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Colegao Costumes e Protocolos
Professores e Aprendizes na Web
.
Carlos Lucena
Hugo Fuks
DEDALUS-AceNo-FE
Edigao e Organizagao
nilton santos
11111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111
20500023668
club@dofuturo
Rio de Janeiro
2000
-::------------.-:.::~~ os direitos reservados para o
Clube do Futuro
Reprodugii.o proibida
Copyright 2000
Edigii.o e Organizagii.o: Nilton Santos
Transcrigao de videos: Adriana Fontes Queles
Texto: Rosane de Souza e Nilton Santos
Revisii.o: Luiza Ribeiro
Capa e Projeto Grafico: Arquirnedes Martins (Ted)
Produgao Gr8.fica: Heyder Mendez
CATALOGAQAO NA FONTE
DO
DEPARTAMENTO NACIONAL DO LIVRO
Lucena, Carlos.
Professores e aprendizes na Web: a educagao na era da
Internet I Carlos Lucena, Hugo Fuks; edigao e organizagao:
Nilton Santos.- Rio de Janeiro: Clube do Futuro, 2000.
160 p .; 14 x 21 ern.- (Costumes e Protocolos)
ISBN 85-88011-01-8
Inclui bibliografia.
l. Internet (Redes de cornputagao) na educagii.o.
2. Ensino auxiliado por cornputador. I. Fuks, Hugo .
II. Santos, Nilton, 1945- . III. Titulo. IV Serie.
CDD-371.39445
indice
Apresenta~ao 11
Informatica Educativa: uma Hist6ria de Trope<;:os 14
Por Que este Livro? 25
Comunica~ao Digital
e Trabalho de Grupos 31
Trabalhar e Conversar 32
Os Clientes como Parte da Empresa 36
Passeio pela Memoria 38
Nossa Casa como' Parte da Empresa 40
Comunica<;:ao Digital e Trabalho de Grupos 43
Servi<;:os dos mais Variados Tipos 46
Telepresen<;:a e Videoconferencia 47
Ambientes Digitais de Trabalho 50
Educa~ao aDistancia na Internet
A lnstru~ao Baseada na Web 53
A Tecnologia da Web 55
Professores na Web 58
Metodos de Ensino 61
A IBW e a Sala de Aula Tradicional 64
Aprendizado sem Compartimentos 66
Apoio de Computadores aAtividade Educativa 71
Educa<;ao como Entretenimento 73
Pensamento Criativo 75
Pensamento Critico 78
Aprendizagern Cooperativa
Motiva~ao
Ensino e Aprendizagern
0 Papel do Facilitador
Equilibria na Cornunica~ao
lrnplanta~ao da IBW
Constru~ao de Ambientes
para Aprendizagem Autodirigida
Cogni~ao e Aprendizagern
Aprendizagern como Processo de Cornunica~ao
Aprendizagern Flexfvel
Projetos de Uso da Web para Aprendizagern
Criterios Basicos de Projeto
Multirnfdia lnterativa e IBW
0 Aprendiz como Usuario
0 Aprendiz como Produtor
Projeto de Cursos para a Web
Ferrarnentas para a Web
Sete Etapas de urn Modelo de Arnbiente IBW
Aprendizado e Trabalho Cooperativo
no Ambiente AulaNet
Educa~ao Seja La Qual For a Distancia
Os Atores do Arnbiente AulaNet
Ferrarnentas para o Docente
Conteudo Didatico e Prograrna de Navega<;:ao
A Interface do Docente
Mecanisrnos de Cornunica~ao
Mecanisrnos de Coordena~ao
Mecanisrnos de Coopera<;:ao
Configura~ ao de Mecanisrnos Selecionados
0 Poder Cornparti lhado corn o Aprendiz
0 Controle Rernoto
Avalia<;:ao lnicial da Experiencia do Curso TIAE
Outras Abordagens de Ensino
Bibliografia
80
82
85
88
89
91
97
100
102
104
1OS
106
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122
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146
148
151
95
117
153
Ded icamos este Iivro a todos os
alunos de graduac;ao, mestrado e
doutorado que participam ou
participaram do Projeto AulaNet.
Dedicamos tambem a todos que,
implantando o ambiente AulaNet em
suas organizac;oes ou atuando como
professores ou aprendizes, produzem
experiencias e contribuem para o
desenvolvimento de uma cultura de
educac;ao apoiada na Web e, em
particular, de uma comunidade
associada a este Projeto.
Apresenta~ao
Jase foi a epoca em que se via urn intelectual comen-
tando com ar intel igente: "Nao gosto de computador. Pre-
firo a minha velha e boa maquina de escrever".
De alguns anos para ca, a informatica saiu das revistas
especializadas para frequentar as paginas dos jornais diarios,
das revistas em geral e para a televisao. Como crescimento da
capacidade dos computadores de estocar, transmitir e proces-
sar informac;:6es (o que permitiu a utilizac;:ao de imagens, ani-
mac;:6es e sons) e com a reduc;:ao dos prec;:os dos equipamen-
tos e servic;:os, a informatica e a Internet se tornaram mais
acessfveis, saindo da academia e das BBS (Bulletim Board
System- um especie de provedor popular anterior adissemi-
nac;:ao da Internet) comec;:ando a chegar a uma significativa
parcelada populac;:ao. Como crescimento do numero de usua-
rios, os interesses se deslocaram do campo das quest6es de
tecnologia, informatica, equipamentos, programas, etc., para
os servic;:os que a Internet poderia vir a oferecer.
A Educagao na Era da Internet
Aprimeira grande discussao que ganhou a mfdia acon-
teceu quando as empresas come~ara m a entrar na Internet.
Durante 1997, 1998 e 1999, por toda a parte s6 se ouviu
falar de e-bank, de e-business, de e-commerce, enfim, de
neg6cios e coisas que diziam respeito aos interesses edina-
mica das empresas na Internet. Como desdobramento, des-
cobriu-se a possibilidade de emprego que essa industria cria-
va, num momento em que eles minguavam por toda parte.
Foi nesse quadro que, nesses dois ultimos anos, co-
me~ou-se a falar, primeiro esporadicamente, depois inces-
santemente, de Educa~ao a Distancia usando a Internet.
No infcio, esta discussao apareceu ainda impulsionada
pelas empresas: afinal, essa dinamica poderia viabilizar a
forma~ao e treinamento dos seus trabalhadores, de ma-
neira mais veloz e mais barata. lsso seria born para as em-
presas, que poderiam garantir e baratear a prepara~ao de
seu pessoal. Mas, ao mesmo tempo, interessava aos pro-
fissionais, que viam af uma nova fonte de trabalho e pres-
ta~ao de servi~os.
Mais recentemente, a discussao sobre educa~ao a
distancia invadiu os espa~os da educa~ao formal, dos or-
ganismos de financiamento, das secretarias de educa~ao,
das reitorias, diretorias, coordena~oes e mesmo de uma
grande parcela de professores que come~aram a perceber
as potencialidades dessas novas tecnologias, ou, simples-
mente, acordaram para o fato de que era necessaria des-
cobrir do que se tratava... para nao ficar para tras.
Desde entao, urn grande numero de pessoas, orga-
niza~oes e empresas tern se dedicado aatividade de cons-
truir recursos, instrumentos e experiencias praticas de edu-
ca~ao a distancia. Por urn lado, temos o esfor~o de
profissionais de informatica que procuram ampliar os re-
cursos e tornar as maquinas mais acessfveis aos profissio-
nais de educa~ao. Por outro, temos professores e organiza-
-
Apresentagao
~oes educacionais que come~am a desbravar esta fronteira
desconhecida da educa~ao, que deixava de estar sob o con-
fortavel controle de antes, no interior das salas de aulas e
dos departamentos.
A utiliza~ao da infonnatica no Brasil ja vinha se ge-
neralizando na universidade e em centros de pesquisa, e
depois de muitas tentativas fracassadas, come~ou a pene-
trar no ensino primario e secundinio (inicialmente nas es-
colas privadas, mas agora tendendo a generalizar-se para
todo o ensino).
No ensino superior, sua utiliza~ao ja emassiva como
meio de comunica~ao (mensagens e circula~ao de documen-
tos e textos), como instrumento de informa~ao e pesquisa
(Web) e, num grau menor, como elemento de debate nos
grupos de discussao. Em alguns casos, ainda raros, sao utili-
zados programas de chat (conversas adistancia pelo tecla-
do), de vfdeo e videoconferencia, de simula~oes, de susten-
ta~ao e de secretaria de grupos de trabalho (operando a
distancia). Em casos mais raros ainda, existem experiencias
mais sofisticadas como as de opera~ao adistancia (por exem-
plo, telemedicina) e de utiliza~ao de realidade virtual.
Ainda que nao tenha se implantado na estrutura for-
mal de educa~ao, os recursos da Internet para uma ativi-
dade educativa se tornam cada vez mais acessfveis ao gran-
de publico, impulsionados por provedores e empresas que
buscam ampliar sua gama de servi~os para atrair o publi-
co, criando areas de entretenimento, de educa~ao e de
edi~ao (de todo o tipo de "publica~ao" - texto, sons, ima-
gens e animac;oes). 0 grande problema eque 0 "ambien-
te" para utiliza~ao destes instrumentos de uma maneira
sistematica ainda nao esta disponfvel. Os seus instrumen-
tos e ferramentas nao sao ainda suficientemente faceis de
manipular; os pre~os ainda nao os tornaram suficiente-
mente acessfveis para parcelas amplas da populac;ao. Mas
-
-
A Educagao na Era da Internet
existe um problema rnaior, em particular, que e uma certa
incompatibilidade entre as culturas, as praticas educativas,
as formas de organiza<;ao e a propria concep<;ao de edu-
ca<;ao tradicionais em nossa estrutura educacional e a cha-
rnada lnstrw;ao Baseada na Web.
Informatica Educativa:
uma Hist6ria de Trope<;os
Parte das dificuldades para a utiliza<;ao de recursos
de informatica na educa<;ao e de uma certa resistencia dos
seus profissionais em incorporar as novas tecnologias esti
ligada a propria historia da tentativa de implanta<;ao de
informatica nas atividades das escolas em nosso pafs.
Em primeiro Iugar, porque para o educador, qual-
quer atividade que envolva computadores aparece como
herdeira e continuadora da polftica de "Tecnologia Edu-
cacional" impulsionada a partir do final da decada de 1960,
quando se procurou levar a escola a urn "funcionarnento
racional de forma<;ao de mao de obra". Aepoca, era fla-
grante a crise que se manifestava na estrutura, no conteu-
do e nos metodos arcaicos de uma pratica educativa que
nao respondia as necessidades de desenvolvirnento do pafs.
0 que rnarca as iniciativas nesta area, que se articularn
com outras como os Acordos MEC-Usaid e com a polftica
de privatiza<;ao da educa<;ao (que estao na origem das gran-
des mobiliza<;6es estudantis de 1968), e a supervaloriza<;ao
da Tecnologia Educacional- o tecnicismo educacional -
como solu<;ao apresentada para os problemas da educa-
<;ao brasileira.
As Tecnologias Educativas (TVs, videocassete,
retroprojetor, etc.) erarn vistas como tendo urn carater
Apresentagao
racionalizador e propulsor de um aumento de produtivi-
dade, em uma concep<;ao da escola como tendo o funcio-
namento similar a organiza<;ao fabril, onde os instrumen-
tos se destacam em detrimento dos sujeitos do processo
de ensino-aprendizagem. A supervaloriza<;ao instrumen-
tal, reflexo de polfticas que nao alcan<;avam a raiz dos pro-
blemas que a educa<;ao vivia, terrninou, apenas, por tor-
nar rnais operativo o rnesmo rnodelo tradicional vigente e
criar entre rnuitos educadores urn sentirnento de descredi-
to em rela<;ao a introdu<;ao de tecnologias no processo
educativo.
Na decada de 1980, o uso das Tecnologias Educa-
cionais voltou a ser re-valorizado, agora tendo o compu-
tador como um dos seus instrurnentos centrais. Como no
final da decada de 60, essa nova experiencia nao partiu
da decisao dos educadores, mas da iniciativa de altos es-
caloes do governo brasileiro.
Em 1980, a Secretaria Especial de Informatica (orgao
li?ado a presidencia da Republica) criou a Comissao Espe-
Cial de Educa<;ao como objetivo de criar norrnas e diretrizes
para a area da informa<;ao.
Nos anos 1981 e 1982, foram realizados o 1 e 11 Se-
rninario Nacional de Informatica na Educa<;ao envolvendo,
pela primeira vez, pessoas ligadas diretamente ao processo
educacional. Estes seminarios rnostrararn urna cornunidade
educativa ressabiada corn as experiencias anteriores de
Tecnologia Educacional. Entre as recomenda<;6es do semi-
nario, conforme Ramon de Oliveira, se destacam:
(a) A preocupa<;ao em afirrnar que investir ern Tecnologia
Educacional nao era resposta aos problemas que vivia
a educa<;ao: "nao (se deve) considerar o uso de corn-
putadores e recursos cornputacionais como a nova
panaceia para enfrentar problemas de educa<;ao basi-
ca ou como substituto eficaz das carencias ern larga
-
A Educagao na Era da Internet
escalade docentes e recursos instrucionais' elementa-
res ou de outra natureza";
(b) a preocupa<;ao quanta ao uso indiscriminado de pro-
gramas estrangeiros que pudessem influenciar os con-
ceitos e padr6es culturais nacionais: "que as ativida-
des de informatica na educa<;ao sejam balizadas por
valores culturais, sociopolfticos e pedag6gicos da rea-
lidade brasileira";
(c) a preocupa<;ao quanta ao investimento em maquinas, ape-
nas para "satisfazer os interesses do mercado, principal-
mente ao considerarmos que, no Brasil, o infcio do uso
dos computadores nas escolas publicas ocorreu no mo-
menta em que se investia no crescimento e no
favorecimento das industrias brasileiras de informatica".
Apesar destas preocupa<;6es, os participantes de am-
bos seminarios se declararam favoraveis a que o governo
viabilizasse "recursos como forma de desenvolver ativida-
des de pesquisa e experimento sabre o uso dos computa-
dores na educa<;ao", em particular, criando projetos pi lotos
de carater experimental. Esta proposta veio se materializar
em 1983 no Projeto Educom (Educa<;ao com Computado-
resL quando foram criados cinco projetos pilotos com o
objetivo de desenvolvimento de pesquisas e dissemina<;ao
do uso de computadores no processo de ensino.
Mesmo passando grandes dificuldades, inerentes ao
proprio ineditismo da atividade e devido a falta de conti-
nuidade dos recursos, eles serviram para acumular uma
certa experiencia e criar condi<;6es para duas iniciativas
importantes. 0 Projeto Formar, visando a prepara<;ao de
professores e tecnicos das redes municipais e estaduais de
ensino, eo projeto da cria<;ao dos Centros de Informatica
e Educa<;ao (Projeto Cied).
0 Projeto dos Cieds, em 1987, representou uma
nova etapa da Informatica Educativa onde se da uma
Apresentagao
descentraliza<;ao, do MEC para as Secretarias Municipais
e Estaduais que passam a participar da constru<;ao dos
Laborat6rios, elemento chave nesta nova etapa. Esses La-
borat6rios, instalados no interior da Escola, seriam uma
especie de frente avan<;ada do processo de informatiza<;ao
da educa<;ao, se constituindo em equipes e espa<;os de
experimenta<;ao, que posteriormente serviriam de difu-
sao para outros professores e alunos.
As experiencias dos anos seguintes foram frustran-
tes. A descontinuidade dos recursos, a ausencia de supor-
te, a falta de prepara<;ao das equipes constitufdas, a au-
sencia de discussao e de participa<;ao mais ampla de
professores e estudantes, excetuando-se casas isolados
onde a dedica<;ao e a criatividade permitiram algumas ex-
periencias interessantes, terminaram por paralisar e isolar
os Laborat6rios no interior da Escola. A fa ita de infra-estru-
tura, ainda que nao exclusiva deste projeto, vista o quadro
deficitario das escolas publicas, teve nesta atividade con-
seqUencias mais graves, pois alem das dificuldades pr6-
prias de uma pratica sem tradi<;ao, a obsolescencia extre-
mamente rapida da informatica e a falta de manutenc;:ao
podem paralisar as atividades.
Acrescente-se as dificuldades o fato de professores,
alunos e funcionarios que ate aqui haviam sido marginali-
zados do processo de elaborac;:ao e decisao sabre estas po-
lfticas verem, agora, seu papel reduzido a mero aplicadores
de decis6es preestabelecidas, cobrados por uma polftica e
iniciativas das quais nao tinham sido constituintes.
Os computadores que chegavam as escolas provo-
cavam rea<;6es contradit6rias: por um lado, eram vistas
como algo que poderia melhorar e facilitar o trabalho (tanto
administrativo quanta educativoL por outro, vistas como
improdutivos, como um desperdfcio do dinheiro que fal-
tava em tantas coisas "mais importantes".
A Educagao na Era da Internet
A falta de part1c1pac;ao de educado'res e edu-
candos no processo de elaborac;ao de uma polftica para
introduc;:ao do computador na escola, assim como a
descontinuidade dos investimentos e suporte, cobravam
seu prec;:o paralisando as iniciativas. Mas, na realidade,
existia um problema mais geral que era uma confusao
entre utilizar a informatica na pratica educativa e ensi-
nar informatica.
A informatica, nessa epoca, e de uma certa manei-
ra ate nossos dias, ainda era uma atividade de informaticos.
Para a comunicac;ao com a maquina ainda eram utiliza-
dos sistemas baseados em comandos, e a uti Iizac;ao de
recursos graficos, baseados no uso do mouse e na repre-
sentac;ao de uma mesa de trabalho, ainda davam seus pri-
meiros passos. Os poucos aplicativos que o leigo em
informatica conseguia usar (como editor de textos e
planilhasL exigia ainda o conhecimento de si.st~mas
operacionais, de comandos e codificac;oes. A interat1v1dade
era ainda praticamente nula. Nestas condic;6es, os com-
putadores nao podiam ser acessfveis a grande m~ssa de
professores e s6 atraiam aqueles que perceb1am as
potencialidades ainda nao realizada.s pela !nformatica.. A
tOnica dos poucos programas educat1vos ex1stentes apola-
va-se no computador apenas como algo capaz de substi-
tuir atividades repetitivas desempenhadas pelo homem, de
ajuda-los na memorizac;ao ou para a transferencia de in-
formac;oes para o aluno.
Neste quadro, a "educac;ao utilizando informatica"
praticamente inexistia e o que se fazia era "ensino de
informatica". 0 programa do curso de formac;ao dos pro-
fessores (urn pouco o que era feito em todo o Brasil), reali-
zado pelo Educom/UFPE em 1988, nos mostra o quant.o .a
atividade de informatica educativa estava Ionge do cotldl-
ano dos professores:
-
Apresentagiio
1) lntrodur;:ao a microinformatica; 2) lntrodur;:ao a
linguagem algorftmica; 3) lntrodur;:ao a programac;:ao Logo;
4) Ensino de informatica na escola; 5) Desenvolvimento
cognitivo, cultura e ensino; 6) Informatica, educar;:ao e so-
ciedade; 7) Utilitarios I; 8) Pratica do ensino de Informatica;
9) Pratica de Laborat6rio de Informatica; 10) Estudo indi-
vidual assessorado e 11) Estagio nas escolas do NAE (Pro-
jeto Educom, 1988).
Um curso deste tipo era algo muito distante da vida
das escolas e necessitava um esforr;:o dos educadores que
nao se justificava, ja que os resultados eram muito limita-
dos e que eles tinham mais com que se preocupar, envol-
vidos nas dificu ldades pr6prias do precario sistema
educativo e de sua atividade do dia-a-dia. Refletia uma
iniciativa que nao partia das pessoas envolvidas no cotidi-
ano da atividade educativa, mas de pessoas ligadas ao
aparato burocratico do Estado, preocupadas em levar este
recurso para o interior das escolas, de formar mao-de-obra
capacitada e mercado para a industria de informatica que
estava em expansao, bern como pela necessidade de for-
mac;ao de um novo tipo de trabalhador e de prestador de
servic;os adequados as necessidades de uma economia que
cada vez mais incorporava as mudanc;as promovidas pela
informatica.
Existe uma associac;ao do conceito de tecnologia
ao moderno, ao novo e, em particular, as maquinas
eletromecanicas e agora as maquinas de informatica. Mas,
tecnologia existe em qualquer atividade humana. A es-
cola sempre utilizou uma tecnologia que aparece .na or-
ganizac;ao do espar;:o escolar, na sala de aula, nos m~tru­
mentos de trabalho (quadro-negro, giz, livros, apostllas,
cadernos, borr6es, mime6grafos, retroprojetores, etc.) e
no privilegio da palavra e da escrita como elemento cons-
tituinte de significados.
-
A Educagao na Era da Internet
Nern por isto precisamos de serninarios e cursos de
forma~ao de professores do seguinte tipo:
1) lntrodu~ao as tecnicas de impressao (a utiliza-
~ao do mime6grafo, impressao a off-set, tecnica da caneta
tinteiro, etc.); 2) lntrodu~ao alinguagem gra.fica; 3) lntro-
du~ao atecnica de reuniao de professores e de paise mes-
tres); 4) Ensino de giz e quadro-negro na escola; 5) Desen-
volvimento cognitivo, cultura e ensino; 6) Processos
Graficos, educa~ao e sociedade; 7) Utilitarios I; 8) Pratica
de ensino de mime6grafo; 9) Pratica de Laborat6rio de
Quadro-negro; 10) Estudo individual assessorado e 11)
Estagio nas escolas do NAE (Projeto Edugiz, 1998).
Ainda que estes assuntos envolvam a tecnologia
educativa, usada ainda hoje na escola e que faz parte da
forma~ao dos professores aprender a utiliza-las da melhor
maneira possfvel, pensar urn curso deste tipo como for-
ma~ao para professores seria uma evidente aberra~ao, mais
ou menos a mesma coisa do que se fazia com a tecnologia
de informatica, dando-lhe uma imporU1ncia maior do que
a pratica pedag6gica.
A tecnologia educativa nao pode estar desligada da
teoria da educa~ao que envolve varias ciencias. A
tecnologia, como a pratica usada no ensino, e fruto de
uma proposta polftico-pedag6gica respaldada por concei-
tos que sao o Iastra dessa proposta. Ou seja, tanto faz o
quadro de giz ou a Web, a tecnologia usada ha de ser
referendada para poder fazer sentido. A tecnica, por si s6,
nao forma nem o professor nem o aluno.
Esta tecnologia e uma cristaliza~ao de praticas de-
senvolvidas nas atividades educativas. Ela e ao mesmo tem-
po a expressao de uma pratica e urn elemento que a modi-
fica.
Normalmente, uma tecnologia surge como uma pro-
je~ao de uma pratica anterior. Antes do giz e do quadro-
-
Apresentagao
negro, as pessoas escreviam ou desenhavam ern algurn
suporte ou no chao, por exemplo, para ajudar a tornar
mais visfvel ou fixar algo que estavam explicando. Esta
pratica evoluiu criando instrumehtos particulares para
melhorar esta forma de expressao; primeiro o quadro ne-
gro, depois os diapositivos, o retroprojetor, etc. Para fazer
contas uti Iizavam OS dedos, 0 abaco e mais tarde a regua
de ca.lculo. E ao se criarem estes instrumentos, estas prati-
cas se generalizavam e ao mesmo tempo se modificavam
em fun~ao das particularidades dos instrurnentos criados.
Quando uma tecnologia surge, ela parece substi-
tuir a pratica anterior, ela tende a ganhar mais importancia
do que o que se faz com ela. Utiliza-la nesse momenta
exige o esfor~o de intervir e conhecer todos os seus meca-
nismos, para poder corrigir suas falhas, suprir suas lacu-
nas, fazer as op~6es de desdobramento que ainda nao se
inscreveram em seus instrumentos. Se no primeiro momen-
ta se cria a tecnologia como intuito de fazer melhor, mais
rapido e com maior efetividade o que se fazia antes, no
processo de consolida~ao de uma tecnologia, se come~a
a produzir novas praticas e novas maneiras de se fazer as
mesmas coisas e outras. Quando a tecnologia esta
amadurecida e consolidada, ela parece desaparecer e se
tornar invisfvel, ja que se incorpora adinamica do cotidia-
no (o qual ela tambem modificou), e a maneira de utiliza-
la e o resultado da sua a~ao tendem a ganhar destaque
sobre a tecnologia propriamente dita, que passa a ser par-
te do ambiente.
Estas observa~6es permitem entender urn pouco o
misto de dificuldades e potencialidades que cercam o esta-
gio da Informatica Educativa, em que falamos anteriormen-
te (que de uma certa maneira ainda se manifesta ate hoje).
Vivfamos um momenta em que a tecnologia informatica
procurava ainda se constituir. Ela se propunha facilitar a
-
A Educaqao na Era da Internet
(mesma) pratica que se tinha ate aquele momento. Mas nao
realizava esta promessa, ao contrario ela somava novas di-
ficuldades as dificuldades existentes, tanto maiores porque
exigiam uma nova linguagem e novos conhecimentos, muito
distantes da pratica do educador. Nestas condic;oes, a rejei-
c;ao era um fato quase inevitavel, em particular ao inexistir
urn trabalho de informac;ao e de discussao entre educado-
res, funcionarios e estudantes, e ao fato de se decidir sem
eles os passos que deveriam ser seguidos.
Os problemas que vivemos nesse perfodo, pode-se
dizer, sao universais.
Em urn artigo publicado no "The American Prospect
On Line", Paul Star cita as tres fases por que passou a rela-
c;ao entre informatica e educac;ao nos Estados Unidos:
(a) Na primeira metade dos anos 1950 ate avanc;ados anos
1980, os interesses maiores eram com o desenvolvi-
mento da "lnstruc;ao Assistida por Computador" e com
o ensino de programac;ao do computador (em grande
parte este esforc;o se deu atraves da organ izac;ao de
cursos de linguagens de programac;ao).
(b) Entre 1981 e 1989, com a propagac;ao de computado-
res pessoais, os software aplicativos em geral eo infcio
das interfaces graficas (que comec;am a reduzir a neces-
sidade de conhecimentos de linguagem de programa-
c;ao e comandos), os computadores ficam situados tipi-
camente em Laborat6rios especiais.
(c) A terceira fase comec;a na decada passada, anos 1990,
como advento da multimfdia, corn o crescimento ex-
plosivo da Internet, da Web e com a integrac;ao da
informatica e do computador no trabalho e na vida
cotidiana.
-
A hist6ria da educac;ao no Seculo XX foi marcada
por previs6es e expectativas fracassadas de revoluc;oes da
educac;ao a partir da incorporac;ao de tecnologias. Em
Apresentaqao
1913, Thomas Edison previu que os livros nas escolas logo
estariam obsoletos por causa do cinema. 0 mesmo acon-
teceu quando o radio foi inventado nos anos 1920 e 30 e
com a televisao a partir dos anos 1950.
Em seu livro "Os professores e as Maquinas", Larry
Cuban aponta que estas expectativas foram decepciona-
das repetidamente, apesar do esforc;o e do investimento
"nao pelas raz6es que geralmente se afirma - execuc;ao
deficiente, dinheiro insuficiente, resistencia dos professo-
res- mas por causa de urn obst;kulo mais fundamental: a
16gica da sala de aula" (cf. Star,1996).
Segundo ele, "as ferramentas que os professores
acrescentaram a seu repert6rio no correr do tempo (por
exemplo o quadro-negro e o Iivro de textos) foram si m-
ples, duraveis, flexfveis e respondiam aos problemas en-
contrados pelo professor em suas demandas de instru-
c;ao diaria". Os filmes, o radio e a televisao requeriam
muito trabaho e esforc;o tecnico especfficos que difi-
cultaram a sua relac;ao com a sala de aula. Esta razao
possibilitou que simplificac;oes destas tecnologias, como
o retroprojetor, os slides eo videocassete, passfveis em
certo nfvel de se integrarem a 16gica da sala de aula,
fossem incorporados ao ensino, mesmo que de maneira
limitada).
0 fracasso das primeiras fases da integrac;ao do
computador a pratica educativa parece seguir, apa-
rentemente, o mesmo ciclo de entusiasmo e desapon-
tamento e fracasso das previs6es relativas a introdu-
c;ao na educac;ao destas outras tecnologias. No entanto,
ja no percorrer da segunda fase, aparecem quest6es
que se desviam do padrao das tentativas de introdu-
c;ao de outras tecnologias avanc;adas. A mais impor-
tante delas e que os computadores comec;am a atrair
o interesse nao apenas dos administradores mas, cada
-
A Educaqao na Era da Internet
vez em maior numero, dos estudantes e p~ofessores.
Ao contrario do cinema, do radio e da TV, os compu-
tadores se mostraram mais suscetfveis e uteis as ativi-
dades centradas no estudante e defin idas pelo pro-
fessor. E quando a Internet explode a luz do dia, elas
comec;aram a se transformar cada vez mais naquelas
ferramentas, definidas por Cuban, como "simples,
duraveis, flexfveis e capazes de responder a necessi-
dades definidas pelo professor em func;ao das deman-
das de instruc;ao diaria".
0 perfodo que passamos hoje no Brasil poderia ser
relacionado com a transic;ao da segunda para a terceira
fase que ocorreu com a integrac;ao do computador aedu-
cac;ao nos Estados Unidos. Ocorre, a nosso ver, uma si-
multaneidade entre ambas, como resultado de uma dina-
mica que corresponde a uma trajet6ria nacional
sobredeterminada pela sua integrac;ao em um processo
mais geral de globalizac;ao.
Se, por um lado, ainda nao encontramos profissio-
nais, estruturas e recursos aplicados dentro das escolas e
do aparato educativo, capazes de introduzir o computa-
dor na dinamica da escola, este equipamento e, em parti-
cular, a Internet, entraram a tal ponto no trabalho e na vida
cotidiana de uma grande parcela da populac;ao, e ganha-
ram a tal ponto repercussao na midia que se incorporaram
apratica educativa dos estudantes e professores por fora
da escola.
Hoje, o computador eusado como editor de tex-
to, como planilha eletronica, como instrumento de edi-
c;ao e pubIicac;ao de pequenos trabal hos, como agen-
da, como meio de comunicac;ao e pesquisa, como
entretenimento, por uma grande parte do que se pode-
ria chamar a comunidade educativa, mesmo que nao
de maneira intensiva.
Apresentaqao
Neste sentido, criaram-se as bases para uma real
incorporac;ao da informatica apratica educativa em nos-
so pais.
Por Que este Livro?
Temos hoje um "parque informatica" significativo
no nosso pais (equipamentos e programas em instituic;oes,
empresas e residencias); temos ja uma significativa parce-
la da populac;ao alfabetizada em informatica (alguns mi-
lhoes de usuarios da Internet, de computadores pessoais,
de celulares e outros servic;os informaticos e telematicos).
Se observarmos esta realidade, nao podemos deixar de
estranhar a precariedade da utilizac;ao da informatica na
pratica educativa.
Esta debilidade nao efruto da falta de esfor~os. Dois
caminhos, nao excludentes, tem sido empreendidos.
Por um lado, um esfor~o de equipar as escolas
(cria~ao de laborat6rios, salas, classes e cursos pi lotos
ou mesmo escolas especiais) e informatizar servi~os (ban-
cos de dados administrativos, bibIioteca, servi~os de edi-
~ao, etc.). Par outro lado, existem iniciativas de cria~ao
de ambientes informaticos que aproximam a maquina dos
usuarios.
lnstitui~oes de ensino e empresas tem produzido
programas e sistemas voltados para a criac;ao deste tipo de
ambiente. Em alguns casas sao ambientes particulares,
como os laborat6rios de que ja falamos, cursos usando
CD-ROM e a Internet, bibliotecas digitais, quadros de avi-
sos, servi~os de mensagens da institui~ao e dos cursos,
assim como comunica~ao entre alunos e professores,
home-pages e bancos de dados.
'•
-
A Educagao na Era da Internet
Mas cada passo dado parece provocar u'm sem nu-
mero de reac:;:6es e dificuldades ja que entram em contra-
dic:;:ao com culturas, habitos e instrumentos arraigados e
incrustados em nossas praticas educativas, comunicativas
e culturais, criadas por t2cnologias e relac:;:6es sociais ante-
nares.
Muitas das experiencias que vivemos fracassam ao
tentar reproduzi r a mesma pratica anterior uti Iizando as
novas tecnologias.
A grande questao, que nao esta resolvida, ea cria-
c:;:ao de uma nova pratica comunicativa e de proces-
samento de informac:;:6es condizentes com estas novas
tecnologias. Numa sociedade de abastanc:;:a de informa-
c:;:oes, onde o problema nao e possui-la, mas acha-la e
descobrir sua relevancia, onde os homens compartem seu
poder com as maqu inas ao comparti r com elas seu
processamento, e onde o controle da informac:;:ao se tor-
na inviavel, nao emais possfvel manter a mesma pratica
educativa que antes.
Por sua vez, a criac:;:ao de uma nova cu ltura, de
novas paradigmas, novas valores, habitos e praticas nao
pode ser feita em laborat6rios. Esta nova cultura se cria
em praticas contradit6rias, em idas e vindas, onde se
alternam grandes experiencias com fracassos (que as
vezes ocorrem mesmo simultaneamente). Elas surgem
de projetos, de praticas e de experiencias onde se pro-
cura equipar o professor e dar sustentac:;:ao a sua ativi-
dade.
-
Uma experiencia particularmente importante
neste caminho ea de criac:;:ao de ambientes telematicos
para o desenvolvimento de uma pratica educativa, que
rompendo a barreira do espac:;:o fisico da escola ensaia
passos no terreno da comunicac:;:ao digital. Uma prati-
ca educativa que nao se baseia na continuidade do tem-
Apresentagao
po, que e independente de distancias e que nao se
referencia no espac:;:o ffsico, e que, ao "aboli-lo" (ou ao
torna-lo unico) subverte toda pratica educativa pre-exis-
tente.
Este livro procura refletir sobre este tipo de pratica
e contribuir para a criac:;:ao desta cultura. Ele procura apre-
sentar, para os que desbravam este carninho, um conjunto
de ideias, tecnicas, metodologias e experiencias construfdas
por uma equipe de professores e estudantes, coordenados
pelos professores Carlos Lucena e Hugo Fuks, autores des-
te livro.
Esta experiencia se articula em torno da cria<;ao do
ambiente AulaNet, a partir de uma estrutura conceitual para
a implementac:;:ao de inova<;6es tecnol6gicas em educa-
<;ao baseada em tres argumentos:
A ado<,:ao precede a mudan<;a - Para que qualquer mu-
danc:;:a pretendida ocorra, a inovac:;:ao tem que ser adotada
em primeiro Iugar pelos alunos e professores;
Realiza<;ao ere-cria<;ao- 0 processo de implementac:;:ao
de uma inovac:;:ao e, em essencia, um processo de re-cria-
c:;:ao no qual professores e alunos reinterpretam a inova<;ao
em seus pr6prios termos. Desta forma a real izac:;:ao de uma
inovac:;:ao frequentemente reflete um conjunto de solu<;6es
de compromisso entre a forma novae a antiga de fazer as
coisas.
Aprendizado ea evolu<;ao do conhecimento- Seres huma-
nos sao ativos criadores de conhecimento, mas falfveis. 0
conhecimento criado deve ser refinado pela crftica dos seus
pares.
Os objetivos da equipe do Projeto Aulanet sao:
(a) Promover a adoc:;:ao da Web como um ambiente edu-
cacional;
(b) contribuir, sem impor, mudanc:;:as pedag6gicas dando
suporte a re-cria<;ao;
-
A Educagao na Era da Internet
(c) encorajar a evolu~ao do conhecimento (tanto para alu-
nas quanta para professores).
Por esta propria concepc;ao de estrutura conceitual,
fica evidente que este Iivro nao propora uma receita de
pratica educativa, uma concepc;ao fechada e definitiva
do que sera a educac;ao na era da Internet, quanta mais
nao seja por entender que por um bom tempo trabalha-
remos com uma transic;ao da pratica educativa. 0 que
ele faz e apresentar ideias, reflex6es, teorias e experien-
cias, muitas das quais servem tambem a educac;ao
presencia!.
Um pouco tambem por isto, a edic;ao do livro
acompanhou esta ideia. Ele foi redigido e editado a par-
tir de documentos, papers, aulas, em particular dos con-
teudos do curso "Tecnologias de Informatica Aplicadas
aEducac;ao" coordenado pelos autores deste livro, de-
senvolvido no proprio ambiente AulaNet. Na sua
estruturac;ao, permitindo redundancias e desmembrando
o material em cinco partes relativamente independen-
tes, o editor procurou, deliberadamente, evitar a tenta-
c;ao da busca da coerencia. Seria empobrecedor redu-
zir um material tao rico e multiforme, cujas diferentes
partes podem interessar a publicos tao diferentes, a algo
continuo com infcio, meio e fim.
Tivemos a preocupac;ao de criar uma metainforma-
c;ao (uma informac;ao da informac;ao) atraves de notas para
tornar o livro acessfvel a uma grande parcela de professores,
aprendizes e agentes de cultura nao habituados a linguagens
da informatica. Mas permitimos a sobrevivencia das mesmas
redundancias, contradic;oes, pontos de vista e linguagens
diversificadas que encontramos na Internet e nessa experien-
cia, onde o leitor se alimenta dos conteudos apresentados
para os destruir, criando e construindo os seus proprios signi-
ficados.
Apresentagao
0 que se discute neste livro e uma subversao da
pratica educativa que aponta o caminho da comunicac;ao,
coordenac;ao e cooperac;ao como seus elementos
constitutivos.
0 que pretendemos com ele e oferecer um elemento
a mais para a criac;ao do ambiente necessaria para o de-
senvolvimento da educac;ao baseada na Web.
Naoum instrumento para tecnicos, ou para enten-
der o que os tecnicos fizeram, discutindo tecnologias de
informatica aplicadas aeducac;ao. Esta discussao foi im-
portante para criar uma massa crftica que viabilizasse a
construc;ao dos instrumentos que temos hoje para uma
pratica de educac;ao adistancia. Mas hoje, para o proprio
desenvolvimento destes instrumentos, e necessaria expe-
rimentar, socializar e massificar a sua utilizac;ao.
Nilton Santos
-
Comunica~ao Digital
e Trabalho de Grupos
Aproliferao;ao de computadores pessoars e a
populariza<;:ao da Internet ampliaram as possibilidades de
comunica<;:ao entre as pessoas, criando uma variedade de
servi<;:os oferecidos atraves de uma rede heterogenea de
ambientes, sistemas e plataformas. Como a utiliza<;:ao des-
ta tecnologia e muito recente, varios projetos de pesquisa
buscam encontrar os aspectos relevantes para o trabalho
em grupo auxiliado por computador. Estes aspectos po-
dem ser vistos nas estruturas de comunica<;:ao, coordena-
<;:ao e coopera<;:ao com as quais os grupos trabalham.
As pessoas se comunicam para trabalhar em con-
junto. Ese coordenam para trabalhar melhor. Atecnologia
baseada em mfdia digital que da suporte as atividades de
pessoas organizadas em grupos - que podem variar em
tamanho, localiza<;:ao ffsica e composi<;:ao- e chamada de
A Educagao na Era da Internet
Groupware. Os conceitos basicos que norteiam os siste-
Programa de compu - mas baseados nesse tipo de tecnologia SaO, exa-
tador que oferece supor- . _ _
te para o trabalho de tamente: comun1ca<;ao, coordena<;ao e coo-
grupos.
pera<;ao.
Originalmente, a computa<;ao s6 trabalhava com
termos como 11
arquivos11
,
11
programas11
e
11
aplica<;6es". A
partir do desenvolvimento das interfaces graficas come-
Recursos graficos ou de <;ou a ser importante trabalhar com a dinamica
utilizac;:ao de textos, ima-
gens, icones e multimidia dos sentidos humanos.
que tornaram relativa- d · d
mente mais facil a cornu- Ao Iidar com Groupware, e1xamos e
nicac;:ao com a maquina e,
dessa maneira, a lorna-
ram acessivel a urn nume-
ro maior de pessoas por
dispensarem c6digos e co-
nhecimentos de progra-
mac;:ao.
L-- -- - -- ----'
tratar de 11
aplica<;6es" e "arquivos", e passamos
a trabalhar com outros conceitos tais como
11
confl itos", 11
intera<;6es11
,
11
coopera<;ao" e
11
ne-
gocia<;ao"... Come<;amos a tratar de unl mun-
do novo, um mundo menos tecnico no qual o aspecto
social e a caracterfstica mais forte.
Trabalhar eConversar
Quando se conversa com alguem, se esta assumin-
do compromissos. E o trabalho, no fundo, se traduz pela
realiza<;ao dos compromissos assumidos. Por isso, e ne-
cessaria facilitar esse tipo de dialogo e oferecer meios para
que essa conversa aconte<;a da melhor maneira possfvel.
Torna-se necessaria dar instrumentos para que essa con-
versa<;ao se realize nos mais diversos locais e nos mais
diferentes momentos.
-
Atualmente, ninguem pode se limitar a um s6 tipo
de comunica<;ao. Estamos na era do telefone celular que
Comunicagao Digital e Trabalho de Grupos
esta se tornando uma das formas mais importantes de co-
munica<;ao, com o qual, em breve, n6s poderemos nos
comunicar entre quaisquer lugares e em qualquer momen-
ta. No entanto, continua a ser muito importante a comuni-
ca<;ao assfncrona como a que se da atraves de cartas, de
mensagens eletr6nicas, de publica<;6es impressas e de ou-
tros meios na qual os diferentes sujeitos da comunica<;ao
se manifestam em momentos diferentes.
As necessidades de comunica<;ao no mundo do tra-
balho geraram uma serie de tecnologias que foram se trans-
formando em diversos produtos que respondem a varias
necessidades especfficas.
Podemos pensar, por exemplo: 11
Eu que-
ro ter uma sala digital de reuni6es, o que ca-
racteriza tipicamente a comunica<;ao das dife-
rentes pessoas de um grupo, ao mesmo tempo,
mas em locais diferentes". 0 que as pessoas
fazem quando se reunem? - Elas conversam,
criam e tomam decis6es. Entao, quando se quer
promover uma sala de reuni6es, e preciso dar
suporte a esse tipo de atividade. Ambientes des-
te tipo constituem os espa<;os de trabalho de
uma organiza<;ao digital.
A princfpio, o que caracteriza uma orga-
Esses produtos nao res-
pondem, cada urn deles,
a uma determinada ne-
cessidade especifica, mas
a urn conjunto, a uma mis-
tura delas. Veja o Word da
Microsoft, por exemplo, o
usuario comum deste pro-
grama nao utiliza nem
dez por cento de seus re-
cursos. Os programas ser-
vem a muitas coisas mais,
em termos de tecnologia,
do que bastariam servir,
mas, de qualquer manei-
ra, eles servem para
rnapear essas tecnologias
e, sao esses produtos que
deveremos levar em con-
siderac;:ao.
niza<;ao digital eo uso intensivo de correio eletr6nico tanto
na comunica<;ao interna das organiza<;6es, quanta na ex-
terna. A utiliza<;ao deve ser intensiva. Nao devemos poupar
esfor<;os para que todos usem o correio eletr6nico. Esse eo
primeiro passo para se ter uma organiza<;ao digital, para se
implantar uma cultura de comunica<;ao digital.
-
. A Educagao na Era da Internet
Uma vez que se tenha uma infra-estrutura para isto,
0 segundo passo e procurar dentro da organizac;ao - da
ernpresa, universidade ou de qualquer arnbiente de traba-
lho- urn grupo muito bern estruturado. Edentro desse gru-
po bern estruturado e, principalrnente, rnotivado-pois sem
motivac;ao nada podera ser feito, ja que tecnologia nao
transforrna a agua ern vinho- que cornec;amos a implantar
os produtos Groupware.
Se trabalhar e comunicar-se, conversar, entao o que
podernos fazer para estirnular esse processo?- De infcio,
irnplantarnos urn groupware para facilitar a cornunicac;ao
entre os integrantes deste grupo pequeno, bern estruturado
e bern rnotivado ao qual nos referimos inicialrnente. Cada
tipo de trabalho gera urn tipo de cornunicac;ao especffica,
que nao caberia detalhar aqui. Ern seguida, a expansao do
uso dessas tecnologias deve avanc;ar na direc;ao de outros
grupos, setores ou indivfduos que se cornunicarn com o
grupo inicialmente envolvido no processo.
Paralelarnente, devemos explorar a lateralidade das
relac;6es de trabalho. Porque dentro da perspectiva do in-
.--------..., divfduo que esta trabalhando, as pessoas e os
Comunica~;ao do tipo
broadcasteadoradiodi- grupos corn os quais ele trabalha dentro e fora
fusao (tambem utilizado
pela televisao transmitida da empresa sao a organ izac;ao. Esse e o seu
atraves de antenas), que
espalha, dissemina, difun- grupo de trabal ho. Do seu ponto de vista, or-
de a informa~;ao. A infor-
ma~;ao segue apenas um ganizac;ao e ernpresa sao as pessoas corn quern
sentido, do emissor para ele se cornunica e corn quem trabalha.
o ouvinte. Neste tipo de
informa~;ao, a intera· Essas relac;6es se diferenciarn pelo for-
tividade e quase nula. 0
retorno da informa,.ao e rnato da cornunicac;ao. Ern urna organizac;ao
limitado e se da por ou·
tros canais (pesquisas, voce tern rnuita cornunicac;ao do tipo
cartas, telefonemas dos
ouvintes, etc.). broadcast, de disserninac;ao- a comunicac;ao
' - - - - - - - - - '
Comunicagao Digital e Trabalho de Grupos
de um para muitos (comunicados, documentos oficiais,
regularnentos, orientac;6es, etc.). Mas tarnbern ha bastante
conversac;ao e reuni6es onde a interatividade esta coloca-
da nas relac;6es entre pessoas, nos grupos, no trabalho de
equipe, na negociac;ao corn fornecedores, corn os clien-
tes, etc.
As cornunicac;6es se diferenciarn rnuito, tarnbem,
ern relac;ao adurac;ao e ao tempo no qual se estabelecem.
As pessoas se cornunicarn e se coordenam, atraves de urn
leque diversificado de rnecanisrnos que estao presentes nas
ferrarnentas disponfveis no arnbiente de trabalho. Essa
rnesrna cooperac;ao no trabalho deve existir, seja quando .
o indivfduo desenvolve urna atividade sozinho, seja quan-
do ele trabalha ern grupo. Por isso, e preciso ferrarnentas
para esses diversos grupos, desde o eu-sozinho ate o ex-
trema oposto, quando se tem toda a lateralidade possfvel,
ern todo o arnbiente da Internet. E e irnportante enfatizar
que as ferrarnentas nao podern ser rnuito diferentes, nao
pode haver uma ruptura entre os rnornentos ern que
estarnos sozinhos, quando nos relacionarnos corn nossa
equipe ou corn toda a Internet.
Quando estabelecernos contato com varios setores
e grupos, tanto verticalrnente corno horizontalrnente- de-
pendendo das necessidades do trabalho- essa cornunica-
c;ao se rnodifica. Equipes se formam, reestruturarn-se e se
renovarn, continuarnente, de acordo corn o grau de coope-
rac;ao entre seus integrantes e ern func;ao de seus objetivos.
Essa renovac;ao se da a partir da resposta da equipe
corn a qual trabalharnos. Estarnos falando daquele grupo
inicial, pequeno e rnotivado, e tarnbem dos outros grupos
A Educagao na Era da Internet
e pessoas que interagem com ele. Entao, n6s temos um
processo continuo de comunica<;ao, que percorre domi-
nies de conhecimentos diferentes, com diferentes tecni-
cas, linguagens e jarg6es, o que torna necessaria um apren-
dizado constante. Por isso, o trabalho e o aprendizado
comec;:am a ficar muito perto um do outro. Tao perto a
ponto de se confundirem.
0 produto dessas relac;:6es e interac;:6es e a organi-
zac;:ao, por exemplo, a empresa ou a escola. E o produto
dessas relac;:oes e interac;:6es, incluindo a lateralidade exis-
tente nelas, e a sua "fatia de mercado"- o universo onde
essa empresa ou escola esta inserida.
Os Clientes como Parte da Empresa
Podemos afirmar que, c~da dia mais, a relac;:ao dos
cl ientes com as empresas - ainda mais se pensamos em
Internet- e tambem uma relac;:ao de trabalho. Afinal, e ele
que preenche o formulario quando faz um pedido de com-
pra, que digita a ficha de pagamentos e pratica outras ac;:6es.
0 cliente, hoje, esta dentro do fluxo de trabalho da em-
presa, ele e parte da empresa.
Esta tendencia do mercado, onde cada vez mais as
fronteiras das empresas se diluem (o self-service, o caixa
eletronico, etc.) e onde o cliente passa a ser parte dela, se
acelera e se aprofunda com o surgimento das redes
informaticas e, em particular, da Internet.
-
Einteressante observar, quando pensamos em todo
esse processo de comunicac;:ao entre organizac;:6es, equipes
Comumcagao Digital e Trabalho de Grupos
e pessoas, que tudo isso necessita de uma rede de computa-
dores que lhe de sustentac;:ao. Eum aspecto basico na no<;ao
de comunicac;:ao entre computadores e a cooperac;:ao. Os
computadores tem que cooperar entre eles. Quando ouvi-
mos o barulhinho do modem do nosso computador, perce-
bemos que uma conexao esta sendo feita, que o
nosso modem esta estabelecendo contato com
Equipamento de interface
que permite a conexao de
urn computador atraves
da rede telefonica com
outro computador e negociando a forma de co- outro computador, em ou-
tro local. Ele transforma
mun icac;:ao e cooperac;:ao entre eles. Esta queren- OS sinais usados pelo com-
do saber do modem do outro Iado, qual e a sua putador em sinais utiliza-
dos pela linha telefonica
capacidade de enviar e receber informac;:6es, en- e vice- versa.
fim, de conversar. lsso e muito natural no rnundo da
informatica, uma vez que os protocolos da Internet sao, ern
outras palavras, as regras de cornunicac;:ao e cooperac;:ao en-
tre os computadores e as maquinas que se integram.
Portanto, ha urna serie de servic;:os fundamentais
para que uma aplicac;:ao de Groupware possa se realizar. E
preciso suporte de agenda, co-autoria, suporte adecisao,
suporte tecnico. Enecessaria, ainda, ter urn acurnulo das
rnais variadas forrnas de tomada de decisao para concreti-
zar a comunicac;:ao, o que se traduz no poder de controlar
vers6es. E isso tudo s6 para se ter uma aplicac;:ao, por exem-
plo, do tipo distribuic;:ao de software dentro da Internet.
Ou seja, para o ser hurnano assumir o controle, ele prcci-
sa entrar em contato com os sistemas e produtos que cJ3u
suportes a esses servic;:os.
lnfelizmente, toda e qualquer interface e urn entra-
ve ao trabalho. Nao existe escapat6ria para isto. Para iden-
tificarrnos como isto ocorre, basta refletirmos sobre os sis-
temas operacionais com todas as suas idiossincrasias.
-
A Educagao na Era da Internet
Estamos bastante acostumados ao Windows da
Microsoft e sabemos que, quando vamos realizar uma
tarefa neste programa de computador, precisamos pen-
sar em uma serie de coisas que nao tern nada aver com a
Para escrever urn texto, tarefa em si, mas, sim, com 0 Windows- e ja
por exemplo, precisamos d N-
abrir urn processador de estamos raciocinando de forma in ireta. ao
texto, abrir e nomear um
arquivo, grava-lo em urn
diret6rio, produzir uma
c6pia de seguran~a, nos
preocuparmos com a pos-
sibilidade de confusao de
podemos mais pensar so nos problemas liga-
dos a nosso trabalho, mas em outras coisas
alheias a ele. Somos forc;ados a raciocinar de
versoes. uma maneira indireta, que e extremamente cus-
tosa, desagradavel e cansativa.
Para melhor entender a que nos referimos, poderfa-
mos fazer uma comparac;ao entre os computadores e os
eletrodomesticos. 0 computador se aproxima muito do
videocassete e, infelizmente, nao do liquidificador, que e
extremamente facil de usar. 0 sonho e que o computador
fique muito mais parecido como liquidificador, onde voce
coloca o gelo e aperta o botao- "gelo picado" e pronto!
Passeio pela Memoria
Quando toda essa comunicac;ao entre as pessoas
e equipes e armazenada, de forma a permitir a recupera-
c;ao da informac;ao, comec;amos a ter uma representac;ao
da memoria organizacional. Essa memoria servira futura-
mente para, se for o caso, rever decis6es que foram to-
madas com relac;ao a determinados comportamentos ou
produtos. Se pensarmos em engenharia de produc;ao, por
exemplo, a empresa tera a memoria dos motivos que de-
-
Comunicagao Digital e Trabalho de Grupos
terminaram uma opc;ao, em determinado caso em que
foi usada ceramica ao inves de alumfnio em um produto.
Talvez a opc;ao tenha sido motivada pelo fato de que, em
determinada epoca OU circunstancia, as tecnologias e OS
materiais nao estavam suficientemente desenvolvidos para
a prodw;:ao de uma turbina, por exemplo. Essa seria, cer-
tamente, uma infonnac;ao muito C1til em outro momento,
quando se revisaria a decisao anterior com o objetivo de
modificar alguma coisa (quem sabe, nesse momento, ja
existiriam materiais e tecnologias melhores, que
viabilizassem ideias e alternativas que antes nao pude-
ram ser implantadas).
A decisao em si deixa de ser tao fundamental. Muito
mais importante e conhecer 0 processo que levou atomada
da decisao. No trabalho intelectualizado, o processo vai se
confundir com o proprio produto. 0 fluxo de entrada de in-
formac;6es sobre o processo passa a ser constante, assim como
passa a ser constante a necessidade de treinamento.
Esta memoria e muito util tambem para a
capacitac;ao de pessoas que ingressam na empresa, em
urn determinado projeto. Se temos uma memoria, te-
mos a possibilidade de passear nesta memoria, de
percorre-la, de incorpora-la e, obviamente, isso gera a
possibilidade de treinamento e aprendizado de novos
funcionarios.
Com isso, grande parte do trabalho que as equi-
pes real izam comec;a a ocorrer de forma assfncrona, o
que gera a necessidade de novas formas de
gerenciamento: torna-se necessaria um gerente que en-
tenda do assunto e agregue valor. Grande parte do tra-
-
A Educaqao na Era da Internet
balho comec,:a a acontecer Ionge dos olhos do gerente.
E, portanto, aquela gerencia tradicional do olho em cima,
do homem-hora, do estou-vendo-o-que-voce-esta-fazen-
do passa a ser completamente desnecessaria. E, se isso
nao e mais necessaria, 0 que passa a interessar agora e
se o trabalho de uma pessoa agrega valor ao que o gru-
po, o conjunto de pessoas da organizac,:ao ou a equipe
esta fazendo.
0 simples papel de intermediario nao tem sentido
numa organizac,:ao digital. A caracterfstica da organiza-
c,:ao digital e a de ser holfstica- trabztlhZtr com o todo, e
nao mais taylorista onde se divide e fragmenta todo o
trabalho.
Se esse tipo de gerente tradicional - homem7 hora,
olho-vivo- persistir, a organizac,:ao tera muita dificuldade
de lidar como trabalho realizado fisicamente Ionge de seus
olhos. Principal mente porque grande parte do trabalho vai
ser feita em casa, a qual tambem sera o Iugar onde varnos
aprender. Novamente, trabalho e aprendizado vao andar
juntos.
Nossa Casa como Parte da Empresa
Cada vez mais, a casa, atraves de um micro co-
nectado aInternet, vai ser parte da organizac,:ao, parte da
empresa ou da escola. Ela tende a sera propria escola e a
propria empresa, isto e, a microempresa. Cada microem-
presa vai se constituir em uma empresa, e o cfrculo se
completa. Deixamos de ser simplesmente consumidores
Comunicaqao Digital e Trabalho de Grupos
e passamos a ser tambem provedores. 0 Napster ja anun-
cia essa era. 0 programa Napster cria
urn ambiente onde um
Quem tem alguma atividade na Internet, usuario associado pode
· f 1 · d 1 acessar ocomputador de
ja OUVIU a ar mUltO nestas UaS pa avras: protOCO- qualquer outro usuario
lo e padronizac,:ao. A Internet e baseada em dais para procurar musicasguardadas em diret6rios
fatores: de um Iado, a ligac,:ao ffsica (seja por tele- preestabelecidos pelo
proprietario.
fane, cabo 6tico, satelites, ondas de radio, etc.) e ._________......;
de outro, um protocolo, uma padronizac,:ao, ou seja, uma serie
de normas, uma mesma "linguagem" que permite pessoas e
maquinas se comunicarem entre si.
Emuito importante entender que o protocolo de
servic,:os da Internet esta baseado na relac,:ao cliente-servi-
dor. Entao, voce tem um "servidor"- chamado de prove-
dar- que atende aos requisitos e as demandas de varios
computadores e usuarios- que sao chamados "clientes".
56 para exemplificar: quando voce usa seu "clien-
te" de correio eletronico, voce se conecta com a maquina
de seu provedor (o servidor) - local onde esta Cliente de correio elctro-
nico e urn aplicativo no
instalada a sua caixa de correio- e busca as seucomputador,capazde
d
· · ·d A E' I, b, enviar e receber mensa-
mensagens mg1 as a voce. para a, tam ern, gens.
que se dirigem as mensagens que voce deseja eL-n-v--;-ia_r_p_a_r_a____
outras pessoas. 0 provedor se encarrega de ehviar e rece-
ber as mensagens (e-mails) de outros provedores, que por
sua vez enviam e recebem as de seus clientes.
Essa e a relac,:ao e a estrutura basica de servic,:os da
Internet, porque hoje ainda existe uma distinc,:ao muito forte
entre o papel do cliente e do servidor. Essa distinc,:ao, no entan-
to, tende a cair mais afrente. Num futuro proximo, voce tam-
bem vai virar um provedor de informac,:oes, assim como o
processamento que vai ser realizado no seu micro sera parte
A Educagao na Era da Internet
integrante do processamento da empresa para a qual trabalha
e do processamento que esta ocorrendo em toda a Internet.
Por exemplo, mantendo o seu computador conectado arede,
voce podera aluga-lo para que outros o utilizem para proces-
sar dados, aproveitando as horas ociosas.
Para alcan<;armos essa nova realidade, devemos pri-
meiro investigar porque tantas tentativas de implanta<;ao
de Groupware falharam. Acontece que ele gera mudan<;as
na maneira de trabalhar, e uma dessas mudan<;as consiste
no fato de que o esfor<;o do aprendizado passa a ser cons-
tante. Temos que aprender constantemente para poder con-
versar com outras pessoas (utilizando outros jargoes) e para
acompanhar a reestrutura<;ao de equipes durante o tempo
todo.
A maior dificuldade e que nao ha uma percep<;ao
muito clara dos beneficios obtidos. Assim, ao mesmo tem-
po em que perturbamos uma dinamica pre-existente, nao
podemos ver claramente os beneficios da nova dinamica.
Do lado da computa<;ao, nao ha um acumulo su-
ficiente de conhecimento de sistemas multiusuarios. Tra-
dicionalmente, quando existe muita gente na rede, a sen-
sa<;ao que temos e a da lentidao do processo. Essa e a
unica percep<;ao que temos da existencia de outras pes-
soas na rede. Entao, ainda nao existe uma cultura de sis-
temas multiusuarios. 0 que estamos tentando fazer com
o AulaNet e exatamente aumentar essa cultura.
Do ponto de vista dos resultados, ainda nao exis-
tem metricas que permitam medir OS ganhos COm
implementa<;ao de Groupware. Por exemplo, o famoso in-
dice ROI (Retorno de lnvestimentos), ja foi aplicado por
Comunicagao Digital e Trabalho de Grupos
varias empresas que implantaram esse tipo de tecnologia
e nao foi constatado um aumento de produtividade. Por
que? - Novamente, parece que esses indicadores nao le-
vam em conta as metricas que espelham a valoriza<;ao do
individuo dentro da empresa e da organiza<;ao. Torna-se
necessaria uma metodologia que comprove que o
Groupware valoriza o indivfduo e, em conse- Osefeitosdaimplantas<'iodo
Groupware nao se tradu-
ql.iencia, 0 seu trabalho. zemdeimediato,jaqueeles
d
se dao por processos curnu-
Entao, usando in icadores que nao lativosconfonneconstroern
1 urna cultura e urn acurnulo
olham para esses aspectos, rea mente nao con- de memoria de experienci-
seguimos perceber os seus resultados. asedepraticas.
Ap6s a implanta<;ao do sistema Groupware, o traba-
lho passa a se basear no aprendizado, pelo simples fato de
que, ao lidar com grupos diferentes, e preciso aprender a
identificar o que essas pessoas querem, alem de identificar
uma nova forma de conversar com elas. lsso sera em grande
parte possfvel quando os conteudos da empresa estiverem
digitalizados. Ou seja, quando forem criadas uma memoria
organizacional e equipes de trabalho que conhe<;am de tal
forma o assunto que se reunam apenas para tamar decis6es.
0 habito de fazer reuniao para conversar a respeito
de trabalho vai acabar. As pessoas vao se reunir para traba-
lhar e tamar decis6es. lsto tambem leva anecessidade de um
tipo de gerencia completamente diferente da tradicional.
Comunica~ao Digital e Trabalho de Crupos
Na televisao, n6s vemos e ouvimos o que todos veem
e ouvem. No telefone convencional, falamos com pessoas
A Educagao na Era da Internet
com as quais desejamos interagir, ou quase isso, e ligamos
para os lugares onde supomos encontrar essas pessoas. Ja
quando usamos o telefone celular (ou pessoal) na verdade
nao ligamos mais para lugares e, sim, para pessoas- ainda
que essas pessoas estejam sempre em lugares.
No fundo, nao desejamos ver e ouvir o que todos
veem e ouvem e, sim, o que cada um de n6s quer ver e
ouvir. "Gosto disso", "aquila me entedia", etc... 0 formato
generico da televisao aberta nao leva esta opiniao em con-
siderar;ao enos invade com isso e aquilo. Mas, e se s6 quere-
mos "isso" ("ja disse que aquilo nao me interessa")?- Com a
TV por assinatura podemos procurar um canal especializado
"nisso" e zapear sempre que aparecer "aquila" de que nao
gostamos. As vezes, gostarfamos de perguntar algo a mais
sobre "isso", mas a televisao nao nos ouve; s6 fala!
Tambem nao nos interessamos por tudo que o
jornal impressa nos oferece. Se gostamos de futebol,
queremos notfcias do nosso time e da Seler;ao Brasi-
leira. De determinado ponto de vista individual, bas-
quete pode nos entediar, mas eles insistem em falar
sobre o Michael Jordan. Quanto ao hor6scopo, cada
um tem o seu, embora milhares compartilhem o mes-
mo signo!
Queremos nos comunicar com determinadas pes-
soas, saber del as, trabalhar com elas. Dependendo do con-
texto e da circunstancia, pode ser necessaria deixar um
recado para entrar em contato com elas e, quem sabe,
aproveitar a oportunidade para anexar uma carta-convite
para o lanpmento de um livro, por exemplo. Pode ate
haver um site dedicado ao livro, seu autor e seus leitores.
Comun10agao Digital e Trabalho de Grupos
Talvez agora nao queiramos mais ser n6s mesmos,
mas sim um dos nossos muitos "avatares" para passear-
mos num ambiente virtual OU participar de Um Bonecos e imagens que
nos representam em am-
jogo na rede. Podemos, momentos depois, sem bientes virtuais.
mesmo mudar de posir;ao, fechar a janela do jogo e voltar
correndo ao "mundo do trabalho" para falar, urgentemen-
te, com alguem atraves da rede. Se o descobrirmos
conectado a Internet, podemos chama-lo, visitarmos jun-
tos sua pagina, trocarmos mensagens- poderemos ate ve-
lo e ouvi-lo. lnteragir!
Nunca escrever esteve tao valorizado, tanto na
lfngua portuguesa quanto em ingles- lfngua franca na
Internet. Usando o correio eletr6nico, fica mais facil nos
comunicarmos e trabalhar. Nem e preciso estar
conectado para que alguem envie uma mensagem e para
a pegarmos na hora em que quisermos em nosso prove-
dar. Alem do mais, voce pode estar em qualquer Iugar,
tanto faz estar no Rio ou em Londres, que a mensagem
eletr6nica ira ate voce. Podemos enviar em anexo um
artigo, pedindo avaliar;ao e garantindo a rapidez: "Por
favor, preencha o formu lario para aval iadores no site da
conferencia, pois esse processo nao pode parar".
A qualquer hora respondemos a mensagens que,
em qualquer hora, alguem nos escreveu (talvez o "corre-
to" fosse envia-las ao nosso advogado, que decidiria pelo
seu envio ou nao, ja que elas acabam criando compro-
missos). Tempos modernos! Podemos, as vezes, mandar
determinada mensagem primeiro para n6s mesmos (para
sentir o impacto como leitorL corrigi-la e s6 depois envia-
la ao destinatario.
-
A Educagao na Era da Internet
Podemos tambem fazer um diagrama e envia-lo
como em um envelope, em anexo. Ou enviar uma outra
mensagem para todos os membros do comite do progra-
ma de uma determinada conferencia que nos interessa.
Guardamos as diversas mensagens em diferentes
pastas de correio. Precisamos guardar, pois ninguem o fara
por n6s. Devemos sempre prestar atenc;ao aos cabec;alhos
das mensagens, pois eles sao ricos em metainformac;ao,
por conter informac;ao sobre a informac;ao contida na
mensagem do tipo quem, onde e quando.
Com isso, filtramos mensagens de pessoas e assun-
tos indesejados. Mensagens que nao contem o Assunto
(subject) resumido no seu cabec;alho, jogamos no lixo!
Servi~os dos mais Variados Tipos
Encontramos em sites informac;oes e servic;os dos
mais variados tipos, por exemplo, sobre uma determinada
conferencia da qual vamos participar: formularios de ins-
cric;ao e aceitac;ao das regras, informac;oes para autores e
muito mais. Ate a camiseta comemorativa do evento pode
ser comprada, usando cartao de credito. Ha conferencias
que s6 aceitam artigos enviados por correio eletronico.
A conferencia pode sera oportunidade de visitar o
Iugar para onde viajaremos. Quanto a hospedagem, com
o cartao de credito ja reservamos o quarto do hotel dese-
jado. Pode ser aquele que, na foto, parecia ser estilo art-
dec6, caso seja esse ode nossa preferencia. Ao consultar
o mapa da cidade, no site da prefeitura local, podemos
Comunicagao Digital e Trabalho de Grupos -
obter mais informac;oes sobre a regiao da cidade em que o
evento sera real izado e se sera possfvel chegar ao hotel de
metro, direto do aeroporto.
Os sites de conferencias sao sofisticados e, constan-
temente, atualizados. Preenchendo o formulario, podemos
pedir para que nos mantenham informados sobre os even-
tos do congresso ou de possfveis cancelamentos. No site da
prefeitura pode-se, ainda, ver e ouvir alguns clips com in-
formac;oes sobre a hist6ria e a cultura da cidade.
Muito investimento e talentos diversos sao neces-
sarios para fazer e manter estes sites multimfdias:
conteudistas, programadores visuais e de computadores,
al em de OUti"OS ti pos de profi 55 i0 naj5. para Pessoas que sao respons;-
. . . veis pela prodw;ao de
VI Sitar esses Sites, tendo OS enderec,:os, bas- conteudos para o site.
ta clicar. Uma ressalva: as vezes, em sites de confer:- n-
cias existe uma area com acesso reservado para os
membros do comite organizador. Ali, s6 se entra com
a senha!
A novidade que a Internet esta trazendo e a possibi-
lidade de nos comunicarmos de diversas maneiras, via
computador, devido a convergencia das varias mfdias para
o formato digital. Uma destas novidades e a telepresenc;a,
onde se pode ver o interlocutor, ao contrario do telefone
nos moldes atuais.
Telepresen~a e Videoconferencia
Em algumas situac;oes de trabalho, certamente nos
primeiros contatos quando tentamos estabelecer confian-
A Educagao na Era da Internet
c;a mutua, "olhos nos olhos" pode ser fundamental. Nas
interac;oes pessoais, como na apresentac;ao da nova neti-
nha para a vov6 que nunca saiu de Portugal, isso e urn
sucesso total.
A telepresenc;a nao e a (re-)interpretac;ao de ne-
nhuma forma de comunicac;ao ja conhecida e experimen-
tada. Ela e algo novo. 0 tempo ereal. Podemos nos co-
municar agora com alguem apenas ou com um grupo de
pessoas. lnfelizmente, precisamos saber o enderec;o ele-
tr6nico da pessoa ou desse grupo como no telefone tra-
dicional.
Em 1994, um_grupo de cientistas da Universidade
de Cornell comec;ou a desenvolver um groupware chama-
do CU-SeeMe de suporte para videoconferencia em gru-
c u sao as iniciais de pos. 0 desafio era prover alta tecnologia para
Cornell University. 0
nomeetambemumtroca- o usuario de um simples PC. A ideia era muito
dilho. Ler-se-ia Si-iu-si-mi,
onomatopeia de See you arrojada, pois este tipo de USO nao estava pre-
see me, o que quer dizer
Vejo voce, voce me vi!. visto para nenhum computador de prateleira,
com excec;ao das placas de captura de vfdeo.
Tampouco a Internet estava preparada, pois sua comuni-
cac;ao ebaseada na segmentac;ao de dados, ao contrario
do vfdeo que e de natureza continua.
A solw;:ao foi investir em um formato que se ap6ia
Banda Passante echama-
do o canal de comunica-
r;ao. Urn video digitalizado
ocupa urn grande volume
de informar;ao o que cria
problemas com as veloci-
dades atuais. Economia,
assim, e fundamental.
na similaridade entre o quadro anterior eo se-
guinte, o que propiciou o recurso de enviar
somente a diferenc;a entre os quadros, permi-
tindo dessa forma uma grande economia de
banda passante. Nascia ali o Groupware de
videoconferencia ponto-a-ponto, isto e, entre dois compu-
tadores pessoais na Internet.
- ·,
Cornunicagao Digital e Trabalho de Grupos
Em 1996, surge a QuickCam, ancestral da Web
Cam, uma pequena camera de menos de 10 centfmetros,
que dispensa o uso de placa de captura de vfdeo no PC e
que com um ima pode ser fixada sobre o monitor. Tudo
desenvolvido e adaptado para uma base instalada de re-
des e computadores que nao forarn projetados para serern
vefculos deste tipo de comunicac;ao.
0 passo seguinte foi rnais ousado,e deu origem ao
Refletor- o servidor CU-SeeMe, urn groupware que cria a
possibilidade de varias pessoas se comunica- Uma experiencia de apli-
car;ao dessas novas tecno-
logias pode ser encontrada
no nlicleo de pesquisas de-
nominado Projeto Rio
Internet TV, do Departa-
mento de Informatica da
PUC-Rio, cujo objetivo eo
de estudar e fomentar o uso
da videoconferencia como
ferramenta de comunica-
r;ao no ambiente de traba-
lho. 0 refletor Rio Internet
rem por videoconferencia - conexao
rnultiponto. Ate o momenta em que produzi-
mos este livro, no entanto, a gravac;ao de uma
sessao de videoconferencia nesta tecnologia,
mesmo no formato broadcast- um falando para
muitos- e urn desafio ainda nao resolvido.
Varios software de videoconferencia fo- TV recebe atualmente nas
ram criados para o formato especffico de
broadcast, que permitiam a gravac;ao de uma
sessao e seu posterior consurno sob demanda.
suas salas de reuniao digi-
tal, tanto pliblicas quanto
privadas, centenas de visi-
tantes por dia.
Todos esses softwares esbarravam no seguinte problema: para
se exibir um vfdeo de um minuto era necessaria esperar ate o
fim da transferencia do arquivo que, por vezes, demorava
mais de uma hora. A soluc;ao encontrada foi a de comec;ar a
exibir o vfdeo assim que uma quantidade suficiente de qua-
dros chegasse ao destino. Nao era mais necessaria esperar
por toda atransferencia para que o vfdeo cornec;asse a apare-
cer na telinha do PC. Este recurso introduz urn atraso entre o
comec;o da ac;ao na sua origem e sua exibic;ao no destino.
Mais urn contratempo ao mftico conceito de "tempo real".
A Educagao na Era da Internet
Ambientes Oigitais de Trabalho ·
Correia eletronico, Web- sites WWW- e video-
.--w- eb- v-em_ d_e W- or-:-ld-:-W--::-:id
1
e c0 nfer en c ia sa 0 6t i Ill 0 s eX eIll p I0 s d as
Web (WWW) - teia de d
amplitude mundial- que tecnologias disponfveis para o Design e Co-
come~,:ouasepopularizar munl·cara-o Digital. Todo design obJ'etiva algo!em 1990 atraves do Na- -,
vegador Mosaic. Visando a criac;:ao de ambientes digitais
de trabalho, a comunicac;:ao do grupo deve ser facilitada
ao maximo. Como ja mencionamos ern outro rnomento,
trabalhar e conversar, assumir compromissos e realiza-los.
0 formato da comunicac;:ao pode variar, mas e preciso co-
municar-se! As vezes, precisamos nos ver, outras vezes
basta enviarmos urna mensagern.
0 uso intensivo de correio eletronico e fundamental
na organizac;:ao digital, mas a cornunicac;:ao nao para por ai. 0
trabalho digital e forternente baseado na absorc;:ao de dados,
sua conversao em inforrnac;:ao e na disseminac;:ao de conheci-
mento. Nunca se conversou tanto com tanta gente. Enatural
que uma nova etica, uma ''netiqueta" esteja surgindo.
A etica da Rede. Existem Todas as pessoas estao tendo os seus
mesmo muitas regras for- d f" .d 1 t ·t · - d a
malizadas e aceitas por viveres re e 1n1 OS pea COnS I UJ<;aO
urn gra~d_e numero de Internet Ern breve bern antes de terrnos nos-
seus usuanos. · '
sos clones geneticos, terernos nossos clones virtuais var-
rendo a redeem busca de informac;:ao personalizada para
os nossos gostos- adeus Michael Jordan!
Atualrnente, a Internet ainda vive o delfrio infantil
da gratuidade causado pela falta de tarifac;:ao. Corn o arna-
durecimento da rede, a impessoalidade das trocas sera
potencializada pelo firn do dinheiro como conhecemos
atualrnente. Sera o plasma da rede servido nurn conta-
-
Comunicagao Digital e Trabalho de Grupos
gotas de valores infinitesirnais, como o prec;:o do cornbus-
tfvel cobrado pelos carros-tanque que abastecem os pos-
tos de gasolina. Se por uma materia sobre o time do
Flamengo se cobrasse urn decimo de centavo e esta fosse
consurnida pelos seus 35.000.000 torcedores, o
faturamento seria de 350.000 reais. Urn prato cheio para
qualquer comunidade forrnada por pessoas como rnesmo
interesse e urn serio obstaculo para os ladroes da era digi-
tal- os ladroes de bits!
A digitalizac;:ao da comunicac;:ao forja hoje uma nova
cultura de comunicac;:ao onde "quem nao se comunica se
trumbica", como dizia Chacrinha- o Velho Guerreiro. Uma
cultura que transforma o rnundo em uma "aldeia global",
como imaginou outro genio da comunicac;:ao, o te6rico
canadense Marshall Macluhan, que cunhou a expressao
sem nunca ter conhecido a Internet, onde o meio e que
esta revolucionando a mensagem!
-
Educa~ao aDistancia na Internet
A lnstru~ao Baseada na Web
Educayao adistiincia consiste no ensino por meio de
mfdia impressa ou eletronica para pessoas engajadas em
um processo de aprendizado em tempo e local diferentes
do(s) instrutor(es) e dos outros aprendizes. Desde os seus
prim6rdios, quando se usava papel e tinta para estudos
por correspondencia na Russia e na lnglaterra, a educa-
c;:ao adistancia incorporou diversas tecnologias para aten-
der requisitos de diferentes mfdias tais como radio, televi-
sao e computadores. Os computadores foram ,..------------,
Usamos esse nome, IBW,
usados de diferentes maneiras: grupos de dis- em homenagem ao pri-
meiro livro publicado so-
CUSSaO, correio eletronico, etc., e mais recen- bre o assunto: Web-
Based Instruction de B.H.
temente a Web. Khan. Editor: Educational
Technology Publications,
Alnstruc;ao Baseada na Web (IBW) pode 1997.
L...,-_ __ _ _ ____,
ser definida como o uso da Web como um meio para a
publicac;:ao do material de um curso, apresentac;:ao de
-
A Educagao na Era da Internet
tutoriais, aplicar;ao de testes e comunicar;ao com os estu-
dantes. A enfase em comunicac;:ao sera muito grande, e
ela tambem compreende o uso da Web para a apresenta-
r;ao de conferencias multimfdia de forma sfncrona ou
assfncrona.
A educar;ao baseada na Web e algo recente e, no inf-
cio deste novo milenio, ninguem pode ainda se intitular um
profunda conhecedor ou grande especialista no assunto. Os
autores deste livro fazem parte de um grupo que acredita que
o futuro da educar;ao passa pela IBW e que as transforma-
r;oes que ela provocara estao apenas comer;ando.
Quando pensamos nos recursos que caracterizam
a lnstrur;ao Baseada na Web, vemos tres tipos de ele-
mentos: conteudo multimfdia, assincronismo e
obrigatoriedade de leitura, a qual se torna mais comple-
xa pelo fato de se tratar de multimfdia.
Essas tres caracterfsticas estao sempre presentes
quando um curso da Web esta sendo conduzido. 0
acesso a conteudo multimfdia expande substancialmen-
te a variedade de recursos que o aprendiz pode usar
para participar do processo de aprendizado. A nature-
za assfncrona da suporte ao aprendizado autoplanejado
atraves de agendas flexfveis; e, tanto o aluno quanto o
instrutor decidem quando e onde buscar materiais do
curso ou outros recursos. Embora algumas atividades
possam ocorrer de forma sfncrona, o acesso, em geral,
segue o modelo de estudar "quando for conveniente
para voce".
..
A "obrigatoriedade de leitura" se da pela informa-
r;ao escrita apresentada na tela, seja ela criada pelo aluno
Educagao aDistancia na Internet -A Instrugao Baseada na Web
ou pelo instrutor. As mensagens que vao sendo dinamica-
mente criadas podem tomar varias formas: do texto ao
audio ou arquivos de vfdeo para animar;ao. A
"obrigatoriedade de leitura" junto com a interpretac;:ao das
diferentes mfdias pode serum desafio substancial.
A Tecnologia da Web
0 uso apropriado da Web em educar;ao deve ob-
servar aspectos pedag6gicos, tecnol6gicos, organizacionais
e institucionais, entre outros.
Aspectos Pedag6gicos- Os aspectos pedag6gicos se refe-
rem ao ensino e ao aprendizado. Um aspecto fundamen-
tal esta relacionado a import<3ncia que o meio tern em
ambientes para educar;ao a distancia. 0 meio
frequentemente impoe a metodologia e cria restrir;oes para
a instruc;:ao. A incorporar;ao de metodologias e estrategias
pedag6gicas no ambiente de educar;ao a distancia, permi-
te reduzir essas restric;:oes.
Deve ser observado o impacto da educar;ao a dis-
tancia sobre o estudante. Uma queixa frequente sobre am-
bientes de educar;ao a distancia e que OS aprendizes se sen-
tern isolados. A distancia e a falta de contato pode gerar a
sensar;ao de isolamento e de perdido no mundo, caso o
instrutor, o faci Iitador do ensino e, as vezes, o provocador,
nao o envolverem no curso. 0 desenvolvimento de estrate-
gias para dar "poder" ao aprendiz, encorajando tanto o tra-
balho em grupo como o trabalho independente e tambem a
interar;ao, e um caminho para superar esta limitar;ao.
..
A Educagao na Era da Internet
Um aspecto tfpico da utilizac;ao da Web e a sobre-
carga de informac;ao. 0 site do curso comec;a leve, mas
logo e preenchido com grande quantidade de informac;ao
o que pode provocar, ainda mais, no aluno, a sensac;ao de
perdido no hiperespac;o.
Varios aspectos peculiares surgem relacionados a
pedagogia e aWeb. Asobrecarga de informac;ao e apenas
um deles. Trabalhar em um ambiente povoado por multi-
plas mfdias pode levar asensac;ao de saturac;ao e fadiga
causadas pelo fluxo continuo de informac;ao. Soluc;oes para
dar apoio ao aprendiz contra o fenomeno de "perdido no
hiperespac;o" devem ser incorporadas ao curso.
"Timing" e outro aspecto importante. Ambientes na
Web, alem de envolverem multiplos nfveis, envolvem tam-
bern "multiplas velocidades". Os aprendizes podem ter
acesso a conteudos e se engajar em atividades ao Iongo
do tempo. Os alunos com velocidades diferentes- as ve-
zes atrasados e em outras adiantados com relac;ao a outros
alunos- podem ter a sensac;ao de certa falta de coerencia
geral que requer muita habilidade na formulac;ao de te-
mas para interac;ao e discussao.
Aspectos Tecnol6gicos- Os aspectos tecnol6gicos ligados
aos computadores e a seus programas sao extremamente
importantes. Esses aspectos devem levar em conta o feno-
meno exponencial crescente da velocidade dos computa-
dores e da reduc;ao de seu custo. Questoes como largura de
banda, velocidades das linhas de comunicac;ao, aplicac;oes
mais faceis de usar e custo caem nesta categoria.
Segundo a lei de Moore, os processadores (chips)
dobram de capacidade a cada dezoito meses, em me-
Educagao aD1stancia na Internet- A lnstrugao Baseada na Web
dia, enquanto o custo cai pela metade. Se esta veloci-
dade se mantiver, podemos imaginar o mundo daqui a
dez anos: o computador que estara na sua mesa sera
uma maquina com velocidade de transmissao de uma
Enciclopedia Britanica por segundo e cujo valor atual
seria de mil hoes de d61ares. Erazoavel pensar que esse
processo provocara um impacto muito grande na edu-
cac;ao.
Avelocidade da rede ainda sera por mais alguns anos
um obstaculo, por exemplo, para transmissao de imagens
ou simulac;oes pesadas. Ha ainda o problema dos alunos
tecn6fobos- que reagem mal a qualquer tipo de tecnologia
nova-e da potencial frustrac;ao que acompanha suas difi-
culdades. 0 medo e a intimidac;ao diante dos equipamen-
tos sao pontos a serem considerados. 0 choque inicial pode
ser fatale ele vai demorar muito a voltar a usar computado-
res se nao tiver controle sabre a sua tecnologia.
0 maior desafio associado como Iado tecnol6gico
da Web talvez sejam as frustrac;oes que acompanham as
dificuldades com novas tecnologias.
Aspectos Organizacionais- Os aspectos organizacionais
tambem devem ser parte das preocupac;oes para o uso
apropriado desse tipo de educac;ao. A preparac;ao eo pla-
nejamento de um curso para ser ministrado na Web re-
querem urn perfodo de tempo muito maior do que a pre-
parac;ao de um curso convencional. Os desafios tfpicos
dos ambientes de aprendizado convencionais sao ampli-
ficados quando o facilitador precisa pensar com varias se-
manas ou meses de antecedencia para produzir o ambiente
Web eo material associado.
-
A Educagao na Era da Internet
Outra questao associada ao aspecto organizacional
eo suporte permanente ao curso. Uma coisa a ser lembra-
da e a natureza da Internet: e pouco atrativo e interessante
o site de urn curso que nao e animado e atualizado cons-
tantemente e o suporte no momenta do curso, tanto
tecnol6gico quanta humano, e um desafio permanente e
vital para garantir seu consequente sucesso.
Aspectos lnstitucionais- Algumas praticas institucionais
sao entraves para o desenvolvimento da IBW. Enecessa-
ria que o corpo docente dedique tempo para preparar
seus cursos e muito esfon;:o para se manter atualizado
com as novas tecnologias. Por isso, do ponto de vista das
institui<;:oes de ensino, em algum momenta sera necessa-
ria o reconhecimento desse trabalho realizado pelos pro-
fessores, caso contrario nenhum deles vai querer faze-lo.
56 quando 0 professor tiver a seguran<;:a de que sera pro-
movido na carreira docente pela produ<;:ao de seu curso
na Web, e que ele vai dispor-se a elaborar esse tipo de
curso. Se isso nao ocorrer, ele vai preferir continuar es-
crevendo os artigos cientfficos que o promovem no meio
academico.
Professores na Web
Segundo nossa experiencia, sao os seguintes os re-
quisites que devem ser preenchidos pelo professor de cur-
sos na Web:
Epreciso ver o curso de uma rnaneira nova. A ten-
tativa de usar o curso de sernpre, apenas reformando-o
Educagao aD1stan01a na Internet -A Instrugao Baseada na Web
para sua utiliza<;:ao na Web, pode ser urn esfor<;:o simples-
mente jogado fora. 0 professor deve mudar o seu papel
atual de provedor de conteudo para ode facilitador- de
solista para maestro. Enecessaria alguma familiaridade com
o uso de tecnologia como forma de liga<;:ao primaria entre
professor e aluno, porque a principal comunica<;:ao sera
atraves do uso de tecnologia da informa<;:ao.
Enecessaria ensinar efetivamente sem levar em con-
sidera<;:ao habitos que desenvolvemos no ensino tradicio-
nal, por exemplo, sem o controle visual tfpico do cantata
olho a olho- quando, ao ver um aluno quase dormindo,
dirigimos-lhe uma pergunta para acorda-lo.
Ao mesmo tempo, precisamos desenvolver uma
compreensao pelo estilo de vida dos alunos distantes.
Quando recebemos uma mensagem de urn aluno de um
outro estado ou pais, e preciso perceber que tipo de con-
texto esta levando-o a fazer aquela reflexao ou pergunta. E
isso nao e facil.
Na realidade, surgern novas formas de interativi-
dade entre professores e alunos e alunos entre si, propor-
cionadas pela Web: horario de atendimento virtual (ho-
rario pre-determinado de atendimento pela Internet),
horario de atendimento arbitrario (qualquer horario),
intera<;:ao aluno-aluno, teste e avalia<;:ao de desempenho
baseados na Web, possibilidade de retorno constante do
aluno, assim como do aperfei<;:oamento do relacionarnen-
to interinstitucional entre professores e alunos e da adrni-
nistra<;:ao e marketing do programa (divulga<;:ao de am-
pia material sabre o curso, para ajudar na tomada de
decisao do aluno de faze-lo).
-
A Educagao na Era da Internet
0 fato de um curso estar publicado na Web permi-
te ao aluno percorn2-lo e saber se e o que esta querendo
realmente fazer. Na educac;:ao formal, ele espera algumas
semanas para descobrir se determinado curso e aquele que
quer fazer ou se deve cancelar a matricula.
Os cursos existentes hoje na Web sao essencialmen-
te de tres tipos:
• Os cursos basicamente centrados na sala de aula, que
usam a Web como quadro de avisos e meio de infor-
mac;:ao complementar. No caso, a Web funciona como
a copiadora do professor, que substitui a antiga maqui-
na de c6pias por uma documentac;:ao mais estruturada,
mais bem apresentada. 0 controle continua na sala de
aula;
• cursos onde o aprendizado e dirigido pela sala de aula
e suplementado por atividades na Web;
• cursos que usam os recursos da Web como um siste-
ma completo de apresentac;:ao e discussao do conteu-
do.
Quanta aos criterios gerais de construc;:ao de cur-
sos na Web, pode-se separar os conceitos de objetivismo
e de construtivismo de uma maneira bem mais clara. Esses
conceitos diferem na forma como o conhecimento e re-
presentado e como o significado e criado e, portanto, como
se da o aprendizado. Ha uma diferenc;:a fundamental entre
os dais enfoques.
A filosofia do objetivismo e a de que a informac;,:ao
no mundo exterior e independente da mente e pode ser
caracterizada em termos objetivos, para ser transmitida e
comunicada do professor para o aluno. No construtivismo,
Educagao aD1stanCla na Internet- A Instruc;ao Baseada na Web
cada aluno constr6i individualmente uma representac;:ao
de conhecimento propria, interna e pessoal, que e indexada
por sua experiencia particular.
Esses dais conceitos levam aorganizac;:ao de cur-
sos com estilos bem diferentes:
• no curso objetivista, o conteudo e eminentemente or-
ganizado pelo professor para ser apresentado ao alu-
no;
• na versao construtivista e necessaria projetar-se varias
maneiras de o aluno sintetizar, organizar e reestruturar
a informac;:ao.
0 controle das atividades de aprendizagem pode ser
centrado no estudante ou centrado no conteudo. Quando
ele e centrado no estudante, os pr6prios aprendizes selecio-
nam e dao sequencia as atividades educacionais, criando suas
pr6prias oportunidades de educac;:ao. Veremos como se pode
fazer isso um pouco mais adiante. Na aprendizagem centrada
no conteudo, os cursos sao estruturados e organizados pelos
chamados designers instrucionais e, supostamente, sao se-
guidos pelos alunos.
Metodos de Ensino
Existem diversos metodos aplicaveis ao ensino ba-
seado na Web.
0 primeiro metoda e 0 de disseminac;:ao com 0 pro-
p6sito de distribuir a informac;:ao. Temos a apresentac;:ao
da informac;:ao sabre o curso, organizac;:ao de home pages
com enderec;:os (/inks) de outras home pages recomenda-
-
A Educagao na Era da Internet
das, transcri~ao de comunica~ao entre alunos, etc. Este
metodo repete 0 ensino tradicional.
0 segundo metodo e 0 de facilita~ao com prop6si-
to de dar apoio e assistencia ao estudante. Nesse caso, os
ambientes MUD, os grupos e listas de discussao, os chats
(salas de bate-papos pela Internet) desempenham um pa-
pel fundamental, e recaem sobre o professor as fun<;:6es,
entre outras, de fornecimento de diretrizes, de condu<;:ao
de discuss6es, de sugestao de recursos e de formula~ao de
perguntas estimulantes.
0 terceiro metodo e 0 de colabora~ao interna no
grupo, que e basicamente 0 trabalho cooperativo entre alu-
nos atraves dos mecanismos de comunica<;:ao disponiveis.
0 quarto metodo e 0 da colabora<;:ao externa, da
intera<;:ao com agentes e com comunidades do conheci-
mento, externos ao curso, como um todo. Nesse caso,
podemos ter, por exemplo, um professor "visitante" de
um outro pais. Podemos usar professores visitantes ao
Iongo do curso inteiro com uma facilidade que nao seria
possivel de implementar da maneira tradicional. Uma
extensao deste conceito e o de estagio, onde um profes-
sor externo orienta um aluno que esta trabalhando num
tema determinado. Neste caso, ele faz um estagio fora do
ambiente do curso.
Um outro metodo eo desenvolvimento gerativo-
elabora~ao de conteudo. Este metodo envolve assimila-
~ao e sintese das informa<;:6es adquiridas e organiza~ao
de conteudo; e 0 desenvolvimento, pelos alunos, de home
pages originais sobre determinados pontos que passam a
ser incorporadas ao conteudo do curso.
-
r
Educagao aD1stancia na Internet -A Instrugao Baseada na Web
Urn metodo importante, em particular nas ciencias
sociais, e 0 desempenho de papeis: sao atribufdas respon-
sabilidades simuladas a um grupo de pessoas- um e mo-
derador, o outro, advogado do diabo, e um terceiro e, en-
fim, o relator, e assim por diante. A partir desses papeis,
simula-se uma situa~ao, onde eles sao desempenhados.
Ate aqui, apresentamos metodos gerais Atualmente isso ja pode
ser implementado atraves
utilizados em cursos na Web e sua formQ. de de ambientes MUD e e
I perfeitamenle compatfvel
imp ementa~ao. A segu ir, apresentaremos ati- com instrur;:ao baseada na
vidades bem especificas e que sao possibilita- Lw_e_b_. ______.~
das pela IBW.
Uma delas e a publica~ao de informa~6es com o
objetivo de fornecer informa~ao sobre o curso: programa,
textos associados as aulas, como matricular-se no site, in-
forma<;:6es gerenciais, entre outras.
Outra atividade especifica e o fornecimento de re-
ferencias sob forma de endere~os de home pages. Sao in-
forma<;:6es sobre leituras suplementares as quais OS alunos
podem ter acesso. Esta atividade pode ser implementada
na forma de urn pequeno banco de dados de enderec;os
de determinadas home pages, que serao submetidas a ava-
liac;ao pelo conjunto de alunos, durante o curso, e criticadas
por eles.
Os endere~os da Web, apresentados pelos alunos
e submetidos e aprovados pelos seus colegas, poderao ser
incorporados as referencias do curso.
Outros recursos preciosos para a comunica~ao do
grupo sao o servidor de listas, a conferencia e a
discussao entre alunos a qual se torna mais di-
namica quando implementada como News. Se
Os Newsgroups organi-
zam a discussao visual-
mente por meio de t6pi-
cos.
L-------~
-
A Educagao na Era da Internet
abrirmos uma sala de news para cada uma das aulas, um
assunto antigo pode ser discutido, ao Iongo do curso, sem
interfen§ncia com outros que dinamicamente vao surgindo
no servidor de listas e nas salas de bate-papo tambem.
Podemos fazer atividades especfficas como captu-
rar dialogos, por exemplo, gravando um chat para repro-
du<;ao e discussao posteriores. Podemos fornecer texto
digital, artigos em HTML ou para download como parte
dos recursos disponibilizados no curso, ou promover o
desenvolvimento de paginas na Web, por parte dos alu-
nos, como forma de complementa<;ao de conteudo.
E, finalmente, temos a publica<;ao de projetos que
e outra maneira de compartilhar experiencias, viabilizando
a modelagem, discussao e revisao dos projetos que sao
publicados.
A IBW e a Sala de Aula Tradicional
Larry Cuban, em seu livro "Como os professores ensi-
navam", apresenta as categorias principais da sala de aula
convencional em um extenso trabalho que cobre um seculo
inteiro de praticas em salas de aula. Ele compila e categoriza
essas praticas e as apresenta confrontando-as com um curso
organizado em conteudos, centrado no estudante.
Quais sao as praticas da sala de aula convencional?
Aprimeira e que a fala do professor sempre excede a
do aluno. Numa sala de aula comum, o professor fala muito
mais do que o aluno. A instru<;ao ocorre com toda a classe
coletivamente e e rara a forma<;ao de pequenos grupos na
p
Educagao aDistancia na Internet- A Instrugao Baseada na Web
mesma sala ou a instru<;ao individual. 0 uso do tempo da
aula e determinado pelo professor, com exce<;6es de pau-
sas para perguntas ou rapidos apartes. 0 professor se baseia
no livro texto para guiar o processo de decisao sobre currf-
culo e instru<;ao. 0 livro texto e um elemento utilizado para
modula<;ao do conteudo das aulas e, inclusive, para con-
duzir o processo de avalia<;ao do aluno. A hierarquia neste
tipo de educa<;ao ecaracterizada pelo mobiliario: a sala de
aulae organizada em filas de cadeiras voltadas para o qua-
dro negro e para a mesa do professor.
0 mesmo Larry Cuban prop6e o modelo de currf-
culo centrado no estudante que, do seu ponto de vista,
seria a supera<;ao do modelo de aula convencional. Nele,
o estudante tem um grau substancial de responsabilidade
pelo que e ensinado, pelo processo de aprendizagem e
pelos movimentos dentro da sala de aula. 0 tempo da fala
do estudante e igual ou maior do que o do professor. A
maior parte da instru<;ao ocorre em pequenos grupos dis-
tribufdos pela sala de aula. Os estudantes ajudam a esco-
1her o conteudo a ser organizado e estudado. Os professo-
res permitem, ainda, que os estudantes definam as regras
de comportamento na sala de aulae ate mesmo o sistema
de recompensas e puni<;6es. Usa-se uma enorme varieda-
de de material instrucional, individualmente ou em pe-
quenos grupos, por escolha do grupo ou dos indivfduos.
0 mobiliario eorganizado de forma que OS alunos pas-
sam trabalhar em grupo ou individualmente.
Para tornar um pouco menos abstrato esse conjunto
de categorias, vamos dar um exemplo de curso centrado no
aluno, a partir de um problema apresentado pelo professor.
-
A Educagao na Era da Internet
0 professor deseja ter a prova e a verifica~ao for-
mal, por parte dos alunos, de que um determinado. pro-
grama de computador, muito grandee com ~~itas lmhas
de c6digos, esta correto. Esta e uma tarefa suf1c1entem:~te
grande para se ter trabalho para as aulas durante vanas
semanas ate o final do semestre.
0 problema e apresentado no primeiro dia, quando
as estudantes ainda nao sabem nada sobre tecnicas de cor-
re~ao de programas. A partir daf ele pode fazer a divisao do
grupo de alunos em unidades para que sejam feitas prov~s
separadas do mesmo problema. Reuni6es constantes sao
necessarias, uma vez que tanto os alunos quanta o profes-
sor que esta conduzindo o processo inteiro cometem erros
e torna-se necessaria voltar atras e refazer a avalia~ao.
lsso da uma ideia de um curso centrado no estu-
dante, o que apresenta urn sensfvel progresso em rela~ao
a sala de aula convencional. Ainda assim, no nosso ponto
de vista, ha certas caracterfsticas que, para serem supera-
das, vao exigir a instru<;:ao baseada na Web.
Aprendizado sem Compartimentos
Oevemos ter sempre em mente que existe urn re-
quisito ainda nao superado na educa<;:ao: a aprendizagem
ainda e colocada em compartimentos, geograficamente.
Ainda estamos limitados pelo espa~o ffsico. A sala de aula
e certos laborat6rios sao designados para o curso e mes-
mo que queiramos extrapolar os muros da institui<;:ao, ain-
da estamos limitados por distancias.
Educagao aDistancia na Internet- A Instrugao Baseada na Web
Alguns autores consideram que mesmo nas propos-
tas de Cuban, para caracterizar a educa<;:ao centrada no
estudante, sobrevivem, ainda, caracterfsticas essenciais da
"instru<;:ao tradicional". Relan e Gillani acrescentam as se-
guintes, a guisa de sfntese:
• As estruturas espaciais e temporais as quais os apren-
dizes precisam aderir estao firmemente presentes na
instru~ao tradicional. Em geral, a aprendizagem e geo-
graficamente compartimentada - espa<;:os ffsicos sao
designados para efeitos de aprendizagem: sala de aula,
laborat6rio, visitas a locais, etc. Esta compartimenta<;:ao
do espa~o de trabalho estende-se por uma estrutura
temporal e sequencia! determinando uma ordem em
que as aulas sao dadas e em que o assunto e organiza-
do: as disciplinas sao ministradas em determinados
horarios segundo uma sequencia fixa;
• a presen~a ffsica do estudante e do professor na sala
de aulae um requisito para que a aprendizagem acon-
te~a, apesar da relativamente pequena intera<;:ao que
ocorre entre alunos e professores num dia tfpico na
escola.
Para romper com a sala de aula tradicional e ob-
jetivar o ensino centrado no estudante e preciso superar
essas restri~6es de tempo, espa~o e sequencia. Encontra-
rnos um grande potencial para isso na lnstru~ao Baseada
na Web. Novas forrnas, diferentes da instru~ao tradicio-
nal, podern ser obtidas atraves de sua utiliza<;:ao, o que
pode ser visto como um repert6rio de estrategias
instrucionais implementadas em um ambiente cons-
trutivista e orientadas para a cogni~ao e para o aprendiza-
-
A Educagao na Era da Internet
do cooperativo. Esses sao os conceitos-chave: orienta<;ao
para a cogni<;ao, ambiente construtivista e aprendizado
cooperativo.
Podemos, por exemplo, usar a Web das seguintes
maneiras:
• Como um recurso para a identifica<;ao, avalia<;ao e
integra<;ao de uma grande variedade de informa<;ao;
• como um meio para colabora<;ao, conversa<;ao, dis-
cussao, troca e comunica<;ao de ideias;
• como uma plataforma internacional para a expressao
e contribui<;ao de conceitos e significados artfsticos e
cognitivos; e
• como um meio para a participa<;ao em experiencias
simuladas, aprendizagem e parcerias cognitivas.
Dados OS pressupostos anteriores, e possfvel apre-
sentar alguns exemplos de projetos baseados em IBW que
podem ser contrastados com a instru<;ao tradicional.
1) A sala de aula convencional esta limitada no espa<;o; o
aprendizado ocorre nos limites ffsicos impastos pela es-
cola, pela sala de aula, pela visita a locais pr6ximos, etc.
Com a IBW estendemos as fronteiras do conhecimento
OProjetoKidlink,porexem- que podem ocorrer na sala de aula, em casa e no
plo, trabalha em projetos
educacionais e culturais local de trabalho. Com a possibi Iidade de acesso
com mais de cern mil crian-
t;as de cerca de 130 paises, permanente a uma grande quantidade de mate-
inclusive Brasil. Na verda-
de, OS projetos sao multi- rial, independentemente da IOCalizayaO geo-
culturais,sendoastradw;:Oes grafica, fica assegurada a reflexao ininterrupta
entre idiomas realizadas por
umalegiaodetradutoresvo- sabre um t6pico e a revisao de teses individuais.
luntarios, todos trabalhando
na Internet, cooperativa- 2) A IBW pode ser empregada para promover
mente.
'-----------' o aprendizado baseado em experimentos
vivenciados ou "no local". Varias expedi<;6es con-
-
Educagao aDistanma na Internet -A Instrugao Baseada na Web
duzidas por cientistas e outros profissionais podem ser
acompanhadas por estudantes nas escolas. Os estudan-
tes vivenciam a expedi<;ao atraves de fotografias, ce-
nas colhidas por camaras de vfdeo e WebCam,
intera<;ao com seus participantes e atividades em sala
de aula baseadas no assunto. Um exemplo notavel
bastante recente foi a explora<;ao da superffcie do pla-
neta Marte, na Web, acompanhada por centenas de
milhares de pessoas.
3) Com a IBW, o aprendizado cooperativo se estende
alem da sala de aula, para, potencialmente, todas as
salas de aulas conectadas aInternet. 0 estudante tem
a possibilidade de discutir, resolver problemas coo-
perativamente, questionar seus pares e especialistas
experientes, etc.
4) A fonte predominante de conteudo se desloca do livro
texto e do professor para uma fonte variadfssima de
informa<;ao. Alem disso, a natureza do conteudo tor-
na-se dinamica comparada aos textos estaticos publi-
cados ate uma certa data. Estudantes que desenvolve-
ram extensa pesquisa sabre um determinado t6pico
podem tambem contribuir para o conteudo do t6pico.
5) Um atributo inerente aIBW e a apresenta<;ao de con-
teudo na forma de hipertexto. lsto da ao estudante o
poder de controlar o aprendizado, o que, caracteristi-
camente, esta ausente na sala de aula tradicional. As
vantagens cognitivas do hipertexto tem sido discutidas
amplamente na literatura.
6) A Web esta contribuindo para promover a educa<;ao a
distancia utilizando projetos que, ate o presente mo-
-
A Educar;:ao na Era da Internet
mento, ainda estao sendo diffceis e caros. Muitos cur-
sos passaram a ser oferecidos remotamente e o apren-
diz pode aproveitar-se da flexibilidade de tempo e de
conteudo.
7) lndividualizac;ao e escolha pelo estudante tambem ad-
qui rem um diferente conjunto de dimens6es na Web.
Os estudantes tem a escolha de conteudo, tempo, re-
cursos, feedback (retorno) e uma variedade de mfdias
para expressar suas compreens6es. Conteudo pode ser
informac;ao e tambem a interpretac;ao de informac;oes
por especialistas, aprendizes novatos e estudantes.
Na aprendizagem baseada na Web, a fonte predo-
minante de conteudo se desloca do Iivro texto do profes-
sor para uma fonte variadfssima de informac;ao. 0 conteu-
do e dinamico e 0 aluno e tambem provedor desse
conteudo.
Finalmente, a Web esta promovendo conceitos de
educac;ao adistancia para superar as barreiras que outras
tecnologias impuseram a esse novo metodo de ensino. Por
exemplo, a possibilidade de escolha e a personalizac;ao
do curso pelo proprio aluno, ja que o mesmo conteudo
pode ser elaborado com base em focos bastante diferencia-
dos por outros alunos.
t
Apoio de Computadores
aAtividade Educativa
Atecnologia de suporte • educa<;iio denominada
Learningware e um tipo particular de Groupware. Euma
tecnologia que visa dar sustentac;ao a uma determinada
atividade educacional. Para desenvolve-la, e necessaria
um ambiente equipado com um computador, com
modem, algum programa do tipo de Groupware com cor-
reio e possibilidade de acessar home pages, e, necessaria-
mente, de uma rede para dar suporte a isso, 9ue pode ser
a Internet ou uma Intranet.
0 que esse ambiente novo pode trazer? Uma rede interna de
computadores de uma
- ldeias. Ele possui ferramentas, um universo empresa ou organiza~ao
que funciona como a
de dados que se espera transformar em infor- Ll_nt_e_rn_et_._ _____,
mac;oes pertinentes, alem de toda uma audiencia composta
de participantes dispostos a contribuir para essa rede
telematica de educac;ao.
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A educação na era da internet

  • 1. Colegao Costumes e Protocolos Professores e Aprendizes na Web . Carlos Lucena Hugo Fuks DEDALUS-AceNo-FE Edigao e Organizagao nilton santos 11111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111 20500023668 club@dofuturo Rio de Janeiro 2000
  • 2. -::------------.-:.::~~ os direitos reservados para o Clube do Futuro Reprodugii.o proibida Copyright 2000 Edigii.o e Organizagii.o: Nilton Santos Transcrigao de videos: Adriana Fontes Queles Texto: Rosane de Souza e Nilton Santos Revisii.o: Luiza Ribeiro Capa e Projeto Grafico: Arquirnedes Martins (Ted) Produgao Gr8.fica: Heyder Mendez CATALOGAQAO NA FONTE DO DEPARTAMENTO NACIONAL DO LIVRO Lucena, Carlos. Professores e aprendizes na Web: a educagao na era da Internet I Carlos Lucena, Hugo Fuks; edigao e organizagao: Nilton Santos.- Rio de Janeiro: Clube do Futuro, 2000. 160 p .; 14 x 21 ern.- (Costumes e Protocolos) ISBN 85-88011-01-8 Inclui bibliografia. l. Internet (Redes de cornputagao) na educagii.o. 2. Ensino auxiliado por cornputador. I. Fuks, Hugo . II. Santos, Nilton, 1945- . III. Titulo. IV Serie. CDD-371.39445 indice Apresenta~ao 11 Informatica Educativa: uma Hist6ria de Trope<;:os 14 Por Que este Livro? 25 Comunica~ao Digital e Trabalho de Grupos 31 Trabalhar e Conversar 32 Os Clientes como Parte da Empresa 36 Passeio pela Memoria 38 Nossa Casa como' Parte da Empresa 40 Comunica<;:ao Digital e Trabalho de Grupos 43 Servi<;:os dos mais Variados Tipos 46 Telepresen<;:a e Videoconferencia 47 Ambientes Digitais de Trabalho 50 Educa~ao aDistancia na Internet A lnstru~ao Baseada na Web 53 A Tecnologia da Web 55 Professores na Web 58 Metodos de Ensino 61 A IBW e a Sala de Aula Tradicional 64 Aprendizado sem Compartimentos 66 Apoio de Computadores aAtividade Educativa 71 Educa<;ao como Entretenimento 73 Pensamento Criativo 75 Pensamento Critico 78
  • 3. Aprendizagern Cooperativa Motiva~ao Ensino e Aprendizagern 0 Papel do Facilitador Equilibria na Cornunica~ao lrnplanta~ao da IBW Constru~ao de Ambientes para Aprendizagem Autodirigida Cogni~ao e Aprendizagern Aprendizagern como Processo de Cornunica~ao Aprendizagern Flexfvel Projetos de Uso da Web para Aprendizagern Criterios Basicos de Projeto Multirnfdia lnterativa e IBW 0 Aprendiz como Usuario 0 Aprendiz como Produtor Projeto de Cursos para a Web Ferrarnentas para a Web Sete Etapas de urn Modelo de Arnbiente IBW Aprendizado e Trabalho Cooperativo no Ambiente AulaNet Educa~ao Seja La Qual For a Distancia Os Atores do Arnbiente AulaNet Ferrarnentas para o Docente Conteudo Didatico e Prograrna de Navega<;:ao A Interface do Docente Mecanisrnos de Cornunica~ao Mecanisrnos de Coordena~ao Mecanisrnos de Coopera<;:ao Configura~ ao de Mecanisrnos Selecionados 0 Poder Cornparti lhado corn o Aprendiz 0 Controle Rernoto Avalia<;:ao lnicial da Experiencia do Curso TIAE Outras Abordagens de Ensino Bibliografia 80 82 85 88 89 91 97 100 102 104 1OS 106 108 110 111 113 114 118 122 125 126 128 130 135 139 142 145 146 148 151 95 117 153 Ded icamos este Iivro a todos os alunos de graduac;ao, mestrado e doutorado que participam ou participaram do Projeto AulaNet. Dedicamos tambem a todos que, implantando o ambiente AulaNet em suas organizac;oes ou atuando como professores ou aprendizes, produzem experiencias e contribuem para o desenvolvimento de uma cultura de educac;ao apoiada na Web e, em particular, de uma comunidade associada a este Projeto.
  • 4. Apresenta~ao Jase foi a epoca em que se via urn intelectual comen- tando com ar intel igente: "Nao gosto de computador. Pre- firo a minha velha e boa maquina de escrever". De alguns anos para ca, a informatica saiu das revistas especializadas para frequentar as paginas dos jornais diarios, das revistas em geral e para a televisao. Como crescimento da capacidade dos computadores de estocar, transmitir e proces- sar informac;:6es (o que permitiu a utilizac;:ao de imagens, ani- mac;:6es e sons) e com a reduc;:ao dos prec;:os dos equipamen- tos e servic;:os, a informatica e a Internet se tornaram mais acessfveis, saindo da academia e das BBS (Bulletim Board System- um especie de provedor popular anterior adissemi- nac;:ao da Internet) comec;:ando a chegar a uma significativa parcelada populac;:ao. Como crescimento do numero de usua- rios, os interesses se deslocaram do campo das quest6es de tecnologia, informatica, equipamentos, programas, etc., para os servic;:os que a Internet poderia vir a oferecer.
  • 5. A Educagao na Era da Internet Aprimeira grande discussao que ganhou a mfdia acon- teceu quando as empresas come~ara m a entrar na Internet. Durante 1997, 1998 e 1999, por toda a parte s6 se ouviu falar de e-bank, de e-business, de e-commerce, enfim, de neg6cios e coisas que diziam respeito aos interesses edina- mica das empresas na Internet. Como desdobramento, des- cobriu-se a possibilidade de emprego que essa industria cria- va, num momento em que eles minguavam por toda parte. Foi nesse quadro que, nesses dois ultimos anos, co- me~ou-se a falar, primeiro esporadicamente, depois inces- santemente, de Educa~ao a Distancia usando a Internet. No infcio, esta discussao apareceu ainda impulsionada pelas empresas: afinal, essa dinamica poderia viabilizar a forma~ao e treinamento dos seus trabalhadores, de ma- neira mais veloz e mais barata. lsso seria born para as em- presas, que poderiam garantir e baratear a prepara~ao de seu pessoal. Mas, ao mesmo tempo, interessava aos pro- fissionais, que viam af uma nova fonte de trabalho e pres- ta~ao de servi~os. Mais recentemente, a discussao sobre educa~ao a distancia invadiu os espa~os da educa~ao formal, dos or- ganismos de financiamento, das secretarias de educa~ao, das reitorias, diretorias, coordena~oes e mesmo de uma grande parcela de professores que come~aram a perceber as potencialidades dessas novas tecnologias, ou, simples- mente, acordaram para o fato de que era necessaria des- cobrir do que se tratava... para nao ficar para tras. Desde entao, urn grande numero de pessoas, orga- niza~oes e empresas tern se dedicado aatividade de cons- truir recursos, instrumentos e experiencias praticas de edu- ca~ao a distancia. Por urn lado, temos o esfor~o de profissionais de informatica que procuram ampliar os re- cursos e tornar as maquinas mais acessfveis aos profissio- nais de educa~ao. Por outro, temos professores e organiza- - Apresentagao ~oes educacionais que come~am a desbravar esta fronteira desconhecida da educa~ao, que deixava de estar sob o con- fortavel controle de antes, no interior das salas de aulas e dos departamentos. A utiliza~ao da infonnatica no Brasil ja vinha se ge- neralizando na universidade e em centros de pesquisa, e depois de muitas tentativas fracassadas, come~ou a pene- trar no ensino primario e secundinio (inicialmente nas es- colas privadas, mas agora tendendo a generalizar-se para todo o ensino). No ensino superior, sua utiliza~ao ja emassiva como meio de comunica~ao (mensagens e circula~ao de documen- tos e textos), como instrumento de informa~ao e pesquisa (Web) e, num grau menor, como elemento de debate nos grupos de discussao. Em alguns casos, ainda raros, sao utili- zados programas de chat (conversas adistancia pelo tecla- do), de vfdeo e videoconferencia, de simula~oes, de susten- ta~ao e de secretaria de grupos de trabalho (operando a distancia). Em casos mais raros ainda, existem experiencias mais sofisticadas como as de opera~ao adistancia (por exem- plo, telemedicina) e de utiliza~ao de realidade virtual. Ainda que nao tenha se implantado na estrutura for- mal de educa~ao, os recursos da Internet para uma ativi- dade educativa se tornam cada vez mais acessfveis ao gran- de publico, impulsionados por provedores e empresas que buscam ampliar sua gama de servi~os para atrair o publi- co, criando areas de entretenimento, de educa~ao e de edi~ao (de todo o tipo de "publica~ao" - texto, sons, ima- gens e animac;oes). 0 grande problema eque 0 "ambien- te" para utiliza~ao destes instrumentos de uma maneira sistematica ainda nao esta disponfvel. Os seus instrumen- tos e ferramentas nao sao ainda suficientemente faceis de manipular; os pre~os ainda nao os tornaram suficiente- mente acessfveis para parcelas amplas da populac;ao. Mas -
  • 6. - A Educagao na Era da Internet existe um problema rnaior, em particular, que e uma certa incompatibilidade entre as culturas, as praticas educativas, as formas de organiza<;ao e a propria concep<;ao de edu- ca<;ao tradicionais em nossa estrutura educacional e a cha- rnada lnstrw;ao Baseada na Web. Informatica Educativa: uma Hist6ria de Trope<;os Parte das dificuldades para a utiliza<;ao de recursos de informatica na educa<;ao e de uma certa resistencia dos seus profissionais em incorporar as novas tecnologias esti ligada a propria historia da tentativa de implanta<;ao de informatica nas atividades das escolas em nosso pafs. Em primeiro Iugar, porque para o educador, qual- quer atividade que envolva computadores aparece como herdeira e continuadora da polftica de "Tecnologia Edu- cacional" impulsionada a partir do final da decada de 1960, quando se procurou levar a escola a urn "funcionarnento racional de forma<;ao de mao de obra". Aepoca, era fla- grante a crise que se manifestava na estrutura, no conteu- do e nos metodos arcaicos de uma pratica educativa que nao respondia as necessidades de desenvolvirnento do pafs. 0 que rnarca as iniciativas nesta area, que se articularn com outras como os Acordos MEC-Usaid e com a polftica de privatiza<;ao da educa<;ao (que estao na origem das gran- des mobiliza<;6es estudantis de 1968), e a supervaloriza<;ao da Tecnologia Educacional- o tecnicismo educacional - como solu<;ao apresentada para os problemas da educa- <;ao brasileira. As Tecnologias Educativas (TVs, videocassete, retroprojetor, etc.) erarn vistas como tendo urn carater Apresentagao racionalizador e propulsor de um aumento de produtivi- dade, em uma concep<;ao da escola como tendo o funcio- namento similar a organiza<;ao fabril, onde os instrumen- tos se destacam em detrimento dos sujeitos do processo de ensino-aprendizagem. A supervaloriza<;ao instrumen- tal, reflexo de polfticas que nao alcan<;avam a raiz dos pro- blemas que a educa<;ao vivia, terrninou, apenas, por tor- nar rnais operativo o rnesmo rnodelo tradicional vigente e criar entre rnuitos educadores urn sentirnento de descredi- to em rela<;ao a introdu<;ao de tecnologias no processo educativo. Na decada de 1980, o uso das Tecnologias Educa- cionais voltou a ser re-valorizado, agora tendo o compu- tador como um dos seus instrurnentos centrais. Como no final da decada de 60, essa nova experiencia nao partiu da decisao dos educadores, mas da iniciativa de altos es- caloes do governo brasileiro. Em 1980, a Secretaria Especial de Informatica (orgao li?ado a presidencia da Republica) criou a Comissao Espe- Cial de Educa<;ao como objetivo de criar norrnas e diretrizes para a area da informa<;ao. Nos anos 1981 e 1982, foram realizados o 1 e 11 Se- rninario Nacional de Informatica na Educa<;ao envolvendo, pela primeira vez, pessoas ligadas diretamente ao processo educacional. Estes seminarios rnostrararn urna cornunidade educativa ressabiada corn as experiencias anteriores de Tecnologia Educacional. Entre as recomenda<;6es do semi- nario, conforme Ramon de Oliveira, se destacam: (a) A preocupa<;ao em afirrnar que investir ern Tecnologia Educacional nao era resposta aos problemas que vivia a educa<;ao: "nao (se deve) considerar o uso de corn- putadores e recursos cornputacionais como a nova panaceia para enfrentar problemas de educa<;ao basi- ca ou como substituto eficaz das carencias ern larga -
  • 7. A Educagao na Era da Internet escalade docentes e recursos instrucionais' elementa- res ou de outra natureza"; (b) a preocupa<;ao quanta ao uso indiscriminado de pro- gramas estrangeiros que pudessem influenciar os con- ceitos e padr6es culturais nacionais: "que as ativida- des de informatica na educa<;ao sejam balizadas por valores culturais, sociopolfticos e pedag6gicos da rea- lidade brasileira"; (c) a preocupa<;ao quanta ao investimento em maquinas, ape- nas para "satisfazer os interesses do mercado, principal- mente ao considerarmos que, no Brasil, o infcio do uso dos computadores nas escolas publicas ocorreu no mo- menta em que se investia no crescimento e no favorecimento das industrias brasileiras de informatica". Apesar destas preocupa<;6es, os participantes de am- bos seminarios se declararam favoraveis a que o governo viabilizasse "recursos como forma de desenvolver ativida- des de pesquisa e experimento sabre o uso dos computa- dores na educa<;ao", em particular, criando projetos pi lotos de carater experimental. Esta proposta veio se materializar em 1983 no Projeto Educom (Educa<;ao com Computado- resL quando foram criados cinco projetos pilotos com o objetivo de desenvolvimento de pesquisas e dissemina<;ao do uso de computadores no processo de ensino. Mesmo passando grandes dificuldades, inerentes ao proprio ineditismo da atividade e devido a falta de conti- nuidade dos recursos, eles serviram para acumular uma certa experiencia e criar condi<;6es para duas iniciativas importantes. 0 Projeto Formar, visando a prepara<;ao de professores e tecnicos das redes municipais e estaduais de ensino, eo projeto da cria<;ao dos Centros de Informatica e Educa<;ao (Projeto Cied). 0 Projeto dos Cieds, em 1987, representou uma nova etapa da Informatica Educativa onde se da uma Apresentagao descentraliza<;ao, do MEC para as Secretarias Municipais e Estaduais que passam a participar da constru<;ao dos Laborat6rios, elemento chave nesta nova etapa. Esses La- borat6rios, instalados no interior da Escola, seriam uma especie de frente avan<;ada do processo de informatiza<;ao da educa<;ao, se constituindo em equipes e espa<;os de experimenta<;ao, que posteriormente serviriam de difu- sao para outros professores e alunos. As experiencias dos anos seguintes foram frustran- tes. A descontinuidade dos recursos, a ausencia de supor- te, a falta de prepara<;ao das equipes constitufdas, a au- sencia de discussao e de participa<;ao mais ampla de professores e estudantes, excetuando-se casas isolados onde a dedica<;ao e a criatividade permitiram algumas ex- periencias interessantes, terminaram por paralisar e isolar os Laborat6rios no interior da Escola. A fa ita de infra-estru- tura, ainda que nao exclusiva deste projeto, vista o quadro deficitario das escolas publicas, teve nesta atividade con- seqUencias mais graves, pois alem das dificuldades pr6- prias de uma pratica sem tradi<;ao, a obsolescencia extre- mamente rapida da informatica e a falta de manutenc;:ao podem paralisar as atividades. Acrescente-se as dificuldades o fato de professores, alunos e funcionarios que ate aqui haviam sido marginali- zados do processo de elaborac;:ao e decisao sabre estas po- lfticas verem, agora, seu papel reduzido a mero aplicadores de decis6es preestabelecidas, cobrados por uma polftica e iniciativas das quais nao tinham sido constituintes. Os computadores que chegavam as escolas provo- cavam rea<;6es contradit6rias: por um lado, eram vistas como algo que poderia melhorar e facilitar o trabalho (tanto administrativo quanta educativoL por outro, vistas como improdutivos, como um desperdfcio do dinheiro que fal- tava em tantas coisas "mais importantes".
  • 8. A Educagao na Era da Internet A falta de part1c1pac;ao de educado'res e edu- candos no processo de elaborac;ao de uma polftica para introduc;:ao do computador na escola, assim como a descontinuidade dos investimentos e suporte, cobravam seu prec;:o paralisando as iniciativas. Mas, na realidade, existia um problema mais geral que era uma confusao entre utilizar a informatica na pratica educativa e ensi- nar informatica. A informatica, nessa epoca, e de uma certa manei- ra ate nossos dias, ainda era uma atividade de informaticos. Para a comunicac;ao com a maquina ainda eram utiliza- dos sistemas baseados em comandos, e a uti Iizac;ao de recursos graficos, baseados no uso do mouse e na repre- sentac;ao de uma mesa de trabalho, ainda davam seus pri- meiros passos. Os poucos aplicativos que o leigo em informatica conseguia usar (como editor de textos e planilhasL exigia ainda o conhecimento de si.st~mas operacionais, de comandos e codificac;oes. A interat1v1dade era ainda praticamente nula. Nestas condic;6es, os com- putadores nao podiam ser acessfveis a grande m~ssa de professores e s6 atraiam aqueles que perceb1am as potencialidades ainda nao realizada.s pela !nformatica.. A tOnica dos poucos programas educat1vos ex1stentes apola- va-se no computador apenas como algo capaz de substi- tuir atividades repetitivas desempenhadas pelo homem, de ajuda-los na memorizac;ao ou para a transferencia de in- formac;oes para o aluno. Neste quadro, a "educac;ao utilizando informatica" praticamente inexistia e o que se fazia era "ensino de informatica". 0 programa do curso de formac;ao dos pro- fessores (urn pouco o que era feito em todo o Brasil), reali- zado pelo Educom/UFPE em 1988, nos mostra o quant.o .a atividade de informatica educativa estava Ionge do cotldl- ano dos professores: - Apresentagiio 1) lntrodur;:ao a microinformatica; 2) lntrodur;:ao a linguagem algorftmica; 3) lntrodur;:ao a programac;:ao Logo; 4) Ensino de informatica na escola; 5) Desenvolvimento cognitivo, cultura e ensino; 6) Informatica, educar;:ao e so- ciedade; 7) Utilitarios I; 8) Pratica do ensino de Informatica; 9) Pratica de Laborat6rio de Informatica; 10) Estudo indi- vidual assessorado e 11) Estagio nas escolas do NAE (Pro- jeto Educom, 1988). Um curso deste tipo era algo muito distante da vida das escolas e necessitava um esforr;:o dos educadores que nao se justificava, ja que os resultados eram muito limita- dos e que eles tinham mais com que se preocupar, envol- vidos nas dificu ldades pr6prias do precario sistema educativo e de sua atividade do dia-a-dia. Refletia uma iniciativa que nao partia das pessoas envolvidas no cotidi- ano da atividade educativa, mas de pessoas ligadas ao aparato burocratico do Estado, preocupadas em levar este recurso para o interior das escolas, de formar mao-de-obra capacitada e mercado para a industria de informatica que estava em expansao, bern como pela necessidade de for- mac;ao de um novo tipo de trabalhador e de prestador de servic;os adequados as necessidades de uma economia que cada vez mais incorporava as mudanc;as promovidas pela informatica. Existe uma associac;ao do conceito de tecnologia ao moderno, ao novo e, em particular, as maquinas eletromecanicas e agora as maquinas de informatica. Mas, tecnologia existe em qualquer atividade humana. A es- cola sempre utilizou uma tecnologia que aparece .na or- ganizac;ao do espar;:o escolar, na sala de aula, nos m~tru­ mentos de trabalho (quadro-negro, giz, livros, apostllas, cadernos, borr6es, mime6grafos, retroprojetores, etc.) e no privilegio da palavra e da escrita como elemento cons- tituinte de significados. -
  • 9. A Educagao na Era da Internet Nern por isto precisamos de serninarios e cursos de forma~ao de professores do seguinte tipo: 1) lntrodu~ao as tecnicas de impressao (a utiliza- ~ao do mime6grafo, impressao a off-set, tecnica da caneta tinteiro, etc.); 2) lntrodu~ao alinguagem gra.fica; 3) lntro- du~ao atecnica de reuniao de professores e de paise mes- tres); 4) Ensino de giz e quadro-negro na escola; 5) Desen- volvimento cognitivo, cultura e ensino; 6) Processos Graficos, educa~ao e sociedade; 7) Utilitarios I; 8) Pratica de ensino de mime6grafo; 9) Pratica de Laborat6rio de Quadro-negro; 10) Estudo individual assessorado e 11) Estagio nas escolas do NAE (Projeto Edugiz, 1998). Ainda que estes assuntos envolvam a tecnologia educativa, usada ainda hoje na escola e que faz parte da forma~ao dos professores aprender a utiliza-las da melhor maneira possfvel, pensar urn curso deste tipo como for- ma~ao para professores seria uma evidente aberra~ao, mais ou menos a mesma coisa do que se fazia com a tecnologia de informatica, dando-lhe uma imporU1ncia maior do que a pratica pedag6gica. A tecnologia educativa nao pode estar desligada da teoria da educa~ao que envolve varias ciencias. A tecnologia, como a pratica usada no ensino, e fruto de uma proposta polftico-pedag6gica respaldada por concei- tos que sao o Iastra dessa proposta. Ou seja, tanto faz o quadro de giz ou a Web, a tecnologia usada ha de ser referendada para poder fazer sentido. A tecnica, por si s6, nao forma nem o professor nem o aluno. Esta tecnologia e uma cristaliza~ao de praticas de- senvolvidas nas atividades educativas. Ela e ao mesmo tem- po a expressao de uma pratica e urn elemento que a modi- fica. Normalmente, uma tecnologia surge como uma pro- je~ao de uma pratica anterior. Antes do giz e do quadro- - Apresentagao negro, as pessoas escreviam ou desenhavam ern algurn suporte ou no chao, por exemplo, para ajudar a tornar mais visfvel ou fixar algo que estavam explicando. Esta pratica evoluiu criando instrumehtos particulares para melhorar esta forma de expressao; primeiro o quadro ne- gro, depois os diapositivos, o retroprojetor, etc. Para fazer contas uti Iizavam OS dedos, 0 abaco e mais tarde a regua de ca.lculo. E ao se criarem estes instrumentos, estas prati- cas se generalizavam e ao mesmo tempo se modificavam em fun~ao das particularidades dos instrurnentos criados. Quando uma tecnologia surge, ela parece substi- tuir a pratica anterior, ela tende a ganhar mais importancia do que o que se faz com ela. Utiliza-la nesse momenta exige o esfor~o de intervir e conhecer todos os seus meca- nismos, para poder corrigir suas falhas, suprir suas lacu- nas, fazer as op~6es de desdobramento que ainda nao se inscreveram em seus instrumentos. Se no primeiro momen- ta se cria a tecnologia como intuito de fazer melhor, mais rapido e com maior efetividade o que se fazia antes, no processo de consolida~ao de uma tecnologia, se come~a a produzir novas praticas e novas maneiras de se fazer as mesmas coisas e outras. Quando a tecnologia esta amadurecida e consolidada, ela parece desaparecer e se tornar invisfvel, ja que se incorpora adinamica do cotidia- no (o qual ela tambem modificou), e a maneira de utiliza- la e o resultado da sua a~ao tendem a ganhar destaque sobre a tecnologia propriamente dita, que passa a ser par- te do ambiente. Estas observa~6es permitem entender urn pouco o misto de dificuldades e potencialidades que cercam o esta- gio da Informatica Educativa, em que falamos anteriormen- te (que de uma certa maneira ainda se manifesta ate hoje). Vivfamos um momenta em que a tecnologia informatica procurava ainda se constituir. Ela se propunha facilitar a -
  • 10. A Educaqao na Era da Internet (mesma) pratica que se tinha ate aquele momento. Mas nao realizava esta promessa, ao contrario ela somava novas di- ficuldades as dificuldades existentes, tanto maiores porque exigiam uma nova linguagem e novos conhecimentos, muito distantes da pratica do educador. Nestas condic;oes, a rejei- c;ao era um fato quase inevitavel, em particular ao inexistir urn trabalho de informac;ao e de discussao entre educado- res, funcionarios e estudantes, e ao fato de se decidir sem eles os passos que deveriam ser seguidos. Os problemas que vivemos nesse perfodo, pode-se dizer, sao universais. Em urn artigo publicado no "The American Prospect On Line", Paul Star cita as tres fases por que passou a rela- c;ao entre informatica e educac;ao nos Estados Unidos: (a) Na primeira metade dos anos 1950 ate avanc;ados anos 1980, os interesses maiores eram com o desenvolvi- mento da "lnstruc;ao Assistida por Computador" e com o ensino de programac;ao do computador (em grande parte este esforc;o se deu atraves da organ izac;ao de cursos de linguagens de programac;ao). (b) Entre 1981 e 1989, com a propagac;ao de computado- res pessoais, os software aplicativos em geral eo infcio das interfaces graficas (que comec;am a reduzir a neces- sidade de conhecimentos de linguagem de programa- c;ao e comandos), os computadores ficam situados tipi- camente em Laborat6rios especiais. (c) A terceira fase comec;a na decada passada, anos 1990, como advento da multimfdia, corn o crescimento ex- plosivo da Internet, da Web e com a integrac;ao da informatica e do computador no trabalho e na vida cotidiana. - A hist6ria da educac;ao no Seculo XX foi marcada por previs6es e expectativas fracassadas de revoluc;oes da educac;ao a partir da incorporac;ao de tecnologias. Em Apresentaqao 1913, Thomas Edison previu que os livros nas escolas logo estariam obsoletos por causa do cinema. 0 mesmo acon- teceu quando o radio foi inventado nos anos 1920 e 30 e com a televisao a partir dos anos 1950. Em seu livro "Os professores e as Maquinas", Larry Cuban aponta que estas expectativas foram decepciona- das repetidamente, apesar do esforc;o e do investimento "nao pelas raz6es que geralmente se afirma - execuc;ao deficiente, dinheiro insuficiente, resistencia dos professo- res- mas por causa de urn obst;kulo mais fundamental: a 16gica da sala de aula" (cf. Star,1996). Segundo ele, "as ferramentas que os professores acrescentaram a seu repert6rio no correr do tempo (por exemplo o quadro-negro e o Iivro de textos) foram si m- ples, duraveis, flexfveis e respondiam aos problemas en- contrados pelo professor em suas demandas de instru- c;ao diaria". Os filmes, o radio e a televisao requeriam muito trabaho e esforc;o tecnico especfficos que difi- cultaram a sua relac;ao com a sala de aula. Esta razao possibilitou que simplificac;oes destas tecnologias, como o retroprojetor, os slides eo videocassete, passfveis em certo nfvel de se integrarem a 16gica da sala de aula, fossem incorporados ao ensino, mesmo que de maneira limitada). 0 fracasso das primeiras fases da integrac;ao do computador a pratica educativa parece seguir, apa- rentemente, o mesmo ciclo de entusiasmo e desapon- tamento e fracasso das previs6es relativas a introdu- c;ao na educac;ao destas outras tecnologias. No entanto, ja no percorrer da segunda fase, aparecem quest6es que se desviam do padrao das tentativas de introdu- c;ao de outras tecnologias avanc;adas. A mais impor- tante delas e que os computadores comec;am a atrair o interesse nao apenas dos administradores mas, cada -
  • 11. A Educaqao na Era da Internet vez em maior numero, dos estudantes e p~ofessores. Ao contrario do cinema, do radio e da TV, os compu- tadores se mostraram mais suscetfveis e uteis as ativi- dades centradas no estudante e defin idas pelo pro- fessor. E quando a Internet explode a luz do dia, elas comec;aram a se transformar cada vez mais naquelas ferramentas, definidas por Cuban, como "simples, duraveis, flexfveis e capazes de responder a necessi- dades definidas pelo professor em func;ao das deman- das de instruc;ao diaria". 0 perfodo que passamos hoje no Brasil poderia ser relacionado com a transic;ao da segunda para a terceira fase que ocorreu com a integrac;ao do computador aedu- cac;ao nos Estados Unidos. Ocorre, a nosso ver, uma si- multaneidade entre ambas, como resultado de uma dina- mica que corresponde a uma trajet6ria nacional sobredeterminada pela sua integrac;ao em um processo mais geral de globalizac;ao. Se, por um lado, ainda nao encontramos profissio- nais, estruturas e recursos aplicados dentro das escolas e do aparato educativo, capazes de introduzir o computa- dor na dinamica da escola, este equipamento e, em parti- cular, a Internet, entraram a tal ponto no trabalho e na vida cotidiana de uma grande parcela da populac;ao, e ganha- ram a tal ponto repercussao na midia que se incorporaram apratica educativa dos estudantes e professores por fora da escola. Hoje, o computador eusado como editor de tex- to, como planilha eletronica, como instrumento de edi- c;ao e pubIicac;ao de pequenos trabal hos, como agen- da, como meio de comunicac;ao e pesquisa, como entretenimento, por uma grande parte do que se pode- ria chamar a comunidade educativa, mesmo que nao de maneira intensiva. Apresentaqao Neste sentido, criaram-se as bases para uma real incorporac;ao da informatica apratica educativa em nos- so pais. Por Que este Livro? Temos hoje um "parque informatica" significativo no nosso pais (equipamentos e programas em instituic;oes, empresas e residencias); temos ja uma significativa parce- la da populac;ao alfabetizada em informatica (alguns mi- lhoes de usuarios da Internet, de computadores pessoais, de celulares e outros servic;os informaticos e telematicos). Se observarmos esta realidade, nao podemos deixar de estranhar a precariedade da utilizac;ao da informatica na pratica educativa. Esta debilidade nao efruto da falta de esfor~os. Dois caminhos, nao excludentes, tem sido empreendidos. Por um lado, um esfor~o de equipar as escolas (cria~ao de laborat6rios, salas, classes e cursos pi lotos ou mesmo escolas especiais) e informatizar servi~os (ban- cos de dados administrativos, bibIioteca, servi~os de edi- ~ao, etc.). Par outro lado, existem iniciativas de cria~ao de ambientes informaticos que aproximam a maquina dos usuarios. lnstitui~oes de ensino e empresas tem produzido programas e sistemas voltados para a criac;ao deste tipo de ambiente. Em alguns casas sao ambientes particulares, como os laborat6rios de que ja falamos, cursos usando CD-ROM e a Internet, bibliotecas digitais, quadros de avi- sos, servi~os de mensagens da institui~ao e dos cursos, assim como comunica~ao entre alunos e professores, home-pages e bancos de dados. '• -
  • 12. A Educagao na Era da Internet Mas cada passo dado parece provocar u'm sem nu- mero de reac:;:6es e dificuldades ja que entram em contra- dic:;:ao com culturas, habitos e instrumentos arraigados e incrustados em nossas praticas educativas, comunicativas e culturais, criadas por t2cnologias e relac:;:6es sociais ante- nares. Muitas das experiencias que vivemos fracassam ao tentar reproduzi r a mesma pratica anterior uti Iizando as novas tecnologias. A grande questao, que nao esta resolvida, ea cria- c:;:ao de uma nova pratica comunicativa e de proces- samento de informac:;:6es condizentes com estas novas tecnologias. Numa sociedade de abastanc:;:a de informa- c:;:oes, onde o problema nao e possui-la, mas acha-la e descobrir sua relevancia, onde os homens compartem seu poder com as maqu inas ao comparti r com elas seu processamento, e onde o controle da informac:;:ao se tor- na inviavel, nao emais possfvel manter a mesma pratica educativa que antes. Por sua vez, a criac:;:ao de uma nova cu ltura, de novas paradigmas, novas valores, habitos e praticas nao pode ser feita em laborat6rios. Esta nova cultura se cria em praticas contradit6rias, em idas e vindas, onde se alternam grandes experiencias com fracassos (que as vezes ocorrem mesmo simultaneamente). Elas surgem de projetos, de praticas e de experiencias onde se pro- cura equipar o professor e dar sustentac:;:ao a sua ativi- dade. - Uma experiencia particularmente importante neste caminho ea de criac:;:ao de ambientes telematicos para o desenvolvimento de uma pratica educativa, que rompendo a barreira do espac:;:o fisico da escola ensaia passos no terreno da comunicac:;:ao digital. Uma prati- ca educativa que nao se baseia na continuidade do tem- Apresentagao po, que e independente de distancias e que nao se referencia no espac:;:o ffsico, e que, ao "aboli-lo" (ou ao torna-lo unico) subverte toda pratica educativa pre-exis- tente. Este livro procura refletir sobre este tipo de pratica e contribuir para a criac:;:ao desta cultura. Ele procura apre- sentar, para os que desbravam este carninho, um conjunto de ideias, tecnicas, metodologias e experiencias construfdas por uma equipe de professores e estudantes, coordenados pelos professores Carlos Lucena e Hugo Fuks, autores des- te livro. Esta experiencia se articula em torno da cria<;ao do ambiente AulaNet, a partir de uma estrutura conceitual para a implementac:;:ao de inova<;6es tecnol6gicas em educa- <;ao baseada em tres argumentos: A ado<,:ao precede a mudan<;a - Para que qualquer mu- danc:;:a pretendida ocorra, a inovac:;:ao tem que ser adotada em primeiro Iugar pelos alunos e professores; Realiza<;ao ere-cria<;ao- 0 processo de implementac:;:ao de uma inovac:;:ao e, em essencia, um processo de re-cria- c:;:ao no qual professores e alunos reinterpretam a inova<;ao em seus pr6prios termos. Desta forma a real izac:;:ao de uma inovac:;:ao frequentemente reflete um conjunto de solu<;6es de compromisso entre a forma novae a antiga de fazer as coisas. Aprendizado ea evolu<;ao do conhecimento- Seres huma- nos sao ativos criadores de conhecimento, mas falfveis. 0 conhecimento criado deve ser refinado pela crftica dos seus pares. Os objetivos da equipe do Projeto Aulanet sao: (a) Promover a adoc:;:ao da Web como um ambiente edu- cacional; (b) contribuir, sem impor, mudanc:;:as pedag6gicas dando suporte a re-cria<;ao; -
  • 13. A Educagao na Era da Internet (c) encorajar a evolu~ao do conhecimento (tanto para alu- nas quanta para professores). Por esta propria concepc;ao de estrutura conceitual, fica evidente que este Iivro nao propora uma receita de pratica educativa, uma concepc;ao fechada e definitiva do que sera a educac;ao na era da Internet, quanta mais nao seja por entender que por um bom tempo trabalha- remos com uma transic;ao da pratica educativa. 0 que ele faz e apresentar ideias, reflex6es, teorias e experien- cias, muitas das quais servem tambem a educac;ao presencia!. Um pouco tambem por isto, a edic;ao do livro acompanhou esta ideia. Ele foi redigido e editado a par- tir de documentos, papers, aulas, em particular dos con- teudos do curso "Tecnologias de Informatica Aplicadas aEducac;ao" coordenado pelos autores deste livro, de- senvolvido no proprio ambiente AulaNet. Na sua estruturac;ao, permitindo redundancias e desmembrando o material em cinco partes relativamente independen- tes, o editor procurou, deliberadamente, evitar a tenta- c;ao da busca da coerencia. Seria empobrecedor redu- zir um material tao rico e multiforme, cujas diferentes partes podem interessar a publicos tao diferentes, a algo continuo com infcio, meio e fim. Tivemos a preocupac;ao de criar uma metainforma- c;ao (uma informac;ao da informac;ao) atraves de notas para tornar o livro acessfvel a uma grande parcela de professores, aprendizes e agentes de cultura nao habituados a linguagens da informatica. Mas permitimos a sobrevivencia das mesmas redundancias, contradic;oes, pontos de vista e linguagens diversificadas que encontramos na Internet e nessa experien- cia, onde o leitor se alimenta dos conteudos apresentados para os destruir, criando e construindo os seus proprios signi- ficados. Apresentagao 0 que se discute neste livro e uma subversao da pratica educativa que aponta o caminho da comunicac;ao, coordenac;ao e cooperac;ao como seus elementos constitutivos. 0 que pretendemos com ele e oferecer um elemento a mais para a criac;ao do ambiente necessaria para o de- senvolvimento da educac;ao baseada na Web. Naoum instrumento para tecnicos, ou para enten- der o que os tecnicos fizeram, discutindo tecnologias de informatica aplicadas aeducac;ao. Esta discussao foi im- portante para criar uma massa crftica que viabilizasse a construc;ao dos instrumentos que temos hoje para uma pratica de educac;ao adistancia. Mas hoje, para o proprio desenvolvimento destes instrumentos, e necessaria expe- rimentar, socializar e massificar a sua utilizac;ao. Nilton Santos -
  • 14. Comunica~ao Digital e Trabalho de Grupos Aproliferao;ao de computadores pessoars e a populariza<;:ao da Internet ampliaram as possibilidades de comunica<;:ao entre as pessoas, criando uma variedade de servi<;:os oferecidos atraves de uma rede heterogenea de ambientes, sistemas e plataformas. Como a utiliza<;:ao des- ta tecnologia e muito recente, varios projetos de pesquisa buscam encontrar os aspectos relevantes para o trabalho em grupo auxiliado por computador. Estes aspectos po- dem ser vistos nas estruturas de comunica<;:ao, coordena- <;:ao e coopera<;:ao com as quais os grupos trabalham. As pessoas se comunicam para trabalhar em con- junto. Ese coordenam para trabalhar melhor. Atecnologia baseada em mfdia digital que da suporte as atividades de pessoas organizadas em grupos - que podem variar em tamanho, localiza<;:ao ffsica e composi<;:ao- e chamada de
  • 15. A Educagao na Era da Internet Groupware. Os conceitos basicos que norteiam os siste- Programa de compu - mas baseados nesse tipo de tecnologia SaO, exa- tador que oferece supor- . _ _ te para o trabalho de tamente: comun1ca<;ao, coordena<;ao e coo- grupos. pera<;ao. Originalmente, a computa<;ao s6 trabalhava com termos como 11 arquivos11 , 11 programas11 e 11 aplica<;6es". A partir do desenvolvimento das interfaces graficas come- Recursos graficos ou de <;ou a ser importante trabalhar com a dinamica utilizac;:ao de textos, ima- gens, icones e multimidia dos sentidos humanos. que tornaram relativa- d · d mente mais facil a cornu- Ao Iidar com Groupware, e1xamos e nicac;:ao com a maquina e, dessa maneira, a lorna- ram acessivel a urn nume- ro maior de pessoas por dispensarem c6digos e co- nhecimentos de progra- mac;:ao. L-- -- - -- ----' tratar de 11 aplica<;6es" e "arquivos", e passamos a trabalhar com outros conceitos tais como 11 confl itos", 11 intera<;6es11 , 11 coopera<;ao" e 11 ne- gocia<;ao"... Come<;amos a tratar de unl mun- do novo, um mundo menos tecnico no qual o aspecto social e a caracterfstica mais forte. Trabalhar eConversar Quando se conversa com alguem, se esta assumin- do compromissos. E o trabalho, no fundo, se traduz pela realiza<;ao dos compromissos assumidos. Por isso, e ne- cessaria facilitar esse tipo de dialogo e oferecer meios para que essa conversa aconte<;a da melhor maneira possfvel. Torna-se necessaria dar instrumentos para que essa con- versa<;ao se realize nos mais diversos locais e nos mais diferentes momentos. - Atualmente, ninguem pode se limitar a um s6 tipo de comunica<;ao. Estamos na era do telefone celular que Comunicagao Digital e Trabalho de Grupos esta se tornando uma das formas mais importantes de co- munica<;ao, com o qual, em breve, n6s poderemos nos comunicar entre quaisquer lugares e em qualquer momen- ta. No entanto, continua a ser muito importante a comuni- ca<;ao assfncrona como a que se da atraves de cartas, de mensagens eletr6nicas, de publica<;6es impressas e de ou- tros meios na qual os diferentes sujeitos da comunica<;ao se manifestam em momentos diferentes. As necessidades de comunica<;ao no mundo do tra- balho geraram uma serie de tecnologias que foram se trans- formando em diversos produtos que respondem a varias necessidades especfficas. Podemos pensar, por exemplo: 11 Eu que- ro ter uma sala digital de reuni6es, o que ca- racteriza tipicamente a comunica<;ao das dife- rentes pessoas de um grupo, ao mesmo tempo, mas em locais diferentes". 0 que as pessoas fazem quando se reunem? - Elas conversam, criam e tomam decis6es. Entao, quando se quer promover uma sala de reuni6es, e preciso dar suporte a esse tipo de atividade. Ambientes des- te tipo constituem os espa<;os de trabalho de uma organiza<;ao digital. A princfpio, o que caracteriza uma orga- Esses produtos nao res- pondem, cada urn deles, a uma determinada ne- cessidade especifica, mas a urn conjunto, a uma mis- tura delas. Veja o Word da Microsoft, por exemplo, o usuario comum deste pro- grama nao utiliza nem dez por cento de seus re- cursos. Os programas ser- vem a muitas coisas mais, em termos de tecnologia, do que bastariam servir, mas, de qualquer manei- ra, eles servem para rnapear essas tecnologias e, sao esses produtos que deveremos levar em con- siderac;:ao. niza<;ao digital eo uso intensivo de correio eletr6nico tanto na comunica<;ao interna das organiza<;6es, quanta na ex- terna. A utiliza<;ao deve ser intensiva. Nao devemos poupar esfor<;os para que todos usem o correio eletr6nico. Esse eo primeiro passo para se ter uma organiza<;ao digital, para se implantar uma cultura de comunica<;ao digital. -
  • 16. . A Educagao na Era da Internet Uma vez que se tenha uma infra-estrutura para isto, 0 segundo passo e procurar dentro da organizac;ao - da ernpresa, universidade ou de qualquer arnbiente de traba- lho- urn grupo muito bern estruturado. Edentro desse gru- po bern estruturado e, principalrnente, rnotivado-pois sem motivac;ao nada podera ser feito, ja que tecnologia nao transforrna a agua ern vinho- que cornec;amos a implantar os produtos Groupware. Se trabalhar e comunicar-se, conversar, entao o que podernos fazer para estirnular esse processo?- De infcio, irnplantarnos urn groupware para facilitar a cornunicac;ao entre os integrantes deste grupo pequeno, bern estruturado e bern rnotivado ao qual nos referimos inicialrnente. Cada tipo de trabalho gera urn tipo de cornunicac;ao especffica, que nao caberia detalhar aqui. Ern seguida, a expansao do uso dessas tecnologias deve avanc;ar na direc;ao de outros grupos, setores ou indivfduos que se cornunicarn com o grupo inicialmente envolvido no processo. Paralelarnente, devemos explorar a lateralidade das relac;6es de trabalho. Porque dentro da perspectiva do in- .--------..., divfduo que esta trabalhando, as pessoas e os Comunica~;ao do tipo broadcasteadoradiodi- grupos corn os quais ele trabalha dentro e fora fusao (tambem utilizado pela televisao transmitida da empresa sao a organ izac;ao. Esse e o seu atraves de antenas), que espalha, dissemina, difun- grupo de trabal ho. Do seu ponto de vista, or- de a informa~;ao. A infor- ma~;ao segue apenas um ganizac;ao e ernpresa sao as pessoas corn quern sentido, do emissor para ele se cornunica e corn quem trabalha. o ouvinte. Neste tipo de informa~;ao, a intera· Essas relac;6es se diferenciarn pelo for- tividade e quase nula. 0 retorno da informa,.ao e rnato da cornunicac;ao. Ern urna organizac;ao limitado e se da por ou· tros canais (pesquisas, voce tern rnuita cornunicac;ao do tipo cartas, telefonemas dos ouvintes, etc.). broadcast, de disserninac;ao- a comunicac;ao ' - - - - - - - - - ' Comunicagao Digital e Trabalho de Grupos de um para muitos (comunicados, documentos oficiais, regularnentos, orientac;6es, etc.). Mas tarnbern ha bastante conversac;ao e reuni6es onde a interatividade esta coloca- da nas relac;6es entre pessoas, nos grupos, no trabalho de equipe, na negociac;ao corn fornecedores, corn os clien- tes, etc. As cornunicac;6es se diferenciarn rnuito, tarnbem, ern relac;ao adurac;ao e ao tempo no qual se estabelecem. As pessoas se cornunicarn e se coordenam, atraves de urn leque diversificado de rnecanisrnos que estao presentes nas ferrarnentas disponfveis no arnbiente de trabalho. Essa rnesrna cooperac;ao no trabalho deve existir, seja quando . o indivfduo desenvolve urna atividade sozinho, seja quan- do ele trabalha ern grupo. Por isso, e preciso ferrarnentas para esses diversos grupos, desde o eu-sozinho ate o ex- trema oposto, quando se tem toda a lateralidade possfvel, ern todo o arnbiente da Internet. E e irnportante enfatizar que as ferrarnentas nao podern ser rnuito diferentes, nao pode haver uma ruptura entre os rnornentos ern que estarnos sozinhos, quando nos relacionarnos corn nossa equipe ou corn toda a Internet. Quando estabelecernos contato com varios setores e grupos, tanto verticalrnente corno horizontalrnente- de- pendendo das necessidades do trabalho- essa cornunica- c;ao se rnodifica. Equipes se formam, reestruturarn-se e se renovarn, continuarnente, de acordo corn o grau de coope- rac;ao entre seus integrantes e ern func;ao de seus objetivos. Essa renovac;ao se da a partir da resposta da equipe corn a qual trabalharnos. Estarnos falando daquele grupo inicial, pequeno e rnotivado, e tarnbem dos outros grupos
  • 17. A Educagao na Era da Internet e pessoas que interagem com ele. Entao, n6s temos um processo continuo de comunica<;ao, que percorre domi- nies de conhecimentos diferentes, com diferentes tecni- cas, linguagens e jarg6es, o que torna necessaria um apren- dizado constante. Por isso, o trabalho e o aprendizado comec;:am a ficar muito perto um do outro. Tao perto a ponto de se confundirem. 0 produto dessas relac;:6es e interac;:6es e a organi- zac;:ao, por exemplo, a empresa ou a escola. E o produto dessas relac;:oes e interac;:6es, incluindo a lateralidade exis- tente nelas, e a sua "fatia de mercado"- o universo onde essa empresa ou escola esta inserida. Os Clientes como Parte da Empresa Podemos afirmar que, c~da dia mais, a relac;:ao dos cl ientes com as empresas - ainda mais se pensamos em Internet- e tambem uma relac;:ao de trabalho. Afinal, e ele que preenche o formulario quando faz um pedido de com- pra, que digita a ficha de pagamentos e pratica outras ac;:6es. 0 cliente, hoje, esta dentro do fluxo de trabalho da em- presa, ele e parte da empresa. Esta tendencia do mercado, onde cada vez mais as fronteiras das empresas se diluem (o self-service, o caixa eletronico, etc.) e onde o cliente passa a ser parte dela, se acelera e se aprofunda com o surgimento das redes informaticas e, em particular, da Internet. - Einteressante observar, quando pensamos em todo esse processo de comunicac;:ao entre organizac;:6es, equipes Comumcagao Digital e Trabalho de Grupos e pessoas, que tudo isso necessita de uma rede de computa- dores que lhe de sustentac;:ao. Eum aspecto basico na no<;ao de comunicac;:ao entre computadores e a cooperac;:ao. Os computadores tem que cooperar entre eles. Quando ouvi- mos o barulhinho do modem do nosso computador, perce- bemos que uma conexao esta sendo feita, que o nosso modem esta estabelecendo contato com Equipamento de interface que permite a conexao de urn computador atraves da rede telefonica com outro computador e negociando a forma de co- outro computador, em ou- tro local. Ele transforma mun icac;:ao e cooperac;:ao entre eles. Esta queren- OS sinais usados pelo com- do saber do modem do outro Iado, qual e a sua putador em sinais utiliza- dos pela linha telefonica capacidade de enviar e receber informac;:6es, en- e vice- versa. fim, de conversar. lsso e muito natural no rnundo da informatica, uma vez que os protocolos da Internet sao, ern outras palavras, as regras de cornunicac;:ao e cooperac;:ao en- tre os computadores e as maquinas que se integram. Portanto, ha urna serie de servic;:os fundamentais para que uma aplicac;:ao de Groupware possa se realizar. E preciso suporte de agenda, co-autoria, suporte adecisao, suporte tecnico. Enecessaria, ainda, ter urn acurnulo das rnais variadas forrnas de tomada de decisao para concreti- zar a comunicac;:ao, o que se traduz no poder de controlar vers6es. E isso tudo s6 para se ter uma aplicac;:ao, por exem- plo, do tipo distribuic;:ao de software dentro da Internet. Ou seja, para o ser hurnano assumir o controle, ele prcci- sa entrar em contato com os sistemas e produtos que cJ3u suportes a esses servic;:os. lnfelizmente, toda e qualquer interface e urn entra- ve ao trabalho. Nao existe escapat6ria para isto. Para iden- tificarrnos como isto ocorre, basta refletirmos sobre os sis- temas operacionais com todas as suas idiossincrasias. -
  • 18. A Educagao na Era da Internet Estamos bastante acostumados ao Windows da Microsoft e sabemos que, quando vamos realizar uma tarefa neste programa de computador, precisamos pen- sar em uma serie de coisas que nao tern nada aver com a Para escrever urn texto, tarefa em si, mas, sim, com 0 Windows- e ja por exemplo, precisamos d N- abrir urn processador de estamos raciocinando de forma in ireta. ao texto, abrir e nomear um arquivo, grava-lo em urn diret6rio, produzir uma c6pia de seguran~a, nos preocuparmos com a pos- sibilidade de confusao de podemos mais pensar so nos problemas liga- dos a nosso trabalho, mas em outras coisas alheias a ele. Somos forc;ados a raciocinar de versoes. uma maneira indireta, que e extremamente cus- tosa, desagradavel e cansativa. Para melhor entender a que nos referimos, poderfa- mos fazer uma comparac;ao entre os computadores e os eletrodomesticos. 0 computador se aproxima muito do videocassete e, infelizmente, nao do liquidificador, que e extremamente facil de usar. 0 sonho e que o computador fique muito mais parecido como liquidificador, onde voce coloca o gelo e aperta o botao- "gelo picado" e pronto! Passeio pela Memoria Quando toda essa comunicac;ao entre as pessoas e equipes e armazenada, de forma a permitir a recupera- c;ao da informac;ao, comec;amos a ter uma representac;ao da memoria organizacional. Essa memoria servira futura- mente para, se for o caso, rever decis6es que foram to- madas com relac;ao a determinados comportamentos ou produtos. Se pensarmos em engenharia de produc;ao, por exemplo, a empresa tera a memoria dos motivos que de- - Comunicagao Digital e Trabalho de Grupos terminaram uma opc;ao, em determinado caso em que foi usada ceramica ao inves de alumfnio em um produto. Talvez a opc;ao tenha sido motivada pelo fato de que, em determinada epoca OU circunstancia, as tecnologias e OS materiais nao estavam suficientemente desenvolvidos para a prodw;:ao de uma turbina, por exemplo. Essa seria, cer- tamente, uma infonnac;ao muito C1til em outro momento, quando se revisaria a decisao anterior com o objetivo de modificar alguma coisa (quem sabe, nesse momento, ja existiriam materiais e tecnologias melhores, que viabilizassem ideias e alternativas que antes nao pude- ram ser implantadas). A decisao em si deixa de ser tao fundamental. Muito mais importante e conhecer 0 processo que levou atomada da decisao. No trabalho intelectualizado, o processo vai se confundir com o proprio produto. 0 fluxo de entrada de in- formac;6es sobre o processo passa a ser constante, assim como passa a ser constante a necessidade de treinamento. Esta memoria e muito util tambem para a capacitac;ao de pessoas que ingressam na empresa, em urn determinado projeto. Se temos uma memoria, te- mos a possibilidade de passear nesta memoria, de percorre-la, de incorpora-la e, obviamente, isso gera a possibilidade de treinamento e aprendizado de novos funcionarios. Com isso, grande parte do trabalho que as equi- pes real izam comec;a a ocorrer de forma assfncrona, o que gera a necessidade de novas formas de gerenciamento: torna-se necessaria um gerente que en- tenda do assunto e agregue valor. Grande parte do tra- -
  • 19. A Educaqao na Era da Internet balho comec,:a a acontecer Ionge dos olhos do gerente. E, portanto, aquela gerencia tradicional do olho em cima, do homem-hora, do estou-vendo-o-que-voce-esta-fazen- do passa a ser completamente desnecessaria. E, se isso nao e mais necessaria, 0 que passa a interessar agora e se o trabalho de uma pessoa agrega valor ao que o gru- po, o conjunto de pessoas da organizac,:ao ou a equipe esta fazendo. 0 simples papel de intermediario nao tem sentido numa organizac,:ao digital. A caracterfstica da organiza- c,:ao digital e a de ser holfstica- trabztlhZtr com o todo, e nao mais taylorista onde se divide e fragmenta todo o trabalho. Se esse tipo de gerente tradicional - homem7 hora, olho-vivo- persistir, a organizac,:ao tera muita dificuldade de lidar como trabalho realizado fisicamente Ionge de seus olhos. Principal mente porque grande parte do trabalho vai ser feita em casa, a qual tambem sera o Iugar onde varnos aprender. Novamente, trabalho e aprendizado vao andar juntos. Nossa Casa como Parte da Empresa Cada vez mais, a casa, atraves de um micro co- nectado aInternet, vai ser parte da organizac,:ao, parte da empresa ou da escola. Ela tende a sera propria escola e a propria empresa, isto e, a microempresa. Cada microem- presa vai se constituir em uma empresa, e o cfrculo se completa. Deixamos de ser simplesmente consumidores Comunicaqao Digital e Trabalho de Grupos e passamos a ser tambem provedores. 0 Napster ja anun- cia essa era. 0 programa Napster cria urn ambiente onde um Quem tem alguma atividade na Internet, usuario associado pode · f 1 · d 1 acessar ocomputador de ja OUVIU a ar mUltO nestas UaS pa avras: protOCO- qualquer outro usuario lo e padronizac,:ao. A Internet e baseada em dais para procurar musicasguardadas em diret6rios fatores: de um Iado, a ligac,:ao ffsica (seja por tele- preestabelecidos pelo proprietario. fane, cabo 6tico, satelites, ondas de radio, etc.) e ._________......; de outro, um protocolo, uma padronizac,:ao, ou seja, uma serie de normas, uma mesma "linguagem" que permite pessoas e maquinas se comunicarem entre si. Emuito importante entender que o protocolo de servic,:os da Internet esta baseado na relac,:ao cliente-servi- dor. Entao, voce tem um "servidor"- chamado de prove- dar- que atende aos requisitos e as demandas de varios computadores e usuarios- que sao chamados "clientes". 56 para exemplificar: quando voce usa seu "clien- te" de correio eletronico, voce se conecta com a maquina de seu provedor (o servidor) - local onde esta Cliente de correio elctro- nico e urn aplicativo no instalada a sua caixa de correio- e busca as seucomputador,capazde d · · ·d A E' I, b, enviar e receber mensa- mensagens mg1 as a voce. para a, tam ern, gens. que se dirigem as mensagens que voce deseja eL-n-v--;-ia_r_p_a_r_a____ outras pessoas. 0 provedor se encarrega de ehviar e rece- ber as mensagens (e-mails) de outros provedores, que por sua vez enviam e recebem as de seus clientes. Essa e a relac,:ao e a estrutura basica de servic,:os da Internet, porque hoje ainda existe uma distinc,:ao muito forte entre o papel do cliente e do servidor. Essa distinc,:ao, no entan- to, tende a cair mais afrente. Num futuro proximo, voce tam- bem vai virar um provedor de informac,:oes, assim como o processamento que vai ser realizado no seu micro sera parte
  • 20. A Educagao na Era da Internet integrante do processamento da empresa para a qual trabalha e do processamento que esta ocorrendo em toda a Internet. Por exemplo, mantendo o seu computador conectado arede, voce podera aluga-lo para que outros o utilizem para proces- sar dados, aproveitando as horas ociosas. Para alcan<;armos essa nova realidade, devemos pri- meiro investigar porque tantas tentativas de implanta<;ao de Groupware falharam. Acontece que ele gera mudan<;as na maneira de trabalhar, e uma dessas mudan<;as consiste no fato de que o esfor<;o do aprendizado passa a ser cons- tante. Temos que aprender constantemente para poder con- versar com outras pessoas (utilizando outros jargoes) e para acompanhar a reestrutura<;ao de equipes durante o tempo todo. A maior dificuldade e que nao ha uma percep<;ao muito clara dos beneficios obtidos. Assim, ao mesmo tem- po em que perturbamos uma dinamica pre-existente, nao podemos ver claramente os beneficios da nova dinamica. Do lado da computa<;ao, nao ha um acumulo su- ficiente de conhecimento de sistemas multiusuarios. Tra- dicionalmente, quando existe muita gente na rede, a sen- sa<;ao que temos e a da lentidao do processo. Essa e a unica percep<;ao que temos da existencia de outras pes- soas na rede. Entao, ainda nao existe uma cultura de sis- temas multiusuarios. 0 que estamos tentando fazer com o AulaNet e exatamente aumentar essa cultura. Do ponto de vista dos resultados, ainda nao exis- tem metricas que permitam medir OS ganhos COm implementa<;ao de Groupware. Por exemplo, o famoso in- dice ROI (Retorno de lnvestimentos), ja foi aplicado por Comunicagao Digital e Trabalho de Grupos varias empresas que implantaram esse tipo de tecnologia e nao foi constatado um aumento de produtividade. Por que? - Novamente, parece que esses indicadores nao le- vam em conta as metricas que espelham a valoriza<;ao do individuo dentro da empresa e da organiza<;ao. Torna-se necessaria uma metodologia que comprove que o Groupware valoriza o indivfduo e, em conse- Osefeitosdaimplantas<'iodo Groupware nao se tradu- ql.iencia, 0 seu trabalho. zemdeimediato,jaqueeles d se dao por processos curnu- Entao, usando in icadores que nao lativosconfonneconstroern 1 urna cultura e urn acurnulo olham para esses aspectos, rea mente nao con- de memoria de experienci- seguimos perceber os seus resultados. asedepraticas. Ap6s a implanta<;ao do sistema Groupware, o traba- lho passa a se basear no aprendizado, pelo simples fato de que, ao lidar com grupos diferentes, e preciso aprender a identificar o que essas pessoas querem, alem de identificar uma nova forma de conversar com elas. lsso sera em grande parte possfvel quando os conteudos da empresa estiverem digitalizados. Ou seja, quando forem criadas uma memoria organizacional e equipes de trabalho que conhe<;am de tal forma o assunto que se reunam apenas para tamar decis6es. 0 habito de fazer reuniao para conversar a respeito de trabalho vai acabar. As pessoas vao se reunir para traba- lhar e tamar decis6es. lsto tambem leva anecessidade de um tipo de gerencia completamente diferente da tradicional. Comunica~ao Digital e Trabalho de Crupos Na televisao, n6s vemos e ouvimos o que todos veem e ouvem. No telefone convencional, falamos com pessoas
  • 21. A Educagao na Era da Internet com as quais desejamos interagir, ou quase isso, e ligamos para os lugares onde supomos encontrar essas pessoas. Ja quando usamos o telefone celular (ou pessoal) na verdade nao ligamos mais para lugares e, sim, para pessoas- ainda que essas pessoas estejam sempre em lugares. No fundo, nao desejamos ver e ouvir o que todos veem e ouvem e, sim, o que cada um de n6s quer ver e ouvir. "Gosto disso", "aquila me entedia", etc... 0 formato generico da televisao aberta nao leva esta opiniao em con- siderar;ao enos invade com isso e aquilo. Mas, e se s6 quere- mos "isso" ("ja disse que aquilo nao me interessa")?- Com a TV por assinatura podemos procurar um canal especializado "nisso" e zapear sempre que aparecer "aquila" de que nao gostamos. As vezes, gostarfamos de perguntar algo a mais sobre "isso", mas a televisao nao nos ouve; s6 fala! Tambem nao nos interessamos por tudo que o jornal impressa nos oferece. Se gostamos de futebol, queremos notfcias do nosso time e da Seler;ao Brasi- leira. De determinado ponto de vista individual, bas- quete pode nos entediar, mas eles insistem em falar sobre o Michael Jordan. Quanto ao hor6scopo, cada um tem o seu, embora milhares compartilhem o mes- mo signo! Queremos nos comunicar com determinadas pes- soas, saber del as, trabalhar com elas. Dependendo do con- texto e da circunstancia, pode ser necessaria deixar um recado para entrar em contato com elas e, quem sabe, aproveitar a oportunidade para anexar uma carta-convite para o lanpmento de um livro, por exemplo. Pode ate haver um site dedicado ao livro, seu autor e seus leitores. Comun10agao Digital e Trabalho de Grupos Talvez agora nao queiramos mais ser n6s mesmos, mas sim um dos nossos muitos "avatares" para passear- mos num ambiente virtual OU participar de Um Bonecos e imagens que nos representam em am- jogo na rede. Podemos, momentos depois, sem bientes virtuais. mesmo mudar de posir;ao, fechar a janela do jogo e voltar correndo ao "mundo do trabalho" para falar, urgentemen- te, com alguem atraves da rede. Se o descobrirmos conectado a Internet, podemos chama-lo, visitarmos jun- tos sua pagina, trocarmos mensagens- poderemos ate ve- lo e ouvi-lo. lnteragir! Nunca escrever esteve tao valorizado, tanto na lfngua portuguesa quanto em ingles- lfngua franca na Internet. Usando o correio eletr6nico, fica mais facil nos comunicarmos e trabalhar. Nem e preciso estar conectado para que alguem envie uma mensagem e para a pegarmos na hora em que quisermos em nosso prove- dar. Alem do mais, voce pode estar em qualquer Iugar, tanto faz estar no Rio ou em Londres, que a mensagem eletr6nica ira ate voce. Podemos enviar em anexo um artigo, pedindo avaliar;ao e garantindo a rapidez: "Por favor, preencha o formu lario para aval iadores no site da conferencia, pois esse processo nao pode parar". A qualquer hora respondemos a mensagens que, em qualquer hora, alguem nos escreveu (talvez o "corre- to" fosse envia-las ao nosso advogado, que decidiria pelo seu envio ou nao, ja que elas acabam criando compro- missos). Tempos modernos! Podemos, as vezes, mandar determinada mensagem primeiro para n6s mesmos (para sentir o impacto como leitorL corrigi-la e s6 depois envia- la ao destinatario. -
  • 22. A Educagao na Era da Internet Podemos tambem fazer um diagrama e envia-lo como em um envelope, em anexo. Ou enviar uma outra mensagem para todos os membros do comite do progra- ma de uma determinada conferencia que nos interessa. Guardamos as diversas mensagens em diferentes pastas de correio. Precisamos guardar, pois ninguem o fara por n6s. Devemos sempre prestar atenc;ao aos cabec;alhos das mensagens, pois eles sao ricos em metainformac;ao, por conter informac;ao sobre a informac;ao contida na mensagem do tipo quem, onde e quando. Com isso, filtramos mensagens de pessoas e assun- tos indesejados. Mensagens que nao contem o Assunto (subject) resumido no seu cabec;alho, jogamos no lixo! Servi~os dos mais Variados Tipos Encontramos em sites informac;oes e servic;os dos mais variados tipos, por exemplo, sobre uma determinada conferencia da qual vamos participar: formularios de ins- cric;ao e aceitac;ao das regras, informac;oes para autores e muito mais. Ate a camiseta comemorativa do evento pode ser comprada, usando cartao de credito. Ha conferencias que s6 aceitam artigos enviados por correio eletronico. A conferencia pode sera oportunidade de visitar o Iugar para onde viajaremos. Quanto a hospedagem, com o cartao de credito ja reservamos o quarto do hotel dese- jado. Pode ser aquele que, na foto, parecia ser estilo art- dec6, caso seja esse ode nossa preferencia. Ao consultar o mapa da cidade, no site da prefeitura local, podemos Comunicagao Digital e Trabalho de Grupos - obter mais informac;oes sobre a regiao da cidade em que o evento sera real izado e se sera possfvel chegar ao hotel de metro, direto do aeroporto. Os sites de conferencias sao sofisticados e, constan- temente, atualizados. Preenchendo o formulario, podemos pedir para que nos mantenham informados sobre os even- tos do congresso ou de possfveis cancelamentos. No site da prefeitura pode-se, ainda, ver e ouvir alguns clips com in- formac;oes sobre a hist6ria e a cultura da cidade. Muito investimento e talentos diversos sao neces- sarios para fazer e manter estes sites multimfdias: conteudistas, programadores visuais e de computadores, al em de OUti"OS ti pos de profi 55 i0 naj5. para Pessoas que sao respons;- . . . veis pela prodw;ao de VI Sitar esses Sites, tendo OS enderec,:os, bas- conteudos para o site. ta clicar. Uma ressalva: as vezes, em sites de confer:- n- cias existe uma area com acesso reservado para os membros do comite organizador. Ali, s6 se entra com a senha! A novidade que a Internet esta trazendo e a possibi- lidade de nos comunicarmos de diversas maneiras, via computador, devido a convergencia das varias mfdias para o formato digital. Uma destas novidades e a telepresenc;a, onde se pode ver o interlocutor, ao contrario do telefone nos moldes atuais. Telepresen~a e Videoconferencia Em algumas situac;oes de trabalho, certamente nos primeiros contatos quando tentamos estabelecer confian-
  • 23. A Educagao na Era da Internet c;a mutua, "olhos nos olhos" pode ser fundamental. Nas interac;oes pessoais, como na apresentac;ao da nova neti- nha para a vov6 que nunca saiu de Portugal, isso e urn sucesso total. A telepresenc;a nao e a (re-)interpretac;ao de ne- nhuma forma de comunicac;ao ja conhecida e experimen- tada. Ela e algo novo. 0 tempo ereal. Podemos nos co- municar agora com alguem apenas ou com um grupo de pessoas. lnfelizmente, precisamos saber o enderec;o ele- tr6nico da pessoa ou desse grupo como no telefone tra- dicional. Em 1994, um_grupo de cientistas da Universidade de Cornell comec;ou a desenvolver um groupware chama- do CU-SeeMe de suporte para videoconferencia em gru- c u sao as iniciais de pos. 0 desafio era prover alta tecnologia para Cornell University. 0 nomeetambemumtroca- o usuario de um simples PC. A ideia era muito dilho. Ler-se-ia Si-iu-si-mi, onomatopeia de See you arrojada, pois este tipo de USO nao estava pre- see me, o que quer dizer Vejo voce, voce me vi!. visto para nenhum computador de prateleira, com excec;ao das placas de captura de vfdeo. Tampouco a Internet estava preparada, pois sua comuni- cac;ao ebaseada na segmentac;ao de dados, ao contrario do vfdeo que e de natureza continua. A solw;:ao foi investir em um formato que se ap6ia Banda Passante echama- do o canal de comunica- r;ao. Urn video digitalizado ocupa urn grande volume de informar;ao o que cria problemas com as veloci- dades atuais. Economia, assim, e fundamental. na similaridade entre o quadro anterior eo se- guinte, o que propiciou o recurso de enviar somente a diferenc;a entre os quadros, permi- tindo dessa forma uma grande economia de banda passante. Nascia ali o Groupware de videoconferencia ponto-a-ponto, isto e, entre dois compu- tadores pessoais na Internet. - ·, Cornunicagao Digital e Trabalho de Grupos Em 1996, surge a QuickCam, ancestral da Web Cam, uma pequena camera de menos de 10 centfmetros, que dispensa o uso de placa de captura de vfdeo no PC e que com um ima pode ser fixada sobre o monitor. Tudo desenvolvido e adaptado para uma base instalada de re- des e computadores que nao forarn projetados para serern vefculos deste tipo de comunicac;ao. 0 passo seguinte foi rnais ousado,e deu origem ao Refletor- o servidor CU-SeeMe, urn groupware que cria a possibilidade de varias pessoas se comunica- Uma experiencia de apli- car;ao dessas novas tecno- logias pode ser encontrada no nlicleo de pesquisas de- nominado Projeto Rio Internet TV, do Departa- mento de Informatica da PUC-Rio, cujo objetivo eo de estudar e fomentar o uso da videoconferencia como ferramenta de comunica- r;ao no ambiente de traba- lho. 0 refletor Rio Internet rem por videoconferencia - conexao rnultiponto. Ate o momenta em que produzi- mos este livro, no entanto, a gravac;ao de uma sessao de videoconferencia nesta tecnologia, mesmo no formato broadcast- um falando para muitos- e urn desafio ainda nao resolvido. Varios software de videoconferencia fo- TV recebe atualmente nas ram criados para o formato especffico de broadcast, que permitiam a gravac;ao de uma sessao e seu posterior consurno sob demanda. suas salas de reuniao digi- tal, tanto pliblicas quanto privadas, centenas de visi- tantes por dia. Todos esses softwares esbarravam no seguinte problema: para se exibir um vfdeo de um minuto era necessaria esperar ate o fim da transferencia do arquivo que, por vezes, demorava mais de uma hora. A soluc;ao encontrada foi a de comec;ar a exibir o vfdeo assim que uma quantidade suficiente de qua- dros chegasse ao destino. Nao era mais necessaria esperar por toda atransferencia para que o vfdeo cornec;asse a apare- cer na telinha do PC. Este recurso introduz urn atraso entre o comec;o da ac;ao na sua origem e sua exibic;ao no destino. Mais urn contratempo ao mftico conceito de "tempo real".
  • 24. A Educagao na Era da Internet Ambientes Oigitais de Trabalho · Correia eletronico, Web- sites WWW- e video- .--w- eb- v-em_ d_e W- or-:-ld-:-W--::-:id 1 e c0 nfer en c ia sa 0 6t i Ill 0 s eX eIll p I0 s d as Web (WWW) - teia de d amplitude mundial- que tecnologias disponfveis para o Design e Co- come~,:ouasepopularizar munl·cara-o Digital. Todo design obJ'etiva algo!em 1990 atraves do Na- -, vegador Mosaic. Visando a criac;:ao de ambientes digitais de trabalho, a comunicac;:ao do grupo deve ser facilitada ao maximo. Como ja mencionamos ern outro rnomento, trabalhar e conversar, assumir compromissos e realiza-los. 0 formato da comunicac;:ao pode variar, mas e preciso co- municar-se! As vezes, precisamos nos ver, outras vezes basta enviarmos urna mensagern. 0 uso intensivo de correio eletronico e fundamental na organizac;:ao digital, mas a cornunicac;:ao nao para por ai. 0 trabalho digital e forternente baseado na absorc;:ao de dados, sua conversao em inforrnac;:ao e na disseminac;:ao de conheci- mento. Nunca se conversou tanto com tanta gente. Enatural que uma nova etica, uma ''netiqueta" esteja surgindo. A etica da Rede. Existem Todas as pessoas estao tendo os seus mesmo muitas regras for- d f" .d 1 t ·t · - d a malizadas e aceitas por viveres re e 1n1 OS pea COnS I UJ<;aO urn gra~d_e numero de Internet Ern breve bern antes de terrnos nos- seus usuanos. · ' sos clones geneticos, terernos nossos clones virtuais var- rendo a redeem busca de informac;:ao personalizada para os nossos gostos- adeus Michael Jordan! Atualrnente, a Internet ainda vive o delfrio infantil da gratuidade causado pela falta de tarifac;:ao. Corn o arna- durecimento da rede, a impessoalidade das trocas sera potencializada pelo firn do dinheiro como conhecemos atualrnente. Sera o plasma da rede servido nurn conta- - Comunicagao Digital e Trabalho de Grupos gotas de valores infinitesirnais, como o prec;:o do cornbus- tfvel cobrado pelos carros-tanque que abastecem os pos- tos de gasolina. Se por uma materia sobre o time do Flamengo se cobrasse urn decimo de centavo e esta fosse consurnida pelos seus 35.000.000 torcedores, o faturamento seria de 350.000 reais. Urn prato cheio para qualquer comunidade forrnada por pessoas como rnesmo interesse e urn serio obstaculo para os ladroes da era digi- tal- os ladroes de bits! A digitalizac;:ao da comunicac;:ao forja hoje uma nova cultura de comunicac;:ao onde "quem nao se comunica se trumbica", como dizia Chacrinha- o Velho Guerreiro. Uma cultura que transforma o rnundo em uma "aldeia global", como imaginou outro genio da comunicac;:ao, o te6rico canadense Marshall Macluhan, que cunhou a expressao sem nunca ter conhecido a Internet, onde o meio e que esta revolucionando a mensagem! -
  • 25. Educa~ao aDistancia na Internet A lnstru~ao Baseada na Web Educayao adistiincia consiste no ensino por meio de mfdia impressa ou eletronica para pessoas engajadas em um processo de aprendizado em tempo e local diferentes do(s) instrutor(es) e dos outros aprendizes. Desde os seus prim6rdios, quando se usava papel e tinta para estudos por correspondencia na Russia e na lnglaterra, a educa- c;:ao adistancia incorporou diversas tecnologias para aten- der requisitos de diferentes mfdias tais como radio, televi- sao e computadores. Os computadores foram ,..------------, Usamos esse nome, IBW, usados de diferentes maneiras: grupos de dis- em homenagem ao pri- meiro livro publicado so- CUSSaO, correio eletronico, etc., e mais recen- bre o assunto: Web- Based Instruction de B.H. temente a Web. Khan. Editor: Educational Technology Publications, Alnstruc;ao Baseada na Web (IBW) pode 1997. L...,-_ __ _ _ ____, ser definida como o uso da Web como um meio para a publicac;:ao do material de um curso, apresentac;:ao de -
  • 26. A Educagao na Era da Internet tutoriais, aplicar;ao de testes e comunicar;ao com os estu- dantes. A enfase em comunicac;:ao sera muito grande, e ela tambem compreende o uso da Web para a apresenta- r;ao de conferencias multimfdia de forma sfncrona ou assfncrona. A educar;ao baseada na Web e algo recente e, no inf- cio deste novo milenio, ninguem pode ainda se intitular um profunda conhecedor ou grande especialista no assunto. Os autores deste livro fazem parte de um grupo que acredita que o futuro da educar;ao passa pela IBW e que as transforma- r;oes que ela provocara estao apenas comer;ando. Quando pensamos nos recursos que caracterizam a lnstrur;ao Baseada na Web, vemos tres tipos de ele- mentos: conteudo multimfdia, assincronismo e obrigatoriedade de leitura, a qual se torna mais comple- xa pelo fato de se tratar de multimfdia. Essas tres caracterfsticas estao sempre presentes quando um curso da Web esta sendo conduzido. 0 acesso a conteudo multimfdia expande substancialmen- te a variedade de recursos que o aprendiz pode usar para participar do processo de aprendizado. A nature- za assfncrona da suporte ao aprendizado autoplanejado atraves de agendas flexfveis; e, tanto o aluno quanto o instrutor decidem quando e onde buscar materiais do curso ou outros recursos. Embora algumas atividades possam ocorrer de forma sfncrona, o acesso, em geral, segue o modelo de estudar "quando for conveniente para voce". .. A "obrigatoriedade de leitura" se da pela informa- r;ao escrita apresentada na tela, seja ela criada pelo aluno Educagao aDistancia na Internet -A Instrugao Baseada na Web ou pelo instrutor. As mensagens que vao sendo dinamica- mente criadas podem tomar varias formas: do texto ao audio ou arquivos de vfdeo para animar;ao. A "obrigatoriedade de leitura" junto com a interpretac;:ao das diferentes mfdias pode serum desafio substancial. A Tecnologia da Web 0 uso apropriado da Web em educar;ao deve ob- servar aspectos pedag6gicos, tecnol6gicos, organizacionais e institucionais, entre outros. Aspectos Pedag6gicos- Os aspectos pedag6gicos se refe- rem ao ensino e ao aprendizado. Um aspecto fundamen- tal esta relacionado a import<3ncia que o meio tern em ambientes para educar;ao a distancia. 0 meio frequentemente impoe a metodologia e cria restrir;oes para a instruc;:ao. A incorporar;ao de metodologias e estrategias pedag6gicas no ambiente de educar;ao a distancia, permi- te reduzir essas restric;:oes. Deve ser observado o impacto da educar;ao a dis- tancia sobre o estudante. Uma queixa frequente sobre am- bientes de educar;ao a distancia e que OS aprendizes se sen- tern isolados. A distancia e a falta de contato pode gerar a sensar;ao de isolamento e de perdido no mundo, caso o instrutor, o faci Iitador do ensino e, as vezes, o provocador, nao o envolverem no curso. 0 desenvolvimento de estrate- gias para dar "poder" ao aprendiz, encorajando tanto o tra- balho em grupo como o trabalho independente e tambem a interar;ao, e um caminho para superar esta limitar;ao. ..
  • 27. A Educagao na Era da Internet Um aspecto tfpico da utilizac;ao da Web e a sobre- carga de informac;ao. 0 site do curso comec;a leve, mas logo e preenchido com grande quantidade de informac;ao o que pode provocar, ainda mais, no aluno, a sensac;ao de perdido no hiperespac;o. Varios aspectos peculiares surgem relacionados a pedagogia e aWeb. Asobrecarga de informac;ao e apenas um deles. Trabalhar em um ambiente povoado por multi- plas mfdias pode levar asensac;ao de saturac;ao e fadiga causadas pelo fluxo continuo de informac;ao. Soluc;oes para dar apoio ao aprendiz contra o fenomeno de "perdido no hiperespac;o" devem ser incorporadas ao curso. "Timing" e outro aspecto importante. Ambientes na Web, alem de envolverem multiplos nfveis, envolvem tam- bern "multiplas velocidades". Os aprendizes podem ter acesso a conteudos e se engajar em atividades ao Iongo do tempo. Os alunos com velocidades diferentes- as ve- zes atrasados e em outras adiantados com relac;ao a outros alunos- podem ter a sensac;ao de certa falta de coerencia geral que requer muita habilidade na formulac;ao de te- mas para interac;ao e discussao. Aspectos Tecnol6gicos- Os aspectos tecnol6gicos ligados aos computadores e a seus programas sao extremamente importantes. Esses aspectos devem levar em conta o feno- meno exponencial crescente da velocidade dos computa- dores e da reduc;ao de seu custo. Questoes como largura de banda, velocidades das linhas de comunicac;ao, aplicac;oes mais faceis de usar e custo caem nesta categoria. Segundo a lei de Moore, os processadores (chips) dobram de capacidade a cada dezoito meses, em me- Educagao aD1stancia na Internet- A lnstrugao Baseada na Web dia, enquanto o custo cai pela metade. Se esta veloci- dade se mantiver, podemos imaginar o mundo daqui a dez anos: o computador que estara na sua mesa sera uma maquina com velocidade de transmissao de uma Enciclopedia Britanica por segundo e cujo valor atual seria de mil hoes de d61ares. Erazoavel pensar que esse processo provocara um impacto muito grande na edu- cac;ao. Avelocidade da rede ainda sera por mais alguns anos um obstaculo, por exemplo, para transmissao de imagens ou simulac;oes pesadas. Ha ainda o problema dos alunos tecn6fobos- que reagem mal a qualquer tipo de tecnologia nova-e da potencial frustrac;ao que acompanha suas difi- culdades. 0 medo e a intimidac;ao diante dos equipamen- tos sao pontos a serem considerados. 0 choque inicial pode ser fatale ele vai demorar muito a voltar a usar computado- res se nao tiver controle sabre a sua tecnologia. 0 maior desafio associado como Iado tecnol6gico da Web talvez sejam as frustrac;oes que acompanham as dificuldades com novas tecnologias. Aspectos Organizacionais- Os aspectos organizacionais tambem devem ser parte das preocupac;oes para o uso apropriado desse tipo de educac;ao. A preparac;ao eo pla- nejamento de um curso para ser ministrado na Web re- querem urn perfodo de tempo muito maior do que a pre- parac;ao de um curso convencional. Os desafios tfpicos dos ambientes de aprendizado convencionais sao ampli- ficados quando o facilitador precisa pensar com varias se- manas ou meses de antecedencia para produzir o ambiente Web eo material associado. -
  • 28. A Educagao na Era da Internet Outra questao associada ao aspecto organizacional eo suporte permanente ao curso. Uma coisa a ser lembra- da e a natureza da Internet: e pouco atrativo e interessante o site de urn curso que nao e animado e atualizado cons- tantemente e o suporte no momenta do curso, tanto tecnol6gico quanta humano, e um desafio permanente e vital para garantir seu consequente sucesso. Aspectos lnstitucionais- Algumas praticas institucionais sao entraves para o desenvolvimento da IBW. Enecessa- ria que o corpo docente dedique tempo para preparar seus cursos e muito esfon;:o para se manter atualizado com as novas tecnologias. Por isso, do ponto de vista das institui<;:oes de ensino, em algum momenta sera necessa- ria o reconhecimento desse trabalho realizado pelos pro- fessores, caso contrario nenhum deles vai querer faze-lo. 56 quando 0 professor tiver a seguran<;:a de que sera pro- movido na carreira docente pela produ<;:ao de seu curso na Web, e que ele vai dispor-se a elaborar esse tipo de curso. Se isso nao ocorrer, ele vai preferir continuar es- crevendo os artigos cientfficos que o promovem no meio academico. Professores na Web Segundo nossa experiencia, sao os seguintes os re- quisites que devem ser preenchidos pelo professor de cur- sos na Web: Epreciso ver o curso de uma rnaneira nova. A ten- tativa de usar o curso de sernpre, apenas reformando-o Educagao aD1stan01a na Internet -A Instrugao Baseada na Web para sua utiliza<;:ao na Web, pode ser urn esfor<;:o simples- mente jogado fora. 0 professor deve mudar o seu papel atual de provedor de conteudo para ode facilitador- de solista para maestro. Enecessaria alguma familiaridade com o uso de tecnologia como forma de liga<;:ao primaria entre professor e aluno, porque a principal comunica<;:ao sera atraves do uso de tecnologia da informa<;:ao. Enecessaria ensinar efetivamente sem levar em con- sidera<;:ao habitos que desenvolvemos no ensino tradicio- nal, por exemplo, sem o controle visual tfpico do cantata olho a olho- quando, ao ver um aluno quase dormindo, dirigimos-lhe uma pergunta para acorda-lo. Ao mesmo tempo, precisamos desenvolver uma compreensao pelo estilo de vida dos alunos distantes. Quando recebemos uma mensagem de urn aluno de um outro estado ou pais, e preciso perceber que tipo de con- texto esta levando-o a fazer aquela reflexao ou pergunta. E isso nao e facil. Na realidade, surgern novas formas de interativi- dade entre professores e alunos e alunos entre si, propor- cionadas pela Web: horario de atendimento virtual (ho- rario pre-determinado de atendimento pela Internet), horario de atendimento arbitrario (qualquer horario), intera<;:ao aluno-aluno, teste e avalia<;:ao de desempenho baseados na Web, possibilidade de retorno constante do aluno, assim como do aperfei<;:oamento do relacionarnen- to interinstitucional entre professores e alunos e da adrni- nistra<;:ao e marketing do programa (divulga<;:ao de am- pia material sabre o curso, para ajudar na tomada de decisao do aluno de faze-lo). -
  • 29. A Educagao na Era da Internet 0 fato de um curso estar publicado na Web permi- te ao aluno percorn2-lo e saber se e o que esta querendo realmente fazer. Na educac;:ao formal, ele espera algumas semanas para descobrir se determinado curso e aquele que quer fazer ou se deve cancelar a matricula. Os cursos existentes hoje na Web sao essencialmen- te de tres tipos: • Os cursos basicamente centrados na sala de aula, que usam a Web como quadro de avisos e meio de infor- mac;:ao complementar. No caso, a Web funciona como a copiadora do professor, que substitui a antiga maqui- na de c6pias por uma documentac;:ao mais estruturada, mais bem apresentada. 0 controle continua na sala de aula; • cursos onde o aprendizado e dirigido pela sala de aula e suplementado por atividades na Web; • cursos que usam os recursos da Web como um siste- ma completo de apresentac;:ao e discussao do conteu- do. Quanta aos criterios gerais de construc;:ao de cur- sos na Web, pode-se separar os conceitos de objetivismo e de construtivismo de uma maneira bem mais clara. Esses conceitos diferem na forma como o conhecimento e re- presentado e como o significado e criado e, portanto, como se da o aprendizado. Ha uma diferenc;:a fundamental entre os dais enfoques. A filosofia do objetivismo e a de que a informac;,:ao no mundo exterior e independente da mente e pode ser caracterizada em termos objetivos, para ser transmitida e comunicada do professor para o aluno. No construtivismo, Educagao aD1stanCla na Internet- A Instruc;ao Baseada na Web cada aluno constr6i individualmente uma representac;:ao de conhecimento propria, interna e pessoal, que e indexada por sua experiencia particular. Esses dais conceitos levam aorganizac;:ao de cur- sos com estilos bem diferentes: • no curso objetivista, o conteudo e eminentemente or- ganizado pelo professor para ser apresentado ao alu- no; • na versao construtivista e necessaria projetar-se varias maneiras de o aluno sintetizar, organizar e reestruturar a informac;:ao. 0 controle das atividades de aprendizagem pode ser centrado no estudante ou centrado no conteudo. Quando ele e centrado no estudante, os pr6prios aprendizes selecio- nam e dao sequencia as atividades educacionais, criando suas pr6prias oportunidades de educac;:ao. Veremos como se pode fazer isso um pouco mais adiante. Na aprendizagem centrada no conteudo, os cursos sao estruturados e organizados pelos chamados designers instrucionais e, supostamente, sao se- guidos pelos alunos. Metodos de Ensino Existem diversos metodos aplicaveis ao ensino ba- seado na Web. 0 primeiro metoda e 0 de disseminac;:ao com 0 pro- p6sito de distribuir a informac;:ao. Temos a apresentac;:ao da informac;:ao sabre o curso, organizac;:ao de home pages com enderec;:os (/inks) de outras home pages recomenda- -
  • 30. A Educagao na Era da Internet das, transcri~ao de comunica~ao entre alunos, etc. Este metodo repete 0 ensino tradicional. 0 segundo metodo e 0 de facilita~ao com prop6si- to de dar apoio e assistencia ao estudante. Nesse caso, os ambientes MUD, os grupos e listas de discussao, os chats (salas de bate-papos pela Internet) desempenham um pa- pel fundamental, e recaem sobre o professor as fun<;:6es, entre outras, de fornecimento de diretrizes, de condu<;:ao de discuss6es, de sugestao de recursos e de formula~ao de perguntas estimulantes. 0 terceiro metodo e 0 de colabora~ao interna no grupo, que e basicamente 0 trabalho cooperativo entre alu- nos atraves dos mecanismos de comunica<;:ao disponiveis. 0 quarto metodo e 0 da colabora<;:ao externa, da intera<;:ao com agentes e com comunidades do conheci- mento, externos ao curso, como um todo. Nesse caso, podemos ter, por exemplo, um professor "visitante" de um outro pais. Podemos usar professores visitantes ao Iongo do curso inteiro com uma facilidade que nao seria possivel de implementar da maneira tradicional. Uma extensao deste conceito e o de estagio, onde um profes- sor externo orienta um aluno que esta trabalhando num tema determinado. Neste caso, ele faz um estagio fora do ambiente do curso. Um outro metodo eo desenvolvimento gerativo- elabora~ao de conteudo. Este metodo envolve assimila- ~ao e sintese das informa<;:6es adquiridas e organiza~ao de conteudo; e 0 desenvolvimento, pelos alunos, de home pages originais sobre determinados pontos que passam a ser incorporadas ao conteudo do curso. - r Educagao aD1stancia na Internet -A Instrugao Baseada na Web Urn metodo importante, em particular nas ciencias sociais, e 0 desempenho de papeis: sao atribufdas respon- sabilidades simuladas a um grupo de pessoas- um e mo- derador, o outro, advogado do diabo, e um terceiro e, en- fim, o relator, e assim por diante. A partir desses papeis, simula-se uma situa~ao, onde eles sao desempenhados. Ate aqui, apresentamos metodos gerais Atualmente isso ja pode ser implementado atraves utilizados em cursos na Web e sua formQ. de de ambientes MUD e e I perfeitamenle compatfvel imp ementa~ao. A segu ir, apresentaremos ati- com instrur;:ao baseada na vidades bem especificas e que sao possibilita- Lw_e_b_. ______.~ das pela IBW. Uma delas e a publica~ao de informa~6es com o objetivo de fornecer informa~ao sobre o curso: programa, textos associados as aulas, como matricular-se no site, in- forma<;:6es gerenciais, entre outras. Outra atividade especifica e o fornecimento de re- ferencias sob forma de endere~os de home pages. Sao in- forma<;:6es sobre leituras suplementares as quais OS alunos podem ter acesso. Esta atividade pode ser implementada na forma de urn pequeno banco de dados de enderec;os de determinadas home pages, que serao submetidas a ava- liac;ao pelo conjunto de alunos, durante o curso, e criticadas por eles. Os endere~os da Web, apresentados pelos alunos e submetidos e aprovados pelos seus colegas, poderao ser incorporados as referencias do curso. Outros recursos preciosos para a comunica~ao do grupo sao o servidor de listas, a conferencia e a discussao entre alunos a qual se torna mais di- namica quando implementada como News. Se Os Newsgroups organi- zam a discussao visual- mente por meio de t6pi- cos. L-------~ -
  • 31. A Educagao na Era da Internet abrirmos uma sala de news para cada uma das aulas, um assunto antigo pode ser discutido, ao Iongo do curso, sem interfen§ncia com outros que dinamicamente vao surgindo no servidor de listas e nas salas de bate-papo tambem. Podemos fazer atividades especfficas como captu- rar dialogos, por exemplo, gravando um chat para repro- du<;ao e discussao posteriores. Podemos fornecer texto digital, artigos em HTML ou para download como parte dos recursos disponibilizados no curso, ou promover o desenvolvimento de paginas na Web, por parte dos alu- nos, como forma de complementa<;ao de conteudo. E, finalmente, temos a publica<;ao de projetos que e outra maneira de compartilhar experiencias, viabilizando a modelagem, discussao e revisao dos projetos que sao publicados. A IBW e a Sala de Aula Tradicional Larry Cuban, em seu livro "Como os professores ensi- navam", apresenta as categorias principais da sala de aula convencional em um extenso trabalho que cobre um seculo inteiro de praticas em salas de aula. Ele compila e categoriza essas praticas e as apresenta confrontando-as com um curso organizado em conteudos, centrado no estudante. Quais sao as praticas da sala de aula convencional? Aprimeira e que a fala do professor sempre excede a do aluno. Numa sala de aula comum, o professor fala muito mais do que o aluno. A instru<;ao ocorre com toda a classe coletivamente e e rara a forma<;ao de pequenos grupos na p Educagao aDistancia na Internet- A Instrugao Baseada na Web mesma sala ou a instru<;ao individual. 0 uso do tempo da aula e determinado pelo professor, com exce<;6es de pau- sas para perguntas ou rapidos apartes. 0 professor se baseia no livro texto para guiar o processo de decisao sobre currf- culo e instru<;ao. 0 livro texto e um elemento utilizado para modula<;ao do conteudo das aulas e, inclusive, para con- duzir o processo de avalia<;ao do aluno. A hierarquia neste tipo de educa<;ao ecaracterizada pelo mobiliario: a sala de aulae organizada em filas de cadeiras voltadas para o qua- dro negro e para a mesa do professor. 0 mesmo Larry Cuban prop6e o modelo de currf- culo centrado no estudante que, do seu ponto de vista, seria a supera<;ao do modelo de aula convencional. Nele, o estudante tem um grau substancial de responsabilidade pelo que e ensinado, pelo processo de aprendizagem e pelos movimentos dentro da sala de aula. 0 tempo da fala do estudante e igual ou maior do que o do professor. A maior parte da instru<;ao ocorre em pequenos grupos dis- tribufdos pela sala de aula. Os estudantes ajudam a esco- 1her o conteudo a ser organizado e estudado. Os professo- res permitem, ainda, que os estudantes definam as regras de comportamento na sala de aulae ate mesmo o sistema de recompensas e puni<;6es. Usa-se uma enorme varieda- de de material instrucional, individualmente ou em pe- quenos grupos, por escolha do grupo ou dos indivfduos. 0 mobiliario eorganizado de forma que OS alunos pas- sam trabalhar em grupo ou individualmente. Para tornar um pouco menos abstrato esse conjunto de categorias, vamos dar um exemplo de curso centrado no aluno, a partir de um problema apresentado pelo professor.
  • 32. - A Educagao na Era da Internet 0 professor deseja ter a prova e a verifica~ao for- mal, por parte dos alunos, de que um determinado. pro- grama de computador, muito grandee com ~~itas lmhas de c6digos, esta correto. Esta e uma tarefa suf1c1entem:~te grande para se ter trabalho para as aulas durante vanas semanas ate o final do semestre. 0 problema e apresentado no primeiro dia, quando as estudantes ainda nao sabem nada sobre tecnicas de cor- re~ao de programas. A partir daf ele pode fazer a divisao do grupo de alunos em unidades para que sejam feitas prov~s separadas do mesmo problema. Reuni6es constantes sao necessarias, uma vez que tanto os alunos quanta o profes- sor que esta conduzindo o processo inteiro cometem erros e torna-se necessaria voltar atras e refazer a avalia~ao. lsso da uma ideia de um curso centrado no estu- dante, o que apresenta urn sensfvel progresso em rela~ao a sala de aula convencional. Ainda assim, no nosso ponto de vista, ha certas caracterfsticas que, para serem supera- das, vao exigir a instru<;:ao baseada na Web. Aprendizado sem Compartimentos Oevemos ter sempre em mente que existe urn re- quisito ainda nao superado na educa<;:ao: a aprendizagem ainda e colocada em compartimentos, geograficamente. Ainda estamos limitados pelo espa~o ffsico. A sala de aula e certos laborat6rios sao designados para o curso e mes- mo que queiramos extrapolar os muros da institui<;:ao, ain- da estamos limitados por distancias. Educagao aDistancia na Internet- A Instrugao Baseada na Web Alguns autores consideram que mesmo nas propos- tas de Cuban, para caracterizar a educa<;:ao centrada no estudante, sobrevivem, ainda, caracterfsticas essenciais da "instru<;:ao tradicional". Relan e Gillani acrescentam as se- guintes, a guisa de sfntese: • As estruturas espaciais e temporais as quais os apren- dizes precisam aderir estao firmemente presentes na instru~ao tradicional. Em geral, a aprendizagem e geo- graficamente compartimentada - espa<;:os ffsicos sao designados para efeitos de aprendizagem: sala de aula, laborat6rio, visitas a locais, etc. Esta compartimenta<;:ao do espa~o de trabalho estende-se por uma estrutura temporal e sequencia! determinando uma ordem em que as aulas sao dadas e em que o assunto e organiza- do: as disciplinas sao ministradas em determinados horarios segundo uma sequencia fixa; • a presen~a ffsica do estudante e do professor na sala de aulae um requisito para que a aprendizagem acon- te~a, apesar da relativamente pequena intera<;:ao que ocorre entre alunos e professores num dia tfpico na escola. Para romper com a sala de aula tradicional e ob- jetivar o ensino centrado no estudante e preciso superar essas restri~6es de tempo, espa~o e sequencia. Encontra- rnos um grande potencial para isso na lnstru~ao Baseada na Web. Novas forrnas, diferentes da instru~ao tradicio- nal, podern ser obtidas atraves de sua utiliza<;:ao, o que pode ser visto como um repert6rio de estrategias instrucionais implementadas em um ambiente cons- trutivista e orientadas para a cogni~ao e para o aprendiza- -
  • 33. A Educagao na Era da Internet do cooperativo. Esses sao os conceitos-chave: orienta<;ao para a cogni<;ao, ambiente construtivista e aprendizado cooperativo. Podemos, por exemplo, usar a Web das seguintes maneiras: • Como um recurso para a identifica<;ao, avalia<;ao e integra<;ao de uma grande variedade de informa<;ao; • como um meio para colabora<;ao, conversa<;ao, dis- cussao, troca e comunica<;ao de ideias; • como uma plataforma internacional para a expressao e contribui<;ao de conceitos e significados artfsticos e cognitivos; e • como um meio para a participa<;ao em experiencias simuladas, aprendizagem e parcerias cognitivas. Dados OS pressupostos anteriores, e possfvel apre- sentar alguns exemplos de projetos baseados em IBW que podem ser contrastados com a instru<;ao tradicional. 1) A sala de aula convencional esta limitada no espa<;o; o aprendizado ocorre nos limites ffsicos impastos pela es- cola, pela sala de aula, pela visita a locais pr6ximos, etc. Com a IBW estendemos as fronteiras do conhecimento OProjetoKidlink,porexem- que podem ocorrer na sala de aula, em casa e no plo, trabalha em projetos educacionais e culturais local de trabalho. Com a possibi Iidade de acesso com mais de cern mil crian- t;as de cerca de 130 paises, permanente a uma grande quantidade de mate- inclusive Brasil. Na verda- de, OS projetos sao multi- rial, independentemente da IOCalizayaO geo- culturais,sendoastradw;:Oes grafica, fica assegurada a reflexao ininterrupta entre idiomas realizadas por umalegiaodetradutoresvo- sabre um t6pico e a revisao de teses individuais. luntarios, todos trabalhando na Internet, cooperativa- 2) A IBW pode ser empregada para promover mente. '-----------' o aprendizado baseado em experimentos vivenciados ou "no local". Varias expedi<;6es con- - Educagao aDistanma na Internet -A Instrugao Baseada na Web duzidas por cientistas e outros profissionais podem ser acompanhadas por estudantes nas escolas. Os estudan- tes vivenciam a expedi<;ao atraves de fotografias, ce- nas colhidas por camaras de vfdeo e WebCam, intera<;ao com seus participantes e atividades em sala de aula baseadas no assunto. Um exemplo notavel bastante recente foi a explora<;ao da superffcie do pla- neta Marte, na Web, acompanhada por centenas de milhares de pessoas. 3) Com a IBW, o aprendizado cooperativo se estende alem da sala de aula, para, potencialmente, todas as salas de aulas conectadas aInternet. 0 estudante tem a possibilidade de discutir, resolver problemas coo- perativamente, questionar seus pares e especialistas experientes, etc. 4) A fonte predominante de conteudo se desloca do livro texto e do professor para uma fonte variadfssima de informa<;ao. Alem disso, a natureza do conteudo tor- na-se dinamica comparada aos textos estaticos publi- cados ate uma certa data. Estudantes que desenvolve- ram extensa pesquisa sabre um determinado t6pico podem tambem contribuir para o conteudo do t6pico. 5) Um atributo inerente aIBW e a apresenta<;ao de con- teudo na forma de hipertexto. lsto da ao estudante o poder de controlar o aprendizado, o que, caracteristi- camente, esta ausente na sala de aula tradicional. As vantagens cognitivas do hipertexto tem sido discutidas amplamente na literatura. 6) A Web esta contribuindo para promover a educa<;ao a distancia utilizando projetos que, ate o presente mo- -
  • 34. A Educar;:ao na Era da Internet mento, ainda estao sendo diffceis e caros. Muitos cur- sos passaram a ser oferecidos remotamente e o apren- diz pode aproveitar-se da flexibilidade de tempo e de conteudo. 7) lndividualizac;ao e escolha pelo estudante tambem ad- qui rem um diferente conjunto de dimens6es na Web. Os estudantes tem a escolha de conteudo, tempo, re- cursos, feedback (retorno) e uma variedade de mfdias para expressar suas compreens6es. Conteudo pode ser informac;ao e tambem a interpretac;ao de informac;oes por especialistas, aprendizes novatos e estudantes. Na aprendizagem baseada na Web, a fonte predo- minante de conteudo se desloca do Iivro texto do profes- sor para uma fonte variadfssima de informac;ao. 0 conteu- do e dinamico e 0 aluno e tambem provedor desse conteudo. Finalmente, a Web esta promovendo conceitos de educac;ao adistancia para superar as barreiras que outras tecnologias impuseram a esse novo metodo de ensino. Por exemplo, a possibilidade de escolha e a personalizac;ao do curso pelo proprio aluno, ja que o mesmo conteudo pode ser elaborado com base em focos bastante diferencia- dos por outros alunos. t Apoio de Computadores aAtividade Educativa Atecnologia de suporte • educa<;iio denominada Learningware e um tipo particular de Groupware. Euma tecnologia que visa dar sustentac;ao a uma determinada atividade educacional. Para desenvolve-la, e necessaria um ambiente equipado com um computador, com modem, algum programa do tipo de Groupware com cor- reio e possibilidade de acessar home pages, e, necessaria- mente, de uma rede para dar suporte a isso, 9ue pode ser a Internet ou uma Intranet. 0 que esse ambiente novo pode trazer? Uma rede interna de computadores de uma - ldeias. Ele possui ferramentas, um universo empresa ou organiza~ao que funciona como a de dados que se espera transformar em infor- Ll_nt_e_rn_et_._ _____, mac;oes pertinentes, alem de toda uma audiencia composta de participantes dispostos a contribuir para essa rede telematica de educac;ao. -