O documento discute estratégias de contra-argumentação, incluindo identificar falácias nos argumentos do oponente e refutá-las, criar um argumento oposto com base na lógica do oponente, e imitar de forma irônica os argumentos do oponente para expor suas falhas.
3. A
CONTRA-‐ARGUMENTAÇÃO
como
refutar
falácias
definição
argumento
que
procura
destruir,
com
razões
incontestáveis,
os
argumentos
de
outrem
o objetivo
a
intenção
é
iden-ficar
falácias
na
argumentação
que
se
quer
combater
e
refutá-‐las
falácia
é
um
argumento
aparentemente
válido,
mas
incorreto,
que
poda
induzir
a
erro
uso
em
geral,
a
contra-‐argumentação
funciona
quando
se
trabalha
com
um
tema
polêmico
5. COMO
DRIBLAR
A
FALTA
DE
ARGUMENTO
estratégias
argumenta-vas
Foi
uma
piada
infeliz.
Daniela
Cicarelli
era
a
entrevistada
do
Programa
do
Jô,
em
outubro.
A
Jô
Soares
ela
admi-u
trapacear
no
baralho.
–
Roubo
profissionalmente.
Parece
que
nasci
em
Brasília.
A
declaração
ofendeu
o
Distrito
Federal.
Deputados
cogitaram
lei
declarando
a
modelo
persona
non
grata.
A
agência
de
publicidade
Mr.
Brain
aproveitou
a
onda
para
-rar
uma
lasquinha
da
situação
em
forma
de
anúncio.
O
Qtulo
garrafal:
Toda
modelo
é
burra ,
com
o
comentário
Daniela
Cicarelli,
viu
como
é
injusto
quando
alguém
generaliza
uma
opinião?
O
anúncio
tentava
mostrar
que
os
brasilienses
trabalham
duro
e
não
curtem
roubalheiras
–
passadas,
atuais
e
futuras.
Para
isso,
usou
o
-po
de
raciocínio
que
queria
cri-car.
Em
retórica,
criar
um
argumento
oponente
a
par-r
do
raciocínio
alheio
é
an-modelo .
Segundo
Armando
Plebe
e
Pietro
Emanuele,
em
Manual
de
retórica,
é
uma
das
formas
de
encontrar
o
que
dizer.
Não
é
a
única.
A
retórica
an-ga
estudou
tais
situações
para
descobrir
argumentos
até
quando
não
se
sabe
o
que
argumentar.
Disponível
em:
hYp://samuelswer.dominiotemporario.com/doc/falt_arg.pdf
6. O
ANTI-‐MODELO
estratégias
argumenta-vas
O
romano
Quin-liano
dizia
aos
seus
discípulos
que
explorassem
as
ideias
alheias
para
explorar
as
suas.
O
esforço
para
afastar-‐se
do
que
prega
um
autor
ou
uma
corrente
de
pensamento
é
um
modo
eficaz
de
encontrar
argumentos.
Eles
não
virão
do
nada,
mas
de
um
modelo
a
que
se
quer
combater.
Pausânias
[150
d.C.]
costumava
fazer
seus
discípulos
ouvirem
um
música
muito
ruim
para
detestarem
sua
desafinação.
A
técnica
retórica
aqui
sugere
fazer
um
elenco
das
ideias
principais
do
oponente
e,
um
a
um,
encontrar
contra-‐argumentos
correspondentes
e
convincentes.
Disponível
em:
hYp://samuelswer.dominiotemporario.com/doc/falt_arg.pdf
7. LIVRE
IMITAÇÃO
estratégias
argumenta-vas
Aqui
também
se
escolhe
um
modelo
específico,
mas
para
simular
uma
reprodução
irônica,
uma
mimese
[cópia].
Os
conceitos
defendidos
por
um
modelo
são
reproduzidos
em
tantas
caracterís-cas
que
parecemos
copiá-‐lo,
quando
na
verdade
o
contestamos.
Um
exemplo
bem
hábil
de
paródia
argumenta-va
foi
dado
pela
Folha
bancária,
jornal
do
Sindicato
dos
bancários,
nos
anos
1990.
Para
contestar
o
clima
pró-‐priva-zação
dos
governos
Collor
e
Fernando
Henrique
Cardoso,
o
jornal
incorporou
o
raciocínio
alheio
como
se
fosse
seu.
O
conjunto
evidenciou
o
ridículo
–
e
funcionou
como
contestação:
Você
levanta
pela
manhã,
despertado
pelo
rádio-‐relógio
coreano.
Escova
os
dentes
com
escova
Johnson
&
Johnson,
usa
creme
dental
da
Gessy-‐Lever,
faz
barba
com
GilleHe,
toma
leite
Parmalat,
com
café
Nestlé,
come
um
pãozinho
com
trigo
canadense.
Depois
coloca
a
gravata
Pierre
Cardin,
pega
seu
Ford
para
ir
ao
trabalho,
abastece
no
posto
Shell
e
calibra
os
pneus
Good
Year.
Você
escreve
com
a
caneta
chinesa
comprada
no
Camelô
e
sai
para
o
almoço,
logo
depois
de
Prar
uma
cópia
do
processo
na
Xerox.
Almoça
rapidinho
no
Mc
Donald s.
No
fim
do
dia,
volta
para
casa
e
leva
uma
pizza
Hut
para
agradar
as
crianças.
Aí
liga
a
TV
Semp
Toshiba
para
ver
o
jornal.
A
reportagem
diz
que
o
Brasil
precisa
de
invesPmento
estrangeiro,
que
é
preciso
privaPzar
a
Petrobrás
e
o
Banco
do
Brasil.
Então
você
comenta
com
sua
mulher:
o
Brasil
precisa
superar
o
atraso.
Precisamos
abrir
a
economia.
Temos
de
acabar
com
a
ineficiência.
Disponível
em:
hYp://samuelswer.dominiotemporario.com/doc/falt_arg.pdf
8. O
PARADOXO
estratégias
argumenta-vas
É
propor
inventar
algo
contra
a
opinião
comum,
generalizada
–
a
dóxa.
Propomos
inventar
argumentação
a
par-r
da
luta
contra
o
que
todo
mundo
acredita.
Há
alguns
anos,
o
apresentador
Sérgio
Groissman
abriu
debate
sobre
aborto
no
Programa
Livre,
atração
que
manteve
no
SBT
antes
de
migrar
para
a
Globo.
Um
dos
debatedores
não
apelou
a
argumentações
habituais
a
quem
defende
a
discriminalização
do
aborto,
como
o
direito
das
mulheres.
Em
vez
disso,
perguntou
a
um
padre
quantas
missas
havia
feito
para
fetos
na-mortos
abortados
involuntariamente.
Se
a
Igreja
cultuava
rituais
para
encomendar
a
alma
–
missas
de
corpo
presente,
de
sé-mo
dia,
etc.
–
natural
que
o
fizessem
com
fetos.
Afinal,
se
é
um
ser
vivo,
há
a
Igreja
de
encará-‐lo
apto
aos
rituais
que
marcam
as
mortes
cristãs.
Como
não
o
fez,
o
debatedor
afirmava
que
a
própria
Igreja
não
encarava
o
feto
como
vida.
Independente
do
que
defendamos
sobre
o
assunto,
o
debatedor
procurar
extrair
ideia
contra
a
obviedade,
indo
ao
centro
da
crença
cristã
sobre
o
assunto.
Platão
dizia
que,
para
criar
um
novo
conceito,
é
preciso
procurá-‐lo,
mas
como
procurar
o
que
não
se
sabe,
o
que
ninguém
disse?
Ninguém
procura
aquilo
que
já
sabe
–
embora
inúmeros
textos
sejam
feitos
para
confirmar
o
que
seu
autor
[ou
leitor]
já
sabia.
Mas
os
retóricos
an-gos
diziam
que,
mesmo
nessa
hora,
há
como
agir.
O
criador
de
paradoxos
é
aquele
que,
mesmo
não
sabendo
o
que
vai
criar,
sabe
o
que
procura
–
o
surpreendente,
o
admirável
da
idéia
surpreendente,
que
vai
contra
a
corrente.
Disponível
em:
hYp://samuelswer.dominiotemporario.com/doc/falt_arg.pdf
10. APELO
À
FORÇA
refutando
raciocínios
falaciosos
definição
ameaçar
com
consequências
desagradáveis,
se
não
for
acatada
a
ideia
apresentada
exemplos
é
melhor
exterminar
os
bandidos;
você
pode
ser
a
próxima
ví-ma
ou
você
se
enquadra
nas
regras
do
setor,
ou
será
demi-do
cala
essa
tua
boca,
ou
não
te
dou
dinheiro
para
o
show
contra-argumentação
Argumente
que
apelar
à
força
não
é
racional,
não
é
argumento,
que
a
emoção
não
tem
relação
com
a
verdade
ou
a
falsidade
da
proposição.
11. APELO
À
MISERICÓRDIA,
À
PIEDADE
refutando
raciocínios
falaciosos
definição
apelar
à
misericórdia,
à
piedade
ou
às
virtudes
do
autor;
mostra
ignorância
sobre
o
assunto
exemplo
ele
não
pode
ser
condenado;
é
bom
pai
de
família,
contribuiu
com
a
escola,
com
a
Igreja,
etc
contra-argumentação
Argumente
que
se
trata
de
questões
diferentes,
que
o
que
é
invocado
nada
tem
a
ver
com
a
proposição.
Quem
argumenta
assim
ignora
a
questão,
foge
do
assunto.
12. APELO
AO
POVO
refutando
raciocínios
falaciosos
definição
sustentar
ideia
pelo
fato
de
ela
ser
defendida
pela
população
ou
parte
dela
[dizem,
sabe-‐se
que]
exemplo
dizem
que
um
disco
voador
caiu
em
Minas
Gerais
e
que
os
corpos
estão
com
o
exército
contra-argumentação
Se
todos
querem
se
a-rar
em
alto
mar,
você
também
quer?
O
fato
de
a
maioria
acreditar
em
algo
não
o
torna
verdadeiro.
13. APELO
À
AUTORIDADE
refutando
raciocínios
falaciosos
definição
Consiste
em
citar
uma
autoridade
(muitas
vezes
não
qualificada)
para
sustentar
uma
opinião
exemplo
Segundo
Schopearhauer,
filósofo
alemão
do
séc.
XIX,
“toda
verdade
passa
por
três
estágios:
primeiro,
ela
é
ridicularizada;
segundo,
sofre
violenta
oposição;
terceiro,
ela
é
aceita
como
auto-‐
evidente”.
exemplo
Mostre
que
a
pessoa
citada
não
é
autoridade
qualificada.
Ou
que
muitas
vezes
é
perigoso
aceitar
uma
opinião
porque
simplesmente
é
defendida
por
uma
autoridade.
Isso
pode
nos
levar
a
erro.
14. APELO
À
NOVIDADE
refutando
raciocínios
falaciosos
definição
Consiste
no
erro
de
afirmar
que
algo
é
melhor
ou
mais
correto
porque
é
novo,
ou
mais
novo.
exemplo
Saiu
a
nova
geladeira
Pólo
Sul.
Com
design
moderno,
arrojado,
ela
é
perfeita
para
sua
família,
sintonizada
com
o
futuro.
contra-argumento
Mostre
que
o
progresso
ou
a
inovação
tecnológica
não
implica
necessariamente
que
algo
seja
melhor.
15. GENERALIZAÇÃO
NÃO
QUALIFICADA
refutando
raciocínios
falaciosos
definição
afirmação
de
caráter
geral,
radical
que
encerra
um
juízo
falso
em
face
da
experiência.
exemplo
A
prá-ca
de
esportes
é
prejudicial
à
saúde.
contra-argumento
Mostre
que
é
necessário
especificar
os
enunciados.
Othon
Garcia
(Comunicação
em
Prosa
Moderna,
FGV,
1986,
p.
169)
ilustra
como
se
pode
especificar
a
falácia
acima,
dada
como
exemplo:
A
práPca
indiscriminada
de
certos
esportes
violentos
é
prejudicial
à
saúde
dos
jovens
subnutridos.
16. GENERALIZAÇÃO
APRESSADA
refutando
raciocínios
falaciosos
definição
Trata-‐se
de
-rar
uma
conclusão
com
base
em
dados
ou
em
evidências
insuficientes.
Dito
de
outro
modo,
trata-‐se
de
julgar
todo
um
universo
com
base
numa
amostragem
reduzida.
exemplos
todo
polí-co
é
corrupto
os
padres
são
pedófilos
os
muçulmanos
são
todos
uns
faná-cos
contra-argumentação
Argumente
que
dois
professores
ruins
não
significam
uma
escola
ruim;
que
em
ciência
é
preciso
o
maior
número
de
dados
antes
de
-rar
uma
conclusão;
que
não
se
pode
usar
alguns
membros
do
grupo
para
julgar
todo
o
grupo.
Faça
ver
que
se
trata,
na
maioria
das
vezes,
de
estereó-po:
imagem
preconcebida
de
alguém
ou
de
um
grupo.
Faça
ver
também
que
são
fonte
de
inspiração
de
muitas
piadas
racistas,
como
as
piadas
de
judeus
(visto
como
avarento),
de
negro
(vista
como
malandro
ou
pertencente
a
uma
classe
inferior),
de
português
(visto
no
Brasil
como
sem
inteligência),
etc.
É
por
isso
que
essa
falácia
está
in-mamente
relacionada
ao
preconceito.