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“MENSAGEM”
“O INFANTE”
Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
Deus quis que a terra fosse toda uma,
Que o mar unisse, já não separasse.
Sagrou-te, e foste desvendando a espuma.
E a orla branca foi de ilha em continente,
Clareou, correndo, até ao fim do mundo,
E viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo.
Quem te sagrou criou-te português.
Do mar e nós em ti nos deu sinal.
Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal!
ESTRUTURA EXTERNA
Deus/ quer,/ o /ho/mem/ so/nha/, a o/bra/ nas/ce. 10 sílabas métricas
Deus/ quis/ que/ a/ ter/ra/ fos/se/ to/da u/ma, 10 sílabas métricas
Que o/ mar/ u/nis/se/, já/ não/ se/pa/ras/se. 10 sílabas métricas
Sa/grou/-te, e/ fos/te/ des/ven/dan/do a es/pu/ma. 10 sílabas métricas
E a orla branca foi de ilha em continente,
Clareou, correndo, até ao fim do mundo,
E viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo.
Quem te sagrou criou-te português.
Do mar e nós em ti nos deu sinal.
Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal!
Rima cruzada
•Realização (2º parte);
•Regularidade estrófica (composto
por três quadras);
•Regularidade métrica (constituído
por versos decassilábicos);
•Regularidade rimática.
ESTRUTURA INTERNA
Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
Deus quis que a terra fosse toda uma,
Que o mar unisse, já não separasse.
Sagrou-te, e foste desvendando a espuma.
Vontade divina e o sonho do homem
Concretização da obra
Desejo de Deus
Infante
Portugueses
Metáfora
E a orla branca foi de ilha em continente,
Clareou, correndo, até ao fim do mundo,
E viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo.
•Ideia do divino
e espiritual
•Mistério
Passagem do
desconhecido para a luz
Metáfora
ESTRUTURA INTERNA
Quem te sagrou criou-te português.
Do mar e nós em ti nos deu sinal.
Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal!
Nacionalismo e patriotismo
Vontade divina
•Império material
•Morte do Infante
Império espiritual
Apóstrofe
ESTRUTURA INTERNA
“O INFANTE”
• “O Infante”, neste poema, refere-se ao Infante D. Henrique que foi considerado o homem que contribuiu
para o impulso que levou aos Descobrimentos.
• Primeira estrofe
Na primeira estrofe está presente a vontade divida (“Deus quer”), o sonho do homem (“o homem
sonha”) e a concretização da obra (“a obra nasce”). Sem a vontade de Deus, o sonho não seria
despertado no homem e consequentemente a obra não seria criada.
Nesta estrofe, Deus desejava que os continentes se unissem e, que em vez de os separar, o mar
servisse como elemento de ligação entre eles. A sua vontade guiaria as ações dos marinheiros e faria
com que os portugueses trabalhassem na missão divina de unir e conhecer o mundo, sem que
pensassem nos seus proveitos/interesses pessoais.
Para o cumprimento deste desejo, Deus “sagrou” o Infante. Este, representava todos os
portugueses uma vez que em todos eles o sonho de desvendar o mar/desconhecido (“desvendando a
espuma”) e unir a terra surgiu, o que levou ao “nascimento” dos Descobrimentos- concretização da obra.
“O INFANTE”
• Segunda estrofe
Nesta estrofe a metáfora “orla branca” corresponde ao rasto de espuma deixado pelas naus, no
mar, e representa a pureza e a presença do espírito divino, assim como o verbo “clareou”.
Os terceiro e quarto versos, simbolizam a esperança visto que os portugueses descobriram que a
terra era redonda e que o “fim” do mar (o visível aos olhos) não era fosso profundo como pensavam.
Com isto, observa-se a descrição do crescimento do Império (“(…) foi de ilha em continente”).
“O INFANTE”
• Terceira estrofe
No primeiro verso desta estrofe, a expressão “criou-te português” representa o nacionalismo e o
patriotismo presentes no país naquela época e o Infante é considerado símbolo do herói português. No
segundo verso, está novamente presente a vontade divina em “deu sinal”, dado que Deus escolheu o
Infante para executar a sua missão.
A sentença “Cumpriu-se o mar” significa que o mar foi desvendado, ou seja, ocorreram os
Descobrimentos, mas na expressão “e o império se desfez” constata-se que as terras que conquistaram
foram perdidas, isto é, o império material desfez-se. Além disso, adianta também a morte do Infante D.
Henrique.
Nesta estrofe a exclamação “Senhor falta cumprir-se Portugal!”, relaciona-se com o Império
espiritual (Quinto Império), uma vez que é o único que não se desfaz, e simboliza a esperança que ainda
se mantém. Pode ser considerada uma nova missão espiritual.
Assim, pode concluir-se que não eram os Descobrimentos a maior glória de Portugal, mas sim a
sua língua, cultura e a alma. Apesar de terem cumprido a missão dada por Deus, o destino glorioso e
imaterial do espírito, a entidade nacional, estava ainda por cumprir.

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"Mensagem" de Fernando Pessoa- "O Infante"

  • 2. “O INFANTE” Deus quer, o homem sonha, a obra nasce. Deus quis que a terra fosse toda uma, Que o mar unisse, já não separasse. Sagrou-te, e foste desvendando a espuma. E a orla branca foi de ilha em continente, Clareou, correndo, até ao fim do mundo, E viu-se a terra inteira, de repente, Surgir, redonda, do azul profundo. Quem te sagrou criou-te português. Do mar e nós em ti nos deu sinal. Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez. Senhor, falta cumprir-se Portugal!
  • 3. ESTRUTURA EXTERNA Deus/ quer,/ o /ho/mem/ so/nha/, a o/bra/ nas/ce. 10 sílabas métricas Deus/ quis/ que/ a/ ter/ra/ fos/se/ to/da u/ma, 10 sílabas métricas Que o/ mar/ u/nis/se/, já/ não/ se/pa/ras/se. 10 sílabas métricas Sa/grou/-te, e/ fos/te/ des/ven/dan/do a es/pu/ma. 10 sílabas métricas E a orla branca foi de ilha em continente, Clareou, correndo, até ao fim do mundo, E viu-se a terra inteira, de repente, Surgir, redonda, do azul profundo. Quem te sagrou criou-te português. Do mar e nós em ti nos deu sinal. Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez. Senhor, falta cumprir-se Portugal! Rima cruzada •Realização (2º parte); •Regularidade estrófica (composto por três quadras); •Regularidade métrica (constituído por versos decassilábicos); •Regularidade rimática.
  • 4. ESTRUTURA INTERNA Deus quer, o homem sonha, a obra nasce. Deus quis que a terra fosse toda uma, Que o mar unisse, já não separasse. Sagrou-te, e foste desvendando a espuma. Vontade divina e o sonho do homem Concretização da obra Desejo de Deus Infante Portugueses Metáfora
  • 5. E a orla branca foi de ilha em continente, Clareou, correndo, até ao fim do mundo, E viu-se a terra inteira, de repente, Surgir, redonda, do azul profundo. •Ideia do divino e espiritual •Mistério Passagem do desconhecido para a luz Metáfora ESTRUTURA INTERNA
  • 6. Quem te sagrou criou-te português. Do mar e nós em ti nos deu sinal. Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez. Senhor, falta cumprir-se Portugal! Nacionalismo e patriotismo Vontade divina •Império material •Morte do Infante Império espiritual Apóstrofe ESTRUTURA INTERNA
  • 7. “O INFANTE” • “O Infante”, neste poema, refere-se ao Infante D. Henrique que foi considerado o homem que contribuiu para o impulso que levou aos Descobrimentos. • Primeira estrofe Na primeira estrofe está presente a vontade divida (“Deus quer”), o sonho do homem (“o homem sonha”) e a concretização da obra (“a obra nasce”). Sem a vontade de Deus, o sonho não seria despertado no homem e consequentemente a obra não seria criada. Nesta estrofe, Deus desejava que os continentes se unissem e, que em vez de os separar, o mar servisse como elemento de ligação entre eles. A sua vontade guiaria as ações dos marinheiros e faria com que os portugueses trabalhassem na missão divina de unir e conhecer o mundo, sem que pensassem nos seus proveitos/interesses pessoais. Para o cumprimento deste desejo, Deus “sagrou” o Infante. Este, representava todos os portugueses uma vez que em todos eles o sonho de desvendar o mar/desconhecido (“desvendando a espuma”) e unir a terra surgiu, o que levou ao “nascimento” dos Descobrimentos- concretização da obra.
  • 8. “O INFANTE” • Segunda estrofe Nesta estrofe a metáfora “orla branca” corresponde ao rasto de espuma deixado pelas naus, no mar, e representa a pureza e a presença do espírito divino, assim como o verbo “clareou”. Os terceiro e quarto versos, simbolizam a esperança visto que os portugueses descobriram que a terra era redonda e que o “fim” do mar (o visível aos olhos) não era fosso profundo como pensavam. Com isto, observa-se a descrição do crescimento do Império (“(…) foi de ilha em continente”).
  • 9. “O INFANTE” • Terceira estrofe No primeiro verso desta estrofe, a expressão “criou-te português” representa o nacionalismo e o patriotismo presentes no país naquela época e o Infante é considerado símbolo do herói português. No segundo verso, está novamente presente a vontade divina em “deu sinal”, dado que Deus escolheu o Infante para executar a sua missão. A sentença “Cumpriu-se o mar” significa que o mar foi desvendado, ou seja, ocorreram os Descobrimentos, mas na expressão “e o império se desfez” constata-se que as terras que conquistaram foram perdidas, isto é, o império material desfez-se. Além disso, adianta também a morte do Infante D. Henrique. Nesta estrofe a exclamação “Senhor falta cumprir-se Portugal!”, relaciona-se com o Império espiritual (Quinto Império), uma vez que é o único que não se desfaz, e simboliza a esperança que ainda se mantém. Pode ser considerada uma nova missão espiritual. Assim, pode concluir-se que não eram os Descobrimentos a maior glória de Portugal, mas sim a sua língua, cultura e a alma. Apesar de terem cumprido a missão dada por Deus, o destino glorioso e imaterial do espírito, a entidade nacional, estava ainda por cumprir.