1. DAI GRATUITAMENTE O QUE
GRATUITAMENTE RECEBESTES
Cap. XXVI
Evangelho Segundo o Espiritismo
2. Digamos, antes de tudo, que a mediunidade é inerente a uma disposição orgânica, de que
qualquer homem pode ser dotado, como da de ver, de ouvir, de falar. Ora, nenhuma há de que o
homem, por efeito do seu livre-arbítrio, não possa abusar...
...A mediunidade é conferida sem distinção, a fim de que os Espíritos possam trazer a luz a
todas as camadas, a todas as classes da sociedade, ao pobre como ao rico; aos retos, para
os fortificar no bem, aos viciosos para os corrigir...
A mediunidade não implica necessariamente relações habituais com os Espíritos
superiores. É apenas uma aptidão para servir de instrumento...
O bom médium, pois, não é aquele que comunica facilmente, mas aquele que é
simpático aos bons Espíritos e somente deles tem assistência...
Não são os que gozam saúde que precisam de médico
ESE
3. Qual o médium que se poderia qualificar de perfeito?
Perfeito, ah! bem sabes que a perfeição não existe naTerra...
Dize, portanto, bom médium e já é muito, por isso que eles são raros.
Médium perfeito seria aquele contra o qual os maus Espíritos jamais ousassem,
uma tentativa de enganá-lo.
O melhor é aquele que, simpatizando somente com os bons Espíritos, tem sido o
menos enganado.
LM
5. Restituí a saúde aos doentes, ressuscitai os mortos, curai os leprosos,
expulsai os demônios. Dai gratuitamente o que gratuitamente haveis
recebido.
Com essa recomendação, prescreve que ninguém se faça pagar daquilo por
que nada pagou….Esse dom Deus lhes dera gratuitamente, para alívio dos
que sofrem e como meio de propagação da fé...
Dom de Curar
6. — É indispensável não esquecer que sois
acusado de feiticeiro.
— De que me acusam, nesse particular? —
interrogou o pregador do “Caminho”
— Eu próprio vos vi curar uma jovem muda,
num dia de sábado, e ignoro a natureza dos
sortilégios que utilizastes nesse feito.
— Não fui eu quem praticou esse ato de amor,
como, certamente, me ouvistes afirmar; foi o
Cristo, por intermédio de minha pobreza, que
nada tem de boa.
Ante o Sinédrio
Paulo e Estevão
7. Preces Pagas
“Precatai-vos dos escribas que se exibem a passear com
longas túnicas, que gostam de ser saudados nas praças
públicas e de ocupar os primeiros assentos nas sinagogas
e os primeiros lugares nos festins...”
A prece é ato de caridade, é um arroubo do coração.Cobrar
alguém que se dirija a Deus por outrem é transformar-se
em intermediário assalariado.
Deus não vende os benefícios que concede.... A razão, o
bom senso e a lógica dizem ser impossível que Deus, a
perfeição absoluta, delegue a criaturas imperfeitas o direito
de estabelecer preço para a sua justiça.
A Justiça de Deus é como o Sol: existe para todos, para o
pobre como para o rico.
8. Eles vieram em seguida a Jerusalém, e Jesus, entrando no templo, começou por
expulsar dali os que vendiam e compravam; derribou as mesas dos cambistas e os
bancos dos que vendiam pombos; e não permitiu que alguém transportasse qualquer
utensílio pelo templo.
Ao mesmo tempo os instruía, dizendo: “Não está escrito: ‘Minha casa será chamada
casa de oração por todas as nações?’ Entretanto, fizestes dela um covil de ladrões!”
Jesus expulsou do templo os mercadores. Condenou assim o tráfico das coisas santas sob
qualquer forma. Deus não vende a sua bênção, nem o seu perdão, nem a entrada no
Reino dos Céus. Não tem, pois, o homem, o direito de lhes estipular preço.
Mercadores expulsos do templo
9. Mediunidade gratuita
Os médiuns receberam de Deus um dom gratuito: o de
serem intérpretes dos Espíritos, para instrução dos
homens, para lhes mostrar o caminho do bem e
conduzi-los à fé, não para lhes vender palavras que não
lhes pertencem, a eles médiuns, visto que não são fruto
de suas concepções, nem de suas pesquisas, nem de
seus trabalhos pessoais.
Deus quer que a luz chegue a todos; não quer que o
mais pobre fique dela privado e possa dizer: não tenho
fé, porque não a pude pagar...
10. A mediunidade séria não pode ser e não o será nunca uma profissão... É que
se trata de uma faculdade essencialmente móvel, fugidia e mutável, com cuja
perenidade, pois, ninguém pode contar. Constituiria, portanto, para o
explorador, uma fonte absolutamente incerta de receitas...
Coisa diversa é o talento adquirido pelo estudo, pelo trabalho e que, por essa
razão mesma, representa uma propriedade da qual naturalmente lícito é, ao
seu possuidor, tirar partido.
Ela não existe sem o concurso dos Espíritos; faltando estes, já não há
mediunidade...
Explorar alguém a mediunidade é, conseguintemente, dispor de uma coisa
da qual não é realmente dono. Afirmar o contrário é enganar a quem paga.
Mediunidade gratuita
11. “...A vidência, a audição e a psicografia, que o Senhor me
concedera, por misericórdia, constituíam decisivos fatores de
êxito em nossas atividades... Entretanto, apesar das lições
maravilhosas de amor evangélico, inclinei me a transformar
minhas faculdades em fonte de renda material...
Não mais a escola da virtude, do amor fraternal, da edificação
superior, e sim a concorrência comercial, as ligações humanas
legais ou criminosas, os caprichos apaixonados, os casos de
policia e todo um cortejo de misérias da Humanidade, em suas
experiências menos dignas.
O Desastre de Acelino
Mensageiros
12. – Mas a morte chegou, meus amigos, e arrancou-me a fantasia – prosseguiu mais
grave . Desde o instante da grande transição, a ronda escura dos consulentes
criminosos, que me haviam precedido no túmulo, rodeou-me a reclamar palpites e
orientações de natureza inferior.
Queriam noticias de cúmplices encarnados, de resultados comerciais, de soluções
atinentes a ligações clandestinas. Gritei, chorei, implorei, mas estava algemado a
eles por sinistros elos mentais, em virtude da imprevidência na defesa do meu
próprio patrimônio espiritual.
O Desastre de Acelino
Mensageiros
13. O Beletrista
Devassando o Invisível
Vossa Exa. poderá assinar o seu próprio
nome, visto que não me importa
permanecer à margem... Ninguém
precisará saber que a obra foi
mediúnica... Poderá enriquecer, pois
alegra-me poder concorrer para a sua
abastança, porquanto estou informado
das dificuldades monetárias que a
afligem... Obterá um nome famoso na
literatura nacional e quiçá no
estrangeiro, glória, fortuna, admiração,
adoradores!...
14. "A Doutrina Espírita ensina aos médiuns, meu irmão,
que a fortuna de um intérprete do Invisível será a paz
da consciência, e que a sua glória estará no dever
cumprido, perante as leis de Deus, como na renúncia
ao mundo pelo amor ao Bem e àVerdade...
Eles não poderão visar jamais a quaisquer lucros
pecuniários, com a sua produção mediúnica...
porque, se assim procederem, estarão incorrendo em
penalidades graves perante a própria consciência e a
santidade do mandato que lhes foi confiado...
Dentro da Doutrina Espírita, somos reeducados no
desinteresse dos bens temporais. ...”
O Beletrista
Devassando o Invisível
Notas do Editor
Ainda outro inconveniente apresentam as preces pagas: é que aquele que as compra se julga, as mais das vezes, dispensado de orar ele próprio, porquanto se considera quite, desde que deu o seu dinheiro. Sabe-se que os Espíritos se sentem tocados pelo fervor de quem por eles se interessa...