contexto discursivo. Para exemplificar este fato, seu professor de
Língua Portuguesa convida-o a ler o texto “Aí, galera”, de Luís Fernando Veríssimo. No texto, o autor brinca
com situações de discurso oral que fogem à expectativa do ouvinte.
[...]
Jogadores de futebol podem ser vítimas de estereotipação.
Por exemplo, você pode imaginar um jogador de futebol dizendo “estereotipação”? E, no entanto, por que
não?
— Aí, campeão. Uma palavrinha pra galera.
— Minha saudação aos aficionados do clube e aos demais esportistas, aqui presentes ou no recesso dos
seus lares.
— Como é?
— Aí, galera.
— Quais são as instruções do técnico?
— Nosso treinador vaticinou que, com um trabalho de contenção coordenada, com energia otimizada, na
zona de preparação, aumentam as probabilidades de, recuperado o esférico, concatenarmos um
contragolpe agudo com parcimônia de meios e extrema objetividade, valendo-nos da desestruturação
momentânea do sistema oposto, surpreendido pela reversão inesperada do fluxo da ação.
— Ahn?
— É pra dividir no meio e ir pra cima pra pegá eles sem calça.
— Certo. Você quer dizer mais alguma coisa?
50
— Posso dirigir uma mensagem de caráter sentimental, algo banal, talvez mesmo previsível e piegas, a uma
pessoa à qual sou ligado por razões, inclusive, genéticas?
— Pode.
— Uma saudação para a minha progenitora.
— Como é?
— Alô, mamãe!
— Estou vendo que você é um, um…
— Um jogador que confunde o entrevistador, pois não corresponde à expectativa de que o atleta seja um
ser algo primitivo com dificuldade de expressão e assim sabota a estereotipação?
— Estereoquê?
— Um chato?
— Isso.
(Luís Fernando Veríssimo. Correio Braziliense, 13 de maio, 1998.)
A expressão “pegá eles sem calça”poderia ser substituída, sem comprometimento de sentido, em língua
culta, formal,por:
a) pegá-los na mentira.
b) pegá-los desprevenidos.
c) pegá-los em flagrante.
d) pegá-los rapidamente.
e) pegá-los momentaneamente.
4. (Unicamp) O trecho abaixo foi extraído de uma crônica em que mãe e filho conversam sobre o presente
que ele pretendia lhe dar no Dia das Mães.
[...]
— Posso escolher meu presente do Dia das Mães, meu fofinho?
— Não, mãe. Perde a graça. Este ano, a senhora vai ver. Compro um barato.
— Barato? Admito que você compre uma lembrancinha barata, mas não diga isso a sua
mãe. É fazer pouco-caso de mim.
— lh, mãe, a senhora está por fora mil anos. Não sabe que barato é o melhor que tem, é um barato!
— Deixe eu escolher, deixe...
— Mãe é ruim de escolha. Olha aquele blazer furado que a senhora me deu no Natal!
— Seu porcaria, tem coragem de dizer que sua mãe lhe deu um blazer furado?
— Viu? Não sabe nem o que é furado? Aquela cor já era, mãe, já era!
[...]
ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e prosa.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1988.
Em que tipo de variação linguística o autor se apoia para criar as situações humorísticas apresentadas
nesse diálogo? Justifique sua resposta.
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51
5. (UFMA)
Considerando a fala dos interlocutores, pode-se concluir que
(A) o uso de “excelência” denota desrespeito, pois o depoente não vê o deputado como autoridade.
(B) o efeito humorístico é provocado pela passagem brusca da linguagem formal para a informal.
(C) o uso da linguagem formal e da informal evidencia a classe social a que pertencem as personagens.
(D) a linguagem empregada no texto serve apenas para compor as imagens do deputado e do depoente.
(E) o pronome “seu” foi usado pelo depoente como sinal de respeito para com o parlamentar ilustre.
6. Observe a imagem abaixo e responda as perguntas a seguir:
a) Qual tipo de linguagem o personagem da imagem acima usou para se expressar?
b) Observando bem a imagem, diga pelo menos dois fatores que contribuem para que o personagem fale
dessa forma?
c) Esse jeito como o personagem falou dar para o ouvinte/leitor compreender?
d) Essa linguagem usada por ele é considerada “correta” ou “errada”? Por quê?
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  • 1.
  • 2. 2 SUMÁRIO UNIDADE 1 – Estudo do texto ...................................................................................... 03 Capítulo I – O texto ......................................................................................................... 03 Capítulo II – Linguagem verbal e não verbal .................................................................. 04 Capítulo III – Funções da linguagem .............................................................................. 04 Capítulo IV – Efeitos de sentido ...................................................................................... 06 Capítulo V – Gêneros textuais ....................................................................................... 12 Leitura ........................................................................................................................... 15 Fixação .......................................................................................................................... 17 Pintou no ENEM ........................................................................................................... 20 Gabarito ........................................................................................................................ 25 UNIDADE 2– Estudo da língua .................................................................................... 26 Capítulo VI – Variação linguística .................................................................................... 26 Capítulo VII – Fala e escrita ..............................................................................................29 Capítulo VIII – Estrutura das palavras .............................................................................. 30 Capítulo IX – Classe de palavras ...................................................................................... 31 Leitura .............................................................................................................................. 48 Fixação ............................................................................................................................ 49 Pintou no ENEM .............................................................................................................. 54 Gabarito ........................................................................................................................... 63 UNIDADE 3 – Análise textual ......................................................................................... 64 Capítulo X – Elementos textuais e contextuais ................................................................ 64 Capítulo XI – Intertextualidade .......................................................................................... 67 Leitura .............................................................................................................................. 70 Fixação ............................................................................................................................. 73 Pintou no ENEM ............................................................................................................. 78 Gabarito ........................................................................................................................... 79 Referências ...................................................................................................................... 80
  • 3. 3 UNIDADE 1 – Estudo do texto O TEXTO Na era da informação tudo é texto. Um slogan político ou publicitário, um anúncio visual sem nenhuma palavra, uma canção, um filme, um gráfico, um discurso oral que nunca foi escrito, enfim, os mais variados arranjos organizados para informar, comunicar, veicular sentidos são texto. O texto não é, pois, exclusivamente da palavra. . Irene A. Machado Quando se fala em texto, identifica-se o uso da linguagem (verbal ou não verbal) que tem significado, unidade e objetivo comunicativo. É importante considerar que todo texto tem um contexto, ou seja, a situação concreta à qual o texto faz referência. O contexto envolve sempre o conhecimento sobre o que está sendo dito e também as crenças e conclusões relativas ao texto em questão. Há diferentes tipos de contexto (social, cultural, estético, político) e sua identificação é fundamental para a compreensão do texto. Também é importante interpretar os pressupostos (circunstância ou fato considerado como antecedente necessário de outro) e os implícitos (algo que está envolvido naquele contexto, mas não é revelado, é deixado subentendido, é apenas sugerido) que o texto traz. Em relação à linguagem, pode-se defini-la como um sistema de signos capaz de representar, através de som, letra, cor, imagem, gesto etc., significados básicos que resultam de uma interpretação da realidade e da construção de categorias mentais que representem os resultados dessa interpretação. Os signos linguísticos são os elementos de significação nos quais se baseiam as línguas. Possuem uma dupla face: a face do significado (o conceito do objeto) e a face do significante (os sinais gráficos ou sonoros que representam o objeto). Exemplo: A palavra cadeira não é a cadeira (você não senta na palavra cadeira!), mas quando é dita ou lida, imediatamente se tem a ideia de cadeira. O simples fato de dizer a palavra que nomeia o objeto é suficiente para que sua imagem venha à mente, devido ao seu valor simbólico partilhado pelos usuários da língua, que se torna convenção em uma sociedade.
  • 4. 4 LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL Verbal: aquela que faz uso das palavras para comunicar algo. Não Verbal: aquela que utiliza outros métodos de comunicação, que não são as palavras. Dentre elas estão a linguagem de sinais, as placas e sinais de trânsito, a linguagem corporal, uma figura, a expressão facial, um gesto, etc. Linguagem mista: é o uso simultâneo da linguagem verbal e da linguagem não verbal, usando palavras escritas e figuras ao mesmo tempo. FUNÇÕES DA LINGUAGEM De acordo com a visão clássica, para que haja comunicação é necessário que os interlocutores (remetente e destinatário de uma dada mensagem) utilizem um sistema de sinais – o código - devidamente organizado e comum a ambos. A mensagem a ser transmitida refere-se a um contexto e para que chegue ao destinatário necessita de um canal, um meio físico concreto de contato. Veja o esquema a seguir: Esquema clássico da comunicação Segundo a Teoria da Comunicação proposta por Roman Jakobson em 1969, toda mensagem tem uma finalidade predominante que pode ser a transmissão de informação, o estabelecimento puro e simples de uma relação comunicativa, a expressão de emoções, e assim por diante. O conjunto dessas finalidades tem sido entendido sob o rótulo geral de funções da linguagem. As seis funções são: contato função fática código função metalinguística destinatário função conativa função poética mensagem função referencial contexto remetente função emotiva
  • 5. 5 1. Função referencial (ou denotativa) É aquela centralizada no referente, pois o emissor oferece informações da realidade. Objetiva, direta, denotativa, prevalecendo a terceira pessoa do singular. Essa linguagem é usada na ciência, na arte realista, no jornal, no “campo” do referente e das notícias de jornal e livros científicos. Ex: Numa cesta de vime temos um cacho de uvas, duas laranjas, dois limões, uma maçã verde, uma maçã vermelha e uma pêra. 2. Função emotiva (ou expressiva) É aquela centralizada no emissor, revelando sua opinião, sua emoção. Nela prevalece a primeira pessoa do singular, interjeições e exclamações. É a linguagem das biografias, memórias, poesias líricas e cartas de amor. Ex: Muito obrigada, não esperava surpresa tão boa assim! Não,... não estou triste, mas também não quero comentar o assunto. 3. Função apelativa (ou conativa) É aquela que se centraliza no receptor; o emissor procura influenciar o comportamento do receptor. Como o emissor se dirige ao receptor, é comum o uso de tu e você, ou o nome da pessoa, além de vocativos e imperativos. É usada nos discursos, sermões e propagandas que se dirigem diretamente ao consumidor. 4. Função Fática É aquela centralizada no canal, tendo como objetivo prolongar ou não o contato com o receptor, ou testar a eficiência do canal. Ex: - Olá, como vai, tudo bem? - Alô, quem está falando? 5. Função poética É aquela centralizada na mensagem, revelando recursos imaginativos criados pelo emissor. Afetiva, sugestiva, conotativa, ela é metafórica. Valorizam-se as palavras, suas combinações. É a linguagem figurada apresentada em obras literárias, letras de música e em algumas propagandas. Ex: Tecendo a manhã (João Cabral de Melo Neto) “Um galo sozinho não tece uma manhã:/ele precisará sempre se outros galos[...]” 6. Função metalinguística É aquela centralizada no código, usando a linguagem para falar dela mesma. A poesia que fala da poesia, da sua função e do poeta, um texto que comenta outro texto. Principalmente os dicionários são repositórios de metalinguagem. Ex: - Não entendi o que é metalinguagem, você poderia explicar novamente, por favor? - Metalinguagem é usar os recursos da língua para explicar alguma teoria, um conceito, um filme, um relato, etc.
  • 6. 6 Quadro-resumo das funções de linguagem EFEITOS DE SENTIDO Conotação e denotação Conotação é o uso da palavra com um significado diferente do original, criado pelo contexto. Ex: Você tem um coração de pedra. Denotação é o uso da palavra com o seu sentido original. Ex: Pedra é um corpo duro e sólido, da natureza das rochas. Figuras de Linguagem As figuras de linguagem são empregadas para valorizar o texto, tornando a linguagem mais expressiva. É um recurso linguístico para expressar experiências comuns de formas diferentes, conferindo originalidade, emotividade ou poeticidade ao discurso. As figuras revelam muito da sensibilidade de quem as produz, traduzindo particularidades estilísticas do autor. A palavra empregada em sentido figurado, não denotativo, passa a pertencer a outro campo de significação, mais amplo e criativo. As figuras de linguagem classificam-se em: a) figuras de som; b) figuras de palavras ; c) figuras de pensamento; d) figuras de construção. FUNÇÃO OBJETIVO DA MENSAGEM REFERENCIAL OU DENOTATIVA Transmitir informação EMOTIVA OU EXPRESSIVA Expressar as emoções, atitudes, estados de espírito do emissor com relação ao que fala CONATIVA OU APELATIVA Persuadir o destinatário, influenciando em seu comportamento FÁTICA Estabelecer ou manter comunicação METALINGUÍSTICA Falar sobre a própria linguagem POÉTICA Provocar algum efeito de sentido no receptor
  • 7. 7 Figuras de som a) aliteração: consiste na repetição ordenada de mesmos sons consonantais. Ex: “Esperando, parada, pregada na pedra do porto.” b) assonância: consiste na repetição ordenada de sons vocálicos idênticos. Ex: “Sou um mulato nato no sentido lato mulato democrático do litoral.” c) paronomásia: consiste na aproximação de palavras de sons parecidos, mas de significados distintos. Ex: “Eu que passo, penso e peço.” d) onomatopeia: Ocorre quando uma palavra ou conjunto de palavras imita um ruído ou som. Ex: "O silêncio fresco despenca das árvores. / Veio de longe, das planícies altas, / Dos cerrados onde o guaxe passe rápido... / Vvvvvvvv... passou." Figuras de pensamento a) antítese: consiste na aproximação de termos contrários, de palavras que se opõem pelo sentido. Ex: “Os jardins têm vida e morte.” b) ironia: é a figura que apresenta um termo em sentido oposto ao usual, obtendo-se, com isso, efeito crítico ou humorístico. Ex: “A excelente Dona Inácia era mestra na arte de judiar de crianças.” c) eufemismo: consiste em substituir uma expressão por outra menos brusca; em síntese, procura-se suavizar alguma afirmação desagradável. Ex: Ele enriqueceu por meios ilícitos. (em vez de ele roubou) d) hipérbole: trata-se de exagerar uma ideia com finalidade enfática. Ex: Estou morrendo de sede. (em vez de estou com muita sede) e) prosopopeia ou personificação: consiste em atribuir a seres inanimados predicativos que são próprios de seres animados. Ex: O jardim olhava as crianças sem dizer nada. f) gradação ou clímax: é a apresentação de ideias em progressão ascendente (clímax) ou descendente (anticlímax) Ex: “Um coração chagado de desejos/Latejando, batendo, restrugindo.” g) apóstrofe: consiste na interpelação enfática a alguém (ou alguma coisa personificada). Ex: “Senhor Deus dos desgraçados!/Dizei-me vós, Senhor Deus!” h) paradoxo: Ocorre não apenas na aproximação de palavras de sentido oposto, mas também na de ideias que se contradizem referindo-se ao mesmo termo. É uma verdade enunciada com aparência de mentira. Oxímoro (ou oximoron) é outra designação para paradoxo. Ex: "Amor é fogo que arde sem se ver; / É ferida que dói e não se sente; / É um contentamento descontente; / É dor que desatina sem doer;" Figuras de palavras a) Comparação: Ocorre comparação quando se estabelece aproximação entre dois elementos que se identificam, ligados por conectivos comparativos explícitos - feito, assim como, tal, como, tal qual, tal como, qual, que nem - e alguns verbos - parecer, assemelhar-se e outros.
  • 8. 8 Ex: "Amou daquela vez como se fosse máquina. / Beijou sua mulher como se fosse lógico." b) metáfora: consiste em empregar um termo com significado diferente do habitual, com base numa relação de similaridade entre o sentido próprio e o sentido figurado. A metáfora implica, pois, uma comparação em que o conectivo comparativo fica subentendido. Ex: “Meu pensamento é um rio subterrâneo.” c) metonímia: como a metáfora, consiste numa transposição de significado, ou seja, uma palavra que usualmente significa uma coisa passa a ser usada com outro significado. Todavia, a transposição de significados não é mais feita com base em traços de semelhança, como na metáfora. A metonímia explora sempre alguma relação lógica entre os termos. Ex: Não tinha teto em que se abrigasse. (teto em lugar de casa) d) catacrese: ocorre quando, por falta de um termo específico para designar um conceito, torna-se outro por empréstimo. Entretanto, devido ao uso contínuo, não mais se percebe que ele está sendo empregado em sentido figurado. Ex: O pé da mesa estava quebrado. e) antonomásia ou perífrase: consiste em substituir um nome por uma expressão que o identifique com facilidade. Ex: os quatro rapazes de Liverpool (em vez de os Beatles) f) sinestesia: trata-se de mesclar, numa expressão, sensações percebidas por diferentes órgãos do sentido. Ex: A luz crua da madrugada invadia meu quarto. g)alegoria: é uma acumulação de metáforas referindo-se ao mesmo objeto; é uma figura poética que consiste em expressar uma situação global por meio de outra que a evoque e intensifique o seu significado. Na alegoria, todas as palavras estão transladadas para um plano que não lhes é comum e oferecem dois sentidos completos e perfeitos - um referencial e outro metafórico. Ex: "A vida é uma ópera, é uma grande ópera. O tenor e o barítono lutam pelo soprano, em presença do baixo e dos comprimários, quando não são o soprano e o contralto que lutam pelo tenor, em presença do mesmo baixo e dos mesmos comprimários. Há coros numerosos, muitos bailados, e a orquestra é excelente..." Figuras de construção As figuras de construção (ou de sintaxe) dizem respeito a desvios em relação à concordância entre os termos da oração, sua ordem, possíveis repetições ou omissões. Elas podem ser construídas por: omissão, repetição, inversão, ruptura ou concordância ideológica. Portanto, são figuras de construção ou sintaxe: a) elipse: consiste na omissão de um termo facilmente identificável pelo contexto. Ex: “Na sala, apenas quatro ou cinco convidados.” (omissão de havia) b) zeugma: consiste na elipse de um termo que já apareceu antes. Ex: Ele prefere cinema; eu, teatro. (omissão de prefiro) c) assíndeto: Ocorre quando orações ou palavras deveriam vir ligadas por conjunções coordenativas, aparecem justapostas ou separadas por vírgulas. Ex: "Não nos movemos, as mãos é que se estenderam pouco a pouco, todas quatro, pegando-se, apertando-se, fundindo-se." (Machado de Assis).
  • 9. 9 d) polissíndeto: consiste na repetição de conectivos ligando termos da oração ou elementos do período. Ex: “E sob as ondas ritmadas/ e sob as nuvens e os ventos/e sob as pontes e sob o sarcasmo /e sob a gosma e sob o vômito (...)” e) silepse: consiste na concordância não com o que vem expresso, mas com o que se subentende, com o que está implícito. Ex: Vossa Excelência está preocupado. “O que me parece inexplicável é que os brasileiros persistamos em comer essa coisinha verde e mole que se derrete na boca.” f) anacoluto: consiste em deixar um termo solto na frase. Normalmente, isso ocorre porque se inicia uma determinada construção sintática e depois se opta por outra. Ex: A vida, não sei realmente se ela vale alguma coisa. g) pleonasmo: consiste numa redundância cuja finalidade é reforçar a mensagem. Pleonasmo literário: É o uso de palavras redundantes para reforçar uma ideia, tanto do ponto de vista semântico quanto do ponto de vista sintático. Usado como um recurso estilístico, enriquece a expressão, dando ênfase à mensagem. Ex: "Morrerás morte vil na mão de um forte." Pleonasmo vicioso: É o desdobramento de ideias que já estavam implícitas em palavras anteriormente expressas. Pleonasmos viciosos devem ser evitados, pois não têm valor de reforço de uma ideia, sendo apenas fruto do descobrimento do sentido real das palavras. Ex: subir para cima / entrar para dentro / repetir de novo / ouvir com os ouvidos / hemorragia de sangue / monopólio exclusivo. h) anáfora: consiste na repetição de uma mesma palavra no início de versos ou frases. Ex: “ Amor é um fogo que arde sem se ver; É ferida que dói e não se sente; É um contentamento descontente; É dor que desatina sem doer” i) inversão: consiste na mudança da ordem natural dos termos na frase. Ex: “De tudo ficou um pouco. Do meu medo. Do teu asco.” Obs: Há quatro figuras de linguagem para a inversão: - anástrofe: Ocorre quando há uma simples inversão de palavras vizinhas (determinante/determinado). Ex: "Tão leve estou (estou tão leve) que nem sombra tenho." - hipérbato: Ocorre quando há uma inversão completa de membros da frase. Ex: "Passeiam à tarde, as belas na Avenida. " (As belas passeiam na Avenida à tarde.) - Sínquise: Ocorre quando há uma inversão violenta de distantes partes da frase. É um hipérbato exagerado. Ex: "A grita se alevanta ao Céu, da gente." (A grita da gente se alevanta ao Céu ) - Hipálage: Ocorre quando há inversão da posição do adjetivo: uma qualidade que pertence a um objeto é atribuída a outro, na mesma frase. Ex: "... as lojas loquazes dos barbeiros." (as lojas dos barbeiros loquazes)
  • 10. 10 Significação das palavras I) Campos semânticos: as palavras podem associar-se de várias maneiras. Quando se relacionam pelo sentido, temos um campo semântico. Não se trata de sinônimos ou antônimos, mas de aproximação de sentido num dado contexto. Ex.: - perna, braço, cabeça, olhos, cabelos, nariz (partes do corpo humano) - azul, verde, amarelo, cinza, marrom, lilás (cores) - martelo, serrote, alicate, torno, enxada (ferramentas) - batata, abóbora, aipim, berinjela, beterraba (legumes) Observações a) Também constituem campos semânticos palavras como flor, jardim, perfume, terra, espinho, embora não pertençam a um grupo delimitado; mas a associação entre elas é evidente. b) As palavras podem pertencer a campos semânticos diferentes. Veja o caso de abóbora: ela também serve para indicar cor, o que a colocaria no segundo grupo de palavras. II) Polissemia: é a capacidade que as palavras têm de assumir significados variados de acordo com o contexto. Não se trata de homonímia, que estudaremos adiante. Ex.: Ele anda muito. Mário anda doente. Aquele executivo só anda de avião. Meu relógio não anda mais. O verbo andar tem origem no latim ambulare. Possui inúmeros significados em português, dos quais destacamos apenas quatro. Trata-se, pois, de uma mesma palavra, de uso diverso na língua. Nas frases do exemplo, significa, respectivamente, caminhar, estar, viajar e funcionar. III) Sinonímia: outro item de suma importância para a interpretação de textos. Há sinonímia quando duas ou mais palavras têm o mesmo significado em determinado contexto. Diz-se, então, que são sinônimos. Ex.: O comprimento da sala é de oito metros. A extensão da sala é de oito metros. A substituição de comprimento por extensão não altera o sentido da frase, pois os termos são sinônimos. Em verdade, as palavras são sinônimas em certas situações, mas podem não ser em outras. É a riqueza da língua portuguesa falando mais alto. Pode-se dizer, em princípio, que face e rosto são dois sinônimos: ela tem um belo rosto, ela tem uma bela face. Mas não se consegue fazer a troca de face por rosto numa frase do tipo: em face do exposto, aceitarei. IV) Antonímia: requer os mesmos cuidados da sinonímia. Na realidade, tudo é uma questão de bom vocabulário. Antonímia é o emprego de palavras de sentido contrário, oposto. Ex.: É um menino corajoso. É um menino medroso. V) Homonímia: diz-se que há homonímia quando duas ou mais palavras possuem identidade de pronúncia (homônimos homófonos) ou de grafia (homônimos homógrafos). Em alguns casos, as palavras possuem iguais a pronúncia e a grafia (homônimos perfeitos). A classificação em si não é importante, mas sim o significado das palavras. Ex.: ceda - seda -> homônimos homófonos peso (A) -> peso (ê) -> homônimos homógrafos pena - pena -> homônimos perfeitos (ou homófonos e homógrafos) VI) Paronímia: emprego de parônimos, palavras muito parecidas e que confundem as pessoas. Ex.: O tráfego era intenso naquela estrada. O tráfico de escravos é uma nódoa em nossa história. As palavras tráfego e tráfico são parecidas, mas não se trata de homônimos, pois a pronúncia e a grafia são diferentes. Tráfego é movimento de veículo; tráfico, comércio. Veja os principais homônimos e parônimos:
  • 11. 11 Homônimos homófonos acender - pôr fogo a ascender - elevar-se estrato - camada; tipo de nuvem extrato - que se extraiu acento - inflexão da voz assento - objeto onde se senta passo – passada paço - palácio imperial asado - com asas azado – oportuno incerto – duvidoso inserto – inserido caçar – perseguir cassar – anular incipiente - que está no início insipiente - que não sabe cegar - tirar a visão segar - ceifar, cortar lasso – cansado laço - tipo de nó cela - cômodo pequeno sela – arreio remissão – perdão remição – resgate censo – recenseamento senso – juízo seda - tipo de tecido ceda - flexão do verbo ceder cerração – nevoeiro serração - ato de serrar taxa – imposto tacha - tipo de prego cheque - ordem de pagamento xeque - lance do jogo de xadrez viagem – jornada viajem - flexão do verbo viajar cidra - certa fruta sidra - um tipo de bebida estático - firme, parado extático - em êxtase conserto – reparo concerto – harmonia espiar – olhar expiar – sofrer Parônimos amoral - sem o senso da moral imoral - contrário à moral flagrante - evidente fragrante - aromático apóstrofe – chamamento apóstrofo - tipo de sinal gráfico fluir - correr; manar fruir –desfrutar arrear - pôr arreios arriar – abaixar inerme - desarmado inerte – parado astral - dos astros austral - que fica no sul inflação - desvalorização infração - transgressão cavaleiro - que anda a cavalo cavalheiro – gentil infligir - aplicar pena infringir - transgredir comprimento - extensão cumprimento – saudação intemerato - puro intimorato - corajoso conjetura - hipótese conjuntura – situação lactante - que amamenta lactente - que mama delatar - denunciar dilatar – alargar lista - relação listra - linha, risco descrição - ato de descrever discrição - qualidade de discreto locador - proprietário locatário - inquilino descriminar - inocentar discriminar – separar lustre - candelabro lustro - cinco anos; brilho despercebido - sem ser notado desapercebido – desprevenido mandado - ordem judicial mandato - procuração destratar - insultar distratar – desfazer pleito - disputa preito - homenagem docente - professor discente – estudante preeminente - nobre, distinto proeminente - saliente emergir - vir à tona, sair imergir – mergulhar prescrever - receitar; expirar (prazo) proscrever - afastar, desterrar emigrar - sair de um país imigrar - entrar em um país ratificar - confirmar retificar - corrigir eminente - importante iminente - que está para ocorrer sortir - abastecer surtir - resultar esbaforido - ofegante espavorido – apavorado sustar - suspender suster - sustentar estada - permanência de alguém estadia - permanência de veículo tráfego - movimento de veículo tráfico – comércio facundo – eloquente fecundo - fértil; criador usuário - aquele que usa usurário - avarento; agiota
  • 12. 12 GÊNEROS TEXTUAIS Os gêneros textuais são os textos materializados em situações comunicativas recorrentes, encontrados em nossa vida diária e apresentam padrões sócio-históricos característicos, ou seja, são textos orais ou escritos produzidos por falantes de uma língua em um determinado momento histórico. Os gêneros textuais são definidos por composições funcionais, objetivos comunicativos e estilos concretamente realizados na integração de forças históricas, sociais, instituições e técnicas. Os gêneros textuais se enquadram (relativamente) em um tipo textual. Porém, ao contrário dos tipos textuais, os gêneros possuem número ilimitado, enquanto os tipos possuem cinco ou seis categorias. ASPECTOS TIPOLÓGICOS DOMÍNIOS SOCIAIS DE COMUNICAÇÃO CAPACIDADES DE LINGUAGEM DOMINANTES EXEMPLOS DE GÊNEROS ORAIS E ESCRITOS Cultura literária ficcional NARRAR Mimesis da ação através da criação da intriga Conto maravilhoso Fábula Lenda Narrativa de aventura Narrativa de ficção científica Narrativa de enigma Novela fantástica Conto parodiado Documentação e memorização de ações humanas RELATAR Representação pelo discurso de experiências vividas, situadas no tempo Relatos de experiência vivida Relatos de viagem Testemunho Curriculum vitae Notícia Reportagem Crônica esportiva Ensaio biográfico Discussão de problemas sociais controversos ARGUMENTAR Sustentação, refutação e negociação de tomadas de posição Textos de opinião Diálogo argumentativo Carta do leitor Carta de reclamação Deliberação informal Debate regrado Discurso de defesa Discurso de acusação Transmissão e construção de saberes EXPOR Apresentação textual de diferentes formas dos saberes Seminário Conferência Artigo enciclopédico Entrevista de especialista Tomada de notas Resumos de textos expositivos e explicativos Relatório científico Relato de experiências científicas Instruções e prescrições DESCREVER AÇÕES Regulação mútua de Comportamentos Instruções de montagem Receita Regulamento Regras de jogo Instruções de uso Instruções
  • 13. 13 É importante considerar que um tipo textual pode aparecer em qualquer gênero textual, da mesma forma que um único gênero pode conter mais de um tipo textual. Um tipo textual está contido num gênero e nunca ao contrário. Uma carta, por exemplo, pode ter passagens narrativas, descritivas, injuntivas, e assim por diante, sem perder sua funcionalidade. DIVERSIDADE DE GÊNEROS TEXTUAIS GÊNERO TEXTUAL: OBJETIVO COMUNICATIVO: GÊNERO TEXTUAL: OBJETIVO COMUNICATIVO: GÊNERO TEXTUAL: OBJETIVO COMUNICATIVO: GÊNERO TEXTUAL: OBJETIVO COMUNICATIVO:
  • 14. 14 GÊNERO TEXTUAL: OBJETIVO COMUNICATIVO: GÊNERO TEXTUAL: OBJETIVO COMUNICATIVO: GÊNERO TEXTUAL: OBJETIVO COMUNICATIVO: GÊNERO TEXTUAL: OBJETIVO COMUNICATIVO:
  • 15. 15 LEITURA Indicação: Livro: Ler e Compreender: os sentidos do texto Autoras: Ingedore Villaça Koch e Vanda Maria Elias Editora: Contexto Ano: 2006 Como interpretar bem um texto? Gustavo Bernado A interpretação dos textos não é uma atividade inventada pelos professores para desespero dos alunos. Antes da gente, as cartomantes, os quiromantes, os astrólogos e outros jogadores de búzios, entre tantos outros decifradores de mensagens ocultas, dedicam-se a interpretar imagens, indícios, coincidências, cartas, linhas das mãos, estrelas, conchas, cinzas e sonhos. A interpretação se torna uma atividade nobre, porém, quando se torna uma tarefa religiosa: instituir o significado da palavra de Deus através da interpretação dos livros sagrados, por exemplo a Bíblia. No princípio, só poderia haver uma interpretação correta do texto bíblico, restava encontrá-la. Esta origem do ato de interpretar deixou alguns problemas para o presente. Há leitores que ainda acham que só se possa encontrar uma e apenas uma interpretação correta para cada texto. Há outros leitores que defendem com ardor o seu direito à interpretação livre, entendendo que cada pessoa tem a sua interpretação, pessoal e intransferível. Ambos os grupos de leitores incorrem em equívoco. Por um lado, não há uma interpretação única sequer para a própria Bíblia. Por isso surgiram as religiões protestantes, que por definição protestavam contra a interpretação dominante dos católicos. Por esta razão, elas traduziram os textos sagrados para as línguas vulgares de modo a permitir a leitura e, consequentemente, a interpretação dos fiéis. Por outro lado, construir uma interpretação pessoal de um texto não é uma tarefa automática. Depende de respeito ao texto que se lê e aos contextos, quer do texto, quer do momento em que se lê. Na maioria das vezes, o que se chama de “minha interpretação” não passa de um aglomerado desorganizado de clichês e citações alheias lidas ou ouvidas sem digestão, sem trabalho pessoal de construção. Que a obra seja aberta, como mostrou Umberto Eco, não implica que ela seja escancarada. Ou seja: não vale tudo. O próprio Eco alertou: “dizer que um texto potencialmente não tem fim não significa que todo ato de interpretação possa ter um final feliz”.” As palavras do texto configuram um conjunto embaraçoso de evidências materiais que o leitor não pode deixar passar. Se não há, para cada texto, uma única interpretação correta, e se a interpretação de cada leitor também não é necessariamente correta, o problema de como interpretar bem persiste. Os filósofos antigos já se depararam com o fato perturbador de que cada livro possui alguma verdade, e que esta verdade é contraditória em relação à verdade de outros livros. Ora, se os livros falam a verdade mesmo quando se contradizem entre si, cada um deles deve ser compreendido como parte da mensagem: é a leitura de todos os livros que contém a mensagem. A verdade da interpretação se encontra no processo global de leitura, jamais neste texto ou naquele leitor. A popularização da interpretação dos textos bíblicos foi obviamente um avanço mas trouxe de contrabando um atraso, a saber: a multiplicação das seitas. Como boa parte das interpretações se esforça por excluir as demais, muitos religiosos de origem protestante negam a origem e a denominação de sua própria religião, aproximando-se do catolicismo (palavra que deriva de “universal”, sugerindo a ideia de uma única religião possível) que combatiam no começo de tudo. Ora, se a interpretação dos textos literários vai por esse caminho, entra em conflito frontal com a própria literatura, que pressupõe a suspensão momentânea de quaisquer verdades para melhor perspectivizar as possibilidades de saber. Preocupada com este conflito, a escritora Susan Sontag dedicou-se a escrever contra a própria interpretação, questionando a tendência dos interpretadores a separar a forma do conteúdo para atribuir
  • 16. 16 caráter acessório à primeira e essencial ao segundo. Essa tendência leva à formulação da pior de todas as perguntas: “o que o autor quis dizer?”. Encontramos essa pergunta pouco inteligente em muitas aulas e muitos manuais didáticos. A resposta do aluno mal educado pode ser, infelizmente, a mais correta: “sei lá, pô!”. O autor não se encontra presente, em alguns casos faleceu há séculos, logo deveria ter respeitado o seu direito mínimo de não ter mensagens postas na sua boca à revelia. O máximo que o leitor pode entender do texto é o que ele mesmo se tornou capaz de entender. É para esta condição que Oscar Wilde alertava, quando disse: “It is the spectator, and not life, that art really mirrors” – é o espectador, e não a vida, que a arte realmente reflete. Quando o leitor interpreta um texto, fala tão-somente do que pode falar: a verdade da sua leitura. A não ser para desqualificar todos os outros leitores e todas as outras leituras do mundo, não se pode falar da verdade intrínseca ou absoluta de um texto literário. O intérprete corre sempre o risco da arrogância, quando escava debaixo do texto para desenterrar o tal do “Sentido” maiúsculo que ali se encontraria soterrado. Para Susan Sontag, há uma minoria de casos em que a interpretação configura-se como um ato liberador que revê e transpõe valores. No entanto, a maioria das interpretações atuais seria “reacionária, impertinente, covarde, asfixiante.” Neste caso, a interpretação deveria ser condenada, porque “a Arte verdadeira tem a capacidade de nos deixar nervosos. Quando reduzimos a obra de arte ao seu conteúdo e depois interpretamos isto, domamos a obra de arte.” Nas palavras de Sontag, é preciso manter-se nervoso, perturbado, inquieto, depois do contato com a arte. Nas minhas palavras, é preciso preservar o enigma levantado pelo poeta, sem jamais resolvê-lo. O personagem de um romance de Isaías Pessoti declarava: “nenhum amor sobrevive à palavra, mas nenhum poder prescinde dela”. Nenhum amor sobrevive à palavra que se quer completa, ao “conte-me tudo não me esconda nada”, à insistência em escavar as verdades mais íntimas, em perguntar diariamente “mas o que é que você está pensando agora?”. Essa insistência não é amor, ou pelo menos não é só amor, se vem melada de um certo tipo de desespero que se traveste de suficiência para melhor esconder a necessidade de controle, isto é, a necessidade de exercer poder sobre o outro. Ora: o que vale para o amor vale para toda leitura – dos livros ou do mundo. Um exemplo sofisticado se encontra na interpretação usual dos narradores dos romances de Machado de Assis. Muitos críticos os consideram “unreliable” (em inglês, para parecer mais chique) – isto é, “não confiáveis”. De fato, Machado escreve muitos dos seus romances contra o próprio narrador – por tabela, contra o próprio leitor, uma vez que o leitor é forçado a tomar como sua a perspectiva da narrativa. Todavia, quando considera não confiável o narrador do escritor, o crítico finge que ele mesmo não seria também um dos alvos prioritários da ironia machadiana. Desta maneira, o crítico sugere que só ele mesmo, “o Crítico”, seria confiável. Na verdade, os narradores machadianos em primeira pessoa são tão confiáveis ou não confiáveis quanto qualquer narrador em primeira pessoa ou, mais amplamente, quanto qualquer pessoa. Bento Santiago, ao mesmo tempo que nos força a pressupor a traição de Capitu, mostra tantos indícios de que ela o traiu quanto de que não o fez. Brás Cubas mostra a si mesmo como um canalha, mas através das suas próprias palavras também podemos ler a decadência do sistema patriarcal do qual Brás Cubas é vítima e não causa. Todas estas restrições não nos permitem, entretanto, condenar a interpretação à morte, se este é o seu tempo. Condenada, a interpretação rirá de nós outros e ainda por cima nos obrigará a interpretar o seu riso. Como solucionar, então, o conflito entre a interpretação, que pressupõe tudo-dizer e tudo-esgotar, e a literatura, que pressupõe a suspensão momentânea das verdades, justo para não esgotá-las? Como sói acontecer, a formulação do problema contém a sua solução. Deve-se manter a questão e o conflito ativos e abertos. Um projeto inteligente de interpretação recua diante da solução final e protege a dúvida, preservando tanto o enigma do texto quanto a leitura do outro. Texto disponível em <http://www.revista.vestibular.uerj.br/coluna/coluna>. Acesso em 06 de março de 2014, às 20h.
  • 17. 17 FIXAÇÃO 1. O pai conversa com a filha ao telefone e diz que vai chegar atrasado para o jantar. Nesta situação, podemos dizer que o canal é: a) o pai b) a filha c) fios de telefone d) o código e) a fala 2. Assinale a alternativa incorreta: a) Só existe comunicação quando a pessoa que recebe a mensagem entende o seu significado. b) Para entender o significado de uma mensagem, não é preciso conhecer o código. c) As mensagens podem ser elaboradas com vários códigos, formados de palavras, desenhos, números etc. d) Para entender bem um código, é necessário conhecer suas regras. e) Conhecendo os elementos e regras de um código, podemos combiná-los de várias maneiras, criando novas mensagens. 3. Uma pessoa é convidada a dar uma palestra em Espanhol. A pessoa não aceita o convite, pois não sabia falar com fluência a língua Espanhola. Se esta pessoa tivesse aceitado fazer esta palestra seria um fracasso porque: a) não dominava os signos b) não dominava o código c) não conhecia o referente d) não conhecia o receptor e) não conhecia a mensagem 4. Um guarda de trânsito percebe que o motorista de um carro está em alta velocidade. Faz um gesto pedindo para ele parar. Neste trecho o gesto que o guarda faz para o motorista parar, podemos dizer que é: a) o código que ele utiliza b) o canal que ele utiliza c) quem recebe a mensagem d) quem envia a mensagem e) o assunto da mensagem 5. A mãe de Felipe sacode-o levemente e o chama: “Felipe está na hora de acordar”. O que está destacado é: a) o emissor b) o código c) o canal d) a mensagem e) o referente 6. Reconheça nos textos a seguir, as funções da linguagem: a) "O risco maior que as instituições republicanas hoje correm não é o de se romperem, ou serem rompidas, mas o de não funcionarem e de desmoralizarem de vez, paralisadas pela sem- vergonhice, pelo hábito covarde de acomodação e da complacência. Diante do povo, diante do mundo e diante de nós mesmos, o que é preciso agora é fazer funcionar corajosamente as instituições para lhes devolver a credibilidade desgastada. O que é preciso (e já não há como voltar atrás sem avacalhar e emporcalhar ainda mais o conceito que o Brasil faz de si mesmo) é apurar tudo o que houver a ser apurado, doa a quem doer." (O Estado de São Paulo) b) O verbo infinitivo Ser criado, gerar-se, transformar O amor em carne e a carne em amor; nascer Respirar, e chorar, e adormecer E se nutrir para poder chorar Para poder nutrir-se; e despertar Um dia à luz e ver, ao mundo e ouvir E começar a amar e então ouvir E então sorrir para poder chorar. E crescer, e saber, e ser, e haver E perder, e sofrer, e ter horror De ser e amar, e se sentir maldito E esquecer tudo ao vir um novo amor E viver esse amor até morrer E ir conjugar o verbo no infinito... (Vinícius de Morais) c) "Para fins de linguagem a humanidade se serve, desde os tempos pré-históricos, de sons a que se dá o nome genérico de voz, determinados pela corrente de ar expelida dos pulmões no fenômeno vital da respiração, quando, de uma ou outra maneira, é modificada no seu trajeto até a parte exterior da boca." (Matoso Câmara Jr.) d) " - Que coisa, né? - É. Puxa vida! - Ora, droga! - Bolas! - Que troço! - Coisa de louco! - É!" e) "Fique afinado com seu tempo. Mude para Col. Ultra Lights." f) "Sentia um medo horrível e ao mesmo tempo desejava que um grito me anunciasse qualquer acontecimento extraordinário. Aquele silêncio,
  • 18. 18 aqueles rumores comuns, espantavam-me. Seria tudo ilusão? Findei a tarefa, ergui-me, desci os degraus e fui espalhar no quintal os fios da gravata. Seria tudo ilusão?... Estava doente, ia piorar, e isto me alegrava. Deitar-me, dormir, o pensamento embaralhar-se longe daquelas porcarias. Senti uma sede horrível... Quis ver-me no espelho. Tive preguiça, fiquei pregado à janela, olhando as pernas dos transeuntes." (Graciliano Ramos) g) " - Que quer dizer pitosga? - Pitosga significa míope. - E o que é míope? - Míope é o que vê pouco." 7. No texto abaixo, identifique as funções da linguagem: "Gastei trinta dias para ir do Rossio Grande ao coração de Marcela, não já cavalgando o corcel do cego desejo, mas o asno da paciência, a um tempo manhoso e teimoso. Que, em verdade, há dois meios de granjear a vontade das mulheres: o violento, como o touro da Europa, e o insinuativo, como o cisne de Leda e a chuva de ouro de Dânae, três inventos do padre Zeus, que, por estarem fora de moda, aí ficam trocados no cavalo e no asno." (Machado de Assis) 8. Descubra, nos textos a seguir, as funções de linguagem: a) "O homem letrado e a criança eletrônica não mais têm linguagem comum." (Rose-Marie Muraro) b) "O discurso comporta duas partes, pois necessariamente importa indicar o assunto de que se trata, e em seguida a demonstração. (...) A primeira destas operações é a exposição; a segunda, a prova." (Aristóteles) c) "Amigo Americano é um filme que conta a história de um casal que vive feliz com o seu filho até o dia em que o marido suspeita estar sofrendo de câncer." d) "Se um dia você for embora Ria se teu coração pedir Chore se teu coração mandar." (Danilo Caymmi & Ana Terra) e) "Olá, como vai? Eu vou indo e você, tudo bem? Tudo bem, eu vou indo em pegar um lugar no futuro e você? Tudo bem, eu vou indo em busca de um sono tranquilo..." (Paulinho da Viola) 9. Quais as funções da linguagem predominantes no poema abaixo? Poética Que é poesia? uma ilha cercada de palavras por todos os lados Que é um poeta? um homem que trabalha um poema com o suor do seu rosto Um homem que tem fome como qualquer outro homem. (Cassiano Ricardo) 10. Qual a função da linguagem comum às duas historinhas? Texto I TextoII 11. Veja a charge a seguir o e diga o que você sabe sobre o assunto tratado na mesma. Para facilitar seu trabalho, escreva pequenos períodos (frases) respondendo as perguntas: Sobre o que ela fala? É um problema atual? Como ele afeta sua vida? Há solução para o problema?
  • 19. 19 ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ 12. Faça o mesmo agora com a charge abaixo. Após ver a imagem, responda em forma de texto as perguntas: Sobre o que ela fala? É um problema atual? Você lembra de algum exemplo relacionado ao assunto? Há solução para o problema? ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ 13. Analise e responda: I. O foco narrativo do narrador-personagem é de primeira pessoa, podendo corresponder, inclusive, ao protagonista. II. O narrador em terceira pessoa se caracteriza por ter uma visão subjetiva, total e impessoal dos fatos. III. Ambos os focos narrativos podem ser caracterizar pela “onisciência” do narrador. (A) Apenas I está incorreta. (B) Apenas III está incorreta. (C) I e II estão incorretas. (D) II e III estão incorretas. (E) Nenhuma está incorreta. 14. Leia e classifique os narradores: 1. “Os campos, segundo o costume, acabava de descer do almoço e, a pena atrás da orelha, p lenço por dentro do colarinho, dispunha-se a prosseguir o trabalho interrompido poucos antes. Entrou no escritório e foi sentar-se à secretária” (Aluísio Azevedo) 2. “Coloquei-me acima de minha classe, creio que me elevei bastante. Como lhes disse, fui guia de cego, vendedor de doces e trabalhador de aluguel. Estou convencido de quem nenhum desses ofícios me daria os recursos intelectuais necessários para engenhar esta narrativa.” (Graciliano Ramos) 3. “Um segundo depois, muito suave ainda, o pensamento ficou levemente mais intenso, quase tentador: não dê, elas são suas. Laura espantou- se um pouco: por que as coisas nunca eram dela?” (Clarice Lispector) ( ) narrador participante ( ) narrador observador ( ) narrador onisciente A sequência correta é: (A) 1, 2, 3 (B) 1, 3, 2 (C) 2, 3, 1 (D) 2, 1, 3 (E) 3, 2, 1 15. Os gêneros conto e crônica não têm em comum: (A) o suporte (B) a extensão (C) a presença da narrativa (D) a definição de tempo-espaço (E) a intenção artística literária 16. Com relação ao gênero do texto, é correto afirmar que a crônica: (A) parte do assunto cotidiano e acaba por criar reflexões mais amplas; (B) tem como função informar o leitor sobre os problemas cotidianos; (C) apresenta uma linguagem distante da coloquial, afastando o público leitor; (D) tem um modelo fixo, com um diálogo inicial seguido de argumentação objetiva; (E) consiste na apresentação de situações pouco realistas, em linguagem metafórica.
  • 20. 20 PINTOU NO ENEM QUESTÃO 01 ________________________________________ QUESTÃO 02 QUESTÃO 03 ________________________________________ QUESTÃO 04
  • 21. 21 QUESTÃO 05 ________________________________________ QUESTÃO 06 QUESTÃO 07 ________________________________________ QUESTÃO 08
  • 22. 22 QUESTÃO 09 _________________________________________ QUESTÃO 10 QUESTÃO 11 ____________________________________________ QUESTÃO 12
  • 25. 25 GABARITO - Unidade 1 FIXAÇÃO PINTOU NO ENEM 1 C 11 Aquecimento global 1 E 11 D 2 B 12 Violência na escola 2 E 12 E 3 B 13 B 3 A 13 C 4 A 14 D 4 B 14 D 5 D 15 E 5 A 15 A 6 Ver páginas 04 a 06 16 A 6 B 16 D 7 Ver páginas 04 a 06 17 - 7 E 17 D 8 Ver páginas 04 a 06 18 - 8 A 18 E 9 Ver páginas 04 a 06 19 - 9 E 19 - 10 Ver páginas 04 a 06 20 - 10 D 20 -
  • 26. 26 UNIDADE 2 - Estudo da Língua Variação linguística A língua abriga vários registros que dependem basicamente da situação de fala e de com quem se fala. Há variações dentro da mesma língua decorrentes de fatores como: a região geográfica (nordestino, mineiro, carioca, paulista etc.), o sexo, a idade, a classe social e o grau de instrução dos falantes e o grau de formalidade do contexto (formal e informal). Dentre as diversas variações pode-se dizer que a oposição mais importante se dá entre a chamada linguagem culta (ou padrão) e a linguagem popular, coloquial. A noção de certo e errado está ligada ao prestígio que a variedade culta adquiriu na sociedade. No entanto, todas as demais variedades são legítimas e devem ser respeitadas, combatendo o preconceito linguístico. A variedade culta é difundida principalmente pela escola e pelos meios de comunicação e está relacionada a um grupo de pessoas de maior prestígio social. Aula de Português (Carlos Drummond de Andrade, 1999) A linguagem na ponta da língua, tão fácil de falar e de entender. A linguagem na superfície estrelada de letras, sabe lá o que ela quer dizer? Professor Carlos Góis, ele é quem sabe e vai desmatando o amazonas de minha ignorância. Figuras de gramática, esquipáticas, atropelam-me, aturdem-me, seqüestram-me. Já esqueci a língua em que comia, em que pedia para ir lá fora, em que levava e dava pontapé, a língua, breve língua entrecortada do namoro com a prima. O português são dois: o outro, mistério.
  • 27. 27 Tipos de variação: Variação histórica: acontece ao longo de um determinado período de tempo e pode ser identificada ao serem comparados dois estados de uma língua. O processo de mudança é gradual: uma variante inicialmente utilizada por um grupo restrito de falantes passa a ser adotada por indivíduos socioeconomicamente mais expressivos. A forma antiga permanece ainda entre as gerações mais velhas, período em que as duas variantes convivem; porém com o tempo a nova variante torna-se normal na fala, e finalmente consagra-se pelo uso, na modalidade escrita. As mudanças podem ser de grafia ou de significado. Variação geográfica: refere-se a diferentes formas de pronúncia, às diferenças de vocabulário e de estrutura sintática entre regiões. Dentro de uma comunidade mais ampla, formam-se comunidades linguísticas menores, em torno de centros polarizadores da cultura, da política e da economia, que acabam por definir os padrões lingüísticos utilizados na região sob sua influência. As diferenças linguísticas entre as regiões são graduais, nem sempre coincidindo com as fronteiras geográficas. Variação social: agrupa alguns fatores de diversidade: o nível socioeconômico, o grau de educação, a idade e o gênero do indivíduo. A variação social não compromete a compreensão entre indivíduos, como poderia acontecer na variação regional. O uso de certas variantes pode indicar qual o nível socioeconômico de uma pessoa, e há a possibilidade de que alguém, oriundo de um grupo menos favorecido, venha a atingir o padrão de maior prestígio. Variação estilística: refere-se às diferentes circunstâncias de comunicação em que se coloca um mesmo indivíduo: o ambiente em que se encontra (familiar ou profissional, por exemplo) o tipo de assunto tratado e quem são os receptores. Sem levar em conta as graduações intermediárias, é possível identificar dois limites extremos de estilo: o informal, quando há um mínimo de reflexão do indivíduo sobre as normas linguísticas, utilizado nas conversações imediatas do cotidiano; e o formal, em que o grau de reflexão é máximo, utilizado em conversações que não são do dia-a-dia e cujo conteúdo é mais elaborado e complexo. Não se deve confundir o estilo formal e informal com língua escrita efalada, pois os dois estilos ocorrem em ambas as formas de comunicação. Níveis das variações: Fonética: alteração na pronúncia das palavras. Ex: planta/pranta; vossa mercê/ você/ocê/cê. Morfológica: alteração na forma das palavras. Ex: Verão/ verãos, limão/limões (oposição aos – ões). Sintática: alteração na correlação entre as palavras. Ex: Os meninos fizeram o dever. / Os menino fez o dever. Lexical: alteração na escolha das palavras. Ex: mandioca /aipim; “Choveu direto essa semana”/ “Choveu todos os dias nesta semana” Existem diversas formas de se dizer a mesma coisa em um mesmo contexto e com o mesmo valor de verdade. LABOV, 1972
  • 28. 28 Atividade para reflexão linguística: Seu dotô me conhece ? Patativa do Assaré Seu dotô, só me parece Que o sinhô não me conhece, Nunca sôbe que sou eu, Nunca viu minha paioça, Minha muié, minha roça E os fio que Deus me deu. Se não sabe, escute agora, Que vou contá minha história, Tenha bondade de uvi: Eu sou da crasse matuta, Da crasse que não desfruta Das riqueza do Brasi. 1) Identifique os exemplos de variação linguística no poema e defina o nível da variação. 2) Caso o poema fosse redigido na variedade culta da língua portuguesa, o que se perderia no que tange ao objetivo do poema? A GRAMÁTICA Toda língua possui uma estrutura, ou seja, todos os seus elementos estão intimamente ligados. Uma língua é, não só um conjunto de palavras, mas também um conjunto de regras, aprendidas desde cedo, que permite aos falantes construir e decodificar enunciados. O conjunto dessas regras é chamado de gramática. Todo falante tem o conhecimento natural da gramática de sua língua. No entanto, paralelamente a essa gramática natural, tem-se a gramática normativa. A gramática normativa é um conjunto de regras sistematizadas que estabelecem um determinado uso da língua, chamado de uso culto, norma culta, ou norma padrão. Essas regras impõem um padrão de linguagem a ser seguido pelos falantes, já que possui um prestígio social. GRAMATICALIDADE E AGRAMATICALIDADE Como visto anteriormente, não há certo ou errado dentro das variedades linguísticas. Falar “nóis vai” ao invés de “nós vamos” é apenas uma variação, embora “nós vamos” tenha mais prestígio social. Sendo assim, dentro da linguagem, tem-se a noção de gramaticalidade e agramaticalidade para aquilo que atende ou não às regras naturais da língua. GRAMATICAL AGRAMATICALGRAMÁTICA NORMATIVA GRAMÁTICA NATURAL Assisti ao jogo. Assisti o jogo. Jogo o assisti. Disseram-me a verdade. Me disseram a verdade. Disseram verdade me a. Todas as variedades constituem sistemas linguísticos perfeitamente adequados para a expressão das necessidades comunicativas e cognitivas dos falantes, das as práticas sociais e os hábitos culturais de suas comunidades. O preconceito linguístico e uma forma de discriminação que deve ser combatida.
  • 29. 29 Fala e escrita A língua falada e a língua escrita, embora sejam expressões de um mesmo idioma, apresentam características que nos permite a identificação de suas particularidades. Apesar da divisão (de cunho didático), as duas modalidades formam um contínuo linguístico, que é bastante visível em determinados gêneros textuais, como o chat ou bate-papo pela internet ou por mensagens telefônicas. As diferenças entre a fala e a escrita são: FALA ESCRITA contextualizada descontextualizada dependente autônoma implícita explícita redundante condensada não planejada planejada imprecisa precisa não normatizada normatizada fragmentária completa Falo de um modo, mas escrevo de outro?! De fato, falamos de um modo, mas escrevemos de outro, pois língua escrita e língua falada são duas modalidades diferentes de comunicação, tendo cada uma delas suas características próprias. Quando falamos, além das palavras, utilizamos outros elementos como os gestos, os olhares, a expressão do rosto e, principalmente, algo chamado entoação da frase. Pela entoação distinguimos uma frase afirmativa de uma interrogativa, uma frase dita com seriedade de outra dita com ironia, por exemplo. Quando escrevemos, entretanto, não há mais gestos, nem olhares, nem entoação. Sobram apenas as palavras. É por isso que, ao redigirmos relatórios, documentos, resenhas ou quaisquer outros tipos de texto escrito, devemos ter cuidado especial com a pontuação, a ortografia, a concordância e a colocação das palavras. Do contrário, corremos o risco de não sermos devidamente interpretados; nosso texto ficará confuso, comprometendo, assim, a comunicação. É válido ressaltar, também, que a língua escrita não é nem mais nem menos importante que a língua falada. Não existe "superioridade" de uma ou outra. São apenas modalidades diferentes que se realizam em situações diferentes.
  • 30. 30 Morfologia Estrutura das palavras A estrutura interna das palavras RADICAL: é a forma mínima (morfema) que indica o sentido básico de uma palavra. VOGAL TEMÁTICA: é um morfema vocálico que se acrescenta ao radical, preparando-o para receber as desinências. O tema é o acréscimo da vogal temática ao radical. DESINÊNCIAS: são morfemas que correspondem às flexões das palavras variáveis. Podem ser nominais (gênero e número) ou verbais (tempo e modo). AFIXOS: são morfemas que acrescentados ao radical, alteram sua significação básica. Subdividem-se em prefixo, colocado antes do radical (infeliz), e sufixo, colocado depois do radical (felizmente). VOGAL e CONSOANTE DE LIGAÇÃO: são elementos mórficos que não possuem significação gramatical própria, mas são necessários para facilitar ou até possibilitar a pronúncia de determinadas construções (silv-í-cola, pe-z-inho, pobre-t-ão, rat-i-cida, rod-o-via). ALOMORFES: são as variações que os morfemas sofrem (amaria - amaríeis; feliz - felicidade). PROCESSOS DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS PALAVRAS PRIMITIVAS - não derivam de outras (casa, flor) PALAVRAS DERIVADAS - derivam de outras (casebre, florzinha) PALAVRAS SIMPLES - só possuem um radical (couve, flor) PALAVRAS COMPOSTAS - possuem mais de um radical (couve-flor) As palavras são formadas por: COMPOSIÇÃO - processo em que ocorre a junção de dois ou mais radicais. São dois tipos de composição: a) justaposição: quando não ocorre a alteração fonética. Ex: girassol, sexta-feira. b) aglutinação: quando ocorre a alteração fonética, com perda de elementos. Ex: pernalta, de perna + alta. DERIVAÇÃO - processo em que a palavra primitiva (1º radical) sofre o acréscimo de afixos. São cinco tipos de derivação: a) prefixal: acréscimo de prefixo à palavra primitiva. Ex: in-útil. b) sufixal: acréscimo de sufixo à palavra primitiva. Ex: clara-mente. c) parassintética ou parassíntese: acréscimo simultâneo de prefixo e sufixo, à palavra primitiva.
  • 31. 31 Ex: em - lata - ado. d) regressiva: redução da palavra primitiva. Nesse processo, formam-se substantivos abstratos por derivação regressiva de formas verbais. Ex: ajuda / de ajudar. e) imprópria: alteração da classe gramatical da palavra primitiva . Ex: "o jantar" - de verbo para substantivo. A língua portuguesa também possui outros processos para formação de palavras: HIBRIDISMO: palavras compostas ou derivadas, constituídas por elementos originários de línguas diferentes. Ex: automóvel e monóculo (grego e latim) ONOMATOPÉIA: reprodução imitativa de sons. Ex: pingue-pingue, zunzum, miau. ABREVIAÇÃO VOCABULAR: redução da palavra até o limite de sua compreensão. Ex: metrô, moto, pneu, extra, dr., obs. SIGLAS: a formação de siglas utiliza as letras iniciais de uma seqüência de palavras. Ex:Academia Brasileira de Letras- ABL;Partido do Trabalhador- PT. NEOLOGISMO: nome dado ao processo de criação de novas palavras. CLASSES DE PALAVRAS As palavras são classificadas de acordo com as funções exercidas nas orações. Podemos classificá-las em: substantivo, adjetivo, pronome, verbo, artigo, numeral, advérbio, preposição, interjeição e conjunção. 1) SUBSTANTIVO É uma palavra que designa um ser real ou imaginário. COMUM, COLETIVO E PRÓPRIO a) Substantivo comum: faz referência a todos os seres de uma espécie, designando-os em termos de suas propriedades essenciais. Ex: casa, mesa, água. b) Substantivo coletivo: designa um conjunto de coisas ou seres de uma espécie ou corporações sociais e religiosas agrupadas para determinado fim. Apresenta-se de forma singular.
  • 32. 32 Ex: Bando (de aves) c) Substantivo próprio: faz referência a seres particulares, únicos, dentre aqueles de uma mesma espécie. Ex: Carlos, Patrícia, Espírito Santo, Botafogo. CONCRETO E ABSTRATO a) Substantivo concreto: designa os seres que têm uma existência independente, real ou imaginária. Ex: pedra, carro, flor, Deus, alma, fada, Pedro. b) Substantivo abstrato: nomeia conceitos como ações, estados, qualidades, sentimentos, sensações, que não têm uma existência independente. Sua manifestação está sempre associada a um ser do qual depende a sua existência. Ex: amor, felicidade, beleza, ódio, doença. FLEXÕES DOS SUBSTANTIVOS GÊNERO: masculino ou feminino. NÚMERO: singular ou plural. GRAU: normal, diminutivo ou aumentativo. 2) ADJETIVO É a palavra variável que atribui uma especificação ao substantivo, caracterizando-o. Pode indicar uma qualidade, um estado, a aparência ou um modo de ser dos referentes dos substantivos. Concorda em gênero e número com o substantivo que determina. ADJETIVOS PÁTRIOS: são os adjetivos derivados de substantivos que se referem a países, estados, províncias, regiões, cidades, aldeias, vilas, povoados etc. Ex: Nordestino, brasileiro, acreano, mineiro, sergipano, carioca. LOCUÇÃO ADJETIVA: conjunto de palavras (geralmente preposições+ substantivos ou preposições+advérbios) com valor e função de adjetivo. Ex: estar com fome = estar faminto, andar de cima = andar superior, indivíduo sem caráter. FLEXÕES DOS ADJETIVOS GÊNERO: uniforme (inteligente) ou biforme (honesto, honesta). NÚMERO: singular ou plural. GRAU: comparativo e superlativo. O grau comparativo refere-se a uma mesma qualidade entre dois ou mais seres, duas ou mais qualidades de um mesmo ser. Pode ser de igualdade: tão alto quanto (como / quão); de superioridade: mais alto (do) que (analítico) / maior (do) que (sintético) e de inferioridade: menos alto (do) que. O grau superlativo exprime qualidade em grau muito elevado ou intenso. Pode ser classificado como absoluto, quando a qualidade não se refere à de outros elementos. Pode ser analítico (acréscimo de advérbio de intensidade) ou sintético (-íssimo, -érrimo, -ílimo). (muito alto X altíssimo). 3) ARTIGO É a palavra variável em gênero e número que se antepõe aos substantivos, determinando-os. A determinação operada pelo artigo pode ser definida ou indefinida. ARTIGO DEFINIDO - o, a, os, as: um ser claramente determinado entre outros da mesma espécie.
  • 33. 33 ARTIGO INDEFINIDO - um, uma, uns, umas: um ser qualquer entre outros de mesma espécie. Podem aparecer combinados com preposições: numa, do, à, entre outros. 4) NUMERAL É uma classe especial de palavras que indica quantidade, número de ordem, múltiplo ou fração. Classifica-se como: CARDINAL: 1, 2, 3, ... ORDINAL : primeiro, segundo, terceiro,... MULTIPLICATIVO: dobro, duplo, triplo, ... FRACIONÁRIO: meio, metade, terço,... COLETIVOS: dezena, dúzia, par... Quanto ao valor, os numerais podem apresentar valor adjetivo ou substantivo. Se estiverem acompanhando e modificando um substantivo, terão valor adjetivo. Já se estiverem substituindo um substantivo e designando seres, terão valor substantivo. Ex: Ele foi o primeiro jogador a chegar. (valor adjetivo) Ele será o primeiro desta vez. (valor substantivo). 5) INTERJEIÇÃO É uma palavra invariável que expressa estados emocionais do falante, variando de acordo com o contexto emocional. LOCUÇÕES INTERJETIVAS: puxa vida!, não diga!, que horror!, graças a Deus!, ora bolas!, cruz credo! 6) PRONOME É palavra variável que identifica os participantes da interlocução e os seres, eventos ou situações aos quais o discurso faz referência, substituindo ou acompanhando um substantivo. PESSOAS DO DISCURSO: 1ª pessoa - aquele que fala, emissor. 2ª pessoa - aquele com quem se fala, receptor. 3ª pessoa - aquele de que ou de quem se fala, referente. PRONOME SUBSTANTIVO: substitui um substantivo. Ex: Ele prestou socorro. PRONOME ADJETIVO: acompanha um substantivo. Ex: Aquele rapaz é belo. PRONOME PESSOAL: faz referência explícita e direta às pessoas do discurso. EXPRESSÃO INTERJEIÇÃO EXPRESSÃO INTERJEIÇÃO ALEGRIA ah!, oh!, oba! APLAUSO bravo!, bis!, mais um! ADVERTÊNCIA cuidado!, atenção CHAMAMENTO alô!, olá!, psit! AFUGENTAMENTO fora!, rua!, passa!, xô! DESEJO oxalá!, tomara! / dor - ai!, ui! ALÍVIO ufa!, arre! ESPANTO puxa!, oh!, chi!, ué! ANIMAÇÃO coragem!, avante!, eia! IMPACIÊNCIA hum!, hem! SILÊNCIO silêncio!, psiu!, quieto!
  • 34. 34 PRONOMES PESSOAIS PESSOAS DO DISCURSO RETOS PRONOMES OBLÍQUOS ÁTONOS TÔNICOS Singul ar 1ª 2ª 3ª eu tu ele, ela me te o, a, lhe se mim, comigo ti, contigo ele, ela si, consigo Plural 1ª 2ª 3ª nós vós eles,el as nos vos os, as, lhes se nós, conosco vós, convosco eles, elas si, consigo Os pronomes pessoais retos desempenham a função de sujeito ou predicativo do sujeito. Os pronomes pessoais oblíquos desempenham funções de objeto direto, objeto indireto, complemento nominal, adjunto adverbial ou agente da passiva. Os pronomes oblíquos tônicos devem vir regidos de preposição. Os pronomes oblíquos átonos atuam, sintaticamente, como complementos de verbos e a posição que ocupam na sentença variam. Eles podem aparecer em posição de ênclise (após o verbo do qual é complemento); em posição de próclise (antes do verbo) ou em posição de mesóclise (entre a forma derivada do infinitivo e as desinências modo-temporais e número-pessoais no futuro do presente e futuro do pretérito). Ex: Ênclise: Faça-me o favor de não chegar atrasado à aula. Próclise: Ontem o vi no cinema. Mesóclise: Emprestar-lhe-ei os discos para a festa. Atenção! Na oralidade, é comum utilizar o pronome oblíquo átono no início da sentença.
  • 35. 35 PRONOME DE TRATAMENTO: palavra ou locução que funciona como verdadeiro pronome pessoal e é utilizada para designar o interlocutor. Ex: Vossa Excelência, Vossa Alteza, Vossa Senhoria. PRONOME POSSESSIVO: faz referência às pessoas do discurso, indicando uma relação de posse. Os pronomes possessivos, normalmente, ocorrem antes do nome a que se refere; podendo, também, vir depois do substantivo que determina. Neste último caso, pode até alterar o sentido da frase. Meu filho não anda de moto. X Filho meu não anda de moto. PRONOME DEMONSTRATIVO: faz referência às pessoas do discurso, estabelecendo, entre elas e os seres por ele designado, uma relação de proximidade ou distanciamento, no tempo e no espaço. Também são pronomes demonstrativos: mesmo(a)(s), próprio(a)(s), semelhante(s) e tal (tais) quando determinam substantivos. Ex: Ele já sabia que tais boatos iriam circular após a separação. Os demonstrativos podem ocorrer combinados com as preposições de e em: deste, neste, disto, nisto, desse, nesse, disso, nisso, daquele, naquele, daquilo, naquilo. PRONOME INDEFINIDO: faz referência à 3ª pessoa do discurso de uma maneira indefinida, vaga, imprecisa e genérica. Alguns pronomes indefinidos podem variar quanto ao gênero e número, outros variam apenas quanto ao número e outros são invariáveis. VARIÁVIES INVARIÁVEISGÊNERO E NÚMERO (A/S) NÚMERO (S) todo, algum, vários, nenhum, certo, outro, muito, pouco, quanto, tanto, um. Qualquer (quaisquer), qual(quais), bastante (bastantes) quem, alguém, ninguém, outrem, que, algo, tudo, nada, cada, mais, menos, demais UM POSSUIDOR VÁRIOS POSSUIDORES PESSOA GÊNERO NÚMERO SINGULAR PLURAL SINGULAR PLURAL 1ª pessoa Masc. Fem. meu minha Meus minhas Nosso nossa Nossos nossas 2ª pessoa Masc. Fem. teu tua teus tuas vosso vossa vossos vossas 3ª pessoa Masc. Fem. seu sua seus suas seu sua seus suas VARIÁVEIS INVARIÁVEISMASCULINO FEMININO SINGULAR PLURAL SINGULAR PLURAL Este Estes Esta Estas Isto Esse Esses Essa Essas Isso aquele aqueles aquela aquelas aquilo
  • 36. 36 PRONOME RELATIVO: faz referência a algum elemento anteriormente mencionado no texto, considerado seu antecedente, com o qual estabelece uma relação anafórica e introduz uma oração subordinada adjetiva. Os pronomes relativos podem ser variáveis ou invariáveis. VARIÁVIES (A/S) INVARIÁVEIS o qual, cujo, quanto que, quem, onde, quando, como O pronome cujo (a/s) é empregado para dar a idéia de posse entre o antecedente e o termo que eles especificam. Seu sentido equivale ao de de quem, do qual, de que. Ex: Nunca coma em um restaurante cujo cozinheiro almoça fora.(o cozinheiro do restaurante) O pronome onde é relativo quando indica lugar e pode ser substituído por em que. Ex: Quero comprar uma casa com um quintal onde (em que) eu possa construir uma piscina. PRONOME INTERROGATIVO: é usado nas perguntas diretas ou indiretas e faz referência à 3ª pessoa do discurso. São pronomes interrogativos: que, quem, qual, quanto. Ex: Pergunta direta: Que são pronomes interrogativos? Pergunta indireta: O professor perguntou ao aluno que são pronomes interrogativos. 7) PREPOSIÇÃO É a palavra invariável que conecta termos de sintagmas, estabelecendo entre eles uma relação de dependência. Divide-se em essenciais (exclusivamente preposições) ou acidentais (palavras de outras classes, mas que funcionam como preposições). ESSENCIAIS ACIDENTAIS a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, per, perante, por, sem, sob, sobre, trás afora, como, conforme, consoante, durante, exceto, fora, salvo, segundo, senão, mediante, visto etc. Quanto ao emprego, as preposições podem ser usadas em: COMBINAÇÃO: ocorre quando a preposição a junta-se ao artigo masculino singular (ao) ou plural (aos). Nesse caso, não há perda fonética. CONTRAÇÃO: ocorre quando, ao combinar-se com outra palavra, a preposição sofre alguma modificação em sua constituição fonológica. Há, portanto, perda fonética (na/aquela> naquela). LOCUÇÕES PREPOSITIVAS: são duas ou mais palavras que funcionam solidariamente com o sentido de preposições. Em geral, são formadas de advérbio (ou locução adverbial) + preposição: abaixo de, acerca de, a fim de, além de, defronte a, ao lado de, apesar de, através de, de acordo com, em vez de, junto de, perto de, até a, a par de, devido a. Observa-se que a última palavra da locução prepositiva é sempre uma preposição, enquanto a última palavra de uma locução adverbial nunca é preposição. 8) CONJUNÇÃO É a palavra que liga duas orações ou termos de mesma função na oração. Quando a conjunção exerce seu papel de ligar as orações, estabelece entre elas uma relação de coordenação (“independência”) ou subordinação (dependência). As conjunções classificam-se em: CONJUNÇÕES COORDENATIVAS: aquelas que ligam duas orações independentes (coordenadas), ou dois termos que exercem a mesma função sintática dentro da oração. Apresentam cinco tipos:
  • 37. 37 TIPOS IDEIA CONJUNÇÕES ADITIVAS adição e, nem, mas também, como também, bem como, mas ainda ADVERSATIVAS contraste, oposição mas, porém, contudo, no entanto, entretanto, todavia, antes (= pelo contrário), não obstante, apesar disso ALTERNATIVAS alternância ou exclusão ou, ou...ou, ora...ora, seja... seja, quando... quando, já... já CONCLUSIVAS conclusão pois, logo, portanto, por isso, por conseguinte. EXPLICATIVAS explicação porque, que CONJUNÇÕES SUBORDINATIVAS: aquelas que ligam duas orações dependentes, subordinando uma à outra. Apresentam dez tipos: TIPOS IDEIA CONJUNÇÕES INTEGRANTES “introdutórias de orações subordinadas substantivas” que, se, como CAUSAIS causa porque, como, uma vez que, já que, que, porquanto, visto que, pois que CONCESSIVAS concessão embora, ainda que, mesmo que, apesar de que, conquanto, posto que, se bem que CONDICIONAIS condição ou hipótese se, desde que, contanto que, caso, conquanto que, a não ser que, a menos que, sem que, salvo se, dado que CONFORMATIVAS conformidade conforme, segundo, como, consoante COMPARATIVAS comparação como, mais...do que, menos...do que CONSECUTIVAS consequência de forma que, de sorte que, que, de maneira que, de tal modo que, sem que FINAIS finalidade a fim de que, que, porque, para que PROPORCIONAIS proporção à medida que, à proporção que, ao passo que TEMPORAIS tempo quando, depois que, desde que, logo que, assim que, antes que, até que, enquanto que, primeiro que, depois que, sempre que 9) ADVÉRBIO É a palavra invariável que se associa ao verbo, indicando as circunstâncias da ação verbal; aos adjetivos, intensificando as qualidades por eles expressas; e a outros advérbios, intensificando o seu sentido. Os advérbios podem expressar circunstâncias de: LUGAR: longe, junto, acima, ali, lá, atrás, alhures. TEMPO: breve, cedo, já, agora, outrora, imediatamente, ainda. MODO: bem, mal, melhor, pior, devagar, a maioria dos advérbios com sufixo –mente. DÚVIDA: quiçá, talvez, provavelmente, porventura, possivelmente. INTENSIDADE: muito, pouco, bastante, mais, meio, quão, demais, tão. AFIRMAÇÃO: sim, certamente, deveras, com efeito, realmente, efetivamente. NEGAÇÃO: não, qual nada, tampouco, absolutamente.
  • 38. 38 LOCUÇÕES ADVERBIAIS: são expressões constituídas de duas ou mais palavras que exercem função adverbial. Resultam geralmente da combinação preposição + (artigo) + substantivo ou de preposição + (artigo) + advérbio. 10) VERBO É a palavra que pode variar em número, pessoa, modo, tempo e voz, indicando ações, processos, estados, mudanças de estado e manifestações de fenômenos da natureza. FLEXÃO VERBAL NÚMERO: singular ou plural. PESSOA: 1ª, 2ª ou 3ª. MODO: indicativo (certeza de um fato ou estado), subjuntivo (possibilidade ou desejo de realização de um fato ou incerteza do estado) e imperativo (expressa ordem, advertência ou pedido). TEMPO: pretérito (perfeito, imperfeito, mais- que prefeito), presente e futuro (futuro de presente e futuro do pretérito). VOZ: ativa, passiva e reflexiva. FORMAS NOMINAIS DO VERBO INFINITIVO: tem valor equivalente ao de um substantivo. EX: Preservar a natureza ( a preservação da natureza). GERÚNDIO: tem valor adverbial ou adjetivo. Ex: O menino machucou jogando bola( no momento em que jogava bola). PARTICÍPIO: tem valor equivalente ao de um adjetivo Ex: Todo livro deve ser lido criticamente.
  • 39. 39 VOZES VERBAIS ATIVA: sujeito é agente da ação verbal. Ex: O menino atravessou a rua. PASSIVA: sujeito é paciente da ação verbal. ANALÍTICA: verbo auxiliar + particípio do verbo principal. Ex: O doce foi comido. SINTÉTICA: na 3ª pessoa do singular ou plural + SE (partícula apassivadora). Ex: Comeu-se o doce. REFLEXIVA: sujeito é ao mesmo tempo agente e paciente da ação verbal. Ex: Depois das denúncias, o governador demitiu-se de suas funções. Na transformação da voz ativa na passiva, a variação temporal é indicada pelo auxiliar (ser, na maioria das vezes). Ex: Ele fez o trabalho - O trabalho foi feito por ele. CLASSIFICAÇÃO DOS VERBOS Os verbos são classificados de acordo com a maneira como se comportam com relação ao paradigma da conjugação à qual pertencem. Em função da vogal temática, podem-se criar três paradigmas verbais. REGULARES: seguem o paradigma verbal de sua conjugação; Ex: amar, comer, partir. IRREGULARES: não seguem o paradigma verbal da conjugação a que pertencem. As irregularidades podem aparecer no radical ou nas desinências. Ex: ouvir - ouço/ouve, estar - estou/estão. Entre os verbos irregulares, destacam-se os anômalos que apresentam profundas irregularidades. São classificados como anômalos em todas as gramáticas os verbos ser e ir. DEFECTIVOS: não são conjugados em determinadas pessoas, tempo ou modo. Ex: falir - no presente do indicativo só apresenta a 1ª e a 2ª pessoa do plural. ABUNDANTES - apresentam mais de uma forma para uma mesma flexão. Ex: aceito/aceitado, acendido/aceso. tenho/hei aceitado X é/está aceito VERBOS AUXILIARES: juntam-se ao verbo principal ampliando sua significação. Presentes nos tempos compostos e locuções verbais. Ex: Tenho estudado, haviam dito, precisamos vencer. TEMPOS VERBAIS Tomando-se como referência o momento em que se fala, a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos tempos. TEMPOS DO INDICATIVO Presente - Expressa um fato atual. Ex: Eu estudo neste colégio.
  • 40. 40 Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual mas que não foi completamente terminado. Ex: Ele estudava as lições quando foi interrompido. Pretérito Perfeito (simples) - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual e que foi totalmente terminado. Ex: Ele estudou as lições ontem à noite. Pretérito Perfeito (composto) - Expressa um fato que teve início no passado e que pode se prolongar até o momento atual. Ex: Tenho estudado muito para os exames. Pretérito-Mais-Que-Perfeito - Expressa um fato ocorrido antes de outro fato já terminado. Ex: Ele já tinha estudado as lições quando os amigos chegaram. (forma composta) Ele já estudara as lições quando os amigos chegaram. (forma simples) Futuro do Presente (simples) - Enuncia um fato que deve ocorrer num tempo vindouro com relação ao momento atual. Ex: Ele estudará as lições amanhã. Futuro do Presente (composto) - Enuncia um fato que deve ocorrer posteriormente a um momento atual mas já terminado antes de outro fato futuro. Ex: Antes de bater o sinal, os alunos já terão terminado o teste. Futuro do Pretérito (simples) - Enuncia um fato que pode ocorrer posteriormente a um determinado fato passado. Ex: Se eu tivesse dinheiro, viajaria nas férias. Futuro do Pretérito (composto) - Enuncia um fato que poderia ter ocorrido posteriormente a um determinado fato passado. Ex: Se eu tivesse chegado a tempo, não teria perdido o avião. TEMPOS DO SUBJUNTIVO Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no momento atual. Ex: É conveniente que estudes para o exame. Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado mais posterior a outro já ocorrido. Ex: Eu esperava que ele vencesse o jogo. * O pretérito imperfeito é também usado nas construções em que se expressa a ideia de condição ou desejo. Ex: Se ele viesse ao clube, participaria do campeonato. Pretérito Perfeito (composto) - Expressa um fato totalmente terminado num momento passado. Ex: Embora tenha estudado bastante, não passou no teste.
  • 41. 41 Pretérito Mais-Que-Perfeito (composto) - Expressa um fato ocorrido antes de outro fato já terminado. Ex: Embora o teste já tivesse começado, alguns alunos puderam entrar na sala de exames. Futuro do Presente (simples) - Enuncia um fato que pode ocorrer num momento futuro em relação ao atual. Ex: Quando ele vier à loja, levará as encomendas. *O futuro do presente é também usado em frases que indicam possibilidade ou desejo. Ex: Se ele vier à loja, levará as encomendas. Futuro do Presente (composto) - Enuncia um fato posterior ao momento atual mas já terminado antes de outro fato futuro. Ex: Quando ele tiver saído do hospital, nós o visitaremos. FORMAÇÃO DOS TEMPOS SIMPLES Primitivos: Presente do indicativo, Pretérito perfeito do indicativo, Infinitivo impessoal Derivados do Presente do Indicativo: Presente do subjuntivo, Imperativo afirmativo, Imperativo negativo. Derivados do Pretérito Perfeito do Indicativo:Pretérito mais-que-perfeito do indicativo, Pretérito imperfeito do subjuntivo, Futuro do subjuntivo. Derivados do Infinitivo Impessoal: Futuro do presente do indicativo, Futuro do pretérito do indicativo, Imperfeito do indicativo, Gerúndio, Particípio. TEMPOS PRIMITIVOS PRESENTE DO INDICATIVO 1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Desinência pessoal CANTAR VENDER PARTIR cantO vendO partO O cantaS vendeS parteS S canta vende parte - cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS cantaIS vendeIS partIS IS cantaM vendeM parteM M PRETÉRITO PERFEITO DO INDICATIVO 1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Desinência pessoal CANTAR VENDER PARTIR canteI vendI partI I cantaSTE vendeSTE partISTE STE cantoU vendeU partiU U cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS cantaSTES vendeSTES partISTES STES cantaRAM vendeRAM partiRAM RAM
  • 42. 42 INFINITIVO IMPESSOAL 1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação CANTAR VENDER PARTIR TEMPOS DERIVADOS DO PRESENTE DO INDICATIVO PRESENTE DO SUBJUNTIVO 1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Des. temporal Des. temporal Desinência pessoal 1ª conj. 2ª/3ª conj. CANTAR VENDER PARTIR cantE vendA PartA E A Ø cantES vendAS partaAS E A S cantE vendA PartaA E A Ø cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS cantEIS vendAIS partAIS E A IS cantEM vendAM partAM E A M IMPERATIVO IMPERATIVO AFIRMATIVO OU POSITIVO Presente do Indicativo Imperativo Afirmativo Presente do Subjuntivo Eu canto --- Que eu cante Tu cantas CantA tu Que tu cantes Ele canta Cante você Que ele cante Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos Vós cantais CantAI vós Que vós canteis Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem IMPERATIVO NEGATIVO Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo Que eu cante --- Que tu cantes Não cantes tu Que ele cante Não cante você Que nós cantemos Não cantemos nós Que vós canteis Não canteis vós Que eles cantem Não cantem eles
  • 43. 43 TEMPOS DERIVADOS DO PRETÉRITO PERFEITO DO INDICATIVO PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO 1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal 1ª/2ª e 3ª conj. CANTAR VENDER PARTIR cataRA vendeRA partiRA RA Ø cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S cantaRA vendeRA partiRA RA Ø cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M PRETÉRITO IMPERFEITO DO SUBJUNTIVO 1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal 1ª /2ª e 3ª conj. CANTAR VENDER PARTIR cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíSSEMOS SSE MOS cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS cantaSSEM vendeSSEM partiSSEM SSE M FUTURO DO SUBJUNTIVO 1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal 1ª /2ª e 3ª conj. CANTAR VENDER PARTIR cantaR vendeR partiR Ø cantaRES vendeRES partiRES R ES cantaR vendeR partiR R Ø cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES cantaREM VendeREM PartiREM R EM
  • 44. 44 TEMPOS DERIVADOS DO INFINITIVO IMPESSOAL FUTURO DO PRESENTE DO INDICATIVO FUTURO DO PRETÉRITO DO INDICATIVO 1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação CANTAR VENDER PARTIR cantarIA venderIA partirIA cantarIAS venderIAS partirIAS cantarIA venderIA partirIA cantaríamos venderÍAMOS partirÍAMOS cantarÍEIS venderÍEIS partirÍEIS cantarIAM venderIAM partirIAM INFINITIVO PESSOAL 1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação CANTAR VENDER PARTIR cantar vender partir cantarES venderES partirES cantar vender partir cantarMOS venderMOS partirMOS cantarDES venderDES partirES cantarEM venderEM partirEM TEMPOS COMPOSTOS São formados por locuções verbais que têm como auxiliares os verbos ter e haver e o verbo principal no particípio. Pretérito Perfeito Composto do Indicativo É a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Presente do Indicativo e o principal no particípio, indicando fato que tem ocorrido com frequência ultimamente. Ex: Eu tenho estudado demais ultimamente. 1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação CANTAR VENDER PARTIR cantar ei vender ei partir ei cantar ás vender ás partir ás cantar á vender á partir á cantar emos vender emos partir emos cantar eis vender eis partir eis cantar ão vender ão partir ão
  • 45. 45 Pretérito Perfeito Composto do Subjuntivo: É a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Presente do Subjuntivo e o principal no particípio, indicando desejo de que algo já tenha ocorrido. Ex: Espero que você tenha estudado o suficiente, para conseguir a aprovação. Pretérito Mais-que-perfeito Composto do Indicativo: É a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Pretérito Imperfeito do Indicativo e o principal no particípio, tendo o mesmo valor que o Pretérito Mais-que-perfeito do Indicativo simples. Ex: Eu já tinha estudado no Maxi, quando conheci Magali. Pretérito Mais-que-perfeito Composto do Subjuntivo: É a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Pretérito Imperfeito do Subjuntivo e o principal no particípio, tendo o mesmo valor que o Pretérito Imperfeito do Subjuntivo simples. Ex: Eu teria estudado no Maxi, se não me tivesse mudado de cidade. Futuro do Presente Composto do Indicativo: É a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Futuro do Presente simples do Indicativo e o principal no particípio, tendo o mesmo valor que o Futuro do Presente simples do Indicativo. Ex: Amanhã, quando o dia amanhecer, eu já terei partido. Futuro do Pretérito Composto do Indicativo: É a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Futuro do Pretérito simples do Indicativo e o principal no particípio, tendo o mesmo valor que o Futuro do Pretérito simples do Indicativo. Ex: Eu teria estudado no Maxi, se não me tivesse mudado de cidade. Futuro Composto do Subjuntivo: É a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Futuro do Subjuntivo simples e o principal no particípio, tendo o mesmo valor que o Futuro do Subjuntivo simples. Ex: Quando você tiver terminado sua série de exercícios, eu caminharei 6 Km. Infinitivo Pessoal Composto: É a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Infinitivo Pessoal simples e o principal no particípio, indicando ação passada em relação ao momento da fala. Ex: Para você ter comprado esse carro, necessitou de muito dinheiro. LOCUÇÕES VERBAIS Outro tipo de conjugação composta - também chamada conjugação perifrástica - são as locuções verbais, constituídas de verbos auxiliares mais gerúndio ou infinitivo. São conjuntos de verbos que, numa frase, desempenham papel equivalente ao de um verbo único. Nessas locuções, o último verbo, chamado principal, surge sempre numa de suas formas nominais; as flexões de tempo, modo, número e pessoa ocorrem nos verbos auxiliares. Ex: Estou lendo o jornal. Marta veio correndo: o noivo acabara de chegar. Ninguém poderá sair antes do término da sessão. A língua portuguesa apresenta uma grande variedade dessas locuções, conseguindo exprimir por meio delas os mais variados matizes de significado. Ser (estar, em algumas construções) é usado nas locuções verbais que exprimem a voz passiva analítica do verbo. Poder e dever são auxiliares que exprimem a potencialidade ou a necessidade de que determinado processo se realize ou não. Ex: Pode ocorrer algo inesperado durante a festa. Deve ocorrer algo inesperado durante a festa. Outro auxiliar importante é querer, que exprime vontade, desejo. Ex: Quero ver você hoje.
  • 46. 46 Também são largamente usados como auxiliares: começar a, deixar de, voltar a, continuar a, pôr-se a, ir, vir e estar, todos ligados à noção de aspecto verbal. ASPECTO VERBAL No que se refere ao estudo de valor e emprego dos tempos verbais, é possível perceber diferenças entre o pretérito perfeito e o pretérito imperfeito do indicativo. A diferença entre esses tempos é uma diferença de aspecto, pois está ligada à duração do processo verbal. Observe: Quando o vi, cumprimentei-o. O aspecto é perfeito, pois o processo está concluído. Quando o via cumprimentava-o. O aspecto é imperfeito, pois o processo não tem limites claros, prolongando-se por período impreciso de tempo. O presente do indicativo e o presente do subjuntivo apresentam aspecto imperfeito, pois não impõem precisos ao processo verbal. Ex: Faço isso sempre. É provável que ele faça isso sempre. Já o pretérito mais-que-perfeito, como o próprio nome indica, apresenta aspecto perfeito em suas várias formas do indicativo e do subjuntivo, pois traduz processos já concluídos. Ex: Quando atingimos o topo da montanha, encontramos a bandeira que ele fincara ( ou havia fincado) dois dias antes. Se tivéssemos chegado antes, teríamos conseguido fazer o exame. Outra informação aspectual que a oposição entre o perfeito e imperfeito pode fornecer diz respeito à localização do processo no tempo. Os tempos perfeitos podem ser usados para exprimir processos localizados nos ponto. Os tempos perfeitos podem ser usados para exprimir processos localizados num ponto preciso do tempo: Ex: No momento em que o vi, acenei-lhe. Tinha-o cumprimentado logo que o vira. Já os tempos imperfeitos podem indicar processos frequentes e repetidos: Ex: Sempre que saía, trancava todas as portas. O aspecto permite a indicação de outros detalhes relacionados com a duração do processo verbal. Ex: Tenho encontrado problemas em meu trabalho. Esse tempo, conhecido como pretérito perfeito composto do indicativo, indica um processo repetido ou frequente, que se prolonga até o presente. Ex: Estou almoçando. A forma composta pelo auxiliar estar seguido do gerúndio do verbo principal indica um processo que se prolonga. É largamente empregada na linguagem cotidiana, não só no presente, mas também em outros tempos (estava almoçando, estive almoçando, estarei almoçando, etc.). Obs.: em Portugal, costuma-se utilizar o infinitivo precedido da preposição a em lugar do gerúndio. Ex: Estou a almoçar. As formas compostas: estará resolvido e estaria resolvido, conhecidas como futuro do presente e futuro do pretérito compostos do indicativo, exprimem processo concluído - é a ideia do aspecto perfeito - ao qual se acrescenta a noção de que os efeitos produzidos permanecem, uma vez realizada a ação. Ex: Tudo estará resolvido quando ele chegar. Tudo estaria resolvido quando ele chegasse.
  • 47. 47 Nas duas locuções destacadas abaixo, mais duas noções ligadas ao aspecto verbal: a indicação do término e do início do processo verbal. Ex: Os animais noturnos terminaram de se recolher mal começou a raiar o dia. As locuções formadas com os auxiliares vir e ir exprimem processos que se prolongam. Ex: Eles vinham chegando à proporção que nós íamos saindo. As locuções destacadas abaixo exprimem o início de um processo interrompido e a interrupção de outro, respectivamente. Ex: Ele voltou a trabalhar depois de deixar de sonhar projetos irrealizáveis.
  • 48. 48 LEITURA Indicação: Livro: Norma Culta Brasileira: desatando alguns nós Autor: Carlos Alberto Faraco Editora: Parábola Ano: 2008 Língua escrita e oral: Não se fala como se escreve "Português é fácil de aprender porque é uma língua que se escreve exatamente como se fala." Alfredina Nery, Especial para a Página 3 Pedagogia e Comunicação 12/09/200719h03 Pois é. U purtuguêis é muinto fáciu di aprender, purqui é uma língua qui a genti iscrevi ixatamenti cumu si fala. Num é cumu inglêis qui dá até vontadi di ri quandu a genti discobri cumu é qui si iscrevi algumas palavras. Im purtuguêis não. É só prestátenção. U alemão pur exemplu. Qué coisa mais doida? Num bate nada cum nada. Até nu espanhol qui é parecidu, si iscrevi muinto diferenti. Qui bom qui a minha língua é u purtuguêis. Quem soubé falá sabi iscrevê. O comentário é do humorista Jô Soares, para a revista Veja. Ele brinca com a diferença entre o português falado e escrito. Na verdade, em todas as línguas, as pessoas falam de um jeito e escrevem de outro. A fala e a escrita são duas modalidades diferentes da língua e é com esse fato que o Jô brincou. Na língua escrita há mais exigências, em relação às regras da gramática normativa. Isso acontece porque, ao falar, as pessoas podem ainda recorrer a outros recursos para que a comunicação ocorra - pode-se pedir que se repita o que foi dito, há os gestos, etc. Já na linguagem escrita, a interação é mais complicada, o que torna necessário assegurar que o texto escrito dê conta da comunicação. A escrita não reflete a fala individual de ninguém e de nenhum grupo social. Por essa razão, a fala e a escrita exigem conhecimentos diferentes. A maioria de nós, brasileiros, falamos, por exemplo, "Eli me ensinô". O português na variante padrão exige, no entanto, que se escreva assim: "Ele me ensinou". Essas diferenças geram muitos conflitos. A leitura de um trecho do poema de Antonino Sales, "Malinculia", mostra as interferências da fala na escrita e como elas não anulam a expressividade poética de suas imagens. Malinculia, Patrão, É um suspiro maguado Qui nace no coração! É o grito safucado Duma sodade iscundida Qui nos fala do passado Sem se torná cunhicida! É aquilo qui se sente Sem se pudê ispricá! Qui fala dentro da gente Mas qui não diz onde istá! (...) (BAGNO, Marcos. "A Língua de Eulália: Uma Novela Sociolinguística) A língua muda, ainda, conforme o grupo social, a região, e o contexto histórico. São as chamadas variações linguísticas. A gíria e o jargão são algumas dessas variações. Texto disponível em <http://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/lingua-escrita-e-oral-nao-se-fala-como-se- escreve.htm> Acesso em 20 de março de 2014, às 17h.
  • 49. 49 FIXAÇÃO 1. (UNICAMP Adaptada) MASSA! “Pô Erundina, massa! Agora que o maneiro Cazuza virou nome num pedaço aqui na Sampa, quem sabe tu te anima e acha aí um point prá botá um nome de Magdalena Tagliaferro, Cláudio Santoro, Jacques Klein, Edoardo de Guarnieri, Guiomar Novaes, João de Souza Lima, Armando Belardie Radamés Gnattali. Esses caras não foi cruner de banda a La ‘Trogloditas do Sucesso’, mas se a tua moçada não manjar quem eles foi dá um look aí na Enciclopédia Britânica ou no Groves Internacional e tu vai sacá que o astral do século 20 musical deve muito a eles.” Júlio Medaglia, di-jei do Teatro Municipal do Rio de Janeiro / (São Paulo, SP) (“Painel do Leitor”, Folha de S. Paulo, 4.10.90) a) Que grupo social pode ser identificado por este estilo? Transcreva as marcas linguísticas características desse grupo, presentes no texto. b) Em que campo da cultura deram contribuição importante os nomes mencionados na carta e que passagem(ns) do texto permite(m) afirmar isso? 2. (FUVEST Adaptada) A tua saudade corta como aço de navaia… O coração fica aflito Bate uma, a outra faia… E os óio se enche d’água Que até a vista se atrapaia, ai, ai… (Fragmento de “Cuitelinho”, canção folclórica) Se a forma do verbo atrapalhar estivesse flexionada de acordo com a norma-padrão, haveria prejuízo para o efeito de sonoridade explorado no final do último verso? Por quê? 3. (ENEM) Para falar e escrever bem, é preciso, além de conhecer o padrão formal da Língua Portuguesa, saber adequar o uso da linguagem ao contexto discursivo. Para exemplificar este fato, seu professor de Língua Portuguesa convida-o a ler o texto “Aí, galera”, de Luís Fernando Veríssimo. No texto, o autor brinca com situações de discurso oral que fogem à expectativa do ouvinte. [...] Jogadores de futebol podem ser vítimas de estereotipação. Por exemplo, você pode imaginar um jogador de futebol dizendo “estereotipação”? E, no entanto, por que não? — Aí, campeão. Uma palavrinha pra galera. — Minha saudação aos aficionados do clube e aos demais esportistas, aqui presentes ou no recesso dos seus lares. — Como é? — Aí, galera. — Quais são as instruções do técnico? — Nosso treinador vaticinou que, com um trabalho de contenção coordenada, com energia otimizada, na zona de preparação, aumentam as probabilidades de, recuperado o esférico, concatenarmos um contragolpe agudo com parcimônia de meios e extrema objetividade, valendo-nos da desestruturação momentânea do sistema oposto, surpreendido pela reversão inesperada do fluxo da ação. — Ahn? — É pra dividir no meio e ir pra cima pra pegá eles sem calça. — Certo. Você quer dizer mais alguma coisa?
  • 50. 50 — Posso dirigir uma mensagem de caráter sentimental, algo banal, talvez mesmo previsível e piegas, a uma pessoa à qual sou ligado por razões, inclusive, genéticas? — Pode. — Uma saudação para a minha progenitora. — Como é? — Alô, mamãe! — Estou vendo que você é um, um… — Um jogador que confunde o entrevistador, pois não corresponde à expectativa de que o atleta seja um ser algo primitivo com dificuldade de expressão e assim sabota a estereotipação? — Estereoquê? — Um chato? — Isso. (Luís Fernando Veríssimo. Correio Braziliense, 13 de maio, 1998.) A expressão “pegá eles sem calça”poderia ser substituída, sem comprometimento de sentido, em língua culta, formal,por: a) pegá-los na mentira. b) pegá-los desprevenidos. c) pegá-los em flagrante. d) pegá-los rapidamente. e) pegá-los momentaneamente. 4. (Unicamp) O trecho abaixo foi extraído de uma crônica em que mãe e filho conversam sobre o presente que ele pretendia lhe dar no Dia das Mães. [...] — Posso escolher meu presente do Dia das Mães, meu fofinho? — Não, mãe. Perde a graça. Este ano, a senhora vai ver. Compro um barato. — Barato? Admito que você compre uma lembrancinha barata, mas não diga isso a sua mãe. É fazer pouco-caso de mim. — lh, mãe, a senhora está por fora mil anos. Não sabe que barato é o melhor que tem, é um barato! — Deixe eu escolher, deixe... — Mãe é ruim de escolha. Olha aquele blazer furado que a senhora me deu no Natal! — Seu porcaria, tem coragem de dizer que sua mãe lhe deu um blazer furado? — Viu? Não sabe nem o que é furado? Aquela cor já era, mãe, já era! [...] ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1988. Em que tipo de variação linguística o autor se apoia para criar as situações humorísticas apresentadas nesse diálogo? Justifique sua resposta. ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________
  • 51. 51 5. (UFMA) Considerando a fala dos interlocutores, pode-se concluir que (A) o uso de “excelência” denota desrespeito, pois o depoente não vê o deputado como autoridade. (B) o efeito humorístico é provocado pela passagem brusca da linguagem formal para a informal. (C) o uso da linguagem formal e da informal evidencia a classe social a que pertencem as personagens. (D) a linguagem empregada no texto serve apenas para compor as imagens do deputado e do depoente. (E) o pronome “seu” foi usado pelo depoente como sinal de respeito para com o parlamentar ilustre. 6. Observe a imagem abaixo e responda as perguntas a seguir: a) Qual tipo de linguagem o personagem da imagem acima usou para se expressar? b) Observando bem a imagem, diga pelo menos dois fatores que contribuem para que o personagem fale dessa forma? c) Esse jeito como o personagem falou dar para o ouvinte/leitor compreender? d) Essa linguagem usada por ele é considerada “correta” ou “errada”? Por quê? ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________