1. ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO PARA A PREVENÇÃO DE QUEDAS DE IDOSOS
Nurses Of Action For The Prevention Of Elderly Falls
Márcia Eliane de Oliveira Falcão1
Silvana Amália de Almeida 2
RESUMO
Para o Ministério da Saúde, as quedas de idosos e as seqüelas oriundas das mesmas são,
atualmente, uma questão de saúde pública. No Brasil, cerca de 30% dos idosos caem ao
menos uma vez ao ano. Por isso, o presente artigo tem por objetivo avaliar e caracterizar as
causas e as conseqüências dessas quedas. Para isso, será feita uma revisão bibliográfica
através de livros, de artigos científicos, de sites na Internet, a fim de se descrever o
envelhecer e as limitações que esse processo acarreta, orientando o enfermeiro no
desenvolvimento de ações preventivas no cuidado dos idosos. Pretende-se, assim, concluir
que o evento da queda pode ocasionar diminuição da capacidade do idoso em realizar as
atividades instrumentais da vida diária, conseqüentemente, limitando a sua autonomia e a
qualidade de vida.
Palavras-chave: Idoso. Queda. Cuidados. Enfermeiro.
ABSTRACT
To the Ministry of Health, the elderly and falls from the sequelae of them are coming from, for
instance, an a public health issue. In Brazil, some 30% of the elderly fall at least once a year.
Therefore, this article aims to evaluate and characterize the causes and consequences of
falls. This will done through a literature review of books, scientific articles, from Web sites in
order to describe the aging and the limitations that this process entails, guiding the nurse in
the development of preventive actions in the care of the elderly. It is therefore concluded that
the event of the fall can cause reduced capacity of the elderly in carrying out the instrumental
activities of daily living thus limiting their autonomy and quality of life.
Keywords: Aged. Fall. Care. Nurse.
¹ Especialista em Saúde Pública e Administração Hospitalar e Professora do Curso de Graduação em
Enfermagem da Faculdade Estácio de Sá de Juiz de Fora.
E-mail: marciaeliane@hotmail.com
² Graduanda do Curso de Enfermagem da Faculdade Estácio de Sá de Juiz de Fora.
2. E-mail: sil171517@hotmail.com
1. INTRODUÇÃO
O envelhecimento da população é um dos maiores trunfos da humanidade e
também um dos grandes desafios. Isso porque envelhecer implica em um processo
evolutivo gradual com mudanças multidimensionais e multidirecionais e acarreta para as
partes e funções do organismo conseqüências distintas.
Segundo o Estatuto do Idoso, artigo 1º, (BRASIL, 2003, p.7) “idoso é toda pessoa
com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos”.
O aumento da estimativa de vida, no entanto, precisa ser acompanhado pela
melhoria ou manutenção da saúde e qualidade de vida. E ainda é grande a desinformação
sobre a saúde, as particularidades e desafios do envelhecimento populacional no Brasil.
Portanto, diante da perspectiva da ampliação do contingente idoso brasileiro é
necessário que os enfermeiros, nos diversos serviços de saúde, estejam preparados para
atender essa clientela de acordo com as suas necessidades.
Desse modo, o artigo 18 do Estatuto do Idoso (BRASIL, 2003, p.16) afirma que “as
instituições de saúde devem atender aos critérios mínimos para o atendimento das
necessidades do idoso, promovendo o treinamento e a capacitação dos profissionais”.
Já a Lei 8.842, de janeiro de 1994, dispõe sobre a Política Nacional do Idoso, no
Brasil, com o objetivo de assegurar os seus direitos sociais e criar condições para promover
a sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade. Em seu Capítulo IV, artigo
10º, estabelece:
Como competências dos órgãos e entidades públicos na implementação da
Política Nacional do Idoso, na área de saúde, a garantia a assistência à
saúde, nos diversos níveis de atendimento do SUS, a prevenção, promoção,
proteção e recuperação da saúde do idoso, através de programas e
medidas profissionais; a adoção e aplicação de normas de funcionamento
para as instituições geriátricas e similares; a elaboração de normas de
serviços geriátricos hospitalares; o desenvolvimentos de cooperação entre
secretarias estaduais, do Distrito Federal e dos municípios e entre os
Centros de Referência em Geriatria e Gerontologia para treinamento de
equipes inter-profissionais; a inclusão da Geriatria como especialidade
clínica, para efeito de concursos públicos (federais, estaduais e municipais);
a realização de estudos para detectar o caráter epidemiológico de
determinadas doenças do idoso e a criação de serviços alternativos de
saúde para o idoso. (BRASIL, 1994).
Apesar da existência da Lei 8.842, ainda são desenvolvidas poucas ações de
alcance nacional direcionadas para a proteção, a prevenção e a melhoria da qualidade de
vida do idoso.
2
3. Uma das poucas ações que se pode ressaltar por parte do Ministério da Saúde é a
campanha de vacinação contra gripe. No entanto, outras ações deveriam ser desenvolvidas
como aquelas que se referem ao evento da queda, visto que é o maior motivo de internação
de pessoas idosas.
Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2000, p.17) “as quedas em indivíduos
acima de 60 anos de idade são tão freqüentes que há muito tempo têm sido aceitas como
uma conseqüência inevitável, um efeito colateral e natural do envelhecimento”.
E o último levantamento do Sistema Único de Saúde (SUS) mostra que, em 2006,
30 mil idosos foram hospitalizados por causa de quedas, o que representa um custo de
quase R$ 50 milhões para os cofres públicos.
Ainda segundo o Ministério da Saúde Portaria 1395/GM – Política de Saúde do
Idoso (BRASIL, 1999):
Estudos têm demonstrado que o idoso, em relação às outras faixas etárias,
consome muito mais recursos do sistema de saúde e que este maior custo
não reverte em seu benefício. O idoso não recebe uma abordagem médica
ou psicossocial adequada nos hospitais, não sendo submetido também a
uma triagem rotineira para fins de reabilitação.
Sabe-se, assim, que a queda de pessoas idosas, em sua maioria, provoca lesões,
além de altos custos devido o tratamento; há casos, em que pode levar até a morte. O
presente artigo, desse modo, tem por objetivo analisar as causas mais comuns das quedas
sofridas por idosos e, ainda, destacar como o enfermeiro atua na prevenção das mesmas ao
desenvolver ações de assistência e prevenção.
Por isso, o presente trabalho justifica-se pela necessidade de conhecer as causas
mais incidentes de quedas e suas conseqüências, além de propor possíveis ações de
assistência e prevenção, o que possibilitaria melhorar a qualidade de vida das pessoas
idosas. Para isso, foi realizada uma revisão bibliográfica, através de sites na internet, livros e
revistas pertinentes ao tema.
.
2. O PROCESSO DO ENVELHECIMENTO E SUAS IMPLICAÇÕES
A velhice está acompanhada de mudanças que, gradativamente, ocorrem e,
mesmo assim, podem não comprometer a qualidade de vida do indivíduo. Litvoc & Brito
(2004, p.45) ressaltam que:
3
4. O estereótipo do idoso que o coloca como pessoa que, com o passar dos
anos, vai perdendo capacidades e poder para influir sobre sua própria
saúde pode determinar de sua parte uma atitude passiva e paliativa na
manutenção da sua própria saúde, fazendo com que as ações do dia-a-dia
que a mantêm sejam reduzidas. Este tipo de estereótipo afeta a percepção
das pessoas sobre seu potencial e empobrece as oportunidades de
promoção de sua saúde.
Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2000, p.9),” há quem caracterize o
envelhecimento como decorrência de uma falência da manutenção do equilíbrio integral do
indivíduo sob condições de estresse fisiológico”.
No entanto, destaca que o envelhecimento é o processo que fragiliza adultos
saudáveis, diminuindo suas reservas fisiológicas e gerando o aumento de vulnerabilidade a
diversas enfermidades, o que pode levá-los até a morte.
A idade e o sexo são fatores considerados imutáveis de risco para acidentes e
óbitos em idosos, mas existem aqueles fatores de risco passíveis de mudança e, portanto,
de grande interesse.
A promoção de medidas preventivas, por exemplo, constitui aspecto de suma
importância para a manutenção e a recuperação da saúde do idoso, já que é consenso que
quanto maior o número de fatores de risco presentes maior será a chance de ocorrência de
uma queda.
Isso porque, segundo a OMS, o envelhecimento da população já se tornou uma
questão de saúde pública, já que se assiste à explosão demográfica da população idosa,
denominada de transição demográfica.
Com a transição demográfica ocorre outro fenômeno chamado de transição
epidemiológica, ou seja, a população envelhecida altera o perfil da morbidade e as causas
de morte, pois deixou de ter doenças infecciosas e parasitárias para ter doenças crônica-
degenerativas.
Carvalhaes et al. (1989, p.181) afirmam que:
Em relação à morbidade, o idoso passa a ser vulnerável a algumas
patologias, sendo que as de maior incidência são: doenças reumáticas,
hipertensão, doenças cardíacas, diabetes, agravos a saúde mental. Devido
a essas morbidades e suas conseqüências, o idoso fica propenso a quedas,
o que lhe modifica a qualidade de vida.
Para Cunha & Guimarães (1989), a queda se dá em decorrência da perda total do
equilíbrio postural, podendo estar relacionada à insuficiência súbita dos mecanismos neurais
e osteoarticulares envolvidos na manutenção postural.
4
5. Já Moura (1999) define queda como o deslocamento não-intencional do corpo para
um nível inferior à sua posição inicial, com a incapacidade de correção em tempo hábil.
Na maioria das vezes, as fraturas levam à incapacidade funcional e o idoso, vítima
de queda, tende a se manter acamado com a mobilidade prejudicada. Com isso, podem
surgir complicações como úlceras de pressão, problemas respiratórios e urinários. As
fraturas de fêmur são as de maior complicação, em termo de morbidade, mortalidade e alto
custo tanto para as instituições hospitalares como para a família.
Com a mobilidade limitada, o idoso passa a ter restrições na realização de suas
atividades diárias, o que pode acarretar uma diminuição da força muscular, enfraquecimento
dos membros inferiores, levando-o ao estado de dependência, de isolamento social e de
depressão como conseqüência do medo de cair novamente.
Para se entender os fatores responsáveis por uma queda, deve se ter clareza
sobre a interação existente entre o hospedeiro susceptível, no caso do indivíduo idoso, e os
fatores ambientais predisponentes.
Cabe ressaltar que, com o avançar da idade, os fatores causadores de quedas
diferem um pouco, variando a interação entre condições intrínsecas (condições próprias do
indivíduo – múltiplas alterações fisiológicas, uso de medicamentos e enfermidades) e as
extrínsecas (externas ao indivíduo – ambientais).
Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2000, p.18), “no idoso mais jovem, com
menos de 75 anos de idade, as quedas são causadas mais freqüentemente pela interação
de alterações fisiológicas do envelhecimento com riscos ambientais”. O resultado é uma alta
proporção de quedas devido a tropeções e a escorregões, que tendem a diminuir com o
avançar da idade.
Já no idoso com mais de 75 anos de idade, as quedas são freqüentemente
precipitadas por enfermidades, tais como músculo-esqueléticas, cardíacas, neurológicas,
sensoriais e pelo uso de medicamentos. Nesse grupo etário, não é comum a ocorrência de
queda como resultado de um único fator intrínseco ou extrínseco atuando isoladamente,
mas se dá, com maior freqüência, em decorrência de vários fatores interligados.
2.2 PRINCIPAIS CAUSAS DE QUEDAS EM IDOSOS
2.2.1 FATORES INTRÍNSECOS DETERMINANTES DE QUEDAS
5
6. Com o avançar da idade, ocorrem alterações fisiológicas próprias do
envelhecimento, bem como afecções comuns. Segundo o Ministério da Saúde (2000, p.19-
22), as mais comuns são:
a) Envelhecimento ocular - alterações que podem afetar adversamente a
visão, embaralhamento da visão periférica, diminuição do tempo de
resposta visual e da adaptação às alterações de luminosidade;
b) Presbiacusia - perda neuro-sensorial da audição, afetando primeiro os
sons da freqüência, posteriormente, a diminuição da acuidade auditiva. Com
a conseqüente diminuição da audição, as deficiências auditivas interferem
na marcha do idoso e é, muitas vezes, responsável por diversos acidentes;
c) Quadro de depressão - em conseqüência dos quadros acima, o medo e
muitas vezes a vergonha de não ouvir ou enxergar o que estão lhe falando
ou lhe mostrando, leva o idoso a se isolar, vivendo num mundo só seu
ocasionando alteração do nível de atenção, diminuição do comprimento dos
passos, perda de energia, diminuição da autoconfiança, se tornando menos
atento aos perigos ambientais;
d) Redução da capacidade de perceber onde está – o idoso tende a ter
dificuldades de reconhecer o seu meio externo, onde pisa, passa a olhar
muito para baixo ao deambular para visualizar onde coloca os pés e, com
isso, fica desatento aos obstáculos do ambiente, como degraus, coisas no
caminho, irregularidades do solo;
e) Redução no tempo de reação e velocidade em realizar tarefas – o tempo
entre perceber um perigo e realizar uma ação para evitá-lo aumenta com o
avançar da idade. Idosos que praticam atividades de alto risco como
atravessar avenidas movimentadas, caminhar várias vezes por locais com
obstáculos podem estar mais propensos a quedas;
f) Enfraquecimento dos músculos do quadríceps e cintura escapular – com o
envelhecimento a tendência é a perda do tônus muscular e os idosos
apresentam dificuldades para sair da cama (ou levantarem de uma posição
sentada);
g) Hipotensão ortostática – muitos idosos têm hipotensão nas mudanças de
posição, especialmente da posição de deitado para sentado e, na maioria
das vezes, essa hipotensão ocasiona quedas da própria altura;
h) Ansiedade – acarreta diminuição da atenção, aumento da insegurança e
pode até levar o idoso a ter tonturas, arritmias e dispnéia;
i) Demências e estados confusionais agudos - o idoso fica agitado, tem
alterações de consciência, ilusões e alucinações e com isso pode ser vítima
de violentas quedas;
j) Alteração da marcha – a diminuição da força muscular, rigidez articular e
dor associada ao desgaste das articulações, as alterações do equilíbrio por
diminuição da sensibilidade postural e por diminuição da circulação cerebral
e do labirinto fazem com que o idoso tenda a evitar caminhadas, e quando o
faz caminha com dificuldade, tornando grande o risco de quedas;
l) Arritmia – quando ocorre uma queda abrupta, com ou sem perda da
consciência, ou que é precedida por tontura ou palpitação, sugere uma
arritmia cardíaca. Este tipo de quedas está, às vezes, associada com
exercícios ou com ficar em pé, se o paciente apresenta estenose aórtica
que provoca uma redução de perfusão cerebral. Uma queda pode ser o
primeiro indício de um Infarto Agudo do Miocárdio;
m) Seqüelas de fraturas – os idosos que sofreram fraturas anteriores
apresentam grande medo de novas fraturas principalmente aqueles que
apresentam seqüelas que dificultam a postura e deambulação, pois estarão
mais sujeitos a novas quedas.
6
7. Nesse contexto, é importante que o enfermeiro estude e conheça todos os fatores
determinantes de queda, para que ele possa atuar principalmente na prevenção e contribuir
para a redução de estatísticas (atualmente, elevadas) bem como suas conseqüências.
2.2.2 FATORES EXTRÍNSECOS QUE PODEM PROVOCAR QUEDAS
As principais causas de quedas de idosos são acidentais e devem-se à inexistência
de condições de segurança no local da residência ou no ambiente que eles se inserem, tais
como:
a) Em pisos irregulares, encerados, desnivelados, derrapantes, o idoso
tende a escorregar com mais facilidade;
b) Tapetes soltos pelo chão, que podem causar tropeções;
c) Obstáculos pelo caminho, fios elétricos, brinquedos, animais;
d) Mobiliário em local inadequado, principalmente em lugares onde o
idoso possa precisar se apoiar para deambular;
e) Objetos de uso do idoso colocados em locais muito altos ou muito
baixos e de difícil acesso;
f) Iluminação inadequada, seja pela fraca intensidade ou lâmpadas
desprotegidas, causando reflexos ocasionando dificuldade visual;
g) Cama inadequada para o conforto do idoso, ou muita alta tornando
difícil para o idoso deitar-se e levantar-se sem ajuda;
h) Calçados inadequados, aqueles sem anteparo posterior como na
maioria dos chinelos, ou calçados de saltos que dificultam a deambulação
dos idosos principalmente dos que já apresentam dificuldade na marcha;
i) Inexistência de corrimão em escadas e corredores, o idoso pode
precisar de apoio para subir e descer escadas;
j) Vasos sanitários baixos e sem apoios laterais;
k) Falta de apoio nos boxes dos banheiros, fator de suma importância
para a segurança do idoso durante o banho;
l) Medicação – é comum os idosos tomarem medicamentos de forma
regular e permanente. Deve-se então redobrar a atenção principalmente ao
início de novos medicamentos, uma vez que algumas quedas se relacionam
com alterações recentes (inferiores a duas semanas) da terapêutica habitual
do idoso. A poli medicação (quatro ou mais medicamentos) ou
medicamentos que causem sedação, alteração do equilíbrio, hipoglicemia
ou hipotensão poderão favorecer as quedas;
m) Consumo de álcool – mesmo em pequenas quantidades pode
provocar alterações que conduzem a quedas, já que influencia o equilíbrio e
interfere com o uso de medicamentos. Dessa forma, o seu consumo deve
ser evitado. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2000, p.28-29).
Tanto os fatores intrínsecos como extrínsecos requerem do profissional enfermeiro
a atenção e a atuação, onde se encontra inserido o paciente idoso, seja em uma instituição
de idosos, em hospitais ou na própria residência. Isso porque o enfermeiro, além de ser um
profissional comprometido com a saúde do paciente, insere-se em programas de saúde que,
por sua vez, têm como objetivos a promoção e a reabilitação do paciente.
7
8. 2.3 ATUAÇÃO E ORIENTAÇÕES DO ENFERMEIRO PARA PREVENÇÃO DAS QUEDAS
A enfermagem é uma profissão comprometida com a saúde do ser humano e da
coletividade. O enfermeiro atua na promoção, na proteção, na recuperação da saúde, na
reabilitação das pessoas e na assistência qualificada à saúde, ou seja, se responsabiliza
pelo ato de cuidar. E quando o cuidado se refere à pessoa idosa, há muitos aspectos a
serem considerados.
Para uma pessoa idosa, a queda pode assumir significados de decadência e
fracasso gerados pela percepção da perda de capacidades do corpo potencializando
sentimentos de vulnerabilidade, ameaça, humilhação e culpa.
Por isso, a prevenção de quedas assenta, em primeiro lugar, na identificação dos
fatores de risco para a correção dos que são passíveis de ser corrigidos. Devem ser
realizadas modificações necessárias para adaptação do ambiente de convívio do idoso às
alterações do envelhecimento.
Deve-se ainda procurar resolver ou atenuar os problemas de saúde que estão na
origem das quedas. Segundo Brunner & Suddarth (2005, p. 221), “um ambiente seguro
permite que o paciente se movimente o mais livremente possível e alivia a família da
constante preocupação com a segurança”.
Além disso, deve esclarecer ao idoso que existem fatores que ajudam a evitar uma
queda, como o fato de realizar atividade física mantendo uma boa força muscular e bom
equilíbrio corporal; ir ao oftalmologista regularmente para se certificar que está enxergando
o melhor possível; não usar medicações sem orientação médica; manter-se ativo; evitar
comportamentos arriscados como subir em banquinhos ou em escadas sem proteção; evitar
o consumo de álcool, além ficar atento a várias outras situações de risco.
Quanto ao ambiente doméstico, o enfermeiro deve orientar o idoso e a família
quanto à necessidade de realizar mudanças no ambiente doméstico a fim de adequá-lo para
que se torne mais seguro:
a) Pisos – devem ser planos, de material antiderrapante, nivelado e que
proporcione ao idoso segurança ao caminhar;
b) Chão - é importante verificar a presença de tapetes soltos pela casa, fios
atravessados no caminho, brinquedos ou outros objetos espalhados;
c) Mobília – os móveis devem ser colocados em locais que não atrapalhem o
caminho do idoso e as quinas devem ser protegidas. Os armários devem ficar em altura de
fácil acesso para o idoso, para que esse não precise subir em nada para alcançar seu
8
9. interior. A cama deve ter de 45 a 50 cm de altura incluindo o colchão, de modo que a pessoa
sentada na beirada, consiga apoiar os pés no chão, evitando assim tonteiras ao se levantar;
d) Os objetos de uso pessoal do idoso – devem ser colocados em local de fácil
acesso, de modo que o idoso não precise transpor obstáculos para alcançá-los;
e) Calçados e roupas – os calçados devem ser confortáveis e ter solados anti-
derrapantes e sem saltos, pois podem proporcionar o seu desequilíbrio e dificuldade para
deambular. As roupas devem ser confortáveis e não devem ser muito compridas arrastando
ao chão, pois pode tropeçar na barra e se desequilibrar;
f) As escadas e corredores – devem ter corrimãos para que o idoso possa se apoiar
ao deambular. As escadas devem ser revestidas de material antiderrapante e nos
corredores deve ter lâmpada no início e no fim, assim como interruptores luminosos que
facilitem ao idoso a sua localização, já que muitos apresentam redução visual;
g) A iluminação deve ser adequada – os cômodos da casa devem ter uma boa
iluminação, as luzes devem ser claras o suficiente para compensar a limitação da visão e
devem também ser livres de reflexos e brilhos;
h) As cadeiras e outros assentos – devem ter uma altura adequada e equipados
com apoiadores para braços, auxiliando assim na transferência do idoso;
i) No banheiro – as portas devem ser amplas; os pisos devem ser antiderrapantes
mesmo quando úmidos; o vaso sanitário deve ter altura adequada ao idoso e com apoios
laterais; os boxes devem ter barras de apoio para durante o banho o idoso se sentir seguro;
não devem existir soleiras com nível acima do piso para evitar riscos de tropeços;
j) Telefone – telefone e números de auxílio devem estar visíveis para o uso do idoso
em caso de necessidade, se esse tiver autonomia para utilizá-lo;
l) Medicações – as medicações devem ficar em locais de fácil acesso, o idoso deve
ser orientado quanto aos horários e dose corretos.
O enfermeiro, desse modo, deve adotar medidas que atentem às características e
aos fatores de risco, bem como reduzir ao máximo os fatores de risco de quedas do
ambiente de convívio do idoso.
Porém, caso a pessoa sofra um queda, a primeira providência é solicitar ajuda; se
sentir uma dor forte, não deve se mover e se manter numa posição confortável até a
chegada de socorro profissional.
9
10. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio do presente estudo, foi possível identificar que a queda em idosos é
causa freqüente de incapacidade, isolamento social, quadro depressivo, perda de
autonomia, dependência, qualidade de vida prejudicada.
Portanto, é de fundamental importância que o enfermeiro conheça as causas que
levam o idoso a se acidentar, pois comprometido com a promoção da saúde e prevenção de
acidentes, cabe-lhe orientar o idoso e os familiares no que diz respeito à prevenção desse
evento.
Quanto à prevenção, é importante salientar que, é fundamental para todos os
envolvidos – seja o idoso, os familiares, a sociedade e a saúde pública, mas, principalmente,
pretende evitar as graves conseqüências, como a imobilidade. Assim, contribui para a
qualidade de vida dos idosos, além de lhes garantir um processo de envelhecimento ativo.
Conclui-se, então, que a atuação do enfermeiro para a prevenção de quedas de
idosos é de suma importância, visto que esse profissional atua direta e indiretamente com
esses pacientes.
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