Este documento resume a concepção de personalidade de acordo com B.F. Skinner a partir de suas obras traduzidas para o português. Ele discute como Skinner via a personalidade como resultado das contingências de reforço e não de fatores internos, rejeitando explicações dualistas. O documento também analisa como os conceitos de selecionismo, comportamento operante e pragmatismo aparecem nas obras de Skinner para explicar a personalidade.
História da Psicologia Social - aulas 1, 2 e 3.pdf
A concepção skinneriana de personalidade (Comunicação oral XXIII Encontro da ABPMC)
1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ - CAMPUS SOBRAL
CURSO DE PSICOLOGIA
LABORATÓRIO DE ANÁLISE DO COMPORTAMENTO - LANAC
A concepção skinneriana de
PERSONALIDADE:
análise das obras traduzidas para o português
Autora: Iara Andriele Carvalho
Co-autor: Jonas Mendes Oliveira
Orientadora: Me. Liana Rosa Elias
2. INTRODUÇÃO
Durante muito tempo a personalidade foi objeto de
estudo da Psicologia e ainda é. Muitas vezes é
atribuído a ela o status de causadora dos
comportamentos. O Behaviorismo Radical, proposto
por Skinner, foi acusado de ignorar a personalidade
como fator constituinte do ser humano.
3. OBJETIVOS
Averiguar a conceituação da categoria personalidade
feita por Skinner a partir de sua obra traduzida para a
Língua Portuguesa, identificando as influências dos
principais referenciais epistemológicos do
Behaviorismo Radical.
4. METODOLOGIA
• Pesquisa conceitual;
• Seleção e listagem das obras traduzidas para o português;
• Critérios de inclusão e exclusão;
• Descritores de registro (personalidade, self, eu,
individualidade e subjetividade);
• Categorias de análise (Selecionismo, Antidualismo,
Comportamento Operante, Pragmatismo).
5. CATEGORIAS DE ANÁLISE
• Selecionismo - o modelo de seleção por consequências em seus três níveis;
• Comportamento operante - o comportamento como a relação bidirecional
homem/mundo;
• Pragmatismo - a verdade de um conceito em virtude das consequências
práticas que este produz no mundo;
• Antidualismo - a visão monista de homem do Behaviorismo Radical em
contrapartida aos dualismos de origem mentalista ou organicista.
6. RESULTADOS E ANÁLISES
LIVRO OU ARTIGO Antidualismo
Comportamento
operante
Selecionismo Pragmatismo Outra
Ciência e Comportamento Humano 17 8 6 0 0
Crítica aos conceitos e teorias
psicanalíticos.
3 0 0 0 0
O que é comportamento psicótico? 10 1 2 0 0
Comportamento Verbal 11 5 2 0 5
Tecnologia do Ensino 3 3 6 0 0
Contingencias de Reforçamento 5 0 2 0 0
O Mito da Liberdade 9 3 6 1 0
Questões recentes na Análise
Comportamental
5 12 11 0 0
A picologia pode ser uma ciência
da mente?
6 0 1 0 0
Total 69 32 36 1 5
7. ANTIDUALISMO
• Skinner critica as explicações que tomam os eventos fictícios ou
internos como causas do comportamento;
• critica a atribuição do comportamento a uma essência humana ou
herança genética;
• posiciona-se contra explicações organicistas ou mentalistas para o
comportamento.
8. ANTIDUALISMO
“O que o indivíduo faz - a topografia de seu comportamento – é
tratado como o funcionamento de uma ou mais personalidades.
Está claro, especialmente quando as personalidades são
múltiplas, que elas não podem ser identificadas com o
organismo biológico como tal, mas são concebidas, pelo
contrário, como entidades internas que se comportam, de status
e dimensões duvidosos.”
(SKINNER, 1959/1999 trad. MEDEIROS [s.d])
9. ANTIDUALISMO (ORGANICISTA)
“Mas o cérebro inicia o
comportamento, como se diz que a
mente ou eu [self] são capazes de
fazer? O cérebro é parte do corpo, e o
que ele faz é parte do que o corpo faz.”
(SKINNER, 1990/2010, p. 111)
10. SELECIONISMO
• Skinner fala das personalidades múltiplas como o resultado de
diferentes contingências de reforço;
• Propõe que a individualidade é fomentada pela cultura,
principalmente, por meio das agências controladoras;
• Mostra a interação entre os três níveis na formação da
individualidade.
• Sugere uma distinção dos termos com base nos níveis de seleção
11. SELECIONISMO
Os termos que usamos para designar o
comportamento individual dependem do tipo de
seleção. A seleção natural propicia-nos o organismo;
o condicionamento operante, a pessoa; e, como
discutiremos, a evolução da cultura permite a
existência do eu. Um organismo e mais do que um
corpo; é um corpo que faz coisas.
(SKINNER, 1991, p. 44)
12. COMPORTAMENTO OPERANTE
• Skinner usa as palavras “eu” e personalidade como equivalentes;
• o eu é simplesmente um artifício para representar um sistema de
respostas funcionalmente unificado.” (SKINNER, 1953/ 2003, p.312)
• Personalidades identificadas com as subdivisões topográficas do
comportamento;
• O eu constitui um repertório de comportamento apropriado a um
dado conjunto de contingências. (SKINNER, 1971/1977, p.157)
13. COMPORTAMENTO OPERANTE
“As contingências de reforçamento operante têm efeitos
um tanto quanto parecidos. Iniciando com os organismos
que se desenvolvem através da seleção natural, elas
constroem os diferentes repertórios comportamentais
chamados pessoas. Diferentes contingências constroem
diferentes pessoas, possivelmente dentro da mesma
pele, como o demonstram os clássicos exemplos de
personalidades múltiplas.”
(SKINNER,1989/1991, p. 44)
14. PRAGMATISMO
• Aparece de forma difusa nas obras.
• [...]nós não precisamos tentar descobrir o que realmente são
as personalidades, estados de espírito, sentimentos, traços
de caráter, planos, propósitos, intenções e outras qualidades
atribuídas ao homem autônomo, para progredirmos numa
análise científica do comportamento. (SKINNER, 1973, p. 16)
15. CATEGORIA “OUTRA”
• Para designar ocorrências dos descritores que não
mantinham relação com as categorias de análise elencadas
inicialmente.
• Ex:
Um conviva, ofendido com o repasto frugal para o qual havia
sido convidado, começou a fazer comentários sobre uma
personalidade política. (294)
16. REFINAMENTO DOS CONCEITOS
“Num longo capitulo chamado “Autocontrole”, em Ciência e
comportamento humano (1953). [...] eu usei a palavra eu tanto quanto
hoje usaria pessoa. Eu revi técnicas através das quais as pessoas
manipulam variáveis ambientais das quais seu comportamento é
função e distingui entre o eu controlador e o eu controlado, definindo-os
como repertórios de comportamento. Porém isso foi há trinta anos,
e a teoria comportamentalista avançou. Hoje pode-se fazer uma
distinção mais clara entre pessoa e eu: a pessoa, na qualidade de
repertório de comportamento, pode ser observada pelos outros; o eu,
como uma predisposição que acompanha estados internos, e
observado somente através dos sentimentos ou da introspecção.”
(SKINNER, 1989/ 1991, p. 44).
17. CONCLUSÃO
• O Behaviorismo Radical, filosofia que orienta as práticas da
ciência Análise do Comportamento, pode fornecer
explicações para conceitos mentalistas sem desconsiderar a
subjetividade dos indivíduos, partindo de sua história de
vida em contato com um mundo repleto de acontecimentos.
A seleção pelas consequências e os demais pressupostos e
conceitos do Behaviorismo Radical como pragmatismo,
funcionalismo, comportamento operante, comportamento
verbal, dentre muitos outros, são efetivos para explicar os
comportamentos humanos sem reduzi-los ao jugo de ficções
explanatórias.
18. REFERÊNCIAS
• ANDERY, M. A. & MICHELETTO, N. Publicações de B. F. Skinner: de 1930 a
2004 (B. F. Skinner publications: from 1930 to 2004) Revista Brasileira de
Terapia Comportamental e Cognitiva. ISSN 1517-5545, 2004, Vol. VI, nº 1,
093-134.
• COSTA, N. Os Behaviorismos. In: ________. Terapia Analítico
Comportamental: dos fundamentos filosóficos à relação com o modelo
cognitivista. Santo André: ESETec, 2002
• PERVIN, L. A. & JOHN, O. P. Personalidade: Teoria e Pesquisa. Porto Alegre:
Artmed. 2004.
• MARX, M, H. & HILLIX, W, A. Sistemas e teorias em psicologia. Tradução de
Álvaro Cabral, São Paulo, Cultrix, 2008.
• HOLLAND. J.G & SKINNER, B.F. A Análise do Comportamento. Trad. Rodolfo
Azzi. E.P.U. — Editora Pedagogica e Universitaria Ltda, São Paulo, 1975.
19. Referências
• SKINNER, B.F. A Análise Operacional dos Termos Psicológicos. Traduzido por Hélio José
Guilhardi e Patricia Piazzon Queiroz. Instituto Terapia por Contingência de Reforçamento, s.d.
Disponível em: www.itcrcampinas.com.br/pdf/skinner/analise_operacional.pdf. Acessado em:
22/10/2013.
• _________. Walden II: uma sociedade do futuro. São Paulo: EPU, 1978.
• _________. Ciência e comportamento humano. Trad. J. C. Todorov & R. Azzi, 11ª ed. São
Paulo: Martins Fontes, 2003
• _________.Crítica dos conceitos e teorias psicanalíticos. Trad. M. R. Silva;M. P. Figueiredo; S.
Zuliani., 2011. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1517-
24302011000200009&script=sci_arttext. Acessado: 22/10/2013
• _________.O que é comportamento psicótico? (1959/1999) Cumulative Record. Cambridge,
MA: B. F. Skinner Foundation. Parte IV, pp.303-321.Texto traduzido por Lílian Medeiros, com
revisão de Hélio José Guilhardi e Noreen Campbell de Aguirre, Instituto de Terapia por
Contingências de Reforçamento - Campinas, SP.[s.d] Disponível em:
http://www.terapiaporcontingencias.com.br/pdf/skinner/o_que_e_comportamento_psicotico.
pdf. Acessado em 22/10/2013.
20. Referências
• __________. O Comportamento Verbal.São Paulo. Ed: Cultrix, 1957
• __________.Tecnologia do ensino. Trad. Rodolpho Azzi. São Paulo, Ed. da
Universidade de São Paulo, 1972.
• __________. Contingências do reforço: uma análise teórica. Trad. Rachel Moreno.
Coleção “Os pensadores”. São Paulo, Abril Cultural,1984.
• _________. O Mito da Liberdade. Rio de Janeiro: Edições Bloch, 1977
• _________. Questões recentes na análise comportamental. Trad. Anita L. Neri.
Campinas, 4ª ed. Papirus Editora, 1991.
• __________. Sobre o Behaviorismo. Trad. Maria da Penha Villalobos. 8ª ed. São
Paulo: Cultrix. (2003c).
• __________. A Psicologia Pode Ser Uma Ciência Da Mente? Trad. Nilza Micheletto.
Revista Brasileira De Análise Do Comportamento / Brazilian Journal Of
Behavioranalysis, 2010, Vol. 6, Nº 1, 111-119
21. Contatos
Autora: Iara Andriele Carvalho
Graduanda do Curso de Psicologia da Universidade Federal do Ceará/ Campus Sobral.
Bolsista do Programa de Educação Tutorial- PET Psicologia.
Extensionista do Laboratório de Análise do Comportamento- LANAC
Monitora do setor de Estudos em Análise do Comportamento
Contato : iaraandriele@hotmail.com
Coautor: Jonas Mendes Oliveira
Graduandao do Curso de Psicologia da Universidade Federal do Ceará/ Campus Sobral.
Extensionista do Laboratório de Análise do Comportamento- LANAC
Monitor do setor de Estudos em Análise do Comportamento
Contato: jonasmendes75@gmail.com
Orientadora: Professora Me. Liana Rosa Elias
Professora do setor de Epistemologia do Behaviorismo Radical do Curso de Psicologia da Universidade Federal
do Ceará- UFC/ Campus Sobral.
Coordenadora do Laboratório de Análise do Comportamento- LANAC
Contato: lianarosa.ce@gmail.com
Tópico 3: o indivíduo é quem carrega tanto a sua espécie como a sua cultura
Skinner vai dizer que sugerem personalidades como divisões topográficas do comportamento
Nessa parte Skinner vai usar eu e personalidade como equivalentes.
Afirma que a ciência do comportamento dá conta de compreender tanto os comportamentos ditos “normais” quanto os “patológicos”.
Tece uma crítica à posição de que os instintos, emoções, memórias, necessidades, entre outros, levariam a personalidade a se comportar gerando o comportamento observável do organismo.
Skinner diz que se assumirmos a existência desses aparatos mentais, teremos que criar métodos que permitam observá-los.