SlideShare uma empresa Scribd logo
No plaino abandonado
Que a morna brisa aquece,
De balas trespassado –
Duas, de lado a lado –,
Jaz morto, e arrefece.
Raia-lhe a farda o sangue.
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos.
Tão jovem! Que jovem era!
(Agora que idade tem?)
Filho único, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
«O menino da sua mãe».
Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lhe a mãe. Está inteira
E boa a cigarreira,
Ele é que já não serve.
Da outra algibeira, alada
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço… Deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.
Lá longe, em casa, há a prece:
“Que volte cedo, e bem!”
(Malhas que o Império tece!)
Jaz morto e apodrece,
O menino da sua mãe.
“O menino da sua mãe”, de Fernando Pessoa – Ortónimo
Apresentação realizada por ----------- N.º9 12.ºD
No plaino abandonado
Que a morna brisa aquece,
De balas trespassado –
Duas, de lado a lado –,
Jaz morto, e arrefece.
Raia-lhe a farda o sangue.
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos.
Tão jovem! Que jovem era!
(Agora que idade tem?)
Filho único, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
«O menino da sua mãe».
Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lhe a mãe. Está inteira
E boa a cigarreira,
Ele é que já não serve.
Da outra algibeira, alada
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço… Deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.
Lá longe, em casa, há a prece:
“Que volte cedo, e bem!”
(Malhas que o Império tece!)
Jaz morto e apodrece,
O menino da sua mãe.
1.ªParte
2.ªParte3.ªParte
Descrição realista do cenário: a planície e o soldado Discuso emotivo/valorativo: dor da família e juventude do rapaz
Conclusão dramática do poema: constraste entre
a realidade e as preces da família
Estrutura Interna
No plaino abandonado
Que a morna brisa aquece,
De balas trespassado –
Duas, de lado a lado –,
Jaz morto, e arrefece.
Raia-lhe a farda o sangue.
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos.
Tão jovem! Que jovem era!
(Agora que idade tem?)
Filho único, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
«O menino da sua mãe».
Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lhe a mãe. Está inteira
E boa a cigarreira,
Ele é que já não serve.
Da outra algibeira, alada
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço… Deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.
Lá longe, em casa, há a prece:
“Que volte cedo, e bem!”
(Malhas que o Império tece!)
Jaz morto e apodrece,
O menino da sua mãe.
descrição espacial
descrição temporal
antítese
hipálage
descrição
do soldado
hiperbato
hipálage
hipálage
descrição
do soldado
descrição do
espaço e do
tempo
o soldado encontra-se debilitado/enfraquecido por estar
esváído em sangue
algo debilitado, sem força ou energia
1.ª Parte
adjetivação intensa frases declarativas
caráter meramente descritivo
desta 1.ª parte
• Presença das sensações táteis: “a
morna brisa aquece”;
• Presença das sensações visuais: “raia-
lhe a farda o sangue;
•
No plaino abandonado
Que a morna brisa aquece,
De balas trespassado –
Duas, de lado a lado –,
Jaz morto, e arrefece.
Raia-lhe a farda o sangue.
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos.
Tão jovem! Que jovem era!
(Agora que idade tem?)
Filho único, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
«O menino da sua mãe».
Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lhe a mãe. Está inteira
E boa a cigarreira,
Ele é que já não serve.
Da outra algibeira, alada
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço… Deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.
Lá longe, em casa, há a prece:
“Que volte cedo, e bem!”
(Malhas que o Império tece!)
Jaz morto e apodrece,
O menino da sua mãe.
2.ª Parte
efemeridade
da vida do
soldado aparte; pergunta retórica
relação entre o
soldado e a sua
mãe
exclamações; perplexidade do suj. poético
ligação entre a
cigarreira e a mãe
contraste entre o
bom estado da
cigarreira e a morte
do rapaz
surgimento físico da
cigarreira
hipálage
Simboliza o
amor, o carinho
materno e a
efemeridade da
vida (através da
figura da mãe)
surgimento físico do
lenço
ligação entre o
lenço e a criada
hipálage
Simboliza o
carinho, a
proteção, a
pureza, a
inocência e a
brevidade da
vida (através
da figura da
criada)
• Acentuação do dramatismo
através do surgimento das
figuras da mãe e da criada e da
sua relação com a cigarreira e o
lenço, respetivamente
• Alternância entre o presente e o
passado: contraste entre a
angústia da morte e a felicidade
dos tempos em que o rapaz
estava junto da família
No plaino abandonado
Que a morna brisa aquece,
De balas trespassado –
Duas, de lado a lado –,
Jaz morto, e arrefece.
Raia-lhe a farda o sangue.
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos.
Tão jovem! Que jovem era!
(Agora que idade tem?)
Filho único, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
«O menino da sua mãe».
Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lhe a mãe. Está inteira
E boa a cigarreira,
Ele é que já não serve.
Da outra algibeira, alada
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço… Deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.
Lá longe, em casa, há a prece:
“Que volte cedo, e bem!”
(Malhas que o Império tece!)
Jaz morto e apodrece,
O menino da sua mãe.
3.ª Parte
• Exclamações nos versos 27 e 28 servem para transmitir a dor, não só
da família, mas também do próprio sujeito poético.
• Pode-se traçar uma comparação entre o apodrecimento do corpo do
soldado (verso 29) com a degradação do Império pelo qual perdeu a
vida (verso 28).
• A substituição da expressão “arrefece” (verso 5) pela expressão
“apodrece” (verso 29) deve-se ao facto de, ao longo do poema, se ter
vindo a aumentar o dramatismo e, consequentemente, o realismo da
ação.
• Além disso, o verbo “arrefecer” remete-nos para um corpo morto,
ainda quente, que devido à morte, vai arrefecendo lentamente; em
contrapartida, o verbo “apodrecer” indica já o início da decomposição
desse mesmo corpo, o que comprova a passagem do tempo à medida
que a descrição prossegue.
acentuação do
dramatismo através das
preces vãs da família
acentuação do dramatismo
atribuição da culpa, por
parte do suj. poético, de
todo aquele dramatismo
governantes /
nação pela qual o
soldado perdeu a
vida
contraste entre as preces
e a inevitável realidade
surgimento do segundo espaço
da ação
Estrutura Externa
• Seis quintilhas;
• Versos hexassilábicos (seis sílabas métricas);
• Esquema rimático: a b a a b;
• Trata-se de um poema de base narrativa, com:
• Rima cruzada entre os 1.º e 3.º versos de cada estrofe;
• Rima interpolada entre os 2.º e 5º versos de cada estrofe;
• Rima emparelhada entre os 3.º e 4.º versos de cada estrofe;
• Rima pobre entre os versos 1 e 3 (“abandonado” e “trespassado”), por exemplo;
• Rima rica entre os versos 6 e 8 (“sangue” e “exangue”), por exemplo.
• Narrador: o sujeito poético (subjetivo; emite juízos de valor);
• Ação: a morte do soldado;
• Personagens: soldado, mãe, criada e Império;
• Espaço: “plaino abandonado” (verso 1) / “lá longe, em casa” (verso 26).
Ligação entre o poema e o autor (Fernando Pessoa)
Podemos, de facto, relacionar este poema com a própria vida de Fernando
Pessoa. Desta forma, o tema da infância enquanto idade perfeita e feliz, um paraíso
perdido e irrecuperável, poderá relacionar-se com os seus primeiros cinco anos de vida,
marcados pela felicidade, amor, bem-estar e proteção que a família lhe proporcionava:
vivia com a presença do pai, da mãe, das duas velhas criadas e da avó.
No entanto, o seu pai morre. Mais tarde morre o irmão, o que o faz sentir novamente
o amor e o carinho maternos. Apesar disso, esses sentimentos acabam por ser efémeros
visto que a sua mãe se apaixona por outro homem e ele terá que abandonar Portugal e ir
viver para a África do Sul.
Assim sendo, a morte do soldado poderá relacionar-se com a morte do pai ou
do irmão, e a angústia de querer voltar ao passado poderá relacionar-se com a
mesma angústia que ele sente ao desejar voltar a ter a sua família unida e feliz
como antigamente.
Características do Ortónimo
Ao longo deste poema, deparamo-nos com
características do ortónimo que são
transversais aos restantes poemas da sua
autoria.
A infância, por exemplo, símbolo da
inocência, da inconsciência, da felicidade e da
alegria – neste poema, simbolizados pela
cigarreira, pelo lenço e pelas representações do
passado vivido junto da família –, acaba por se
representar como algo longínquo e
irrecuperável, o que gera nostalgia e um
contraste com a consciência dos tempos de
adulto que provoca dor, bem como a
sensação de desconhecimento de si mesmo
e de perda da identidade.
Bibliografia
• http://www.slideshare.net/DanielaFilipaSousa/o-menino-da-sua-me-fernando-pessoa-ortonimo
• https://sites.google.com/site/apontamentoslimareis/o-menino-de-sua-me
• http://www.notapositiva.com/trab_estudantes/trab_estudantes/portugues/12portofolio1/12portofolio1p.htm
• http://pt.scribd.com/doc/91769484/Analise-o-Menino-Da-Sua-Mae
• http://www.slideshare.net/MargaridaRodrigues6/mts-14790561

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Aquela triste e leda madrugada
Aquela triste e leda madrugadaAquela triste e leda madrugada
Aquela triste e leda madrugadaHelena Coutinho
 
Memorial- Análise por Capítulos
Memorial- Análise por CapítulosMemorial- Análise por Capítulos
Memorial- Análise por CapítulosRui Matos
 
"Mar Português" - Mensagem
"Mar Português" - Mensagem"Mar Português" - Mensagem
"Mar Português" - MensagemIga Almeida
 
Mensagem Fernando Pessoa
Mensagem   Fernando PessoaMensagem   Fernando Pessoa
Mensagem Fernando Pessoaguest0f0d8
 
Os lusíadas tempestade - Português 9º ano
Os lusíadas tempestade - Português 9º anoOs lusíadas tempestade - Português 9º ano
Os lusíadas tempestade - Português 9º anoGabriel Lima
 
Alberto caeiro biografia e caracteristicas
Alberto caeiro biografia e caracteristicasAlberto caeiro biografia e caracteristicas
Alberto caeiro biografia e caracteristicasAnabela Fernandes
 
Mensagem - Antemanhã
Mensagem - AntemanhãMensagem - Antemanhã
Mensagem - AntemanhãSofia_Afonso
 
Mensagem - D. Sebastião Rei de Portugal
Mensagem - D. Sebastião Rei de PortugalMensagem - D. Sebastião Rei de Portugal
Mensagem - D. Sebastião Rei de PortugalMaria Teixiera
 
Noite Fechada, de Cesário Verde
Noite Fechada, de Cesário VerdeNoite Fechada, de Cesário Verde
Noite Fechada, de Cesário VerdeDina Baptista
 
Miguel Torga - Poemas
Miguel Torga - PoemasMiguel Torga - Poemas
Miguel Torga - PoemasAna Tapadas
 
Síntese fernando pessoa
Síntese fernando pessoaSíntese fernando pessoa
Síntese fernando pessoalenaeira
 
características temáticas de Fernando Pessoa - ortónimo
características temáticas de Fernando Pessoa - ortónimocaracterísticas temáticas de Fernando Pessoa - ortónimo
características temáticas de Fernando Pessoa - ortónimoDina Baptista
 

Mais procurados (20)

Aquela triste e leda madrugada
Aquela triste e leda madrugadaAquela triste e leda madrugada
Aquela triste e leda madrugada
 
Recursos expressivos
Recursos expressivosRecursos expressivos
Recursos expressivos
 
Memorial- Análise por Capítulos
Memorial- Análise por CapítulosMemorial- Análise por Capítulos
Memorial- Análise por Capítulos
 
"Mar Português" - Mensagem
"Mar Português" - Mensagem"Mar Português" - Mensagem
"Mar Português" - Mensagem
 
Mensagem Fernando Pessoa
Mensagem   Fernando PessoaMensagem   Fernando Pessoa
Mensagem Fernando Pessoa
 
Os lusíadas tempestade - Português 9º ano
Os lusíadas tempestade - Português 9º anoOs lusíadas tempestade - Português 9º ano
Os lusíadas tempestade - Português 9º ano
 
Alberto caeiro biografia e caracteristicas
Alberto caeiro biografia e caracteristicasAlberto caeiro biografia e caracteristicas
Alberto caeiro biografia e caracteristicas
 
Autopsicografia e Isto
Autopsicografia e IstoAutopsicografia e Isto
Autopsicografia e Isto
 
Mensagem - Antemanhã
Mensagem - AntemanhãMensagem - Antemanhã
Mensagem - Antemanhã
 
Mensagem - D. Sebastião Rei de Portugal
Mensagem - D. Sebastião Rei de PortugalMensagem - D. Sebastião Rei de Portugal
Mensagem - D. Sebastião Rei de Portugal
 
Deíticos
DeíticosDeíticos
Deíticos
 
Noite Fechada, de Cesário Verde
Noite Fechada, de Cesário VerdeNoite Fechada, de Cesário Verde
Noite Fechada, de Cesário Verde
 
Miguel Torga - Poemas
Miguel Torga - PoemasMiguel Torga - Poemas
Miguel Torga - Poemas
 
Cantigas de amor
Cantigas de amorCantigas de amor
Cantigas de amor
 
Síntese fernando pessoa
Síntese fernando pessoaSíntese fernando pessoa
Síntese fernando pessoa
 
características temáticas de Fernando Pessoa - ortónimo
características temáticas de Fernando Pessoa - ortónimocaracterísticas temáticas de Fernando Pessoa - ortónimo
características temáticas de Fernando Pessoa - ortónimo
 
Proposição
ProposiçãoProposição
Proposição
 
"As Ilhas Afortunadas" - análise
"As Ilhas Afortunadas" - análise"As Ilhas Afortunadas" - análise
"As Ilhas Afortunadas" - análise
 
Ceifeira
CeifeiraCeifeira
Ceifeira
 
Cesário verde
Cesário verdeCesário verde
Cesário verde
 

Semelhante a Análise do poema "O menino de sua mãe", de Fernando Pessoa - Ortónimo

O romantismo no brasil poesia
O romantismo no brasil   poesiaO romantismo no brasil   poesia
O romantismo no brasil poesiaISJ
 
O romantismo no brasil poesia
O romantismo no brasil   poesiaO romantismo no brasil   poesia
O romantismo no brasil poesiaguest5e4f04
 
O menino da sua mãe - Fernando Pessoa Ortonimo
O menino da  sua mãe - Fernando Pessoa OrtonimoO menino da  sua mãe - Fernando Pessoa Ortonimo
O menino da sua mãe - Fernando Pessoa OrtonimoDaniela Filipa Sousa
 
Romantismo no brasil segunda geração
Romantismo no brasil   segunda geraçãoRomantismo no brasil   segunda geração
Romantismo no brasil segunda geraçãoVilmar Vilaça
 
Estudo do texto. Interpretação e compreensão de texto.
Estudo do texto. Interpretação e compreensão de texto.Estudo do texto. Interpretação e compreensão de texto.
Estudo do texto. Interpretação e compreensão de texto.Aires Jones
 
Noite na Taverna
Noite na TavernaNoite na Taverna
Noite na TavernaKauan_ts
 
Apresentação para décimo primeiro ano de 2015 6, aula 123-124
Apresentação para décimo primeiro ano de 2015 6, aula 123-124Apresentação para décimo primeiro ano de 2015 6, aula 123-124
Apresentação para décimo primeiro ano de 2015 6, aula 123-124luisprista
 
Literatura Nos Vestibulares Do Rs
Literatura Nos Vestibulares Do RsLiteratura Nos Vestibulares Do Rs
Literatura Nos Vestibulares Do RsEdir Alonso
 
Sinopses livros janeiro
Sinopses livros janeiroSinopses livros janeiro
Sinopses livros janeiroSusana Frikh
 
Analise no dia em que eu nasci moura e pereca
Analise no dia em que eu nasci moura e perecaAnalise no dia em que eu nasci moura e pereca
Analise no dia em que eu nasci moura e perecacnlx
 
Realismo_e_Naturalismo_Lista_de_Exercicios_Literatura_ENEM (2) (1).pdf
Realismo_e_Naturalismo_Lista_de_Exercicios_Literatura_ENEM (2) (1).pdfRealismo_e_Naturalismo_Lista_de_Exercicios_Literatura_ENEM (2) (1).pdf
Realismo_e_Naturalismo_Lista_de_Exercicios_Literatura_ENEM (2) (1).pdfCyntiaJorge
 
Apresentação para décimo primeiro ano de 2012 3, aula 121-122
Apresentação para décimo primeiro ano de 2012 3, aula 121-122Apresentação para décimo primeiro ano de 2012 3, aula 121-122
Apresentação para décimo primeiro ano de 2012 3, aula 121-122luisprista
 

Semelhante a Análise do poema "O menino de sua mãe", de Fernando Pessoa - Ortónimo (20)

O menino da sua mãe
O menino da sua mãeO menino da sua mãe
O menino da sua mãe
 
Menino Da Sua MãE
Menino Da Sua MãEMenino Da Sua MãE
Menino Da Sua MãE
 
O romantismo no brasil poesia
O romantismo no brasil   poesiaO romantismo no brasil   poesia
O romantismo no brasil poesia
 
O romantismo no brasil poesia
O romantismo no brasil   poesiaO romantismo no brasil   poesia
O romantismo no brasil poesia
 
O menino da sua mãe - Fernando Pessoa Ortonimo
O menino da  sua mãe - Fernando Pessoa OrtonimoO menino da  sua mãe - Fernando Pessoa Ortonimo
O menino da sua mãe - Fernando Pessoa Ortonimo
 
Pré modernismo
Pré modernismoPré modernismo
Pré modernismo
 
Romantismo no brasil segunda geração
Romantismo no brasil   segunda geraçãoRomantismo no brasil   segunda geração
Romantismo no brasil segunda geração
 
Estudo do texto. Interpretação e compreensão de texto.
Estudo do texto. Interpretação e compreensão de texto.Estudo do texto. Interpretação e compreensão de texto.
Estudo do texto. Interpretação e compreensão de texto.
 
Noite na Taverna
Noite na TavernaNoite na Taverna
Noite na Taverna
 
Generos literarios
Generos literariosGeneros literarios
Generos literarios
 
Espumas flutuantes
Espumas flutuantesEspumas flutuantes
Espumas flutuantes
 
Apresentação para décimo primeiro ano de 2015 6, aula 123-124
Apresentação para décimo primeiro ano de 2015 6, aula 123-124Apresentação para décimo primeiro ano de 2015 6, aula 123-124
Apresentação para décimo primeiro ano de 2015 6, aula 123-124
 
Literatura Nos Vestibulares Do Rs
Literatura Nos Vestibulares Do RsLiteratura Nos Vestibulares Do Rs
Literatura Nos Vestibulares Do Rs
 
Noivado do sepulcro
Noivado do sepulcroNoivado do sepulcro
Noivado do sepulcro
 
Sinopses livros janeiro
Sinopses livros janeiroSinopses livros janeiro
Sinopses livros janeiro
 
Conto crônica poema
Conto crônica poemaConto crônica poema
Conto crônica poema
 
Analise no dia em que eu nasci moura e pereca
Analise no dia em que eu nasci moura e perecaAnalise no dia em que eu nasci moura e pereca
Analise no dia em que eu nasci moura e pereca
 
Prova 3º ano
Prova 3º anoProva 3º ano
Prova 3º ano
 
Realismo_e_Naturalismo_Lista_de_Exercicios_Literatura_ENEM (2) (1).pdf
Realismo_e_Naturalismo_Lista_de_Exercicios_Literatura_ENEM (2) (1).pdfRealismo_e_Naturalismo_Lista_de_Exercicios_Literatura_ENEM (2) (1).pdf
Realismo_e_Naturalismo_Lista_de_Exercicios_Literatura_ENEM (2) (1).pdf
 
Apresentação para décimo primeiro ano de 2012 3, aula 121-122
Apresentação para décimo primeiro ano de 2012 3, aula 121-122Apresentação para décimo primeiro ano de 2012 3, aula 121-122
Apresentação para décimo primeiro ano de 2012 3, aula 121-122
 

Último

hereditariedade é variabilidade genetic
hereditariedade é variabilidade  genetichereditariedade é variabilidade  genetic
hereditariedade é variabilidade geneticMrMartnoficial
 
04_GuiaDoCurso_Neurociência, Psicologia Positiva e Mindfulness.pdf
04_GuiaDoCurso_Neurociência, Psicologia Positiva e Mindfulness.pdf04_GuiaDoCurso_Neurociência, Psicologia Positiva e Mindfulness.pdf
04_GuiaDoCurso_Neurociência, Psicologia Positiva e Mindfulness.pdfARIANAMENDES11
 
Memórias_póstumas_de_Brás_Cubas_ Machado_de_Assis
Memórias_póstumas_de_Brás_Cubas_ Machado_de_AssisMemórias_póstumas_de_Brás_Cubas_ Machado_de_Assis
Memórias_póstumas_de_Brás_Cubas_ Machado_de_Assisbrunocali007
 
DeClara n.º 76 MAIO 2024, o jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara de...
DeClara n.º 76 MAIO 2024, o jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara de...DeClara n.º 76 MAIO 2024, o jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara de...
DeClara n.º 76 MAIO 2024, o jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara de...IsabelPereira2010
 
INTRODUÇÃO A ARQUEOLOGIA BÍBLICA [BIBLIOLOGIA]]
INTRODUÇÃO A ARQUEOLOGIA BÍBLICA [BIBLIOLOGIA]]INTRODUÇÃO A ARQUEOLOGIA BÍBLICA [BIBLIOLOGIA]]
INTRODUÇÃO A ARQUEOLOGIA BÍBLICA [BIBLIOLOGIA]]ESCRIBA DE CRISTO
 
Exercícios de Clima no brasil e no mundo.pdf
Exercícios de Clima no brasil e no mundo.pdfExercícios de Clima no brasil e no mundo.pdf
Exercícios de Clima no brasil e no mundo.pdfRILTONNOGUEIRADOSSAN
 
Tesis de Maestría de Pedro Sousa de Andrade (Resumen).pdf
Tesis de Maestría de Pedro Sousa de Andrade (Resumen).pdfTesis de Maestría de Pedro Sousa de Andrade (Resumen).pdf
Tesis de Maestría de Pedro Sousa de Andrade (Resumen).pdfEditora
 
Apresentação sobre as etapas do desenvolvimento infantil
Apresentação sobre as etapas do desenvolvimento infantilApresentação sobre as etapas do desenvolvimento infantil
Apresentação sobre as etapas do desenvolvimento infantilMariaHelena293800
 
AS COLUNAS B E J E SUAS POSICOES CONFORME O RITO.pdf
AS COLUNAS B E J E SUAS POSICOES CONFORME O RITO.pdfAS COLUNAS B E J E SUAS POSICOES CONFORME O RITO.pdf
AS COLUNAS B E J E SUAS POSICOES CONFORME O RITO.pdfssuserbb4ac2
 
Atividade português 7 ano página 38 a 40
Atividade português 7 ano página 38 a 40Atividade português 7 ano página 38 a 40
Atividade português 7 ano página 38 a 40vitoriaalyce2011
 
CIDADANIA E PROFISSIONALIDADE 4 - PROCESSOS IDENTITÁRIOS.pptx
CIDADANIA E PROFISSIONALIDADE 4 - PROCESSOS IDENTITÁRIOS.pptxCIDADANIA E PROFISSIONALIDADE 4 - PROCESSOS IDENTITÁRIOS.pptx
CIDADANIA E PROFISSIONALIDADE 4 - PROCESSOS IDENTITÁRIOS.pptxMariaSantos298247
 
Atividade com a música Xote da Alegria - Falamansa
Atividade com a música Xote  da  Alegria    -   FalamansaAtividade com a música Xote  da  Alegria    -   Falamansa
Atividade com a música Xote da Alegria - FalamansaMary Alvarenga
 
Slides Lição 9, Betel, Ordenança para uma vida de santificação, 2Tr24.pptx
Slides Lição 9, Betel, Ordenança para uma vida de santificação, 2Tr24.pptxSlides Lição 9, Betel, Ordenança para uma vida de santificação, 2Tr24.pptx
Slides Lição 9, Betel, Ordenança para uma vida de santificação, 2Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Fotossíntese para o Ensino médio primeiros anos
Fotossíntese para o Ensino médio primeiros anosFotossíntese para o Ensino médio primeiros anos
Fotossíntese para o Ensino médio primeiros anosbiancaborges0906
 
Poema - Reciclar é preciso
Poema            -        Reciclar é precisoPoema            -        Reciclar é preciso
Poema - Reciclar é precisoMary Alvarenga
 
GRAMÁTICA NORMATIVA DA LÍNGUA PORTUGUESA UM GUIA COMPLETO DO IDIOMA.pdf
GRAMÁTICA NORMATIVA DA LÍNGUA PORTUGUESA UM GUIA COMPLETO DO IDIOMA.pdfGRAMÁTICA NORMATIVA DA LÍNGUA PORTUGUESA UM GUIA COMPLETO DO IDIOMA.pdf
GRAMÁTICA NORMATIVA DA LÍNGUA PORTUGUESA UM GUIA COMPLETO DO IDIOMA.pdfrarakey779
 
Hans Kelsen - Teoria Pura do Direito - Obra completa.pdf
Hans Kelsen - Teoria Pura do Direito - Obra completa.pdfHans Kelsen - Teoria Pura do Direito - Obra completa.pdf
Hans Kelsen - Teoria Pura do Direito - Obra completa.pdfLeandroTelesRocha2
 
Junho Violeta - Sugestão de Ações na Igreja
Junho Violeta - Sugestão de Ações na IgrejaJunho Violeta - Sugestão de Ações na Igreja
Junho Violeta - Sugestão de Ações na IgrejaComando Resgatai
 
DIFERENÇA DO INGLES BRITANICO E AMERICANO.pptx
DIFERENÇA DO INGLES BRITANICO E AMERICANO.pptxDIFERENÇA DO INGLES BRITANICO E AMERICANO.pptx
DIFERENÇA DO INGLES BRITANICO E AMERICANO.pptxcleanelima11
 
São Filipe Neri, fundador da a Congregação do Oratório 1515-1595.pptx
São Filipe Neri, fundador da a Congregação do Oratório 1515-1595.pptxSão Filipe Neri, fundador da a Congregação do Oratório 1515-1595.pptx
São Filipe Neri, fundador da a Congregação do Oratório 1515-1595.pptxMartin M Flynn
 

Último (20)

hereditariedade é variabilidade genetic
hereditariedade é variabilidade  genetichereditariedade é variabilidade  genetic
hereditariedade é variabilidade genetic
 
04_GuiaDoCurso_Neurociência, Psicologia Positiva e Mindfulness.pdf
04_GuiaDoCurso_Neurociência, Psicologia Positiva e Mindfulness.pdf04_GuiaDoCurso_Neurociência, Psicologia Positiva e Mindfulness.pdf
04_GuiaDoCurso_Neurociência, Psicologia Positiva e Mindfulness.pdf
 
Memórias_póstumas_de_Brás_Cubas_ Machado_de_Assis
Memórias_póstumas_de_Brás_Cubas_ Machado_de_AssisMemórias_póstumas_de_Brás_Cubas_ Machado_de_Assis
Memórias_póstumas_de_Brás_Cubas_ Machado_de_Assis
 
DeClara n.º 76 MAIO 2024, o jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara de...
DeClara n.º 76 MAIO 2024, o jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara de...DeClara n.º 76 MAIO 2024, o jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara de...
DeClara n.º 76 MAIO 2024, o jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara de...
 
INTRODUÇÃO A ARQUEOLOGIA BÍBLICA [BIBLIOLOGIA]]
INTRODUÇÃO A ARQUEOLOGIA BÍBLICA [BIBLIOLOGIA]]INTRODUÇÃO A ARQUEOLOGIA BÍBLICA [BIBLIOLOGIA]]
INTRODUÇÃO A ARQUEOLOGIA BÍBLICA [BIBLIOLOGIA]]
 
Exercícios de Clima no brasil e no mundo.pdf
Exercícios de Clima no brasil e no mundo.pdfExercícios de Clima no brasil e no mundo.pdf
Exercícios de Clima no brasil e no mundo.pdf
 
Tesis de Maestría de Pedro Sousa de Andrade (Resumen).pdf
Tesis de Maestría de Pedro Sousa de Andrade (Resumen).pdfTesis de Maestría de Pedro Sousa de Andrade (Resumen).pdf
Tesis de Maestría de Pedro Sousa de Andrade (Resumen).pdf
 
Apresentação sobre as etapas do desenvolvimento infantil
Apresentação sobre as etapas do desenvolvimento infantilApresentação sobre as etapas do desenvolvimento infantil
Apresentação sobre as etapas do desenvolvimento infantil
 
AS COLUNAS B E J E SUAS POSICOES CONFORME O RITO.pdf
AS COLUNAS B E J E SUAS POSICOES CONFORME O RITO.pdfAS COLUNAS B E J E SUAS POSICOES CONFORME O RITO.pdf
AS COLUNAS B E J E SUAS POSICOES CONFORME O RITO.pdf
 
Atividade português 7 ano página 38 a 40
Atividade português 7 ano página 38 a 40Atividade português 7 ano página 38 a 40
Atividade português 7 ano página 38 a 40
 
CIDADANIA E PROFISSIONALIDADE 4 - PROCESSOS IDENTITÁRIOS.pptx
CIDADANIA E PROFISSIONALIDADE 4 - PROCESSOS IDENTITÁRIOS.pptxCIDADANIA E PROFISSIONALIDADE 4 - PROCESSOS IDENTITÁRIOS.pptx
CIDADANIA E PROFISSIONALIDADE 4 - PROCESSOS IDENTITÁRIOS.pptx
 
Atividade com a música Xote da Alegria - Falamansa
Atividade com a música Xote  da  Alegria    -   FalamansaAtividade com a música Xote  da  Alegria    -   Falamansa
Atividade com a música Xote da Alegria - Falamansa
 
Slides Lição 9, Betel, Ordenança para uma vida de santificação, 2Tr24.pptx
Slides Lição 9, Betel, Ordenança para uma vida de santificação, 2Tr24.pptxSlides Lição 9, Betel, Ordenança para uma vida de santificação, 2Tr24.pptx
Slides Lição 9, Betel, Ordenança para uma vida de santificação, 2Tr24.pptx
 
Fotossíntese para o Ensino médio primeiros anos
Fotossíntese para o Ensino médio primeiros anosFotossíntese para o Ensino médio primeiros anos
Fotossíntese para o Ensino médio primeiros anos
 
Poema - Reciclar é preciso
Poema            -        Reciclar é precisoPoema            -        Reciclar é preciso
Poema - Reciclar é preciso
 
GRAMÁTICA NORMATIVA DA LÍNGUA PORTUGUESA UM GUIA COMPLETO DO IDIOMA.pdf
GRAMÁTICA NORMATIVA DA LÍNGUA PORTUGUESA UM GUIA COMPLETO DO IDIOMA.pdfGRAMÁTICA NORMATIVA DA LÍNGUA PORTUGUESA UM GUIA COMPLETO DO IDIOMA.pdf
GRAMÁTICA NORMATIVA DA LÍNGUA PORTUGUESA UM GUIA COMPLETO DO IDIOMA.pdf
 
Hans Kelsen - Teoria Pura do Direito - Obra completa.pdf
Hans Kelsen - Teoria Pura do Direito - Obra completa.pdfHans Kelsen - Teoria Pura do Direito - Obra completa.pdf
Hans Kelsen - Teoria Pura do Direito - Obra completa.pdf
 
Junho Violeta - Sugestão de Ações na Igreja
Junho Violeta - Sugestão de Ações na IgrejaJunho Violeta - Sugestão de Ações na Igreja
Junho Violeta - Sugestão de Ações na Igreja
 
DIFERENÇA DO INGLES BRITANICO E AMERICANO.pptx
DIFERENÇA DO INGLES BRITANICO E AMERICANO.pptxDIFERENÇA DO INGLES BRITANICO E AMERICANO.pptx
DIFERENÇA DO INGLES BRITANICO E AMERICANO.pptx
 
São Filipe Neri, fundador da a Congregação do Oratório 1515-1595.pptx
São Filipe Neri, fundador da a Congregação do Oratório 1515-1595.pptxSão Filipe Neri, fundador da a Congregação do Oratório 1515-1595.pptx
São Filipe Neri, fundador da a Congregação do Oratório 1515-1595.pptx
 

Análise do poema "O menino de sua mãe", de Fernando Pessoa - Ortónimo

  • 1. No plaino abandonado Que a morna brisa aquece, De balas trespassado – Duas, de lado a lado –, Jaz morto, e arrefece. Raia-lhe a farda o sangue. De braços estendidos, Alvo, louro, exangue, Fita com olhar langue E cego os céus perdidos. Tão jovem! Que jovem era! (Agora que idade tem?) Filho único, a mãe lhe dera Um nome e o mantivera: «O menino da sua mãe». Caiu-lhe da algibeira A cigarreira breve. Dera-lhe a mãe. Está inteira E boa a cigarreira, Ele é que já não serve. Da outra algibeira, alada Ponta a roçar o solo, A brancura embainhada De um lenço… Deu-lho a criada Velha que o trouxe ao colo. Lá longe, em casa, há a prece: “Que volte cedo, e bem!” (Malhas que o Império tece!) Jaz morto e apodrece, O menino da sua mãe. “O menino da sua mãe”, de Fernando Pessoa – Ortónimo Apresentação realizada por ----------- N.º9 12.ºD
  • 2. No plaino abandonado Que a morna brisa aquece, De balas trespassado – Duas, de lado a lado –, Jaz morto, e arrefece. Raia-lhe a farda o sangue. De braços estendidos, Alvo, louro, exangue, Fita com olhar langue E cego os céus perdidos. Tão jovem! Que jovem era! (Agora que idade tem?) Filho único, a mãe lhe dera Um nome e o mantivera: «O menino da sua mãe». Caiu-lhe da algibeira A cigarreira breve. Dera-lhe a mãe. Está inteira E boa a cigarreira, Ele é que já não serve. Da outra algibeira, alada Ponta a roçar o solo, A brancura embainhada De um lenço… Deu-lho a criada Velha que o trouxe ao colo. Lá longe, em casa, há a prece: “Que volte cedo, e bem!” (Malhas que o Império tece!) Jaz morto e apodrece, O menino da sua mãe. 1.ªParte 2.ªParte3.ªParte Descrição realista do cenário: a planície e o soldado Discuso emotivo/valorativo: dor da família e juventude do rapaz Conclusão dramática do poema: constraste entre a realidade e as preces da família Estrutura Interna
  • 3. No plaino abandonado Que a morna brisa aquece, De balas trespassado – Duas, de lado a lado –, Jaz morto, e arrefece. Raia-lhe a farda o sangue. De braços estendidos, Alvo, louro, exangue, Fita com olhar langue E cego os céus perdidos. Tão jovem! Que jovem era! (Agora que idade tem?) Filho único, a mãe lhe dera Um nome e o mantivera: «O menino da sua mãe». Caiu-lhe da algibeira A cigarreira breve. Dera-lhe a mãe. Está inteira E boa a cigarreira, Ele é que já não serve. Da outra algibeira, alada Ponta a roçar o solo, A brancura embainhada De um lenço… Deu-lho a criada Velha que o trouxe ao colo. Lá longe, em casa, há a prece: “Que volte cedo, e bem!” (Malhas que o Império tece!) Jaz morto e apodrece, O menino da sua mãe. descrição espacial descrição temporal antítese hipálage descrição do soldado hiperbato hipálage hipálage descrição do soldado descrição do espaço e do tempo o soldado encontra-se debilitado/enfraquecido por estar esváído em sangue algo debilitado, sem força ou energia 1.ª Parte adjetivação intensa frases declarativas caráter meramente descritivo desta 1.ª parte • Presença das sensações táteis: “a morna brisa aquece”; • Presença das sensações visuais: “raia- lhe a farda o sangue; •
  • 4. No plaino abandonado Que a morna brisa aquece, De balas trespassado – Duas, de lado a lado –, Jaz morto, e arrefece. Raia-lhe a farda o sangue. De braços estendidos, Alvo, louro, exangue, Fita com olhar langue E cego os céus perdidos. Tão jovem! Que jovem era! (Agora que idade tem?) Filho único, a mãe lhe dera Um nome e o mantivera: «O menino da sua mãe». Caiu-lhe da algibeira A cigarreira breve. Dera-lhe a mãe. Está inteira E boa a cigarreira, Ele é que já não serve. Da outra algibeira, alada Ponta a roçar o solo, A brancura embainhada De um lenço… Deu-lho a criada Velha que o trouxe ao colo. Lá longe, em casa, há a prece: “Que volte cedo, e bem!” (Malhas que o Império tece!) Jaz morto e apodrece, O menino da sua mãe. 2.ª Parte efemeridade da vida do soldado aparte; pergunta retórica relação entre o soldado e a sua mãe exclamações; perplexidade do suj. poético ligação entre a cigarreira e a mãe contraste entre o bom estado da cigarreira e a morte do rapaz surgimento físico da cigarreira hipálage Simboliza o amor, o carinho materno e a efemeridade da vida (através da figura da mãe) surgimento físico do lenço ligação entre o lenço e a criada hipálage Simboliza o carinho, a proteção, a pureza, a inocência e a brevidade da vida (através da figura da criada) • Acentuação do dramatismo através do surgimento das figuras da mãe e da criada e da sua relação com a cigarreira e o lenço, respetivamente • Alternância entre o presente e o passado: contraste entre a angústia da morte e a felicidade dos tempos em que o rapaz estava junto da família
  • 5. No plaino abandonado Que a morna brisa aquece, De balas trespassado – Duas, de lado a lado –, Jaz morto, e arrefece. Raia-lhe a farda o sangue. De braços estendidos, Alvo, louro, exangue, Fita com olhar langue E cego os céus perdidos. Tão jovem! Que jovem era! (Agora que idade tem?) Filho único, a mãe lhe dera Um nome e o mantivera: «O menino da sua mãe». Caiu-lhe da algibeira A cigarreira breve. Dera-lhe a mãe. Está inteira E boa a cigarreira, Ele é que já não serve. Da outra algibeira, alada Ponta a roçar o solo, A brancura embainhada De um lenço… Deu-lho a criada Velha que o trouxe ao colo. Lá longe, em casa, há a prece: “Que volte cedo, e bem!” (Malhas que o Império tece!) Jaz morto e apodrece, O menino da sua mãe. 3.ª Parte • Exclamações nos versos 27 e 28 servem para transmitir a dor, não só da família, mas também do próprio sujeito poético. • Pode-se traçar uma comparação entre o apodrecimento do corpo do soldado (verso 29) com a degradação do Império pelo qual perdeu a vida (verso 28). • A substituição da expressão “arrefece” (verso 5) pela expressão “apodrece” (verso 29) deve-se ao facto de, ao longo do poema, se ter vindo a aumentar o dramatismo e, consequentemente, o realismo da ação. • Além disso, o verbo “arrefecer” remete-nos para um corpo morto, ainda quente, que devido à morte, vai arrefecendo lentamente; em contrapartida, o verbo “apodrecer” indica já o início da decomposição desse mesmo corpo, o que comprova a passagem do tempo à medida que a descrição prossegue. acentuação do dramatismo através das preces vãs da família acentuação do dramatismo atribuição da culpa, por parte do suj. poético, de todo aquele dramatismo governantes / nação pela qual o soldado perdeu a vida contraste entre as preces e a inevitável realidade surgimento do segundo espaço da ação
  • 6. Estrutura Externa • Seis quintilhas; • Versos hexassilábicos (seis sílabas métricas); • Esquema rimático: a b a a b; • Trata-se de um poema de base narrativa, com: • Rima cruzada entre os 1.º e 3.º versos de cada estrofe; • Rima interpolada entre os 2.º e 5º versos de cada estrofe; • Rima emparelhada entre os 3.º e 4.º versos de cada estrofe; • Rima pobre entre os versos 1 e 3 (“abandonado” e “trespassado”), por exemplo; • Rima rica entre os versos 6 e 8 (“sangue” e “exangue”), por exemplo. • Narrador: o sujeito poético (subjetivo; emite juízos de valor); • Ação: a morte do soldado; • Personagens: soldado, mãe, criada e Império; • Espaço: “plaino abandonado” (verso 1) / “lá longe, em casa” (verso 26). Ligação entre o poema e o autor (Fernando Pessoa) Podemos, de facto, relacionar este poema com a própria vida de Fernando Pessoa. Desta forma, o tema da infância enquanto idade perfeita e feliz, um paraíso perdido e irrecuperável, poderá relacionar-se com os seus primeiros cinco anos de vida, marcados pela felicidade, amor, bem-estar e proteção que a família lhe proporcionava: vivia com a presença do pai, da mãe, das duas velhas criadas e da avó. No entanto, o seu pai morre. Mais tarde morre o irmão, o que o faz sentir novamente o amor e o carinho maternos. Apesar disso, esses sentimentos acabam por ser efémeros visto que a sua mãe se apaixona por outro homem e ele terá que abandonar Portugal e ir viver para a África do Sul. Assim sendo, a morte do soldado poderá relacionar-se com a morte do pai ou do irmão, e a angústia de querer voltar ao passado poderá relacionar-se com a mesma angústia que ele sente ao desejar voltar a ter a sua família unida e feliz como antigamente. Características do Ortónimo Ao longo deste poema, deparamo-nos com características do ortónimo que são transversais aos restantes poemas da sua autoria. A infância, por exemplo, símbolo da inocência, da inconsciência, da felicidade e da alegria – neste poema, simbolizados pela cigarreira, pelo lenço e pelas representações do passado vivido junto da família –, acaba por se representar como algo longínquo e irrecuperável, o que gera nostalgia e um contraste com a consciência dos tempos de adulto que provoca dor, bem como a sensação de desconhecimento de si mesmo e de perda da identidade.
  • 7. Bibliografia • http://www.slideshare.net/DanielaFilipaSousa/o-menino-da-sua-me-fernando-pessoa-ortonimo • https://sites.google.com/site/apontamentoslimareis/o-menino-de-sua-me • http://www.notapositiva.com/trab_estudantes/trab_estudantes/portugues/12portofolio1/12portofolio1p.htm • http://pt.scribd.com/doc/91769484/Analise-o-Menino-Da-Sua-Mae • http://www.slideshare.net/MargaridaRodrigues6/mts-14790561