Este documento discute a cegueira como uma deficiência física e como uma "cegueira social". Ele explica as causas físicas da cegueira e como ela pode ser adquirida. Também argumenta que as pessoas estão cegas às coisas mais importantes da vida, como a natureza e as conexões humanas, devido ao consumismo e estresse da sociedade moderna.
1. Escola Secundária Artística António Arroio
2010/2011
Trabalho realizado por:
Carlota Gomes, nº4, 11ºF
Professora: Marcela Neves
A Cegueira
Neste texto irei falar brevemente sobre a cegueira, quer como deficiência visual, quer
como social, até porque se fosse a fundo com o tema poderia ficar horas a falar… Irei
começar por expor o conceito da cegueira como falha física e depois, sim, avançarei
para questões relacionadas com o “sociologismo”, as reacções do Homem e o meio
onde este se insere.
A cegueira é uma doença congénita, significando que é algo não hereditário, esta
pode-se adquirir ao longo da vida, quer por distúrbios emocionais, quer por agentes
físicos que a possam causar, como um incidente do quotidiano. A outra vertente de
aquisição da cegueira é ainda no útero da progenitora, quando existe algum tipo de
complicação durante a gravidez, neste caso a criança nasce já cega, não tendo
qualquer tipo de registo visual do mundo real.
Como já referi, tanto uma ferida, como uma doença no olho pode afectar a visão,
podendo esta ter diferentes graus de perda visual, a esta clareza de visão denomina-
se acuidade visual, e à medida que esta diminui, a visão torna-se cada vez mais
imprecisa. A acuidade visual geralmente mede-se por meio de uma escala. Esta
escala compara a visão de uma pessoa a seis metros com a de alguém que tenha
acuidade máxima. Em consequência, uma pessoa que tenha uma visão de 20/20 vê
objectos com completa nitidez, enquanto que alguém com uma visão de 20/200 vê a
seis metros com a mesma clareza que o indivíduo com acuidade máxima vê a
sessenta metros.
Legalmente, a cegueira define-se como uma acuidade visual inferior a 20/200,
inclusivamente após uma correcção com óculos ou lentes de contacto, porém muitas
pessoas consideradas legalmente cegas, têm a capacidade de distinguir formas e
sombras, apenas não com os pormenores ditos normais.
A cegueira pode ter diversas causas, na maioria são relacionadas com a capacidade
de percepção da luz, sendo estas:
- a luz não chega à retina
- os raios de luz não se concentram correctamente sobre a retina
- a retina não pode percepcionar normalmente os raios de luz
- os impulsos nervosos da retina não são transmitidos ao cérebro correctamente
2. - o cérebro não consegue interpretar a informação enviada pelo olho
São várias as possíveis perturbações que podem causar estes problemas que
degeneram em cegueira.
Uma catarata pode bloquear a luz que entra no olho, de tal forma que ela nunca
chega à retina. Os erros de focagem podem ser corrigidos com lentes que o médico
receita embora, nem sempre, esta correcção se consiga por completo.
O descolamento da retina e as perturbações hereditárias, como a retinose pigmentar,
podem afectar a capacidade da retina para percepcionar luz.
As perturbações do sistema nervoso, como a esclerose múltipla ou um inadequado
fornecimento de sangue, podem danificar o nervo óptico que transmite impulsos ao
cérebro.
Os tumores em estruturas próximas do cérebro, como a glândula hipófise, também
podem danificar o nervo.
As áreas do cérebro que interpretam os impulsos nervosos podem ficar danificadas
por ataques cerebrais reprentinos, tumores, ou outras doenças.
Esquema de causas frequentes da cegueira:
• Catarata
- Causa frequente
- Pode ser curada com cirurgia
• Infecção
- Causa comum e a mais evitável
• Diabetes
- Uma das causas mais frequentes
- É evitável
- O tratamento com laser atrasa a perda de visão
• Degenerescência macular
- Afecta a visão central e não a periférica
- Apenas tratável em menos de 10% das pessoas que a contraem
• Glaucoma
- Pode-se tratar bem e desde que a tempo, não deve conduzir à cegueira
Quando se é total ou parcialmente cego, os outros sentidos ficam mais apurados,
sendo capazes de sentir, cheirar, ouvir melhor tudo o que nos rodeia, melhor que
qualquer outra pessoa que tenha a sua visão. Porém, em alguns casos, senão todos,
os cegos são capazes de ter uma melhor visão do mundo que toda a gente. E isto
porquê? Pela sociedade que cega as pessoas… As pessoas andam demasiado
preocupadas com o que fazer, o que aparentam ser, com o consumir o máximo que
podem e não podem, que deixam de sentir o que deviam, a sua essência e o que a
Natureza tem para nos oferecer. E, com esta cegueira, para além de não vermos o
que nos é dado e que sempre esteve lá, estamos a destruir o que não deviamos, mais
3. uma vez pela extrema necessidade de consumismo que sentimos, ou seja, o querer
cada vez mais.
Mas nada diz que as duas estruturas não se possam conciliar, simplesmente ainda
não aprenderam a fazê-lo… As pessoas andam a gastar todos estes recursos
naturais, pensando que ali permanecerão para sempre mesmo abusando deles. Mas
não! Todos necessitam de acordar deste sonho no qual pensam estar acordados pois
não passa de uma pura ilusão, e é preciso despertar desta cegueira!
Com tudo isto, as pessoas acabam por viver muito à base do dinheiro, estando cada
vez mais apegadas a este, e criando uma espécie de guerra entre todos. Esta “guerra”
leva a um esquecimento da convivência com os demais, e da ligação espiritual e
interior de cada ser individual e colectivo. A isto chamo egoísmo, e este egoísmo leva
à auto-destruição e solidão de cada um, pois estão tão ocupados e incomunicáveis
que a única comunicação que fazem é a diária, pontual e meramente de estar social,
deixando o verdadeiro contacto para trás. Aliás, um bom exemplo desta cegueira, é a
despreocupação do povo em geral pelos mais velhos, que de facto estão sozinhos.
Provavelmente assim se encontram por terem sofrido desta mesma cegueira onde o
tempo não restava para as ligações profundas, e as que criaram poucas foram,
também por isso nada ou apenas uma ou duas ainda existem mas provavelmente não
coexistem.
Voltando ao assunto da cegueira da maioria, as pessoas encontram-se
constantemente a correr para o nada, por estarem sempre demasiado atarefadas, e,
no fundo, para continuarem insatisfeitas. A nossa sociedade criou um estereótipo de
vida que consiste em trabalhar, sustentar a casa, família e ainda pagar as contas, e
como a vida no geral está cada vez mais difícil em termos monetários (também por
culpa de quem governa, que cega os governados omitindo informações), as pessoas
andam demasiado preocupadas para ter tempo para o resto. E este estereótipo já está
tão embutido na cabeça das pessoas, que estas não conseguem imaginar outra forma
de vida possível.
A meu ver, as pessoas têm demasiadas “obrigações”, e tentam criar ainda mais como
forma de se refugiarem nelas, fugindo ao que a vida nos pode oferecer. Esta situação
é logo inserida às crianças mal nascem, pois sendo criadas num ambiente com este
tipo de pensamento acabam por também o adquirir, tornando-se tudo isto num ciclo
vicioso. Ao entrar neste ciclo, é difícil contorná-lo, pois já está demasiado presente na
mente, e até por “terem sido ensinados” a que “assim o fosse”.
As pessoas que vêem já nem ligam tanto às suas sensações por se terem adaptado a
um mundo onde “precisam” de se desligar das mesmas. Por exemplo, penso que um
cego mais rápido tentará fugir à cidade por todos os sons e odores desagradáveis, ou,
até mesmo, mais rápido saberá apreciar um local de evasão como o mar, sentindo o
cheiro e som que emite. Provavelmente também entre eles interagem mais, pois no
fundo vivem num mundo à parte, num mundo de percepções que os outros “pensam
não necessitar”. Concluo então, assim, que a cegueira da sociedade é bem pior do
que a cegueira física, pois pior que não conseguir ver com os olhos o que se encontra
diante de nós, é conseguir ver o que está lá mas ignorá-lo e não o querer sentir.