Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
Economia colonial
1. Prof Marcos Vinicios Machado – IX Sem. Administração
Economia Colonial
A economia colonial brasileira é integrada ao processo mundial de expansão do
capitalismo mercantil. Baseada no monopólio colonial – Portugal tem a exclusividade
do comércio com a colônia –, é altamente especializada e dirigida para o mercado
externo. Internamente tem caráter predatório sobre os recursos naturais. As técnicas
agrícolas utilizadas são rudimentares e provocam rápido esgotamento da terra. A
produção está centrada na grande propriedade monocultora, o latifúndio, e na utilização
de numerosa mão-de-obra escrava – primeiro dos indígenas e depois dos negros.
Escravidão
O trabalho compulsório do indígena é usado em diferentes regiões do Brasil até
meados do século XVIII. A caça ao índio é um negócio local e os ganhos obtidos com
sua venda permanecem nas mãos dos colonos, sem lucros para Portugal. Por isso, a
escravização do nativo brasileiro é gradativamente desestimulada pela metrópole e
substituída pela escravidão negra. O tráfico negreiro é um dos mais vantajosos negócios
do comércio colonial e seus lucros são canalizados para o reino.
ESCRAVIDÃO NEGRA – A primeira leva de escravos negros que chega ao
Brasil vem da Guiné, na expedição de Martim Afonso de Souza, em 1530. A
partir de 1559, o comércio negreiro se intensifica. A Coroa portuguesa autoriza
cada senhor de engenho a comprar até 120 escravos por ano. Sudaneses são
levados para a Bahia e bantus espalham-se pelo Maranhão, Pará, Pernambuco,
Alagoas, Rio de Janeiro e São Paulo.
TRÁFICO DE ESCRAVOS – O tráfico negreiro é oficializado em 1568 pelo
governador-geral Salvador Correa de Sá. Em 1590, só em Pernambuco registra-
se a entrada de 10 mil escravos. Não há consenso entre os historiadores sobre o
número de escravos trazidos para o Brasil. Alguns, como Roberto Simonsen e
Sérgio Buarque de Holanda, estimam esse número entre 3 milhões e 3,6
milhões. Caio Prado Júnior supõe cerca de 6 milhões e Pandiá Calógeras chega
aos 13,5 milhões.
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Cana-de-açúcar
O cultivo da cana-de-açúcar é introduzido no Brasil por Martim Afonso de
Souza, na capitania de São Vicente. Seu apogeu ocorre entre 1570 e 1650,
principalmente em Pernambuco. Fatores favoráveis explicam o sucesso do
empreendimento: experiência anterior dos portugueses nos engenhos das ilhas do
Atlântico, solo apropriado, principalmente no Nordeste, abundância de mão-de-obra
escrava e expansão do mercado consumidor na Europa. A agroindústria açucareira exige
grandes fazendas e engenhos e enormes investimentos em equipamentos e escravos.
O ENGENHO – Os chamados engenhos de açúcar são unidades de produção
completas e, em geral, auto-suficientes. Além da casa grande, moradia da
família proprietária, e da senzala, dos escravos, alguns têm capela e escola,
onde os filhos do senhor aprendem as primeiras letras. Junto aos canaviais, uma
parcela de terras é reservada para o gado e roças de subsistência. A "casa do
engenho" possui toda a maquinaria e instalações fundamentais para a obtenção
do açúcar.
ECONOMIA AÇUCAREIRA – Estimativa do final do século XVII indica a
existência de 528 engenhos na colônia. Eles garantem a exportação anual de 37
mil caixas, cada uma com 35 arrobas de açúcar. Dessa produção, Portugal
consome apenas 3 mil caixas anuais e exporta o resto para a Europa. O
monopólio português sobre o açúcar assegura lucros consideráveis aos senhores
de engenho e à Coroa. Esse monopólio acaba quando os holandeses começam a
produzir açúcar nas Antilhas, na segunda metade do século XVII. A
concorrência e os limites da capacidade de consumo na Europa provocam uma
rápida queda de preços no mercado.
Mineração
Na passagem do século XVII para o XVIII, são descobertas ricas jazidas de ouro
no centro-sul do Brasil. A Coroa portuguesa volta toda sua atenção para as terras
brasileiras. A região das minas espalha-se pelos territórios dos atuais Estados de Minas
Gerais, Goiás e Mato Grosso e torna-se pólo de atração de migrantes: portugueses em
busca de fortuna, aventureiros de todas as regiões do Brasil e escravos trazidos do
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Nordeste. Criam-se novas vilas: Sabará, Mariana, Vila Rica de Ouro Preto, Caeté, São
João del Rey, Arraial do Tejuco (atual Diamantina) e Cuiabá.
O QUINTO – A Coroa portuguesa autoriza a livre exportação de ouro mediante
o pagamento de um quinto do total explorado. Para administrar e fiscalizar a
atividade mineradora, cria a Intendência das Minas, vinculada diretamente à
metrópole. Toda descoberta deve ser comunicada. Para garantir o pagamento do
quinto, são criadas a partir de 1720 as casas de fundição, que transformam o
minério em barras timbradas e quintadas. Em 1765 é instituída a derrama: o
confisco dos bens dos moradores para cobrir o valor estipulado para o quinto
quando há déficit de produção.
ECONOMIA MINERADORA – O chamado "ciclo do ouro" traz uma grande
diversificação social para a colônia. A exploração das jazidas não exige o emprego de
grandes capitais, permite a participação de pequenos empreendedores e estimula novas
relações de trabalho, inclusive com a mão-de-obra escrava. Os escravos trabalham por
tarefa e, muitas vezes, podem ficar com uma parte do ouro descoberto. Com isso, têm a
chance de comprar sua liberdade. O período áureo dura pouco: entre 1735 e 1754, a
exportação anual gira em torno de 14.500 kg. No final do século, o volume enviado a
Portugal cai para 4.300 kg por ano, em média.
DIAMANTES – A exploração de diamantes toma corpo por volta de 1729, nas vilas de
Diamantina e Serra do Frio, no norte de Minas Gerais. A produção atinge grandes
volumes e chega a causar pânico no mercado joalheiro europeu, provocando a queda
nos preços das pedras. Em 1734 é instituída uma intendência para administrar as lavras.
A extração passa a ser controlada por medidas severas que incluem confisco, proibição
da entrada de forasteiros e expulsão de escravos.
Diversificação agrícola
A agricultura de subsistência e a pecuária desenvolvem-se ao longo dos
caminhos para as minas e nas proximidades das lavras. O crescimento demográfico
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aumenta rapidamente os lucros dessas atividades. Sesmarias são doadas na região a
quem queira cultivá-las. Novas culturas surgem em outras áreas da colônia.
NOVOS PRODUTOS AGRÍCOLAS – Em meados do século XVII, o algodão, o
tabaco e o cacau passam a ser produzidos em larga escala e a integrar a pauta de
exportações da colônia. A produção algodoeira desenvolve-se no Nordeste, em especial
Maranhão e Pernambuco. O tabaco é produzido principalmente na Bahia, seguida por
Alagoas e Rio de Janeiro e, ao longo do século XVII, o produto é usado como moeda de
troca para aquisição de escravos nos mercados da costa africana. O cacau é explorado
inicialmente apenas em atividade extrativista, no Pará e no Amazonas. Começa então a
ser cultivado na Bahia e no Maranhão com mão-de-obra escrava.
INTRODUÇÃO DO CAFÉ – O café é introduzido no Brasil por Francisco de Melo
Palheta, em 1727, que o contrabandeia da Guiana Francesa. Durante o século XVIII, seu
cultivo limita-se ao nordeste, onde os solos não são adequados. A cafeicultura só se
desenvolve no século XIX, quando o produto começa a ser cultivado na região Sudeste.
FRANCISCO DE MELO PALHETA (1670 – ?) nasce em Belém do Pará e é
considerado o primeiro a introduzir o café no Brasil. Militar e sertanista, em 1727 é
mandado à Guiana Francesa e recebe duas incumbências do governador do Estado do
Maranhão e Grão-Pará, João Maia da Gama. A primeira tem caráter diplomático: o
governador da Guiana, Claude d'Orvilliers, tinha mandado arrancar um padrão com o
escudo português plantado na fronteira entre as duas colônias. A missão de Palheta seria
fazer respeitar a divisa, estabelecida pelo Tratado de Utrecht no rio Oiapoque. A
segunda tarefa de Palheta é clandestina: deveria obter mudas de café, cultivado nas
Guianas desde 1719, e trazê-las para o plantio no Pará. O sertanista cumpre suas duas
incumbências. Faz os franceses aceitarem a faixa divisória entre os dois países e traz
mudas de café para o Brasil, apesar da proibição formal do governo francês. Conta-se
que ele mesmo teve um cafezal no Pará, com mais de mil pés, para o qual pediu ao
governo cem casais de escravos.
EXPANSÃO DO AÇÚCAR – A agroindústria açucareira do nordeste volta a se
expandir no século XVIII, quando as revoltas escravas nas Antilhas interrompem a
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produção local. O aumento das exportações brasileiras estimula a expansão dos
canaviais para o Rio de Janeiro e São Paulo, já enriquecidos pelo comércio do ouro.
Pecuária
Fator essencial na ocupação e povoamento do interior, a pecuária se desenvolve
no vale do rio São Francisco e na região sul da colônia. As fazendas do vale do São
Francisco são latifúndios assentados em sesmarias e dedicados à produção de couro e
criação de animais de carga. Muitos proprietários arrendam as regiões mais distantes a
pequenos criadores. Não é uma atividade dirigida para a exportação e combina o
trabalho escravo com a mão-de-obra livre: mulatos, pretos forros, índios, mestiços e
brancos pobres. No sul, a criação de gado é destinada à produção do charque para o
abastecimento da região das minas.
Conclusão
Concluímos que durante o período colonial, desenvolveram-se no Brasil várias
atividades econômicas para seu sustento e para exportação. Os setores que interessaram
à metrópole foram dirigidos ao mercado externo. Destacaram-se as monoculturas
exportadoras de açúcar, algodão, tabaco, a mineração de ouro e diamantes. Essas
atividades tem custo baixo e são baseadas no latifúndio e na escravidão. A colônia
organizava-se como economia complementar a da metrópole. Produz o que a ela
convém e compra dela tudo de que necessita. Cada uma das atividades produtivas tem
importância maior em um determinado período, ou ciclo.