O documento apresenta uma introdução à gerontologia, discutindo o processo de envelhecimento, as mudanças físicas associadas à idade e a fragilidade dos idosos. Aborda também as diferenças entre geriatria e gerontologia, sendo a primeira a especialidade médica e a segunda o estudo científico do envelhecimento.
2. “Envelhecer é um processo sequencial,
individual, acumulativo, irreversível,
universal, não patológico, de
deterioração de um organismo maduro,
próprio a todos os membros de uma
espécie de maneira que o tempo o torne
menos capaz de fazer frente ao estresse
do meio-ambiente e portanto aumente
sua possibilidade de morte”.
Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS)
3. O envelhecimento, antes considerado um
fenômeno, hoje, faz parte da realidade
da maioria das sociedades. O mundo
está envelhecendo.
Tanto isso é verdade que estima-se para
o ano de 2050 que existam cerca de dois
bilhões de pessoas com sessenta anos e
mais no mundo, a maioria delas vivendo
em países em desenvolvimento.
4. No Brasil, estima-se que existam, atualmente, cerca de 17,6 milhões de
idosos. O retrato e o crescimento da população idosa brasileira em um
período de 50 anos podem ser observados na figura 1:
O envelhecimento populacional é uma resposta à mudança de alguns indicadores
de saúde, especialmente a queda da fecundidade e da mortalidade e o aumento
da esperança de vida.
5. O envelhecimento pode ser compreendido como um processo natural, de
diminuição progressiva da reserva funcional dos indivíduos – senescência -
o que, em condições normais, não costuma provocar qualquer problema.
No entanto, em condições de sobrecarga como, por exemplo, doenças,
acidentes e estresse emocional, pode ocasionar uma condição patológica
que requeira assistência - senilidade.
Cabe ressaltar que certas alterações decorrentes do processo de
senescência podem ter seus efeitos minimizados pela assimilação de um
estilo de vida mais ativo.
Compreendendo o envelhecimento...
6. Dois grandes erros devem ser continuamente
evitados
O primeiro é considerar que todas
as alterações que ocorrem com a
pessoa idosa sejam decorrentes
de seu envelhecimento natural, o
que pode impedir a detecção
precoce e o tratamento de certas
doenças.
O segundo é tratar o envelhecimento
natural como doença a partir da
realização de exames e tratamentos
desnecessários, originários de sinais
e sintomas que podem ser facilmente
explicados pela senescência.
7. O maior desafio na atenção à pessoa idosa é
conseguir contribuir para que, apesar das
progressivas limitações que possam ocorrer,
elas possam redescobrir possibilidades de viver
sua própria vida com a máxima qualidade
possível.
Essa possibilidade aumenta na medida em que a
sociedade considera o contexto familiar e social e
reconhece as potencialidades e o valor das
pessoas idosas. Portanto, parte das dificuldades
das pessoas idosas está mais relacionada a uma
cultura que as desvaloriza e limita.
8. O grupo das pessoas idosas vêm aumentando proporcionalmente e
de forma muito mais acelerada, constituindo o segmento
populacional que mais cresce nos últimos tempos, 12,8% da
população idosa e 1,1% da população total.
Esta figura mostra a projeção de
crescimento dessa população em um
período de 70 anos, permitindo estimar
o impacto dessas modificações
demográficas e epidemiológicas
9. É nesse contexto que a denominada “avaliação funcional”
torna-se essencial para o estabelecimento de um
diagnóstico, um prognóstico e um julgamento clínico
adequados, que servirão de base para as decisões sobre os
tratamentos e cuidados necessários às pessoas idosas.
A avaliação funcional busca verificar, de forma sistematizada,
em que nível as doenças ou agravos impedem o desempenho,
de forma autônoma e independente, das atividades cotidianas
ou atividades de vida diária (AVD) das pessoas idosas,
permitindo o desenvolvimento de um planejamento assistencial
mais adequado.
A dependência é o maior temor nessa faixa etária e evitá-la ou postergá-la
passa a ser uma função dos profissionais de saúde. O cuidado à pessoa idosa
deve ser um trabalho conjunto entre os profissionais, o idoso e a família.
11. Geriatria
É a especialidade médica que se integra na área da Gerontologia com o
instrumental específico para atender aos objetivos da promoção da saúde, da
prevenção e do tratamento das doenças, da reabilitação funcional e dos
cuidados paliativos.
Abrange desde a promoção de um envelhecer saudável até o tratamento e a
reabilitação do idoso.
Geriatra é o médico que se especializou no cuidado de pessoas idosas: Ramo da
ciência que estuda os aspectos curativos e preventivos da atenção à saúde
do idoso, tendo relação estreita com as disciplinas da área médica.
12. Geriatria
O geriatra é um médico que utiliza uma abordagem ampla para a avaliação clínica,
incluindo aspectos psicossociais, escalas e testes; por isso, a consulta geriátrica é, em geral,
mais demorada.
Além de lidar com doenças como as demências, a hipertensão arterial, o diabetes e a
osteoporose, o geriatra também trata de problemas com múltiplas causas, como tonturas,
incontinência urinária e tendência a quedas. Ele também fornece cuidados paliativos aos
pacientes portadores de doenças sem possibilidade de cura.
Frequentemente, atua em conjunto com equipe multidisciplinar, como na avaliação de
tratamentos adequados e daqueles que trazem riscos e/ou interações indesejadas.
A Medicina Geriátrica é uma ciência que avança a cada dia, propiciando longevidade com
melhor qualidade de vida para a população idosa.
13. Gerontologia
É o estudo do envelhecimento nos aspectos – biológicos, psicológicos, sociais e
outros: ramo da ciência que estuda o processo de envelhecimento e os múltiplos
problemas que envolvem a pessoa idosa.
Os profissionais da Gerontologia têm formação diversificada, interagem entre si e
com os geriatras.
Campo científico e profissional dedicado às questões multidimensionais do
envelhecimento e da velhice, tendo por objetivo a descrição e a explicação do
processo de envelhecimento nos seus mais variados aspectos. É, por esta natureza,
multi e interdisciplinar.
Na área profissional, visa a prevenção e a intervenção para garantir a melhor
qualidade de vida possível dos idosos até o momento final da sua vida.
14. Como atua o especialista em gerontologia?
● Na prevenção: propõe intervenções que se antecipem aos problemas mais comuns
que afetam os idosos e orienta a criação de condições adequadas para um
envelhecimento com qualidade.
● Na ambientação: orienta a criação de condições ambientais para uma vida com
qualidade na velhice, focando os mais variados espaços por onde circulam ou vivem
pessoas idosas.
● Na reabilitação: propõe intervenções quando ocorreram perdas que são
resgatáveis e, quando irreversíveis, orienta a criação de condições individuais e
ambientais para uma vida digna.
● Nos cuidados paliativos: propõe intervenções quando ocorrem doenças
progressivas e irreversíveis, abrangendo aspectos físicos, psíquicos, sociais e
espirituais, com atenção estendida aos familiares, visando o maior bem-estar
possível e a dignidade do idoso até a sua morte.
16. ● Estrutura do SN se modificam;
● Redução das células nervosas geram uma diminuição progressiva na síntese e
no metabolismo dos principais neurotransmissores;
● Condução entre os neurônios de uma forma mais lenta levando uma demora
nas respostas e reações;
● Redução do fluxo sanguíneo acarretando em isquemia cerebral, alterações no
equilíbrio, mobilidade e segurança;
● A dor e a consciência de traumas não são sempre percebidas com a mesma
intensidade. Por causa disso situações graves podem ser ignoradas.
Sistema Nervoso
17. ● Afetam todos os órgãos sensoriais e podem levar ao aborrecimento, confusão,
irritabilidade, desorientação e ansiedade, pois podem impedir a pessoa de
enxergar, de participar de uma conversa ou de perceber o paladar de um
alimento.
● A perda da audição associada à idade é atribuída as alterações do ouvido
interno fazendo com que a pessoa idosa participe menos das conversações,
responda as perguntas de forma imprópria, compreenda erroneamente alguns
diálogos e desta forma evite a interação social. Esse comportamento pode,
muitas vezes, ser interpretado como confusão.
Sistema Sensorial
18. ● As doenças cardiovasculares são as causas mais importantes de morte no
idoso.
● Diminuição da elasticidade do músculo cardíaco ou das válvulas cardíacas.
● Resposta menos eficiente ao estresse.
● Hipertensão Arterial apresenta-se como fator de risco mais grave nos idosos
por ser mais frequente e por levar ao AVC, ou às disfunções cardiovasculares
como arritmias, ICC, arteriosclerose e IAM
Sistema Cardiovascular
19. ● Geram incapacidade e disfunções pulmonares, aumento do diâmetro
torácico antero-posterior, colapso das vértebras por osteoporose,
calcificação das cartilagens costais, mobilidade reduzida das costelas,
músculos respiratórios insuficientes, aumento da rigidez pulmonar e
diminuição da áreas de superfície dos alvéolos.
● Todos esses fatores levam a ineficácia da troca gasosa, capacidade vital
diminuída e maior predisposição às infecções respiratórias.
Sistema Resporatório
20. ● Queixas mais comuns: perdas dos dentes e diminuição do fluxo salivar;
● Peristalse e esvaziamento gástrico diminuídos o que leva a sensação de
queimação e indigestão;
● Redução na absorção de ferro, cálcio e vitamina B12 com o reflexo da
menor secreção de algumas enzimas do processo digestivo;
● Outras queixas: constipação e flatulência devido ao efeito colateral de
alguns medicamentos, inatividade, ingestão hídrica insuficiente e
alimentação pobre em fibras.
Sistema Gastrointestinal
21. ● Diminuição gradual e progressiva da massa óssea principalmente pela
predisposição à osteoporose após a menopausa, pela inatividade, pela ingestão
inadequada de cálcio e à perda de estrogênios.
● Fraturas ocorrem principalmente nas vértebras dorsais, úmero, fêmur e tíbia.
● As alterações osteoporóticas na coluna, a cifose e a flexão dos quadris e joelhos
levam à diminuição da estatura nas idades mais avançadas afetando a
mobilidade e o equilíbrio, além de ter articulações menos flexíveis.
● Os músculos diminuem de tamanho, flexibilidade e resistência (menor atividade).
● Fraqueza das paredes musculares, levando à formação de hérnias ou saída de
órgãos de áreas enfraquecidas das paredes.
● Uma consequência das hérnias é tornar mais difícil a evacuação
Sistema Musculo-Esquelético
22. ● Sem alterações funcionais;
● Existe perda primária de alguns néfrons;
● Ureteres, bexiga e a uretra perdem o tônus muscular;
● Incapacidade de esvaziamento completo da bexiga durante a micção e a
retenção urinária pode predispor à infecções, na mulher ocorre principalmente
pela diminuição do tônus muscular perineal;
● A hiperplasia prostática benigna é comum entre os idosos, o que complica o
problema de retenção urinária.
Sistema Geniturinário
23. ● Perda de gordura e água, causando enrugamento e flacidez;
● Palidez cutânea, pela insuficiência capilar;
● Unhas espessas e quebradiças;
● Regiões com excesso de pigmentação, formando placas elevadas amareladas
ou marrons;
● Aparecimento de lesões ásperas e descamativas, semelhantes à verrugas as
quais podem levar ao câncer;
● Cabelos mais finos, que usualmente ficam descorados;
● Diminuição da secreção sebácea, fazendo com que a pele e os cabelos se
tornem secos;
Sistema Tegumentar
24. ● Sofre mudanças estreitamente ligadas aos níveis hormonais;
● A capacidade de ter intercurso sexual com sucesso e satisfação diminui, mas
ainda está presente;
● É necessária alguma acomodação (ajuste) para a resposta de ereção mais
lenta;
● Há adelgaçamento dos tecidos vaginais e menos lubrificação;
● Com assistência adequada, as respostas sexuais podem continuar.
Sistema Reprodutor
26. O envelhecimento está intimamente associado ao processo
de fragilização.
Contudo, a idade, por si só, é um preditor de fragilidade inadequado, uma
vez que o processo de envelhecimento segue padrão heterogêneo. A idade
cronológica é apenas uma aproximação precária da idade biológica.
Assim, a heterogeneidade entre os indivíduos idosos é marcante e progressiva ao
longo do processo de envelhecimento.
Com isso, conhecer apenas a idade dos indivíduos e o número de doenças
crônicas não agrega possibilidades de maior compreensão da situação de saúde e
capacidade do indivíduo idoso.
Dessa forma, saúde no idoso pode ser compreendida como a capacidade
individual de satisfação das necessidades biopsicossociais,
independentemente da idade ou da presença de doenças.
27. O termo fragilidade é comumente utilizado para representar o grau de
vulnerabilidade do idoso a desfechos adversos, como declínio funcional,
quedas, internação hospitalar, institucionalização e óbito.
Moraes et al., em estudo recente,
consideram como fragilidade
multidimensional a “redução da
reserva homeostática ou da
capacidade de adaptação às
agressões biopsicossociais e,
consequentemente, aumento da
vulnerabilidade ao declínio
funcional e suas consequências”.
28. A funcionalidade global do idoso
A funcionalidade global é um conceito abrangente que compreende a
capacidade de o indivíduo gerir a própria vida e cuidar de si mesmo.
Trata-se da base do conceito de saúde do idoso e é ancorada aos principais
sistemas funcionais de cognição, comunicação, humor e mobilidade.
Principais fatores associados ao declínio da capacidade funcional:
• não ser alfabetizado;
• ter maior idade (acima de 70 anos);
• possuir doenças crônicas;
• déficit cognitivo;
• não ter suporte social.
Fatores multidimensionais relacionada com a funcionalidade.
29. A funcionalidade global do idoso
O idoso é considerado saudável quando é capaz de funcionar sozinho, de forma
independente e autônoma, mesmo que tenha doenças.
Desta forma, resgata-se o conceito de saúde estabelecido pela Organização
Mundial de Saúde como sendo o mais completo bem-estar biopsicossocial-
cultural-espiritual, e não simplesmente a ausência de doenças.
Essa capacidade de funcionar sozinho é avaliada por meio da análise das
atividades de vida diária (AVDs), que são tarefas do cotidiano realizadas
pelo paciente. As AVDs avaliam o grau de autonomia e independência do
indivíduo.
30. Autonomia x Independência
A autonomia é a capacidade individual de decisão e comando sobre as suas
ações, estabelecendo e seguindo as próprias regras.
Significa capacidade para decidir e depende diretamente da cognição e do humor.
A independência refere-se à capacidade de realizar algo com os próprios meios.
Significa execução e depende diretamente de mobilidade e comunicação.
Portanto, a saúde do idoso é determinada pelo funcionamento harmonioso de
quatro domínios funcionais: cognição, humor, mobilidade e comunicação. Tais
domínios devem ser rotineiramente avaliados
31. A cognição é a capacidade mental de compreender e resolver os problemas do
cotidiano.
É constituída por:
• Funções corticais, formadas pela memória (capacidade de armazenamento de
informações);
• Função executiva (capacidade de planejamento, antecipação, sequenciamento
e monitoramento de tarefas complexas);
• Linguagem (capacidade de compreensão e expressão da linguagem oral e
escrita);
• Praxia (capacidade de executar um ato motor);
• Gnosia (capacidade de reconhecimento de estímulos visuais, auditivos e
táteis);
• Função visuoespacial (capacidade de localização no espaço e percepção das
relações dos objetos entre si).
A Cognição
32. A cognição é a capacidade mental de compreender e resolver os problemas do
cotidiano.
É constituída por:
• Funções corticais, formadas pela memória (capacidade de armazenamento de
informações);
• Função executiva (capacidade de planejamento, antecipação, sequenciamento
e monitoramento de tarefas complexas);
• Linguagem (capacidade de compreensão e expressão da linguagem oral e
escrita);
• Praxia (capacidade de executar um ato motor);
• Gnosia (capacidade de reconhecimento de estímulos visuais, auditivos e
táteis);
• Função visuoespacial (capacidade de localização no espaço e percepção das
relações dos objetos entre si).
A Cognição
33. O humor é a motivação necessária para os processos mentais.
A mobilidade é a capacidade de deslocamento do indivíduo. Depende da
postura/marcha, da capacidade aeróbica e da continência esfincteriana. E,
finalmente.
O humor, a mobilidade e a comunicação
A comunicação é a capacidade de
estabelecer relacionamento produtivo com
o meio (habilidade de se comunicar).
Depende de visão, audição e fala.
34. A perda dessas funções resulta nas grandes síndromes geriátricas:
incapacidade cognitiva, instabilidade postural, imobilidade, incontinência
urinária e incapacidade comunicativa.
O desconhecimento das particularidades do processo de envelhecimento pode
gerar intervenções capazes de piorar o estado de saúde da pessoa idosa - a
iatrogenia, que representa todo o malefício causado pelos profissionais da área
de saúde.
Cognição, humor, mobilidade e comunicação
IATROGENIA: qualquer alteração patogênica provocada pela prática médica.
É fundamental evitar iatrogenia em idosos devido à sua natural vulnerabilidade
mais acentuada às reações adversas associadas às drogas, às intervenções
não-medicamentosas, decorrentes da senescência, do risco de polipatogenia e
de polifarmácia, além de incapacidades.
36. A incontinência urinária (IU) é definida como a queixa de qualquer perda
involuntária de urina e sua prevalência aumenta com a idade.
A IU pode ser:
1. de estresse: caracterizada pela perda involuntária de urina sincrônica
ao esforço, espirro ou tosse.
2. de urgência: caracterizada pela perda involuntária de urina, associada
ou imediatamente precedida de urgência miccional. Há, em geral, queixa associada
de polaciúria e noctúria.
3. mista: caracterizada pela perda involuntária de urina concomitante à
urgência miccional e ao esforço;
4. por transbordamento (bexiga hiperativa): caracterizada pelo
gotejamento e/ou perda contínua de urina associados ao esvaziamento vesical
incompleto, devido à contração deficiente do detrusor.
Incontinência urinária
37. A mobilidade é uma das principais funções corporais e o seu comprometimento,
além de afetar diretamente a independência do indivíduo, pode acarretar
consequências gravíssimas, principalmente nos idosos.
A instabilidade postural, por exemplo, leva o idoso à queda, o que representa um
dos maiores temores em geriatria.
É fundamental conhecer as condições que a predispuseram, como ocorreu, quais os
sinais e sintomas que a antecederam, a existência de comorbidades, se o idoso
conseguiu se levantar sozinho e se houve fraturas.
Instabilidade Postural
As quedas constituem a sexta causa mortis de idosos e
são responsáveis por 40% das suas internações.
38. As quedas provocam, em 40 a 60% das vezes, algum tipo de lesão, sendo de 30 a
50% relacionadas com escoriações e contusões menores, 5 a 6% com hematoma
subdural e contusões maiores e aproximadamente 5% dos casos com fraturas.
A fratura de fêmur destaca-se pela elevada morbimortalidade entre os idosos,
ocorrendo em 1% dos casos.
A complicação mais frequente da queda é o medo de cair novamente, o que,
muitas vezes, impede o idoso de deambular normalmente, deixando-o restrito ao
leito ou à cadeira, aumentando o seu descondicionamento físico.
Instabilidade Postural
A responsabilização pelas quedas nos idosos decorre,
especialmente, da falta de condições clínicas ou de
ambiente inseguro.
39. O conceito de imobilidade é variável, associando-se intrinsecamente ao movimento
ou deslocamento no espaço, possibilitando a independência do indivíduo. Por
imobilidade entende-se qualquer limitação do movimento.
Representa causa importante de comprometimento da qualidade de vida. O
espectro de gravidade é variável e, frequentemente, progressivo.
Imobilidade
As principais consequências da
imobilidade podem afetar o sistema
cardiovascular, respiratório, digestório,
entre outros.
40. Designa o comprometimento das funções encefálicas superiores capaz de
prejudicar a funcionalidade da pessoa.
As alterações nas funções superiores que não apresentam prejuízo na
funcionalidade do paciente não podem ser classificadas como incapacidade
cognitiva. Essas alterações constituem o transtorno cognitivo leve.
Para o estabelecimento do diagnóstico de incapacidade cognitiva. é fundamental a
constatação do prejuízo na funcionalidade do indivíduo ou perda de AVDs.
Incapacidade cognitiva
41. A incapacidade cognitiva é a Síndrome mais conhecida da geriatria e o motivo
mais comum de encaminhamento à especialidade. Configura a perda de funções
superiores do encéfalo (memória, função executiva, linguagem, função
visuoespacial, gnosia e apraxia).
As principais etiologias da incapacidade cognitiva são: demência,
depressão, delirium e doenças mentais, como esquizofrenia.
O diagnóstico etiológico nem sempre é fácil, já que as causas de incapacidade
podem coexistir no mesmo paciente. O delirium (estado confusional agudo)
também pode simular ou associar-se à demência ou depressão.
O diagnóstico é realizado através da aplicação de escalas.
Incapacidade cognitiva
42. A comunicação é a atividade primordial do ser humano. A possibilidade de
estabelecer relacionamento produtivo com o meio, trocar informações, manifestar
desejos, ideias, sentimentos está intimamente relacionada à habilidade de se
comunicar. É a partir dela que o indivíduo compreende e expressa seu mundo.
Problemas de comunicação podem resultar em perda de independência e
sentimento de desconexão com o mundo, sendo um dos mais frustrantes aspectos
dos problemas causados pela idade.
A incapacidade comunicativa pode ser considerada importante causa de perda ou
restrição da participação social (funcionalidade), comprometendo a capacidade de
execução das decisões tomadas, afetando diretamente a independência do
indivíduo.
Incapacidade comunicativa
43. A dimensão sociofamiliar é fundamental na avaliação multidimensional do idoso. A família
constitui-se na principal instituição cuidadora dos idosos frágeis, devendo ser privilegiada
nessa sua função.
A transição demográfica, entretanto, atinge diretamente essa "entidade", reduzindo
drasticamente a sua capacidade de prestar apoio a seus membros idosos. O número de filhos
está cada vez menor e as demandas familiares são crescentes, limitando a disponibilidade
dos pais de cuidarem de seus filhos quanto dos filhos de cuidarem de seus pais.
Essas mudanças sociodemográficas e culturais têm repercussões importantes na capacidade
de acolhimento às pessoas com incapacidades, que historicamente dependiam de apoio e
cuidado familiar. A própria modificação nas dimensões das habitações limita as
possibilidades de cuidado adequado às pessoas com grandes síndromes geriátricas, como a
incapacidade cognitiva, instabilidade postural, imobilidade e incontinência esfincteriana.
Essa fragilização do suporte familiar deu origem a outra grande síndrome geriátrica, a
insuficiência familiar, cuja abordagem é extremamente complexa.
Insuficiência Familiar
44.
45. Referências
Moraes EN, Marino MCA, Santos RR. Principais síndromes geriátricas. Rev Med Minas Gerais 2010;
20(1): 54-66
Pereira EEB, Souza ABF de, Carneiro SR, Sarges E do SNF. Funcionalidade global de idosos
hospitalizados. Rev bras geriatr gerontol [Internet]. 2014Jan;17(Rev. bras. geriatr. gerontol., 2014
17(1)).
Moraes EN de, Carmo JA do, Moraes FL de, Azevedo RS, Machado CJ, Montilla DER. Clinical-Functional
Vulnerability Index-20 (IVCF-20): rapid recognition of frail older adults. Rev Saúde Pública [Internet].
2016;50
Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia – SBGG - https://www.sbgg-sp.com.br/
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica.
Envelhecimento e saúde da pessoa idosa / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde,
Departamento de Atenção Básica – Brasília : Ministério da Saúde, 2006. 192 p. il. – (Série A. Normas e
Manuais Técnicos) (Cadernos de Atenção Básica, n. 19)