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ENCONTRO REDE DANÇA 09 – conclusões


"eu não saberia explicar às pessoas coisas perante as quais eu próprio fico perplexo e que
aprecio precisamente porque me deixam perplexo"
    Gil Mendo, no âmbito do diálogo desenvolvido no Painel 1 – A conquista de públicos para a
                                                                      dança contemporânea


A REDE é uma organização supra-associativa que representa os interesses da comunidade da
dança contemporânea portuguesa. Fundada em 2003, integra actualmente 23 estruturas
profissionais independentes, sediadas em diferentes zonas do país, que desenvolvem trabalho
em formação, criação, programação e residências artísticas.
Neste momento prossegue a sua actuação enquanto associação para a promoção da dança
contemporânea e reflexão sobre as suas políticas e práticas culturais. Desde o seu início a
REDE tem sido a expressão viva da mobilização deste sector em Portugal, com capacidade de
dinamizar uma reflexão alargada sobre os problemas desta área e suficientemente
representativa para ser reconhecida pelo governo como um interlocutor.
Nos dias 29 e 30 de Abril a Rede promoveu o Encontro Rede Dança 09, reunindo diferentes
entidades que trabalham para a promoção da Dança Contemporânea. Durante estes dois dias
artistas, agentes culturais e decisores políticos reuniram-se à volta de quatro painéis que
considerámos essenciais para traçar um panorama da realidade e das condições de circulação
da dança contemporânea a nível nacional, assim como a possibilidade de melhoria das suas
condições e incremento. Falámos de Conquista de públicos, de Estratégias Artísticas e sua
Adaptação aos Diferentes Contextos de Apresentação, dos Programadores Nacionais e seu
Papel na Difusão da Dança Contemporânea e do Papel do Estado e Autarquias na Criação de
Condições para a Circulação e Implantação da Dança.

O documento que agora apresentamos resume as reflexões, assim como as conclusões a que
chegámos neste encontro. A Rede pretende assim propôr medidas concretas para melhorar a
difusão nacional da dança contemporânea mas também a sua promoção e desenvolvimento
regional e local.
Chegámos à conclusão de que quando falamos nos problemas ou contextos em que se insere
a dança contemporânea, podemos falar de todas as artes contemporâneas e que, acima de
tudo, as assimetrias existentes entre grandes centros urbanos e os de pequena ou média
dimensão se relaciona com a menor exposição que nestes casos existe a este tipo de arte.

A coisa “esquisita”

Ao longo dos dois dias de trabalho ressaltou em todos os painéis a dificuldade que existe, por
parte de um público mais abrangente e mesmo por parte de alguns autarcas em entender e
definir a dança contemporânea. O adjectivo “esquisito” surge como a forma de definir esta
arte o que pode apontar para a eventual dificuldade na difusão/implantação da dança
contemporânea no território nacional.
Infere-se, desta classificação, a existência de alguns preconceitos à volta da dança
contemporânea. Como aproximar o público e por vezes também programadores de algo que
acham “esquisito” e, portanto, indecifrável?

A educação artística torna-se, portanto, um dos factores importantes a defender. No entanto,
quando falamos em educação artística, não falamos somente em programas de sensibilização
de crianças e jovens, mas antes de todo um programa de sensibilização e aproximação aos
vários e potenciais públicos: tanto os futuros como os actuais. Falou-se na necessidade de
mudar a percepção existente sobre a dança contemporânea. Se, por um lado, prevalece
ainda a ideia de que nos espectáculos de dança as pessoas dançam, o que provoca
decepções no público quando não vêem ninguém dançar, no outro extremo deparamo-nos com
o preconceito de que a dança contemporânea é indecifrável, o que faz com que as pessoas
prefiram não assistir a estes espectáculos. Esta é uma atitude a mudar.
No fundo, é necessário quebrar preconceitos e contribuir para a educação da percepção
sobre o que é actualmente a dança contemporânea.
A relação entre artista e programador foi outro dos factores mencionados como central para
a difusão e desenvolvimento da dança contemporânea a nível nacional. Muitos dos artistas
nacionais não conseguem estabelecer contactos pessoais com as pessoas que programam os
teatros municipais e, por outro lado, estes programadores também não conhecem os artistas e
portanto não estabelecem diálogos com eles. Esta falta de comunicação deve ser quebrada e
isto só é possível se existir uma preocupação e um desejo para um conhecimento mútuo que
permita um trabalho em estreita colaboração, possibilitando o desenvolvimento de criações de
acordo com contextos específicos ou trabalhando juntos na contextualização necessária à
compreensão da obra artística.

A criação de contextos é, pois, um dos pontos fulcrais para desfazer os preconceitos à volta
da percepção do “esquisito” que é a criação contemporânea. Para que isto aconteça, é
necessário que o artista consiga dialogar com o programador num mesmo nível de
entendimento. O programador é, tal como o artista, um prestador de serviço público e tem
que se consciencializar do seu papel enquanto tal. No entanto, a profissão de programador é
muito recente na realidade portuguesa. Neste momento, a existência de um circuito nacional de
cine-teatros torna necessário repensar este perfil e exigir a sua qualificação. Por outro lado,
estes equipamentos, na sua maior parte propriedade das autarquias, não estão dissociados do
poder político, encontrando-se dependentes de programas políticos e eleitorais, o que muitas
vezes dificulta o desenvolvimento de um projecto artístico coerente.

Cada teatro ou equipamento cultural autárquico tem o seu próprio contexto, diferente de região
para região, mas julgamos ser necessária a existência de independência face ao poder
autárquico tanto na definição do que é a missão destes equipamentos culturais em geral como
na definição do projecto artístico de cada um deles em particular.

Estas medidas deverão ser regulamentadas pelo Estado, de acordo com as linhas
orientadoras gerais de serviço público.

Se queremos um país moderno, desenvolvido, contemporâneo e criativo, não nos podemos
conformar com as lacunas existentes na educação e formação da sociedade portuguesa. A
arte contemporânea não pode ser só uma realidade dos grandes centros urbanos e não nos
devemos desculpabilizar com essa ideia para criar entraves à entrada de todo o país na
contemporaneidade.


Face a estas constatações, deixamos algumas recomendações
que permitam atingir resultados para uma melhoria da
realidade nacional

Face às carências regionais e locais, propomos:
1. Mapeamento nacional das estruturas e artistas que trabalham em dança e artes
   performativas contemporâneas. Este estudo deve ser feito em conjunto entre Ministério da
   Cultura/DGA, Direcções Regionais da Cultura e Autarquias, com recurso ao conhecimento
   dos artistas e estruturas artísticas existentes em cada região. O objectivo é o de conhecer
   para identificar problemas e prioridades de intervenção. Muito do trabalho que se faz
   localmente depende de vontades individuais que se podem perder ao longo do tempo se
   não forem apoiadas e incentivadas.

2. Mapeamento de bons exemplos de desenvolvimento local da dança contemporânea.
   Levantamento das circunstâncias que fazem com que estes bons exemplos funcionem: por
   parte dos artistas e das entidades que promovem o seu desenvolvimento. Existem vários
   bons exemplos que podem ser facilmente seguidos.

3. Desenvolvimento de encontros regionais de reflexão à volta da dança e outras artes
   contemporâneas com os vários agentes culturais de cada região, juntando artistas,
   programadores e decisores políticos por regiões, de forma a pensar sobre os problemas
existentes e propôr soluções que ajudem ao desenvolvimento regional e à criação de
    sinergias positivas.


Face às falhas de percepção por parte dos públicos, propomos:

A Longo prazo.
1. alterar os currículos artísticos das áreas vocacionais do ensino secundário: neste
   momento, a consciencialização do corpo é limitada à aprendizagem de dança aeróbica,
   danças de salão e afins. A dança contemporânea deve também fazer parte destes
   currículos.

2. Inserir a dança contemporânea nos currículos dos conservatórios regionais. Se a família é
   o grande impulsionador da educação, os espectáculos de final de curso do conservatório
   são grandes aglutinadores de público familiar. Abrir cursos de dança contemporânea nos
   conservatórios, aumentando as opções de educação em dança, permite igualmente
   desfazer preconceitos sobre esta arte considerada indecifrável e aumentar as
   possibilidades de um desenvolvimento verdadeiramente local da dança contemporânea,
   através dos seus futuros criadores e praticantes.


A Médio prazo.
1. construção de Kits de “aprenda você mesmo” sobre dança contemporânea que podem
   circular como aulas sobre a história da dança até à dança contemporânea actual, incluindo
   informação sobre coreógrafos nacionais e também estrangeiros. Estes Kits podem ser
   feitos com recurso ao know-how existente na Rede e deverão ser financiados pelo
   Ministério da Educação para estarem acessíveis em todas as escolas secundárias.
   Também neste caso, existem bons exemplos, com um cunho autoral, que permitem abrir
   horizontes e tornar mais acessível a percepção sobre dança contemporânea.

2. Na lógica de mercado em que vivemos, a cultura torna-se cada vez menos uma prioridade
   e, portanto, cada vez menos divulgada. A dificuldade de conquista de públicos relaciona-se
   directamente com o pouco espaço dado pelos media nacionais à dança contemporânea,
   assim como de outras artes performativas. Este é um problema que se tem agudizado e
   que, como tal, tem que ser reparado. O Estado, enquanto detentor de meios de
   comunicação social com grande impacto na sociedade como a televisão e a rádio, deve
   voltar a ser veículo de formação e informação em torno da arte e da cultura
   contemporâneas, nomeadamente voltando a investir na programação de jornais diários
   com conteúdos culturais, o que significa investir, precisamente, na difusão das artes.

3. Os teatros municipais deveriam contemplar no seu orçamento anual estudos de público, de
   forma a entender onde estão e que tipo de hábitos têm.

A Curto prazo.
1. O Governo Central, em conjunto com os Governos locais, deve desenvolver campanhas de
   sensibilização sobre as artes performativas junto dos media. A inserção de suplementos
   em jornais nacionais subordinados às diferentes áreas artísticas subsidiadas pelo
   Ministério da Cultura pode ser uma forma de criar visibilidade para todos, artistas,
   Ministério da Cultura e autarquias.

2. Os teatros/espaços de acolhimento e artistas devem servir de mediadores entre a obra e o
   público. Nenhum destes agentes se pode desresponsabilizar pela difusão das obras
   artísticas, assim, as ligações junto do público final devem ser feitas em conjunto, através de
   estratégias concertadas entre estes dois agentes. Ao acolher/programar uma peça, os
   teatros devem pensar com o artista qual a melhor forma de a divulgar e o artista ao vender
   a sua obra, deve ter um papel activo na sugestão de medidas que possam potenciar
   público.

3. Na apresentação de espectáculos em centros urbanos de média dimensão, deverá existir a
   tentativa de se programar o mesmo espectáculo pelo menos dois dias seguidos. Isto
permite criar o efeito boca a orelha e dar a possibilidade de criação de público num espaço
   e conhecimento da obra programada.

4. Os teatros e artistas devem apostar nas novas plataformas de comunicação (internet)
   como estratégias de comunicação.

5. O desenvolvimento de programações mais arriscadas de dança contemporânea deve ser
   feita através da definição de contextos que permitam ao público entender o que podem
   esperar dos espectáculos que vão ver.

Face à falta da figura do programador, da inexistência de projectos artísticos e da
dependência dos teatros municipais relativamente ao poder autárquico, propomos:

1. Independência de conteúdos e autonomia de gestão dos teatros e centros culturais
   municipais. Deve existir a preocupação em desenvolver projectos de programação com
   coerência, de forma a que o público tenha a capacidade de percepção da sua missão e
   objectivos. O Estado deve regulamentar, juntamente com as autarquias, a autonomia dos
   equipamentos culturais e seus projectos artísticos face ao poder autárquico. Existem
   alguns bons exemplos de funcionamento de teatros municipais, com independência face ao
   poder autárquico, que devem ser seguidos enquanto bons exemplos.

2. Os teatros municipais devem ter como missão a promoção da cultura na região e a
   conquista de públicos para as artes. Como tal, devem servir um projecto de
   desenvolvimento local, de forma a que seja possível obter resultados que só poderão ser
   visíveis a longo prazo, sem dependência de ciclos eleitorais.

3. Nomeação por concurso público dos directores e programadores dos teatros e centros
   culturais municipais. Estas candidaturas devem ser públicas, promovidas pelas autarquias
   e avaliadas de acordo com um perfil adequado para a sua função e com um projecto
   artístico a desenvolver que seja o de serviço público. A definição deste perfil deve ser
   regulamentado em conjunto entre o Estado e as autarquias, tal como se define o perfil do
   director artístico dos teatros nacionais. Este perfil deve passar por algumas directrizes
   essenciais que vão desde a contextualização do desenvolvimento local até ao
   conhecimento nacional e internacional da criação artística. A abertura de concursos
   públicos para o cargo de programador ou director artístico dos teatros municipais deve ser
   feita mediante a apresentação de um projecto artístico directamente relacionado com o
   caderno de encargos existente para o espaço e subjugado ao princípio de serviço público
   que devem ter estes equipamentos culturais.

4. O caderno de encargos de um teatro deve contemplar não só o orçamento artístico mas
   também o orçamento de funcionamento, nomeadamente, orçamento para recursos
   humanos, para comunicação (conquista de públicos e mediação) e orçamento de
   prospecção.

5. A equipa de recursos humanos dos equipamentos culturais deve ser constituída por um
   mínimo necessário de pessoas que permita, por um lado, o funcionamento do espaço em si
   e, por outro lado, o desenvolvimento do projecto artístico, o que significa que também esta
   equipa deve ser contratada mediante definição de perfis, através de candidaturas e
   selecção transparente. Qualquer transferência de recursos humanos de outros
   departamentos autárquicos para estes espaços deve servir os objectivos e missão
   definidos para esse equipamento.

6. Alguns teatros municipais têm à sua frente directores artísticos e programadores
   qualificados, no entanto, a maior parte não se coaduna com o perfil que acima se apontou.
   Não querendo colocar de lado a possibilidade dos actuais responsáveis pela programação
   destes espaços poderem passar a assumir o papel de programador e/ou director artístico,
   deverá ser promovida uma formação para programadores que permita fazer face às
   lacunas de entendimento de uma profissão que é muito recente. Em Portugal existem
   alguns programadores capazes de transmitir o seu know-how e, como tal, podem ser
   convidados a desenvolver um programa de formação nessa área. Esta formação pode ser
desenvolvida pelo IEFP ou INA, acrescentados por um ano de trabalho no terreno e da
   construção de projectos artísticos adequados aos respectivos equipamentos.

7. Só mediante a existência de profissionais qualificados nestes equipamentos culturais será
   possível estabelecer um entendimento mútuo entre artista e programador e desenvolver
   um projecto artístico com qualidade e adequação aos contextos.

A Curto prazo
1. Deve-se protocolar a residência de artistas e companhias de dança e outras áreas
   performativas em teatros, para que aqueles os ‘ocupem’ durante um período de criação,
   oferecendo espaço de estreia, em troca acções de sensibilização de públicos, mas também
   como uma forma de abrir o diálogo entre artistas e programadores e de fomento de uma
   cultura de dança contemporânea local.

2. O facto de muitos programadores não terem conhecimento do que se passa a nível
   nacional e de as autarquias não terem dinheiro para ter vários programadores pode ser
   ultrapassado pela contratação, através de redes de teatros, de consultores para várias
   áreas artísticas que tenham em consideração os diferentes contextos locais.


Face à falta de financiamentos das programações de equipamentos culturais municipais,
propomos:
1. A criação de linhas de financiamento estatais para espaços de               programação
   autárquicos/teatros municipais, através de fundos como o QREN. Estas linhas de
   financiamento devem ser abertas com a antecedência necessária para a correcta
   construção de um projecto artístico em rede e financiadas plurianualmente. Deve incluir
   como critérios de elegibilidade a existência da figura do programador ou director artístico
   de acordo com o perfil acima estipulado e um projecto artístico bem definido e autónomo
   dos poderes políticos locais. Estas linhas de financiamento devem permitir a inclusão de
   outros agentes culturais como artistas e outros, de forma a permitir a existência de
   conteúdos que possam servir a todos.

2. Incluir a Cultura nas linhas de financiamento do Fundo Social Municipal.

A Curto prazo
1. O Estado e as autarquias devem facilitar o encontro entre os equipamentos culturais e
   potenciais mecenas locais. Os investimentos privados locais são possíveis e funcionam. É
   preciso que exista vontade local para que se desenvolva uma estratégia de mecenato
   adequada às realidades locais.

2. As Direcções Regionais de Cultura devem ter um papel mais visível e ser facilitadores de
   processos de angariação de financiamentos de fundos, através da formação sobre linhas
   de financiamento e centralização de informação sobre várias possibilidades de
   financiamento.


Face à falta de dinamismo do Ministério da Cultura para a criação e desenvolvimento de
políticas culturais para a circulação e desenvolvimento local da dança, propomos:
1. Voltar a pensar no Teatro Camões ou num outro espaço compatível como uma Casa da
    Dança, aberta a vários estilos de dança e a vários criadores mas aumentando a sua
    capacidade para outras vertentes de actividade, como sejam a investigação, reflexão, co-
    produção, programação, formação e dinâmicas de relação com a comunidade.

2. Convencionar a obrigatoriedade de           programação    de   espectáculos    de   dança
   contemporânea nos teatros nacionais.

3. Alterar a regulamentação que define o perfil dos directores dos teatros nacionais, de forma
   a permitir que coreógrafos possam assumir a direcção artística dos mesmos.
4. Dar mais voz à Dgartes e capacitar esta Direcção Geral de uma maior autonomia na
   definição de linhas de orientação para o desenvolvimento das artes performativas e
   capacitá-la da informação necessária para responder a todas as dúvidas e questões dos
   agentes independentes no terreno. O Território Artes não pode ser a única ferramenta e
   estratégia de aproximação às autarquias. Pela sua natureza, este programa incide
   essencialmente numa estratégia de sedução de compra de espectáculos. Deverão ser
   pensados outros mecanismos que permitam criar terreno de desenvolvimento local que
   não seja puramente baseado em apoios financeiros e essas estratégias serão mais
   facilmente desenvolvidas se existir coordenação igualmente com as Delegações Regionais
   do Ministério da Cultura.

5. Criação de um portal de documentação, que permita o acesso e troca de informação
   fundamental para a difusão e fomento da dança e artes performativas contemporâneas,
   reunindo listagens de espaços de programação com pequenas explicações sobre as suas
   linhas de programação e informação sobre todos os artistas e suas linhas de criação.

6. Criar formas de acesso a prospecção, quer pelo financiamento a deslocações de
   programadores nacionais, quer pela criação de plataformas de dança ou apoio a
   programas mais arriscados, seguindo exemplos internacionais com efeitos positivos, como
   é o caso da ONDA, em França.

7. Incrementar os recursos das Direcções Regionais de Cultura, dando-lhes a autonomia
   financeira para o desenvolvimento regional e criando uma rede efectiva de informação
   entre todas, formatando as suas formas de actuação para a criação de uma identidade e
   objectivos reconhecíveis pela população portuguesa, responsabilizando-as igualmente pelo
   desenvolvimento cultural e de massa crítica de cada região.

A rede congratula-se com todas as propostas surgidas durante este encontro e enquanto
associação que reúne não só artistas mas também programadores, espaços de acolhimento e
de formação de dança contemporânea e outras artes performativas contemporâneas, coloca-se
desde já à disposição de todos os agentes no terreno para o estudo e desenvolvimento das
propostas colocadas em cima da mesa. Julgamos que só através de diálogo e trabalho
conjunto entre todos os interessados conseguiremos actuar de forma positiva e construir um
terreno propício a mudanças consequentes.
A todos, mais uma vez, o nosso muito obrigado!

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Conclusoes finalencontrorededanca09 V

  • 1. ENCONTRO REDE DANÇA 09 – conclusões "eu não saberia explicar às pessoas coisas perante as quais eu próprio fico perplexo e que aprecio precisamente porque me deixam perplexo" Gil Mendo, no âmbito do diálogo desenvolvido no Painel 1 – A conquista de públicos para a dança contemporânea A REDE é uma organização supra-associativa que representa os interesses da comunidade da dança contemporânea portuguesa. Fundada em 2003, integra actualmente 23 estruturas profissionais independentes, sediadas em diferentes zonas do país, que desenvolvem trabalho em formação, criação, programação e residências artísticas. Neste momento prossegue a sua actuação enquanto associação para a promoção da dança contemporânea e reflexão sobre as suas políticas e práticas culturais. Desde o seu início a REDE tem sido a expressão viva da mobilização deste sector em Portugal, com capacidade de dinamizar uma reflexão alargada sobre os problemas desta área e suficientemente representativa para ser reconhecida pelo governo como um interlocutor. Nos dias 29 e 30 de Abril a Rede promoveu o Encontro Rede Dança 09, reunindo diferentes entidades que trabalham para a promoção da Dança Contemporânea. Durante estes dois dias artistas, agentes culturais e decisores políticos reuniram-se à volta de quatro painéis que considerámos essenciais para traçar um panorama da realidade e das condições de circulação da dança contemporânea a nível nacional, assim como a possibilidade de melhoria das suas condições e incremento. Falámos de Conquista de públicos, de Estratégias Artísticas e sua Adaptação aos Diferentes Contextos de Apresentação, dos Programadores Nacionais e seu Papel na Difusão da Dança Contemporânea e do Papel do Estado e Autarquias na Criação de Condições para a Circulação e Implantação da Dança. O documento que agora apresentamos resume as reflexões, assim como as conclusões a que chegámos neste encontro. A Rede pretende assim propôr medidas concretas para melhorar a difusão nacional da dança contemporânea mas também a sua promoção e desenvolvimento regional e local. Chegámos à conclusão de que quando falamos nos problemas ou contextos em que se insere a dança contemporânea, podemos falar de todas as artes contemporâneas e que, acima de tudo, as assimetrias existentes entre grandes centros urbanos e os de pequena ou média dimensão se relaciona com a menor exposição que nestes casos existe a este tipo de arte. A coisa “esquisita” Ao longo dos dois dias de trabalho ressaltou em todos os painéis a dificuldade que existe, por parte de um público mais abrangente e mesmo por parte de alguns autarcas em entender e definir a dança contemporânea. O adjectivo “esquisito” surge como a forma de definir esta arte o que pode apontar para a eventual dificuldade na difusão/implantação da dança contemporânea no território nacional. Infere-se, desta classificação, a existência de alguns preconceitos à volta da dança contemporânea. Como aproximar o público e por vezes também programadores de algo que acham “esquisito” e, portanto, indecifrável? A educação artística torna-se, portanto, um dos factores importantes a defender. No entanto, quando falamos em educação artística, não falamos somente em programas de sensibilização de crianças e jovens, mas antes de todo um programa de sensibilização e aproximação aos vários e potenciais públicos: tanto os futuros como os actuais. Falou-se na necessidade de mudar a percepção existente sobre a dança contemporânea. Se, por um lado, prevalece ainda a ideia de que nos espectáculos de dança as pessoas dançam, o que provoca decepções no público quando não vêem ninguém dançar, no outro extremo deparamo-nos com o preconceito de que a dança contemporânea é indecifrável, o que faz com que as pessoas prefiram não assistir a estes espectáculos. Esta é uma atitude a mudar. No fundo, é necessário quebrar preconceitos e contribuir para a educação da percepção sobre o que é actualmente a dança contemporânea.
  • 2. A relação entre artista e programador foi outro dos factores mencionados como central para a difusão e desenvolvimento da dança contemporânea a nível nacional. Muitos dos artistas nacionais não conseguem estabelecer contactos pessoais com as pessoas que programam os teatros municipais e, por outro lado, estes programadores também não conhecem os artistas e portanto não estabelecem diálogos com eles. Esta falta de comunicação deve ser quebrada e isto só é possível se existir uma preocupação e um desejo para um conhecimento mútuo que permita um trabalho em estreita colaboração, possibilitando o desenvolvimento de criações de acordo com contextos específicos ou trabalhando juntos na contextualização necessária à compreensão da obra artística. A criação de contextos é, pois, um dos pontos fulcrais para desfazer os preconceitos à volta da percepção do “esquisito” que é a criação contemporânea. Para que isto aconteça, é necessário que o artista consiga dialogar com o programador num mesmo nível de entendimento. O programador é, tal como o artista, um prestador de serviço público e tem que se consciencializar do seu papel enquanto tal. No entanto, a profissão de programador é muito recente na realidade portuguesa. Neste momento, a existência de um circuito nacional de cine-teatros torna necessário repensar este perfil e exigir a sua qualificação. Por outro lado, estes equipamentos, na sua maior parte propriedade das autarquias, não estão dissociados do poder político, encontrando-se dependentes de programas políticos e eleitorais, o que muitas vezes dificulta o desenvolvimento de um projecto artístico coerente. Cada teatro ou equipamento cultural autárquico tem o seu próprio contexto, diferente de região para região, mas julgamos ser necessária a existência de independência face ao poder autárquico tanto na definição do que é a missão destes equipamentos culturais em geral como na definição do projecto artístico de cada um deles em particular. Estas medidas deverão ser regulamentadas pelo Estado, de acordo com as linhas orientadoras gerais de serviço público. Se queremos um país moderno, desenvolvido, contemporâneo e criativo, não nos podemos conformar com as lacunas existentes na educação e formação da sociedade portuguesa. A arte contemporânea não pode ser só uma realidade dos grandes centros urbanos e não nos devemos desculpabilizar com essa ideia para criar entraves à entrada de todo o país na contemporaneidade. Face a estas constatações, deixamos algumas recomendações que permitam atingir resultados para uma melhoria da realidade nacional Face às carências regionais e locais, propomos: 1. Mapeamento nacional das estruturas e artistas que trabalham em dança e artes performativas contemporâneas. Este estudo deve ser feito em conjunto entre Ministério da Cultura/DGA, Direcções Regionais da Cultura e Autarquias, com recurso ao conhecimento dos artistas e estruturas artísticas existentes em cada região. O objectivo é o de conhecer para identificar problemas e prioridades de intervenção. Muito do trabalho que se faz localmente depende de vontades individuais que se podem perder ao longo do tempo se não forem apoiadas e incentivadas. 2. Mapeamento de bons exemplos de desenvolvimento local da dança contemporânea. Levantamento das circunstâncias que fazem com que estes bons exemplos funcionem: por parte dos artistas e das entidades que promovem o seu desenvolvimento. Existem vários bons exemplos que podem ser facilmente seguidos. 3. Desenvolvimento de encontros regionais de reflexão à volta da dança e outras artes contemporâneas com os vários agentes culturais de cada região, juntando artistas, programadores e decisores políticos por regiões, de forma a pensar sobre os problemas
  • 3. existentes e propôr soluções que ajudem ao desenvolvimento regional e à criação de sinergias positivas. Face às falhas de percepção por parte dos públicos, propomos: A Longo prazo. 1. alterar os currículos artísticos das áreas vocacionais do ensino secundário: neste momento, a consciencialização do corpo é limitada à aprendizagem de dança aeróbica, danças de salão e afins. A dança contemporânea deve também fazer parte destes currículos. 2. Inserir a dança contemporânea nos currículos dos conservatórios regionais. Se a família é o grande impulsionador da educação, os espectáculos de final de curso do conservatório são grandes aglutinadores de público familiar. Abrir cursos de dança contemporânea nos conservatórios, aumentando as opções de educação em dança, permite igualmente desfazer preconceitos sobre esta arte considerada indecifrável e aumentar as possibilidades de um desenvolvimento verdadeiramente local da dança contemporânea, através dos seus futuros criadores e praticantes. A Médio prazo. 1. construção de Kits de “aprenda você mesmo” sobre dança contemporânea que podem circular como aulas sobre a história da dança até à dança contemporânea actual, incluindo informação sobre coreógrafos nacionais e também estrangeiros. Estes Kits podem ser feitos com recurso ao know-how existente na Rede e deverão ser financiados pelo Ministério da Educação para estarem acessíveis em todas as escolas secundárias. Também neste caso, existem bons exemplos, com um cunho autoral, que permitem abrir horizontes e tornar mais acessível a percepção sobre dança contemporânea. 2. Na lógica de mercado em que vivemos, a cultura torna-se cada vez menos uma prioridade e, portanto, cada vez menos divulgada. A dificuldade de conquista de públicos relaciona-se directamente com o pouco espaço dado pelos media nacionais à dança contemporânea, assim como de outras artes performativas. Este é um problema que se tem agudizado e que, como tal, tem que ser reparado. O Estado, enquanto detentor de meios de comunicação social com grande impacto na sociedade como a televisão e a rádio, deve voltar a ser veículo de formação e informação em torno da arte e da cultura contemporâneas, nomeadamente voltando a investir na programação de jornais diários com conteúdos culturais, o que significa investir, precisamente, na difusão das artes. 3. Os teatros municipais deveriam contemplar no seu orçamento anual estudos de público, de forma a entender onde estão e que tipo de hábitos têm. A Curto prazo. 1. O Governo Central, em conjunto com os Governos locais, deve desenvolver campanhas de sensibilização sobre as artes performativas junto dos media. A inserção de suplementos em jornais nacionais subordinados às diferentes áreas artísticas subsidiadas pelo Ministério da Cultura pode ser uma forma de criar visibilidade para todos, artistas, Ministério da Cultura e autarquias. 2. Os teatros/espaços de acolhimento e artistas devem servir de mediadores entre a obra e o público. Nenhum destes agentes se pode desresponsabilizar pela difusão das obras artísticas, assim, as ligações junto do público final devem ser feitas em conjunto, através de estratégias concertadas entre estes dois agentes. Ao acolher/programar uma peça, os teatros devem pensar com o artista qual a melhor forma de a divulgar e o artista ao vender a sua obra, deve ter um papel activo na sugestão de medidas que possam potenciar público. 3. Na apresentação de espectáculos em centros urbanos de média dimensão, deverá existir a tentativa de se programar o mesmo espectáculo pelo menos dois dias seguidos. Isto
  • 4. permite criar o efeito boca a orelha e dar a possibilidade de criação de público num espaço e conhecimento da obra programada. 4. Os teatros e artistas devem apostar nas novas plataformas de comunicação (internet) como estratégias de comunicação. 5. O desenvolvimento de programações mais arriscadas de dança contemporânea deve ser feita através da definição de contextos que permitam ao público entender o que podem esperar dos espectáculos que vão ver. Face à falta da figura do programador, da inexistência de projectos artísticos e da dependência dos teatros municipais relativamente ao poder autárquico, propomos: 1. Independência de conteúdos e autonomia de gestão dos teatros e centros culturais municipais. Deve existir a preocupação em desenvolver projectos de programação com coerência, de forma a que o público tenha a capacidade de percepção da sua missão e objectivos. O Estado deve regulamentar, juntamente com as autarquias, a autonomia dos equipamentos culturais e seus projectos artísticos face ao poder autárquico. Existem alguns bons exemplos de funcionamento de teatros municipais, com independência face ao poder autárquico, que devem ser seguidos enquanto bons exemplos. 2. Os teatros municipais devem ter como missão a promoção da cultura na região e a conquista de públicos para as artes. Como tal, devem servir um projecto de desenvolvimento local, de forma a que seja possível obter resultados que só poderão ser visíveis a longo prazo, sem dependência de ciclos eleitorais. 3. Nomeação por concurso público dos directores e programadores dos teatros e centros culturais municipais. Estas candidaturas devem ser públicas, promovidas pelas autarquias e avaliadas de acordo com um perfil adequado para a sua função e com um projecto artístico a desenvolver que seja o de serviço público. A definição deste perfil deve ser regulamentado em conjunto entre o Estado e as autarquias, tal como se define o perfil do director artístico dos teatros nacionais. Este perfil deve passar por algumas directrizes essenciais que vão desde a contextualização do desenvolvimento local até ao conhecimento nacional e internacional da criação artística. A abertura de concursos públicos para o cargo de programador ou director artístico dos teatros municipais deve ser feita mediante a apresentação de um projecto artístico directamente relacionado com o caderno de encargos existente para o espaço e subjugado ao princípio de serviço público que devem ter estes equipamentos culturais. 4. O caderno de encargos de um teatro deve contemplar não só o orçamento artístico mas também o orçamento de funcionamento, nomeadamente, orçamento para recursos humanos, para comunicação (conquista de públicos e mediação) e orçamento de prospecção. 5. A equipa de recursos humanos dos equipamentos culturais deve ser constituída por um mínimo necessário de pessoas que permita, por um lado, o funcionamento do espaço em si e, por outro lado, o desenvolvimento do projecto artístico, o que significa que também esta equipa deve ser contratada mediante definição de perfis, através de candidaturas e selecção transparente. Qualquer transferência de recursos humanos de outros departamentos autárquicos para estes espaços deve servir os objectivos e missão definidos para esse equipamento. 6. Alguns teatros municipais têm à sua frente directores artísticos e programadores qualificados, no entanto, a maior parte não se coaduna com o perfil que acima se apontou. Não querendo colocar de lado a possibilidade dos actuais responsáveis pela programação destes espaços poderem passar a assumir o papel de programador e/ou director artístico, deverá ser promovida uma formação para programadores que permita fazer face às lacunas de entendimento de uma profissão que é muito recente. Em Portugal existem alguns programadores capazes de transmitir o seu know-how e, como tal, podem ser convidados a desenvolver um programa de formação nessa área. Esta formação pode ser
  • 5. desenvolvida pelo IEFP ou INA, acrescentados por um ano de trabalho no terreno e da construção de projectos artísticos adequados aos respectivos equipamentos. 7. Só mediante a existência de profissionais qualificados nestes equipamentos culturais será possível estabelecer um entendimento mútuo entre artista e programador e desenvolver um projecto artístico com qualidade e adequação aos contextos. A Curto prazo 1. Deve-se protocolar a residência de artistas e companhias de dança e outras áreas performativas em teatros, para que aqueles os ‘ocupem’ durante um período de criação, oferecendo espaço de estreia, em troca acções de sensibilização de públicos, mas também como uma forma de abrir o diálogo entre artistas e programadores e de fomento de uma cultura de dança contemporânea local. 2. O facto de muitos programadores não terem conhecimento do que se passa a nível nacional e de as autarquias não terem dinheiro para ter vários programadores pode ser ultrapassado pela contratação, através de redes de teatros, de consultores para várias áreas artísticas que tenham em consideração os diferentes contextos locais. Face à falta de financiamentos das programações de equipamentos culturais municipais, propomos: 1. A criação de linhas de financiamento estatais para espaços de programação autárquicos/teatros municipais, através de fundos como o QREN. Estas linhas de financiamento devem ser abertas com a antecedência necessária para a correcta construção de um projecto artístico em rede e financiadas plurianualmente. Deve incluir como critérios de elegibilidade a existência da figura do programador ou director artístico de acordo com o perfil acima estipulado e um projecto artístico bem definido e autónomo dos poderes políticos locais. Estas linhas de financiamento devem permitir a inclusão de outros agentes culturais como artistas e outros, de forma a permitir a existência de conteúdos que possam servir a todos. 2. Incluir a Cultura nas linhas de financiamento do Fundo Social Municipal. A Curto prazo 1. O Estado e as autarquias devem facilitar o encontro entre os equipamentos culturais e potenciais mecenas locais. Os investimentos privados locais são possíveis e funcionam. É preciso que exista vontade local para que se desenvolva uma estratégia de mecenato adequada às realidades locais. 2. As Direcções Regionais de Cultura devem ter um papel mais visível e ser facilitadores de processos de angariação de financiamentos de fundos, através da formação sobre linhas de financiamento e centralização de informação sobre várias possibilidades de financiamento. Face à falta de dinamismo do Ministério da Cultura para a criação e desenvolvimento de políticas culturais para a circulação e desenvolvimento local da dança, propomos: 1. Voltar a pensar no Teatro Camões ou num outro espaço compatível como uma Casa da Dança, aberta a vários estilos de dança e a vários criadores mas aumentando a sua capacidade para outras vertentes de actividade, como sejam a investigação, reflexão, co- produção, programação, formação e dinâmicas de relação com a comunidade. 2. Convencionar a obrigatoriedade de programação de espectáculos de dança contemporânea nos teatros nacionais. 3. Alterar a regulamentação que define o perfil dos directores dos teatros nacionais, de forma a permitir que coreógrafos possam assumir a direcção artística dos mesmos.
  • 6. 4. Dar mais voz à Dgartes e capacitar esta Direcção Geral de uma maior autonomia na definição de linhas de orientação para o desenvolvimento das artes performativas e capacitá-la da informação necessária para responder a todas as dúvidas e questões dos agentes independentes no terreno. O Território Artes não pode ser a única ferramenta e estratégia de aproximação às autarquias. Pela sua natureza, este programa incide essencialmente numa estratégia de sedução de compra de espectáculos. Deverão ser pensados outros mecanismos que permitam criar terreno de desenvolvimento local que não seja puramente baseado em apoios financeiros e essas estratégias serão mais facilmente desenvolvidas se existir coordenação igualmente com as Delegações Regionais do Ministério da Cultura. 5. Criação de um portal de documentação, que permita o acesso e troca de informação fundamental para a difusão e fomento da dança e artes performativas contemporâneas, reunindo listagens de espaços de programação com pequenas explicações sobre as suas linhas de programação e informação sobre todos os artistas e suas linhas de criação. 6. Criar formas de acesso a prospecção, quer pelo financiamento a deslocações de programadores nacionais, quer pela criação de plataformas de dança ou apoio a programas mais arriscados, seguindo exemplos internacionais com efeitos positivos, como é o caso da ONDA, em França. 7. Incrementar os recursos das Direcções Regionais de Cultura, dando-lhes a autonomia financeira para o desenvolvimento regional e criando uma rede efectiva de informação entre todas, formatando as suas formas de actuação para a criação de uma identidade e objectivos reconhecíveis pela população portuguesa, responsabilizando-as igualmente pelo desenvolvimento cultural e de massa crítica de cada região. A rede congratula-se com todas as propostas surgidas durante este encontro e enquanto associação que reúne não só artistas mas também programadores, espaços de acolhimento e de formação de dança contemporânea e outras artes performativas contemporâneas, coloca-se desde já à disposição de todos os agentes no terreno para o estudo e desenvolvimento das propostas colocadas em cima da mesa. Julgamos que só através de diálogo e trabalho conjunto entre todos os interessados conseguiremos actuar de forma positiva e construir um terreno propício a mudanças consequentes. A todos, mais uma vez, o nosso muito obrigado!