1. 29ª LIÇÃO – INJUSTIÇA!?
Mc 6.14-29
INTRODUÇÃO: No estudo anterior, vimos que assim como JC foi rejeitado, seus
discípulos haviam sido desenganados quanto ao que os esperava. Com isso, concluímos
que não devemos desanimar na nossa caminha com Cristo, nem no desempenho do
nosso ministério (sim, todos temos um ministério!).
Na presente seção vamos ver como JC era enxergado por alguns e encerraremos
falando sobre os detalhes da morte do maior missionário que já existiu (Mt 11.11).
DESENVOLVIMENTO:
a) V. 14-16 – JC seguia seu ministério e chamava a atenção das
autoridades.
A falta de consenso sobre a pessoa de JC era devida a incredulidade
quanto a sua mensagem. Se as pessoas cressem no que Ele pregava,
não ficariam cogitando ser ele a ressurreição de Elias, João Batista ou
apenas mais um profeta.
Pensavam que era Elias porque havia uma profecia do retorno deste
profeta (Ml 4.5) antes da vinda do Messias. Tal profecia se cumpriu na
pessoa de João Batista que veio na força e no poder de Elias (Lc 1.17).
Pensavam que era um profeta porque viam atos miraculosos de sua
parte; no entanto, como antes visto, tais atos se prestavam a provar que
JC é o filho de Deus, o sacrifício necessário para a completa expiação
dos pecados (Jo 1.29; Hb 9.13 e 14; Ap 1.5).
Por fim, pensavam ser João Batista, e esse era o pensamento de
Herodes, devido ao respeito que o povo (e Herodes, v.20) tinha pela
pregação de JOÃO BATISTA.
A bem da verdade é que muitas das vezes nós não sabemos quem JC é.
Quando tememos tanto a ponto de querermos desistir diante de uma
dificuldade, ou quando não enxergamos um fim diante de uma doença,
estamos a duvidar da pessoa que o nosso Deus é. Crisóstomo,
Arcebispo da igreja primitiva (séc. IV), quando interrogado por alguns
dos seus discipulandos se continuaria a pregar o evangelho mesmo
após seu longo período na prisão, disse que não haveria como ser
penalizado pelas autoridades: a) o cárcere não cercearia sua verdadeira
2. liberdade obtida em Cristo Jesus (Gl 5.1a) , b) a extradição não seria
capaz de lhe retirar de sua terra, pois toda a terra pertence ao seu Pai
(Sl 24.1), c) quanto a morte...... ele não cria que seus opositores lhe
prestariam este favor (Fp 1.21)
Qual é mesmo o seu problema?
b) V.17 e 18 – Aqui vemos a razão da inimizade existente entre Herodes,
Herodias e João Batista.
Como ministro do Senhor, João Batista denunciava os erros
existentes. Sua mensagem principal era o arrependimento (Mc
1.4) quanto aos pecados, mensagem, aliás, bastante atual, por ser
a mensagem central do evangelho (Mc 6.12).
No caso em tela, João Batista acusava Herodes e Herodias de
estarem em adultério, uma vez que Filipe, irmão de Herodes,
ainda era vivo e enquanto vivo fosse Herodes não poderia casar
com sua cunhada (Lv 18.16, 20.21). Interessante que, se Filipe
fosse morto e não tivesse descendentes, a Lei judaica dizia que
Herodes deveria casar-se com Herodias para suscitar
descendentes a Filipe (Lei do Levirato, Dt 25.5); não sendo este o
caso, Herodes e Herodias estavam numa situação de conflito com
a Lei dos Judeus.
Com isso, vemos a coragem de João Batista em denunciar o erro
do governante, coragem esta que deve estar presente em todo o
cristão; aqui reside a função profética da atualidade.
Quando falamos em função profética, por óbvio não estamos
dizendo que é lícito ao cristão fazer profecias novas, como novas
revelações pessoais de Deus a pessoas. Devemos lembrar, como
já dito em estudos anteriores, que o cânon está fechado (Ap
22.18) e na Bíblia Sagrada temos a total revelação de Deus aos
homens, que se consumou na pessoa de JC (Hb 1.1 e 2).
No entanto, a função profética de denunciar os erros encontrados
(pecado, injustiça social, etc) continua existindo e cabe a igreja de
JC este papel.
3. Infelizmente temos observado o inverso: ao invés de
denunciarmos o erro, temos nos amoldado aos modismos e com
isso manchamos nossa forma cristã de viver (Rm 12.1 e 2).
c) V. 19 a 29 – Aqui vemos o fim do ministério de João Batista,
ministério este imprescindível e de grande valor; tão valoroso que foi
narrado pelos quatro evangelistas.
Em meio ao ódio (v.19), adultério (v.18), vulgaridade (v. 22), mentira
(v. 22 e 23, Herodes era um subalterno de Cesar, imperador de Roma,
logo não poderia oferecer a metade do que não era seu) e homicídio
(v.27), o que vemos é a morte de um homem temente ao Senhor que
não descurou do seu ministério.
A primeira vista, parece que estamos diante de uma grande injustiça e
que João Batista não merecia o fim que teve.
No entanto, no Reino de Deus tais valores são inversos: são felizes os
que sofrem por causa do Reino (Mt 5.10-12).
Outros casos de “injustiça” podem ser visto na Bíblia; é o caso de
Estevão (At 7.59), Antipas (Ap 2.13) e tantos outros que não são
nominados (Hb 11.35b-37)
João Batista havia cumprido seu ministério, não seria justo que
recebesse o seu galardão?
Olhando por essa ótica e rememorando os dizeres de Crisóstomo,
Herodes lhe prestou um favor, afinal, este mundo não era digno dele
(Hb 11.38a).
CONCLUSÃO: A morte não pode ser vista pelo Cristão como o fim. Pelo contrário,
devemos vê-la como um reinício para uma vida diferente... e bem melhor.
Aquilo que aparentemente se mostra como injustiça, no Reino de Deus deve ser
enxergado como uma oportunidade de exortação, seja denunciando o erro, seja doando a
outra face.
4. Sempre que formos “injustiçados”, devemos olhar com olhos de pecadores
redimidos que buscam agradar a JC em todas as situações, rememorando as palavras do
Ap. Paulo sobre seguirmos o exemplo de humilhação de Cristo Jesus (Fp 2.5-8). Afinal,
assim como JC, nós não pertencemos a este mundo (Jo 15.19).
Alguém do grupo já passou por uma situação em que se sentiu injustiçado?
Procure, quando a experiência for compartilhada, encontrar oportunidades
em que a pessoa poderia exercitar o cristianismo através da exortação
profética (condenando o erro tendo como parâmetro a Bíblia) ou
demonstrando amor doando a outra face através, p.e., do silêncio.