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Políticas de Juventude
Tema: Cultura


       A cultura tende, cada vez mais, a desempenhar um papel de extrema importância no
que diz respeito ao processo educativo e ao desenvolvimento das sociedades. Desta forma,
optamos por desenvolver um conjunto de propostas, que consideramos fundamentais e que
vão de encontro às necessidades do concelho.
       Sendo a cultura um conceito vasto e complexo, referimo-la neste documento como
sinónimo de actividade cultural. A cultura e o património cultural de uma dada região são
testemunhos vivos de uma identidade que se constrói ao longo dos tempos, fazendo assim
parte da memória colectiva das populações. Nunca podemos planear o futuro sem ter em
conta o passado, pois é no presente que fazemos o elo de ligação entre este dois espaços
temporais. Cultura é qualidade de vida e intrínseca à condição humana, faz parte de nós e é
de todos nós.
       O bem-estar dos jovens maiatos é, para a Juventude Socialista, uma efectiva
prioridade. Desta forma, conceitos como a educação pela arte, transposição didáctica e
educação no espaço não formal são fundamentais e deverão ser considerados aquando da
implementação de políticas culturais. Os museus, as galerias, as bibliotecas, bem como outros
equipamentos utilizados para servirem e divulgarem actividades de índole cultural, devem
contribuir para o aumento do conhecimento dos jovens, transportando-os para outro mundo
através de uma abordagem apropriada que melhor se adeqúe às suas necessidades. Para que
isso aconteça, estas instituições devem estar directamente ligadas às escolas, trabalhando
com elas e conhecendo os currículos de ensino propostos pelo Ministério da Educação. Sem o
conhecimento profundo das temáticas leccionadas, torna-se difícil chegar aos objectivos
essenciais destas instituições culturais que, para além de outros, devem transmitir
conhecimentos, educar pela arte e apostar numa educação patrimonial.
       É esta a grande função de complemento de ensino, que não pode ser esquecida tanto
pelos agentes culturais, como por quem está à frente deste tipo de instituições.
       Sensibilizar, mobilizar, divulgar, animar e viabilizar. Não é por acaso que utilizamos
estes verbos que nos remetem para a acção. Consideramo-los, ainda, como vectores
elementares e orientadores para a actual vereação. Mas antes de se aplicarem medidas
práticas e concretas, há todo um trabalho de bastidores que deve ser feito. Referimo-nos, em
primeiro lugar, à inventariação de todo o património cultural do concelho. Este trabalho
deve, obviamente, ser feito em consonância com as Juntas de Freguesia, de modo a que cada
uma se responsabilize pelo levantamento do património, quer material ou imaterial, quer
móvel ou imóvel. Não basta apenas identificá-lo, mas sobretudo conhecê-lo através de um
levantamento pormenorizado e completo, recorrendo a um registo fotográfico e a um
conhecimento histórico e científico de cada bem patrimonial. Aliado a este trabalho está a
formação profissional, uma área aparentemente esquecida pelo actual executivo camarário. É
importante, por isso, a existência de pessoas certas com formação adequada à frente do
sector da cultura, pessoas capazes de desenvolver e colocar em prática uma verdadeira
política cultural adequada e perspectivada no local exacto da implementação dessas mesmas
políticas.
        Para fazer chegar a todos o trinómio património-arte-cultura, que consideramos um
bem comum essencial e uma meta para o desenvolvimento da sociedade a diversos níveis,
muito trabalho há pela frente. A autarquia, e mais concretamente o pelouro dirigido a esta
temática, deverá começar por sensibilizar toda a comunidade educativa, através de acções de
animação cultural realizadas nos próprios equipamentos culturais do concelho. Falamos do
Fórum da Maia, do Museu de História e Etnografia da Terra da Maia, da Biblioteca Municipal e
de tantos outros espaços dependentes da autarquia.
        As iniciativas culturais levadas a cabo pelo pelouro, todos os anos, como o Festival de
Teatro Cómico, Festival de Música da Maia, World Press Photo, entre outras, são de facto
importantes, mas consideramos que actualmente já não são suficientes. Se há alguns anos
atrás o Fórum da Maia era visto como um dos melhores espaços culturais públicos da Área
Metropolitana do Porto (AMP), a verdade é que hoje tem vindo a perder competitividade. É
preciso inovar, pensar em novas formas de tornar o fórum um espaço cultural por excelência
que acompanhe a evolução da sociedade e que melhor responda às necessidades dos
munícipes. Por isso, é prioritária a existência de uma programação cultural consistente e
cíclica que procure, essencialmente, satisfazer as necessidades dos jovens maiatos. Dadas as
características dos espaços do Fórum, a existência de actividades semanais relacionadas com
as diferentes áreas artísticas deveria ser uma constante. Apostas como o convite de artistas
do concelho e associações culturais para fazer parte de uma programação séria, seria vista
com bons olhos no sentido de fazer chegar a cultura a todos, evitando o elitismo comum
quando se fala no acesso à cultura. Para além disto, é importante dinamizar as exposições
temporárias acolhidas. Não basta a existência de painéis expositivos à base de textos,
imagens e objectos, mas sobretudo mobilizar toda a comunidade escolar, apostando em
actividades educativas – visitas guiadas, oficinas temáticas, recriações – de modo a animar o
património e dinamizar uma exposição que está estanque no espaço e no tempo.
        O Fórum Jovem da Maia é outro espaço estagnado com carências a nível de animação
cultural. Deveria ser detentor de uma programação cultural que melhor respondesse às
necessidades dos jovens maiatos, com mais actividades promovidas por eles próprios, como
concertos de bandas do concelho e outras actividades divulgadas nas escolas e noutros
espaços, que pudessem incentivar a criação e a fruição artística.
         Outro aspecto que merece objecto de estudo neste documento é, sem sombra de
dúvida, o nosso museu municipal. Quantos maiatos o conhecem? É neste museu, de extrema
importância, que se encontram objectos e monumentos, modos de vida, hábitos, usos e
costumes associados à nossa região que em tempos era um vasto território demarcado entre o
Ave e o Douro. Qual a razão para o marasmo existente neste espaço, mesmo sendo de entrada
gratuita? Apontamos a acessibilidade, a divulgação e a dinamização como causadores deste
facto. Mais uma vez, vemos como essencial a existência de um Serviço Educativo dinâmico
que trabalhe junto às escolas e para o público em geral, adoptando políticas adequadas ao
público-alvo que se pretende atingir. Chamamos, mais uma vez, a atenção para a existência
de uma programação cultural fixa - oficinas temáticas, maletas pedagógicas, palestras sobre a
história local - que se concretize e que não fique somente no papel.
         A divulgação dos eventos culturais da cidade é para nós outra lacuna. Há uns anos
atrás, estas informações, chegavam-nos através da Agenda Cultural que, apesar de distribuída
tardiamente, informava os cidadãos das iniciativas do concelho. Hoje, a programação cultural
da cidade aparece na Agenda da AMP em locais de distribuição restritos. Se defendemos a
democratização da cultura, deve de haver um esforço para que estas informações cheguem a
todos.
         Segundo o Conselho Internacional de Museus (ICOM), “Museu é uma instituição
permanente sem fins lucrativos, a serviço da sociedade e do seu desenvolvimento, aberto ao
público, que adquire, conserva, pesquisa, e exibe para finalidades de estudo, de educação, e
de apreciação, (…)”. Partindo desta definição, como é possível existir na Maia um “Museu
Rural” como está referido no site do Turismo da Maia? Este espaço expõe objectos que
integram uma colecção particular e que, dadas as suas características, não responde à
definição acima transcrita, logo não deve ser designado de museu.
         O argumento, tantas vezes usado, de que as restrições orçamentais impedem um
maior grau de acção pode e deve ser desmistificado. Este argumento só pode ser visto como
falta de originalidade e no seguimento de uma atitude comodista. Cada vez mais se fala em
mecenato cultural, patrocínios, financiamentos, apoios, etc., já para não falar de programas
financeiros que centralizam a sua acção no apoio à cultura. Cada vez mais as empresas
associam-se estrategicamente a eventos culturais, devendo, por isso, existir uma ligação
estreita entre o Pelouro da Cultura e essas entidades.
         Para além disto, o património cultural pode ainda ser visto como motor de
desenvolvimento sustentável, através do turismo cultural considerado, por muitos, um factor
de competitividade por excelência. O concelho da Maia tem efectivamente condições para
apostar no turismo cultural, tendo em conta os recursos patrimoniais de inigualável valor
espalhados pelo nosso concelho. A nossa ruralidade pode ser vista como factor chave para a
criação de autênticos espaços de turismo rural, cada vez mais procurados pelos turistas.
       A Maia já não é uma referência, no que às políticas culturais diz respeito, pelo que é
clara uma necessidade emergente de apoiar, realizar e promover actividades culturais,
incentivando e sensibilizando os jovens a fazerem parte delas.

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  • 1. Políticas de Juventude Tema: Cultura A cultura tende, cada vez mais, a desempenhar um papel de extrema importância no que diz respeito ao processo educativo e ao desenvolvimento das sociedades. Desta forma, optamos por desenvolver um conjunto de propostas, que consideramos fundamentais e que vão de encontro às necessidades do concelho. Sendo a cultura um conceito vasto e complexo, referimo-la neste documento como sinónimo de actividade cultural. A cultura e o património cultural de uma dada região são testemunhos vivos de uma identidade que se constrói ao longo dos tempos, fazendo assim parte da memória colectiva das populações. Nunca podemos planear o futuro sem ter em conta o passado, pois é no presente que fazemos o elo de ligação entre este dois espaços temporais. Cultura é qualidade de vida e intrínseca à condição humana, faz parte de nós e é de todos nós. O bem-estar dos jovens maiatos é, para a Juventude Socialista, uma efectiva prioridade. Desta forma, conceitos como a educação pela arte, transposição didáctica e educação no espaço não formal são fundamentais e deverão ser considerados aquando da implementação de políticas culturais. Os museus, as galerias, as bibliotecas, bem como outros equipamentos utilizados para servirem e divulgarem actividades de índole cultural, devem contribuir para o aumento do conhecimento dos jovens, transportando-os para outro mundo através de uma abordagem apropriada que melhor se adeqúe às suas necessidades. Para que isso aconteça, estas instituições devem estar directamente ligadas às escolas, trabalhando com elas e conhecendo os currículos de ensino propostos pelo Ministério da Educação. Sem o conhecimento profundo das temáticas leccionadas, torna-se difícil chegar aos objectivos essenciais destas instituições culturais que, para além de outros, devem transmitir conhecimentos, educar pela arte e apostar numa educação patrimonial. É esta a grande função de complemento de ensino, que não pode ser esquecida tanto pelos agentes culturais, como por quem está à frente deste tipo de instituições. Sensibilizar, mobilizar, divulgar, animar e viabilizar. Não é por acaso que utilizamos estes verbos que nos remetem para a acção. Consideramo-los, ainda, como vectores elementares e orientadores para a actual vereação. Mas antes de se aplicarem medidas práticas e concretas, há todo um trabalho de bastidores que deve ser feito. Referimo-nos, em primeiro lugar, à inventariação de todo o património cultural do concelho. Este trabalho deve, obviamente, ser feito em consonância com as Juntas de Freguesia, de modo a que cada uma se responsabilize pelo levantamento do património, quer material ou imaterial, quer
  • 2. móvel ou imóvel. Não basta apenas identificá-lo, mas sobretudo conhecê-lo através de um levantamento pormenorizado e completo, recorrendo a um registo fotográfico e a um conhecimento histórico e científico de cada bem patrimonial. Aliado a este trabalho está a formação profissional, uma área aparentemente esquecida pelo actual executivo camarário. É importante, por isso, a existência de pessoas certas com formação adequada à frente do sector da cultura, pessoas capazes de desenvolver e colocar em prática uma verdadeira política cultural adequada e perspectivada no local exacto da implementação dessas mesmas políticas. Para fazer chegar a todos o trinómio património-arte-cultura, que consideramos um bem comum essencial e uma meta para o desenvolvimento da sociedade a diversos níveis, muito trabalho há pela frente. A autarquia, e mais concretamente o pelouro dirigido a esta temática, deverá começar por sensibilizar toda a comunidade educativa, através de acções de animação cultural realizadas nos próprios equipamentos culturais do concelho. Falamos do Fórum da Maia, do Museu de História e Etnografia da Terra da Maia, da Biblioteca Municipal e de tantos outros espaços dependentes da autarquia. As iniciativas culturais levadas a cabo pelo pelouro, todos os anos, como o Festival de Teatro Cómico, Festival de Música da Maia, World Press Photo, entre outras, são de facto importantes, mas consideramos que actualmente já não são suficientes. Se há alguns anos atrás o Fórum da Maia era visto como um dos melhores espaços culturais públicos da Área Metropolitana do Porto (AMP), a verdade é que hoje tem vindo a perder competitividade. É preciso inovar, pensar em novas formas de tornar o fórum um espaço cultural por excelência que acompanhe a evolução da sociedade e que melhor responda às necessidades dos munícipes. Por isso, é prioritária a existência de uma programação cultural consistente e cíclica que procure, essencialmente, satisfazer as necessidades dos jovens maiatos. Dadas as características dos espaços do Fórum, a existência de actividades semanais relacionadas com as diferentes áreas artísticas deveria ser uma constante. Apostas como o convite de artistas do concelho e associações culturais para fazer parte de uma programação séria, seria vista com bons olhos no sentido de fazer chegar a cultura a todos, evitando o elitismo comum quando se fala no acesso à cultura. Para além disto, é importante dinamizar as exposições temporárias acolhidas. Não basta a existência de painéis expositivos à base de textos, imagens e objectos, mas sobretudo mobilizar toda a comunidade escolar, apostando em actividades educativas – visitas guiadas, oficinas temáticas, recriações – de modo a animar o património e dinamizar uma exposição que está estanque no espaço e no tempo. O Fórum Jovem da Maia é outro espaço estagnado com carências a nível de animação cultural. Deveria ser detentor de uma programação cultural que melhor respondesse às necessidades dos jovens maiatos, com mais actividades promovidas por eles próprios, como
  • 3. concertos de bandas do concelho e outras actividades divulgadas nas escolas e noutros espaços, que pudessem incentivar a criação e a fruição artística. Outro aspecto que merece objecto de estudo neste documento é, sem sombra de dúvida, o nosso museu municipal. Quantos maiatos o conhecem? É neste museu, de extrema importância, que se encontram objectos e monumentos, modos de vida, hábitos, usos e costumes associados à nossa região que em tempos era um vasto território demarcado entre o Ave e o Douro. Qual a razão para o marasmo existente neste espaço, mesmo sendo de entrada gratuita? Apontamos a acessibilidade, a divulgação e a dinamização como causadores deste facto. Mais uma vez, vemos como essencial a existência de um Serviço Educativo dinâmico que trabalhe junto às escolas e para o público em geral, adoptando políticas adequadas ao público-alvo que se pretende atingir. Chamamos, mais uma vez, a atenção para a existência de uma programação cultural fixa - oficinas temáticas, maletas pedagógicas, palestras sobre a história local - que se concretize e que não fique somente no papel. A divulgação dos eventos culturais da cidade é para nós outra lacuna. Há uns anos atrás, estas informações, chegavam-nos através da Agenda Cultural que, apesar de distribuída tardiamente, informava os cidadãos das iniciativas do concelho. Hoje, a programação cultural da cidade aparece na Agenda da AMP em locais de distribuição restritos. Se defendemos a democratização da cultura, deve de haver um esforço para que estas informações cheguem a todos. Segundo o Conselho Internacional de Museus (ICOM), “Museu é uma instituição permanente sem fins lucrativos, a serviço da sociedade e do seu desenvolvimento, aberto ao público, que adquire, conserva, pesquisa, e exibe para finalidades de estudo, de educação, e de apreciação, (…)”. Partindo desta definição, como é possível existir na Maia um “Museu Rural” como está referido no site do Turismo da Maia? Este espaço expõe objectos que integram uma colecção particular e que, dadas as suas características, não responde à definição acima transcrita, logo não deve ser designado de museu. O argumento, tantas vezes usado, de que as restrições orçamentais impedem um maior grau de acção pode e deve ser desmistificado. Este argumento só pode ser visto como falta de originalidade e no seguimento de uma atitude comodista. Cada vez mais se fala em mecenato cultural, patrocínios, financiamentos, apoios, etc., já para não falar de programas financeiros que centralizam a sua acção no apoio à cultura. Cada vez mais as empresas associam-se estrategicamente a eventos culturais, devendo, por isso, existir uma ligação estreita entre o Pelouro da Cultura e essas entidades. Para além disto, o património cultural pode ainda ser visto como motor de desenvolvimento sustentável, através do turismo cultural considerado, por muitos, um factor de competitividade por excelência. O concelho da Maia tem efectivamente condições para apostar no turismo cultural, tendo em conta os recursos patrimoniais de inigualável valor
  • 4. espalhados pelo nosso concelho. A nossa ruralidade pode ser vista como factor chave para a criação de autênticos espaços de turismo rural, cada vez mais procurados pelos turistas. A Maia já não é uma referência, no que às políticas culturais diz respeito, pelo que é clara uma necessidade emergente de apoiar, realizar e promover actividades culturais, incentivando e sensibilizando os jovens a fazerem parte delas.