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1. Nossa escola é ultrapassada?
Oazinguito Ferreira da Silveira Filho
Mestre em Educação
Criado em Segunda, 23 Fevereiro 2015 16:09
http://www.tribunadepetropolis.net/Tribuna/index.php/component/content/article/116-
artigos/15928-nossa-escola-e-ultrapassada.html
Há aproximadamente dez anos, a professora da Universidade de Barcelona, Montserrat Robira,
esteve em nosso país para uma série de encontros e com os pulmões inflados afirmou em entrevista
(O Dia) que “...a escola atual é ultrapassada”. Não que residisse em sua declaração qualquer
novidade, mas quase sempre que observamos nossas escolas e sua composição notamos que sua
forma, dimensões, estrutura repete o conhecido por décadas e séculos conhecida. Um sistema de
composição já criticado e condenado por Focault e diversos pensadores, mas que permanece
comum e corriqueiro na mentalidade de nossos políticos que possuem receio de altera-lo, assim
contando com a cumplicidade da sociedade que se silencia e o modelo permanece inalterado.
Porém destacamos que a popular e já famosa escola da Ponte, não é o único projeto de mudanças da
secular estrutura conhecida, outros existem bem sucedidos e tem sido estudado como laboratórios
em inúmeras regiões e países, mas desconhecidos da maioria dos brasileiros.
Porém Monserrat referia-se a proposta inglesa e que foi amplamente assimilado pela Espanha, o
conhecido “projetos de trabalho”, mal compreendido entre nossos professores que consideravam
que seria somente o fato de eleger uma temática e pedir aos alunos para pesquisar. Segundo
Montserrat, projeto de trabalho seria “...seguir além dos limites curriculares; investigar um tema
negociando com o alunado e lançando mão de diferentes fontes de informações; estabelecer
relações entre as informações encontradas e outros problemas.” Seria em resumo avaliar
conjuntamente com os alunos o processo de elaboração do conhecimento para assim chegar a uma
nova abordagem da temática o que resultaria em uma nova interação entre professor-aluno e
aprofundamento do saber.
Para a professora significaria uma mudança radical na sala de aula, na forma de ensino e estudo,
sendo que o principal papel ainda seria desempenhado pelo próprio professor, onde “...deixaria a
forma transmissiva e acumulativa de passar conhecimentos e começar a interpretar refletir com seus
alunos o mundo real.” A mudança mais profunda se daria na forma de repensar a própria escola
segundo a professora, onde ocorreria uma forma de transmissão de interesse e responsabilidade na
busca do saber.
Sua principal crítica ficaria com a forma como os professores são formados, considerando-se
detentores exclusivistas do conhecimento; sua abordagem linear e descritiva dos assuntos com
vinculação ao livro didático.
Porém em nosso caso, se a formação seria um dos principais empecilhos, outros elementos cruciais
permanecem com o modelo proposto como o de compromisso curricular imposto justamente para
fazer frente aos pesados exames e avaliações impedindo que os professores possam promover
experiências pedagógicas tão reais por exclusiva falta de tempo e as vezes a acusada falta de
interação em sala de aula é resultado de uma diversidade presencial de fatores assustadores.
Se o modelo engessado realmente é o principal problema, neste cenário, diretores, coordenadores e
especialistas desconhecem a realidade do ambiente cotidiano de uma sala de aula, ou se fazem
desconhecer por compromisso político, por tal formato padrão se impor como única alternativa para
esta caminhada e assumida por nossas escolas como realidade.
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