O documento discute como a medicina moderna passou a lutar agressivamente contra a morte, prolongando a vida a qualquer custo. Isso resultou em um sofrimento maior no fim da vida, já que as doenças crônicas e o processo de morrer são prolongados. O cuidado paliativo surge como uma resposta a essa "obstinação terapêutica", visando controlar a dor e outros sintomas para proporcionar a melhor qualidade de vida possível aos pacientes terminais e suas famílias.
Aula sobre cuidados paliativos e segurança do pacienteProqualis
Aula apresentada por Filipe Tavares Gusman, vice-presidente da Regional Sudeste da Academia Nacional de Cuidados Paliativos, durante webinar sobre 'Cuidados paliativos e segurança do paciente', realizado pelo Proqualis em agosto de 2019.
Indicadores de morbi-mortalidade nacionais e estaduais em saúde do idoso. Pactos, políticas e programas de saúde do idoso no Brasil e no mundo. Papel dos membros da Equipe de Saúde da Família no planejamento de ações e avaliação de riscos em saúde do idoso. Ações da clínica e do cuidado nos principais agravos da saúde do idoso.
Aula sobre cuidados paliativos e segurança do pacienteProqualis
Aula apresentada por Filipe Tavares Gusman, vice-presidente da Regional Sudeste da Academia Nacional de Cuidados Paliativos, durante webinar sobre 'Cuidados paliativos e segurança do paciente', realizado pelo Proqualis em agosto de 2019.
Indicadores de morbi-mortalidade nacionais e estaduais em saúde do idoso. Pactos, políticas e programas de saúde do idoso no Brasil e no mundo. Papel dos membros da Equipe de Saúde da Família no planejamento de ações e avaliação de riscos em saúde do idoso. Ações da clínica e do cuidado nos principais agravos da saúde do idoso.
Apresentação feita por Erika Cavalcanti de Oliveira, no II Seminário da Planificação da Atenção à Saúde, realizado em Brasília, nos dias 10 e 11 de dezembro de 2019.
Estrutura organizacional dos serviços de saúde
Redes de Atenção à Saúde
SUS - Sistema Único de Saúde
Atenção Primária à Saúde
Atenção Básica
Integralidade
Palestra realizada pela Dra. Vera Bonato, da Qualidade InCor HC-FMUSP, na Sala Havana, no dia 11 de julho de 2009.
6º Congresso de Humanização da Saúde em Ação - realizado pela HC-FMUSP e Associação Viva e Deixe Viver
Apresentação feita por Erika Cavalcanti de Oliveira, no II Seminário da Planificação da Atenção à Saúde, realizado em Brasília, nos dias 10 e 11 de dezembro de 2019.
Estrutura organizacional dos serviços de saúde
Redes de Atenção à Saúde
SUS - Sistema Único de Saúde
Atenção Primária à Saúde
Atenção Básica
Integralidade
Palestra realizada pela Dra. Vera Bonato, da Qualidade InCor HC-FMUSP, na Sala Havana, no dia 11 de julho de 2009.
6º Congresso de Humanização da Saúde em Ação - realizado pela HC-FMUSP e Associação Viva e Deixe Viver
ASPECTOS BIOÉTICOS NOS CUIDADOS PALIATIVOS (EUTANÁSIA E DISTANÁSIA)Fernanda Marinho
O não enfrentamento da questão da distanásia faz com que convivamos com situações no mínimo contraditórias, em que se investe pesadamente em situações de pacientes terminais cujas perspectivas reais de recuperação são nulas. Os parcos recursos disponíveis poderiam muito bem ser utilizados em contextos de salvar vidas que têm chances de recuperação.
ASPECTOS BIOÉTICOS NOS CUIDADOS PALIATIVOS (EUTANÁSIA E DISTANÁSIA).Fernanda Marinho
É decorrente das convicções, valores e princípios morais de uma pessoa, é influenciada pelos valores morais da sociedade e do momento histórico em que se insere, resultando da reflexão acerca dos motivos que justificam uma ação ser considerada justa ou injusta, boa ou má, certa ou errada.
A experiência do adoecimento é muito difícil não só para o paciente, mas tamb...Cristina Pressutto
A experiência do adoecimento é muito difícil não só para o paciente, mas também para seus familiares, amigos, cuidadores e equipes de saúde envolvida em seu tratamento.
2008 ROA, OLIVEIRA, SAVASSI et al. Medicina Centrada nas PessoasLeonardo Savassi
ROA, R. ; Oliveira, ACD ; SAVASSI, L. C. M. ; SOUZA, A. L. C. ; Dias, R.B. . Abordagem Centrada nas Pessoas. Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, v. 5, p. 245-259, 2009.
2. Medicina muda o Foco
As novas tecnologias e ciência oferecem
tratamentos que antes eram desconhecidos
Antes o médico oferecia conforto numa doença
grave e terminal
Hoje o sistema moderno de “saúde” luta
agressivamente contra a doença e a morte
Prolongamos a vida ( ou a morte) a todo custo
3. Medicina muda o Foco
Houve uma melhora significativa na sobrevida
com uma longevidade cada ano maior
A pletora de novos medicamentos e terapias
mudou a forma como vemos as doenças
A morte se tornou o inimigo que deve ser
combatido a todo custo:
“ Fazer tudo até o fim”
4. A Onipotência dos
Médicos
Muitos médicos acreditam que falharam
se não foi possível salvar a vida de seus
pacientes
Filosofia Prosaica de Piracaia (SP):
“A vida é uma doença sexualmente
transmissível com uma taxa de letalidade
de 100%”
5. Fim de vida
A morte não foi conquistada e todos nós
vamos morrer
Enquanto nosso sistema de saúde e a
Ciência biomédica aprendeu a curar
algumas doenças, basicamente resultou
em prolongar a vida com doenças
crônicas e o processo de morrer
6. Fim de vida
Alguns de nós (<10%) morrerá
subitamente de um infarto do miocárdio,
acidente ou algum evento inesperado
7. Fim de vida
A maioria de nós (>90%) morrerá :
a) Doença grave com uma fase terminal
curta ( alguns câncer)
b) Uma deterioração progressiva com
crises periódicas: ICC, enfisema,
Alzheimer,..
8. Sintomas e sofrimento
Os pacientes e seus familiares se
preocupam que seus sintomas não serão
cuidados adequadamente e que vão
perder a função e o controle
Existe a preocupação de quem dará o
cuidado, quem pagará por isso, como
será morrer e o que vem depois
9. Sintomas e sofrimento
O sofrimento atinge aspectos diversos do
ser humano:
- Psicológico
- Social
- Espiritual
- Biológico
10. Local de morrer
A morte saiu do domicilio e foi para o
hospital
A maioria dos pacientes que morrem nos
hospitais morrem de doenças cuja
expectativa ( desfecho ou “outcome”) é a
morte. Poderiam ser cuidados em casa
11. Falta de vivência com a
morte
A maioria das pessoas não conviveram
com pessoas morrendo, exceto em
funerais
As fantasias sobre o tema são
“turbinadas” pela mídia.
12. A morte real e a morte
ideal
Existe uma diferença muito grande entre
como as pessoas gostariam de morrer e
como vão morrer
Como a morte é o grande inimigo, o
tratamento é agressivo, os sintomas não
são controlados e o paciente perde sua
autonomia
13. Porque acontece este
final de vida tão sofrido
Alguns motivos:
a) Ignorância médica de como dar
cuidados paliativos
b) preocupações legais de omissão de
socorro
c) preocupação com os eventos adversos
medicamentosos dos analgésicos ,
sedativos, anti-depressivos,...
14. Porque acontece este
final de vida tão sofrido
Alguns motivos:
d) Desconforto em comunicar más
notícias, falta de capacidade de ajudar
os familiares em estabelecer planos
terapêuticos mais reais
e) Incapacidade de compreender os
direitos dos pacientes e seus familiares
em suspender ou omitir suporte de vida
15. Porque acontece este
final de vida tão sofrido
Alguns motivos:
f) Medos, fantasias , preocupações e falta
de confiança pessoais leva muitos
médicos a evitar o cuidado de
pacientes que estão morrendo
16. Porque acontece este
final de vida tão sofrido
Momento de Reflexão:
Talvez se refletíssemos sobre nossas
próprias expectativas sobre o fim de
nossas vidas e estudássemos mais
cuidados paliativos, poderíamos ganhar
“insight” nas expectativas e
necessidades de nossos pacientes e
seus familiares
17. Cuidado Paliativo
Uma Resposta diante da Obstinação
Terapêutica
Cuidado Paliativo é o cuidado ativo total
dos pacientes cuja doença não responde
mais ao tratamento curativo.
18. Cuidado Paliativo
O controle da dor e de outros sintomas ,
o cuidado dos problemas de ordem
psicológica, social e espiritual são o mais
importante.
O objetivo do cuidado paliativo é
conseguir a melhor qualidade de vida
possível para pacientes e suas famílias
19. Definição de Dor:
“uma experiência sensorial e emocional
desagradável, associada a lesões reais ou
potenciais, ou descrita em termos de tais
lesões”.
Associação Internacional para o Estudo da dor -1986
“Vivemos numa sociedade dominada pela
analgesia.
Ao ser tratada por drogas, a dor é vista
medicamente como um barulho de
disfuncionamento nos circuitos fisiológicos,
sendo despojada de sua dimensão
existencial subjetiva”.
20. Dor é diferente de sofrimento
Dimensão física
Dimensão psíquica
Dimensão social
Dimensão espiritual
AS DIMENSÕES DA
DOR / SOFRIMENTO
“Dor Total” – inclui além da dor física, a dor mental,
social e espiritual
Cicely Saunders
21. A IMPORTÂNCIA DO CUIDADO
“O sofrimento somente é intolerável quando
ninguém cuida.”
Dra. Cicely Saunders
“Talvez o remédio mais eficaz em termos de cura seja a
qualidade do relacionamento mantido entre o paciente e
seus cuidadores, e entre o paciente e sua família. A
qualidade curadora da relação terapêutica pode
facilmente ser enfraquecida ou ameaçada quando
reações emocionais (negação, raiva, culpa e medo)
sentidas pelos pacientes, famílias ou cuidadores não são
adequadamente trabalhadas”.
Care Of The Dying
24. CUIDADOS PALIATIVOS?
Organização Mundial da Saúde
Definição de 1990:
“O cuidado ativo total dos pacientes cuja
doença não responde mais ao tratamento
curativo. O controle da dor e de outros
sintomas, o cuidado dos problemas de ordem
psicológica, social e espiritual é o que mais
importa. O objetivo do cuidado paliativo é
conseguir a melhor qualidade de vida possível
para os pacientes e suas famílias”.
25. Cuidados Paliativos:
“Abordagem que aprimora a qualidade de
vida dos pacientes e famílias que
enfrentam problemas associados com
doenças ameaçadoras de vida. Isto
acontece através da prevenção e alívio do
sofrimento, com meios de identificação
precoce, avaliação correta, bem como, o
tratamento da dor e outros problemas, de
ordem física, psicossocial e espiritual”.
DEFINIÇÃO DE 2002
26. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
1) Provê alívio da dor e outros sintomas;
2) Afirma a vida, encara o morrer como um
processo normal;
3) Visa não apressar e muito menos adiar a
morte;
4) Integra os aspectos psicossociais e
espirituais aos cuidados do paciente;
5) Oferece um sistema de apoio para ajudar os
pacientes para viver tão ativamente o quanto
possível for, até o momento da morte;
27. 6) Oferece um sistema de apoio para a família
lidar com a doença do paciente, bem como no
processo de luto;
7) Utiliza abordagem em equipe para atender as
necessidades dos pacientes e suas famílias;
8) Aprimora a qualidade de vida e pode
influenciar positivamente no curso da doença;
9) Aplica-se desde o início da doença,
conjuntamente com outras terapias, tais como:
quimioterapia e radioterapia. Inclui também
pesquisas para melhor entender e trabalhar as
complicações clínicas.
28. Cuidado Paliativo
Não obstante a medicina paliativa ter
sido descrita como de baixa tecnologia e
alto contato humano, ela não se opõe à
tecnologia médica, mas busca assegurar
que seja o amor e não a ciência a força
que sustenta o cuidado do paciente
29. Princípios éticos da
medicina paliativa
1. Veracidade
2. Proporcionalidade Terapêutica
3. Duplo Efeito
4. Prevenção
5. Não-abandono e Tratamento da Dor
30. 1. Veracidade
- A veracidade é o fundamento da
confiança nas relações interpessoais
- Comunicar a verdade ao paciente e
seus familiares constitui um benefício
para ambos ( princípio da
beneficência),pois possibilita sua
participação ativa no processo de
tomada de decisões (autonomia)
31. 1. Veracidade
- Nos países latinos, uma atitude
falsamente paternalista, oculta a verdade
ao paciente
- Entra-se num círculo vicioso da
chamada conspiração do silêncio , que
além de impor novas formas de
sofrimento para o paciente, pode ser
causa de grave injustiça
32. 1. Veracidade
- A mentira e a evasão são o que mais
isola os pacientes atrás de um muro de
palavras ou de silêncio e os impede de
aceitar o benefício terapêutico de
partilhar os medos, angústias e outras
preocupações
33. 1. Veracidade
- Não é possível praticar a medicina
paliativa sem um compromisso prévio de
abertura e honestidade para com a
verdade dos fatos
- A atitude anglo-saxão em relação à
comunicação de diagnóstico/prognóstico
vai mais na direção da verdade objetiva
dos fatos
34. 2. Proporcionalidade
Terapêutica
- Existe uma obrigação moral de se
implementar todas as medidas
terapêuticas que tenham uma relação de
proporção entre os meios empregados e
o resultado previsível
35. 2. Proporcionalidade
Terapêutica
- Elementos a serem julgados:
a) Utilidade ou inutilidade da medida
b) Alternativas da ação, com seus respectivos
riscos e benefícios
c) Prognóstico com e sem a implementação da
medida
d) Custos sejam de ordem física, psicológica,
moral ou econômica impostos ao paciente, à
família e à equipe de saúde.
36. 2. Proporcionalidade
Terapêutica
Os médicos têm uma dupla
responsabilidade : preservar a vida e
aliviar o sofrimento
No final de vida o alívio do sofrimento
adquire uma importância maior na
medida que a preservação da vida se
torna progressivamente impossível
37. 3. Duplo Efeito
É muito freqüente em doentes terminais
a presença de dor intensa, dificuldade
para respirar ou sintomas de ansiedade,
agitação e confusão mental
O uso de drogas como a morfina pode :
- Baixar a pressão arterial
- Depressão respiratória
38. 3. Duplo Efeito
Algumas drogas privam o paciente de
consciência
Duplo efeito: um bom (analgesia) e um
mau (depressão respiratória)
39. 4. Prevenção
Prever as possíveis complicações e/ou
sintomas que com maior freqüência se
apresentam na evolução de determinada
condição clínica é parte da
responsabilidade médica.
40. 4. Prevenção
Implementar as medidas necessárias
para prevenir tais complicações e
aconselhar familiares evita sofrimento
desnecessário e intervenções
precipitadas em intervenções
desproporcionais
41. 5. Não-abandono e
Tratamento da Dor
Temos em geral pouca tolerância para
enfrentar o sofrimento e a morte
A impotência de não poder curar não
deve impedir a solidariedade de poder
cuidar
42. 5. Não-abandono e
Tratamento da Dor
O cuidado de pacientes terminais nos
lembra o desafio de aceitar a nossa
própria finitude humana, o que não é
nada agradável
O tratamento da dor SEM Eutanásia
44. As 10 necessidades mais
importantes
1. Ficar com a pessoa
2. Ser útil para a pessoa que está doente
3. Ser informado das mudanças de
condição da pessoa que está morrendo
4. Entender o que está sendo feito com o
paciente e o porquê
45. As 10 necessidades mais
importantes
5. Estar seguro do conforto do paciente
6. Ser confortado
7. Poder ventilar as emoções
8. Estar seguro que as suas decisões
estão corretas
46. As 10 necessidades mais
importantes
9. Encontrar significado na vida do
paciente querido
10. Ser alimentado, hidratado e
descansar
47. Necessidades da Equipe
Cuidar de quem cuida ( “ Burnout
Syndrome”)
Tempo para discussões da equipe
Evitar sobrecarga de trabalho
48. Avaliação de Dor
Como a dor é subjetiva torna-se difícil de
ser reconhecida e tratada
A dor é o 5º sinal vital
As escalas de dor são mais adequadas
para dores agudas do que para as dores
crônicas do paciente que está morrendo
49. Conclusão:
1. Definir paciente terminal
2. Cuidado paliativo sempre
3. Compartilhar as decisões
4. Cuidar de quem cuida
5. Estudar como ajudar pacientes que
estão morrendo
50. CONCLUINDO
“ No momento final da vida, faremos tudo o
que estiver ao nosso alcance, não somente
para ajudá-lo a morrer em paz, mas também
para você viver até o dia da sua morte.”
Dra. Cicely Saunders’
“Não há riqueza maior que a saúde do corpo,
nem contentamento maior que a alegria do
coração. É melhor a morte do que uma vida
amarga e o descanso eterno, mais que uma
doença prolongada”.
Eclesiástico 30, 16-17
51. “Quando uma coisa está
acima de todo o preço, e,
portanto, não permite
equivalente, então ela tem
dignidade"
Immanuel Kant, filósofo alemão (1724 – 1804)