SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 14
Com base no conto “A História de um pão”, do livro O Espírito da Verdade,
pelo Espírito Irmão X.
Conta-nos assim o autor espiritual:
Quando Barsabás, o tirano, demandou o reino da morte, buscou debalde
reintegrar-se no grande palácio que lhe servira de residência. A viúva, alegando
infinita mágoa, desfizera-se da moradia, vendendo-lhe os adornos. Viu ele,
então, baixelas e candelabros, telas e jarrões, tapetes e perfumes, joias e
relíquias, sob o martelo do leiloeiro, enquanto os filhos querelavam no tribunal,
disputando a melhor parte da herança. Ninguém lhe lembrava o nome, desde
que não fosse para reclamar o ouro e a prata que doara a mordomos distintos. E
porque na memória de semelhantes amigos ele não passava, agora, de sombra,
tentou o interesse afetivo de companheiros outros da infância.
Todavia, entre eles encontrou simplesmente a recordação dos próprios atos de
malquerença e de usura. Barsabás entregou-se às lágrimas de tal modo, que a
sombra lhe embargou, por fim, a visão, arrojando-o nas trevas. Vagueou por
muito tempo no nevoeiro, entre vozes acusadoras, até que um dia aprendeu a
pedir na oração, e como se a rogativa lhe servisse de bússola, embora
caminhasse às escuras, eis que, de súbito, se lhe extingue a cegueira e ele vê,
diante de seus passos, um santuário sublime, faiscante de luzes. Milhões de
estrelas e pétalas fulgurantes povoavam-no em todas as direções. Barsabás, sem
perceber, alcançara a Casa das Preces de Louvor, nas faixas inferiores do
firmamento. Não obstante deslumbrado, chorou, impulsivo, ante o Ministro
espiritual que velava no pórtico. Após ouvi-lo, generoso, o funcionário angélico
falou sereno:
– Barsabás, cada fragmento luminoso que contemplas é uma prece de gratidão
que subiu da Terra...
– Ai de mim – soluçou o desventurado – eu jamais fiz o bem...
– Em verdade – prosseguiu o informante –, trazes contigo, em grandes sinais, a
pranto e o sangue dos doentes e das viúvas, dos velhinhos e órfãos indefesos
que despojaste, nos teus dias de invigilância e de crueldade; entretanto, tens
aqui, em teu crédito, uma oração de louvor... E apontou-lhe acanhada estrela,
que brilhava à feição de pequenino disco solar.
– Há trinta e dois anos – disse, ainda, o instrutor –, deste um pão a uma criança
e essa criança te agradeceu, em prece ao Senhor da Vida. Chorando de alegria e
consultando velhas lembranças, Barsabás perguntou:
– Jonakim, o enjeitado?
– Sim, ele mesmo – confirmou o missionário divino –. Segue a claridade do
pão que deste, um dia, por amor, e livrar-te-ás, em definitivo, do sofrimento nas
trevas.
E Barsabás acompanhou o tênue raio do tênue fulgor que se desprendia daquela
gota estelar, mas, em vez de elevar-se às alturas, encontrou-se numa carpintaria
humilde da própria Terra. Um homem calejado aí refletia, manobrando a enxó
em pesado lenho... Era Jonakim, aos quarenta de idade. Como se estivessem os
dois identificados no doce fio de luz, Barsabás abraçou-se a ele, qual viajante
abatido, de volta ao calor do lar.
Decorrido um ano, Jonakim, o carpinteiro, ostentava, sorridente, nos braços,
mais um filhinho, cujos louros cabelos emolduravam belos olhos azuis. Com a
benção de um pão dado a um menino triste, por espírito de amor puro,
conquistara Barsabás, nas Leis Eternas, o prêmio de renascer para redimir-se.
REFLEXÃO:
Espiritismo adota a divisa “Fora da caridade não há salvação”. Há nessa
máxima dois conceitos principais, cujo conteúdo é preciso desvendar: caridade
e salvação.
Do conjunto da obra de Kardec, surge clara a ideia de que o aprimoramento é
tarefa individual de cada Espírito, tendo como meta final a condição de Espírito
puro. Os Espíritos mais elevados incentivam e auxiliam o progresso dos que
seguem na retaguarda, mas cada qual ilumina e, pois, salva a si mesmo. A
evolução é pessoal e intransferível, a cada um segundo suas obras.
Quando conquista o estado de pureza, o Espírito deixa de experimentar a
influência da matéria e não tem mais de sofrer provas ou expiações. Realiza a
vida eterna no seio de Deus, como seu mensageiro e ministro, no gozo de
inalterável felicidade. Trata-se de um estado glorioso, inconcebível para quem
dele ainda se acha distante. A salvação, segundo essa concepção, constitui a
meta para a qual todos os Espíritos foram criados, o seu maravilhoso destino
final. Como condição de sua conquista, o Espiritismo estabelece a caridade.
Tendo em mira que se trata de algo com o condão de afastar o sofrimento e
produzir felicidade e plenitude, todos têm o maior interesse em entendê-la e
praticá-la. Objetivando obter o melhor conceito de caridade, na questão nº 886
de O livro dos Espíritos, Kardec indaga à espiritualidade superior qual o
verdadeiro sentido dessa palavra, segundo a entendia Jesus. Obtém a seguinte
resposta:
“Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros,
perdão das ofensas”. Como se vê, a caridade é composta por três virtudes:
benevolência, indulgência e perdão. Considerando que o objeto deste trabalho
cinge-se à indulgência, nele não serão abordadas as outras duas virtudes.
Consoante se infere da Codificação, a indulgência implica fazer um juízo suave
das fissuras morais alheias, do que os outros fazem ou são e que parece
errôneo. É uma questão de valorizar o bem, em vez do mal, e de temperar com
uma certa doçura o próprio refletir sobre o semelhante. Ela se liga diretamente
ao raciocínio, ao modo como se processam no íntimo do homem as impressões
que ele tem do outro, como ele julga as imperfeições alheias.
Quando se fala em julgamento, logo vem à mente a famosa frase de Jesus:
“Não julgueis, para que não sejais julgados.” (Mateus: 7:1).
Com base nessa assertiva, parece que todo e qualquer julgamento é um erro.
Ocorre ser impossível viver a raça humana no conjunto da criação e não parece
desejável que se abdique dela, especialmente quando se tem em mente o caráter
racional do Consolador prometido pelo Cristo, o Espiritismo. Assim, quando
Jesus exorta a que não se julgue, a exortação não parece ser em sentido
absoluto, mas apenas a que não se julgue de certa maneira (com severidade).
Essa interpretação nada tem de arbitrária e se revela coerente e possível em
variadas outras passagens evangélicas. Por exemplo, no Sermão da Montanha,
Jesus afirma a bem-aventurança dos que sofrem e choram. Ora, em um mundo
de provas e expiações, como é a Terra, absolutamente todos sofrem e choram,
em maior ou menor grau.
Toda a lei divina encontra-se inscrita na consciência de cada ser, que funciona
como juiz da própria conduta. Quem se habitua a analisar severamente os erros
do próximo molda em seu íntimo um juiz implacável. Quando chegar a hora de
prestar contas à Eterna Justiça, as medidas desse severíssimo censor é que lhe
serão aplicadas. A respeito, o seguinte trecho de O Evangelho segundo o
Espiritismo: “Sede indulgentes com as faltas alheias, quaisquer que elas sejam;
não julgueis com severidade senão as vossas próprias ações e o Senhor usará de
indulgência para convosco, como de indulgência houverdes usado para com os
outros” (Capítulo X, item 17, primeira parte). Como ninguém suporta um olhar
muito severo sobre suas fraquezas, importa treinar um olhar generoso sobre as
fissuras morais alheias, até como medida de autopreservação.
Nesse mesmo capítulo do Evangelho segundo o Espiritismo, no item 16, há
uma interessante dissertação de José, Espírito Protetor, a respeito da
indulgência. Ele afirma que a indulgência não vê os defeitos de outrem, mas, se
os vê, evita falar deles. Ao contrário, oculta-os. Se a malevolência os descobre,
encontra escusa plausível e séria para eles, não uma visivelmente falsa, a fim
de mais os evidenciar. Observa-se aí um genuíno esforço em valorizar o bem
que há no próximo, perante si mesmo e perante terceiros. Faz-se efetiva opção
de ver o semelhante de forma positiva, considerá-lo digno e valioso, malgrado
seus problemas. A mensagem também fala que a indulgência consiste em um
sentimento doce e fraternal que todo homem deve alimentar para com seus
irmãos.
A doçura remete à ideia de sabor agradável. O sentimento da indulgência é
suave, saboroso, tranquilizador e fraterno, próprio de irmãos, de seres que se
gostam, que se sentem ligados. Nada tem de amargor e de ásperas reprimendas.
É especialmente esclarecedor o último parágrafo da mensagem: “Sede
indulgentes, meus amigos, porquanto a indulgência atrai, acalma, ergue, ao
passo que o rigor desanima, afasta e irrita.” Trata-se de uma eloquente verdade,
pois ninguém aprecia ficar perto de uma pessoa severa, que só percebe e
valoriza os defeitos alheios. É desagradável sentir-se criticado, não apreciado,
sem falar que ter as próprias dificuldades ressaltadas desanima, a ponto de
muitas vezes surgir o raciocínio de que nada mais há para fazer: é-se um caso
perdido!
Ao contrário, quando as virtudes de alguém são valorizadas, ele se considera
digno e ganha forças para ser melhor e lutar contra suas fraquezas, que se
tornam apenas um detalhe. A indulgência sacia a sede de compreensão e
acalma o coração por vezes atormentado pela culpa. Ela atrai quem mais
necessita de amparo e compreensão. E especialmente ergue em direção ao
refazimento do caminho, à reparação dos erros praticados. O esforço em ver o
próximo de forma positiva torna mais fácil gostar dele e estabelecer vínculos de
genuína fraternidade, na medida em que ninguém almeja ser amigo de
réprobos, mas, sim, de criaturas dignas. Pode-se concluir que a indulgência,
além de se inserir no âmbito maior da salvação do Espírito, rumo ao seu
angelical destino, também possui o condão de salvar os relacionamentos
humanos, ao conduzi-los a um patamar saudável.
A indulgência, como componente da caridade, não é só a meta (a libertação
final, fruto da vivência perfeita), mas também o caminho, ao viabilizar a
fraternidade entre seres ainda imperfeitos, mas que sonham com a perfeição e
precisam se auxiliar em sua caminhada.
Muita Paz!
Visite o meu Blog: http://espiritual-espiritual.blogspot.com.br
A serviço da Doutrina Espírita; com estudos comentados de O Livro dos
Espíritos, de O Livro dos Médiuns, e de O Evangelho Segundo o Espiritismo.
Leia Kardec! Estude Kardec! Pratique Kardec! Divulgue Kardec!

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Palestra ESE 21 Falsos cristos e profetas
Palestra ESE 21 Falsos cristos e profetasPalestra ESE 21 Falsos cristos e profetas
Palestra ESE 21 Falsos cristos e profetasTiburcio Santos
 
Palestra Espírita - Bem aventurados os aflitos
Palestra Espírita - Bem aventurados os aflitosPalestra Espírita - Bem aventurados os aflitos
Palestra Espírita - Bem aventurados os aflitosDivulgador do Espiritismo
 
Desprendimento dos bens terrenos.
Desprendimento dos bens terrenos.Desprendimento dos bens terrenos.
Desprendimento dos bens terrenos.Tatiana Mendes
 
Palestra Fora da Caridade não Há Salvação
Palestra Fora da Caridade não Há Salvação Palestra Fora da Caridade não Há Salvação
Palestra Fora da Caridade não Há Salvação Rodrigo Spinosa
 
Palestra Espírita - A caridade material e a caridade moral
Palestra Espírita - A caridade material e a caridade moralPalestra Espírita - A caridade material e a caridade moral
Palestra Espírita - A caridade material e a caridade moralDivulgador do Espiritismo
 
Aula 1 mocidade espírita
Aula 1   mocidade espíritaAula 1   mocidade espírita
Aula 1 mocidade espíritaFatoze
 
Conduta Espírita na Prática da Caridade
Conduta Espírita na Prática da CaridadeConduta Espírita na Prática da Caridade
Conduta Espírita na Prática da Caridadeigmateus
 
Cap. 11 itens 8 a 10 - a lei de amor
Cap. 11   itens 8 a 10 - a lei de amor Cap. 11   itens 8 a 10 - a lei de amor
Cap. 11 itens 8 a 10 - a lei de amor JulianoCarvalho29
 
Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?
Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?
Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?Isnande Mota Barros
 
Palestra beneficência
Palestra beneficênciaPalestra beneficência
Palestra beneficênciaDenise Tamaê
 
Desprendimento dos bens terrenos
Desprendimento dos bens terrenosDesprendimento dos bens terrenos
Desprendimento dos bens terrenosHenrique Vieira
 
Capítulo 7 do evangelho segundo o espiritismo - Bem-aventurados os pobres de ...
Capítulo 7 do evangelho segundo o espiritismo - Bem-aventurados os pobres de ...Capítulo 7 do evangelho segundo o espiritismo - Bem-aventurados os pobres de ...
Capítulo 7 do evangelho segundo o espiritismo - Bem-aventurados os pobres de ...Eduardo Ottonelli Pithan
 

Mais procurados (20)

Palestra ESE 21 Falsos cristos e profetas
Palestra ESE 21 Falsos cristos e profetasPalestra ESE 21 Falsos cristos e profetas
Palestra ESE 21 Falsos cristos e profetas
 
Palestra Espírita - Bem aventurados os aflitos
Palestra Espírita - Bem aventurados os aflitosPalestra Espírita - Bem aventurados os aflitos
Palestra Espírita - Bem aventurados os aflitos
 
Palestra Espírita - Missão dos espíritas
Palestra Espírita - Missão dos espíritasPalestra Espírita - Missão dos espíritas
Palestra Espírita - Missão dos espíritas
 
Desprendimento dos bens terrenos.
Desprendimento dos bens terrenos.Desprendimento dos bens terrenos.
Desprendimento dos bens terrenos.
 
Virtudes e vicios
Virtudes e viciosVirtudes e vicios
Virtudes e vicios
 
Palestra Fora da Caridade não Há Salvação
Palestra Fora da Caridade não Há Salvação Palestra Fora da Caridade não Há Salvação
Palestra Fora da Caridade não Há Salvação
 
Palestra Espírita - A caridade material e a caridade moral
Palestra Espírita - A caridade material e a caridade moralPalestra Espírita - A caridade material e a caridade moral
Palestra Espírita - A caridade material e a caridade moral
 
O argueiro e a trave no olho cap x
O argueiro e a trave no olho cap xO argueiro e a trave no olho cap x
O argueiro e a trave no olho cap x
 
Aula 1 mocidade espírita
Aula 1   mocidade espíritaAula 1   mocidade espírita
Aula 1 mocidade espírita
 
Conduta Espírita na Prática da Caridade
Conduta Espírita na Prática da CaridadeConduta Espírita na Prática da Caridade
Conduta Espírita na Prática da Caridade
 
Cap. 11 itens 8 a 10 - a lei de amor
Cap. 11   itens 8 a 10 - a lei de amor Cap. 11   itens 8 a 10 - a lei de amor
Cap. 11 itens 8 a 10 - a lei de amor
 
AMAI OS VOSSOS INIMIGOS
AMAI OS VOSSOS INIMIGOSAMAI OS VOSSOS INIMIGOS
AMAI OS VOSSOS INIMIGOS
 
Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?
Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?
Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?
 
Palestra beneficência
Palestra beneficênciaPalestra beneficência
Palestra beneficência
 
Ante Os Pequeninos
Ante Os PequeninosAnte Os Pequeninos
Ante Os Pequeninos
 
Desprendimento dos bens terrenos
Desprendimento dos bens terrenosDesprendimento dos bens terrenos
Desprendimento dos bens terrenos
 
Os Inimigos Desencarnados(Ese)
Os Inimigos Desencarnados(Ese)Os Inimigos Desencarnados(Ese)
Os Inimigos Desencarnados(Ese)
 
Família material e espiritual
Família material e espiritualFamília material e espiritual
Família material e espiritual
 
Crianças após a morte
Crianças após a morteCrianças após a morte
Crianças após a morte
 
Capítulo 7 do evangelho segundo o espiritismo - Bem-aventurados os pobres de ...
Capítulo 7 do evangelho segundo o espiritismo - Bem-aventurados os pobres de ...Capítulo 7 do evangelho segundo o espiritismo - Bem-aventurados os pobres de ...
Capítulo 7 do evangelho segundo o espiritismo - Bem-aventurados os pobres de ...
 

Semelhante a Benevolência para com todos

Palestra Espírita - Sede Perfeitos
Palestra Espírita - Sede Perfeitos  Palestra Espírita - Sede Perfeitos
Palestra Espírita - Sede Perfeitos manumino
 
Ceu e inferno o castigo
Ceu e inferno o castigoCeu e inferno o castigo
Ceu e inferno o castigoIasmine Ally
 
No caminho do amor
No caminho do amorNo caminho do amor
No caminho do amorHelio Cruz
 
O Real sentido do amor
O Real sentido do amorO Real sentido do amor
O Real sentido do amorHelio Cruz
 
No caminho do amor
No caminho do amorNo caminho do amor
No caminho do amorHelio Cruz
 
Tomada de consciência
Tomada de consciênciaTomada de consciência
Tomada de consciênciaHelio Cruz
 
O real sentido do amor
O real sentido do amorO real sentido do amor
O real sentido do amorHelio Cruz
 
O homem de bem Por Pedro Aganian
O homem de bem Por Pedro Aganian O homem de bem Por Pedro Aganian
O homem de bem Por Pedro Aganian Bruno Amaro
 
O Veneno da Traição
O Veneno da TraiçãoO Veneno da Traição
O Veneno da TraiçãoCarlos Correa
 
Evangeliza - Reconciliação
Evangeliza - ReconciliaçãoEvangeliza - Reconciliação
Evangeliza - ReconciliaçãoAntonino Silva
 
XAVIER, Francisco Cândido - Religião dos Espíritos [Emmanuel].pdf
XAVIER, Francisco Cândido - Religião dos Espíritos [Emmanuel].pdfXAVIER, Francisco Cândido - Religião dos Espíritos [Emmanuel].pdf
XAVIER, Francisco Cândido - Religião dos Espíritos [Emmanuel].pdfIsabelCristina28370
 
A religiao dos_espiritos_-_emmanuel_-_chico_xavier
A religiao dos_espiritos_-_emmanuel_-_chico_xavierA religiao dos_espiritos_-_emmanuel_-_chico_xavier
A religiao dos_espiritos_-_emmanuel_-_chico_xavierhavatar
 

Semelhante a Benevolência para com todos (20)

Palestra Espírita - Sede Perfeitos
Palestra Espírita - Sede Perfeitos  Palestra Espírita - Sede Perfeitos
Palestra Espírita - Sede Perfeitos
 
Decepções
DecepçõesDecepções
Decepções
 
Pedi e obtereis item 18 e 19
Pedi e obtereis item 18 e 19Pedi e obtereis item 18 e 19
Pedi e obtereis item 18 e 19
 
Reconciliação com os adversarios
Reconciliação com os adversariosReconciliação com os adversarios
Reconciliação com os adversarios
 
O Bom Samaritano
O Bom SamaritanoO Bom Samaritano
O Bom Samaritano
 
Ceu e inferno o castigo
Ceu e inferno o castigoCeu e inferno o castigo
Ceu e inferno o castigo
 
No caminho do amor
No caminho do amorNo caminho do amor
No caminho do amor
 
O Real sentido do amor
O Real sentido do amorO Real sentido do amor
O Real sentido do amor
 
Boletim 220613
Boletim   220613Boletim   220613
Boletim 220613
 
No caminho do amor
No caminho do amorNo caminho do amor
No caminho do amor
 
Tomada de consciência
Tomada de consciênciaTomada de consciência
Tomada de consciência
 
O real sentido do amor
O real sentido do amorO real sentido do amor
O real sentido do amor
 
Os duelos da atualidade
Os duelos da atualidadeOs duelos da atualidade
Os duelos da atualidade
 
O homem de bem Por Pedro Aganian
O homem de bem Por Pedro Aganian O homem de bem Por Pedro Aganian
O homem de bem Por Pedro Aganian
 
O Veneno da Traição
O Veneno da TraiçãoO Veneno da Traição
O Veneno da Traição
 
ceifadeluz.pdf
ceifadeluz.pdfceifadeluz.pdf
ceifadeluz.pdf
 
Evangeliza - Reconciliação
Evangeliza - ReconciliaçãoEvangeliza - Reconciliação
Evangeliza - Reconciliação
 
XAVIER, Francisco Cândido - Religião dos Espíritos [Emmanuel].pdf
XAVIER, Francisco Cândido - Religião dos Espíritos [Emmanuel].pdfXAVIER, Francisco Cândido - Religião dos Espíritos [Emmanuel].pdf
XAVIER, Francisco Cândido - Religião dos Espíritos [Emmanuel].pdf
 
A religiao dos_espiritos_-_emmanuel_-_chico_xavier
A religiao dos_espiritos_-_emmanuel_-_chico_xavierA religiao dos_espiritos_-_emmanuel_-_chico_xavier
A religiao dos_espiritos_-_emmanuel_-_chico_xavier
 
Evangelho segundo o e spiritismo
Evangelho segundo o e spiritismoEvangelho segundo o e spiritismo
Evangelho segundo o e spiritismo
 

Mais de Helio Cruz

O pior inimigo
O pior inimigoO pior inimigo
O pior inimigoHelio Cruz
 
Entusiasmo e responsabilidade
Entusiasmo e responsabilidadeEntusiasmo e responsabilidade
Entusiasmo e responsabilidadeHelio Cruz
 
A candeia debaixo do alqueire
A candeia debaixo do alqueireA candeia debaixo do alqueire
A candeia debaixo do alqueireHelio Cruz
 
O credor incompassivo
O credor incompassivoO credor incompassivo
O credor incompassivoHelio Cruz
 
O poder das palavras
O poder das palavrasO poder das palavras
O poder das palavrasHelio Cruz
 
A virtude os superiores e os inferiores
A virtude   os superiores e os inferioresA virtude   os superiores e os inferiores
A virtude os superiores e os inferioresHelio Cruz
 
Universidade de amor
Universidade de amorUniversidade de amor
Universidade de amorHelio Cruz
 
A parentela corporal e espiritual
A parentela corporal e espiritualA parentela corporal e espiritual
A parentela corporal e espiritualHelio Cruz
 
O homem e a vida espiritual
O homem e a vida espiritualO homem e a vida espiritual
O homem e a vida espiritualHelio Cruz
 
O dom esquecido
O dom esquecidoO dom esquecido
O dom esquecidoHelio Cruz
 
Dia nacional da caridade
Dia nacional da caridadeDia nacional da caridade
Dia nacional da caridadeHelio Cruz
 
O progresso espiritual
O progresso espiritualO progresso espiritual
O progresso espiritualHelio Cruz
 
Viver para deus
Viver para deusViver para deus
Viver para deusHelio Cruz
 
O Marco inicial do Espiritismo
O Marco inicial do EspiritismoO Marco inicial do Espiritismo
O Marco inicial do EspiritismoHelio Cruz
 
A quaresma e o espiritismo
A quaresma e o espiritismoA quaresma e o espiritismo
A quaresma e o espiritismoHelio Cruz
 
Os nossos julgamentos
Os nossos julgamentosOs nossos julgamentos
Os nossos julgamentosHelio Cruz
 
Sal da terra e luz do mundo
Sal da terra e luz do mundoSal da terra e luz do mundo
Sal da terra e luz do mundoHelio Cruz
 

Mais de Helio Cruz (20)

O pior inimigo
O pior inimigoO pior inimigo
O pior inimigo
 
Entusiasmo e responsabilidade
Entusiasmo e responsabilidadeEntusiasmo e responsabilidade
Entusiasmo e responsabilidade
 
A candeia debaixo do alqueire
A candeia debaixo do alqueireA candeia debaixo do alqueire
A candeia debaixo do alqueire
 
O credor incompassivo
O credor incompassivoO credor incompassivo
O credor incompassivo
 
O poder das palavras
O poder das palavrasO poder das palavras
O poder das palavras
 
Pedir e obter
Pedir e obterPedir e obter
Pedir e obter
 
A virtude os superiores e os inferiores
A virtude   os superiores e os inferioresA virtude   os superiores e os inferiores
A virtude os superiores e os inferiores
 
O peso da luz
O peso da luzO peso da luz
O peso da luz
 
Universidade de amor
Universidade de amorUniversidade de amor
Universidade de amor
 
A parentela corporal e espiritual
A parentela corporal e espiritualA parentela corporal e espiritual
A parentela corporal e espiritual
 
O homem e a vida espiritual
O homem e a vida espiritualO homem e a vida espiritual
O homem e a vida espiritual
 
O dom esquecido
O dom esquecidoO dom esquecido
O dom esquecido
 
Dia nacional da caridade
Dia nacional da caridadeDia nacional da caridade
Dia nacional da caridade
 
Marta e maria
Marta e mariaMarta e maria
Marta e maria
 
O progresso espiritual
O progresso espiritualO progresso espiritual
O progresso espiritual
 
Viver para deus
Viver para deusViver para deus
Viver para deus
 
O Marco inicial do Espiritismo
O Marco inicial do EspiritismoO Marco inicial do Espiritismo
O Marco inicial do Espiritismo
 
A quaresma e o espiritismo
A quaresma e o espiritismoA quaresma e o espiritismo
A quaresma e o espiritismo
 
Os nossos julgamentos
Os nossos julgamentosOs nossos julgamentos
Os nossos julgamentos
 
Sal da terra e luz do mundo
Sal da terra e luz do mundoSal da terra e luz do mundo
Sal da terra e luz do mundo
 

Último

Cópia de Ideais - Desbravadores e Aventureiros.pdf.pptx
Cópia de Ideais - Desbravadores e Aventureiros.pdf.pptxCópia de Ideais - Desbravadores e Aventureiros.pdf.pptx
Cópia de Ideais - Desbravadores e Aventureiros.pdf.pptxLennySilva15
 
AUTORA VILMA DIAS - MARIA ANTES DE SER MARIA (1).ppt
AUTORA VILMA DIAS - MARIA ANTES DE SER MARIA  (1).pptAUTORA VILMA DIAS - MARIA ANTES DE SER MARIA  (1).ppt
AUTORA VILMA DIAS - MARIA ANTES DE SER MARIA (1).pptVilmaDias11
 
Vivendo a vontade de Deus para adolescentes - Cleide Silva
Vivendo a vontade de Deus para adolescentes - Cleide SilvaVivendo a vontade de Deus para adolescentes - Cleide Silva
Vivendo a vontade de Deus para adolescentes - Cleide SilvaSammis Reachers
 
Paulo é vítima de fake news e o primeiro culto num domingo
Paulo é vítima de fake news e o primeiro culto num domingoPaulo é vítima de fake news e o primeiro culto num domingo
Paulo é vítima de fake news e o primeiro culto num domingoPIB Penha
 
Oração Pelo Povo Brasileiro
Oração Pelo Povo BrasileiroOração Pelo Povo Brasileiro
Oração Pelo Povo BrasileiroNilson Almeida
 
Dar valor ao Nada! No Caminho da Autorrealização
Dar valor ao Nada! No Caminho da AutorrealizaçãoDar valor ao Nada! No Caminho da Autorrealização
Dar valor ao Nada! No Caminho da Autorrealizaçãocorpusclinic
 
THIAGO-meudiadefestaparaimpressão_thandreola_300324.pdf
THIAGO-meudiadefestaparaimpressão_thandreola_300324.pdfTHIAGO-meudiadefestaparaimpressão_thandreola_300324.pdf
THIAGO-meudiadefestaparaimpressão_thandreola_300324.pdfthandreola
 
Lição 6 - As nossas Armas Espirituais.pptx
Lição 6 - As nossas Armas Espirituais.pptxLição 6 - As nossas Armas Espirituais.pptx
Lição 6 - As nossas Armas Espirituais.pptxCelso Napoleon
 
Joanna_de_Angelis__Autodescobrimento__Uma_Busca_Interior.pdf
Joanna_de_Angelis__Autodescobrimento__Uma_Busca_Interior.pdfJoanna_de_Angelis__Autodescobrimento__Uma_Busca_Interior.pdf
Joanna_de_Angelis__Autodescobrimento__Uma_Busca_Interior.pdfRobertPeresBastos
 
FORMAÇÃO LITÚRGICA - MINISTROS EXTRAORDINÁRIOS.pptx
FORMAÇÃO LITÚRGICA - MINISTROS EXTRAORDINÁRIOS.pptxFORMAÇÃO LITÚRGICA - MINISTROS EXTRAORDINÁRIOS.pptx
FORMAÇÃO LITÚRGICA - MINISTROS EXTRAORDINÁRIOS.pptxodairmarques5
 
Comentários -João - Hernandes Dias Lopes.pdf
Comentários -João - Hernandes Dias Lopes.pdfComentários -João - Hernandes Dias Lopes.pdf
Comentários -João - Hernandes Dias Lopes.pdfRobertoLopes438472
 
Novo dia de festa o verdadeiro amor tyejaytyo
Novo dia de festa o verdadeiro amor tyejaytyoNovo dia de festa o verdadeiro amor tyejaytyo
Novo dia de festa o verdadeiro amor tyejaytyothandreola
 
Lição 5 - Os Inimigos do Cristão - EBD.pptx
Lição 5 - Os Inimigos do Cristão - EBD.pptxLição 5 - Os Inimigos do Cristão - EBD.pptx
Lição 5 - Os Inimigos do Cristão - EBD.pptxCelso Napoleon
 

Último (13)

Cópia de Ideais - Desbravadores e Aventureiros.pdf.pptx
Cópia de Ideais - Desbravadores e Aventureiros.pdf.pptxCópia de Ideais - Desbravadores e Aventureiros.pdf.pptx
Cópia de Ideais - Desbravadores e Aventureiros.pdf.pptx
 
AUTORA VILMA DIAS - MARIA ANTES DE SER MARIA (1).ppt
AUTORA VILMA DIAS - MARIA ANTES DE SER MARIA  (1).pptAUTORA VILMA DIAS - MARIA ANTES DE SER MARIA  (1).ppt
AUTORA VILMA DIAS - MARIA ANTES DE SER MARIA (1).ppt
 
Vivendo a vontade de Deus para adolescentes - Cleide Silva
Vivendo a vontade de Deus para adolescentes - Cleide SilvaVivendo a vontade de Deus para adolescentes - Cleide Silva
Vivendo a vontade de Deus para adolescentes - Cleide Silva
 
Paulo é vítima de fake news e o primeiro culto num domingo
Paulo é vítima de fake news e o primeiro culto num domingoPaulo é vítima de fake news e o primeiro culto num domingo
Paulo é vítima de fake news e o primeiro culto num domingo
 
Oração Pelo Povo Brasileiro
Oração Pelo Povo BrasileiroOração Pelo Povo Brasileiro
Oração Pelo Povo Brasileiro
 
Dar valor ao Nada! No Caminho da Autorrealização
Dar valor ao Nada! No Caminho da AutorrealizaçãoDar valor ao Nada! No Caminho da Autorrealização
Dar valor ao Nada! No Caminho da Autorrealização
 
THIAGO-meudiadefestaparaimpressão_thandreola_300324.pdf
THIAGO-meudiadefestaparaimpressão_thandreola_300324.pdfTHIAGO-meudiadefestaparaimpressão_thandreola_300324.pdf
THIAGO-meudiadefestaparaimpressão_thandreola_300324.pdf
 
Lição 6 - As nossas Armas Espirituais.pptx
Lição 6 - As nossas Armas Espirituais.pptxLição 6 - As nossas Armas Espirituais.pptx
Lição 6 - As nossas Armas Espirituais.pptx
 
Joanna_de_Angelis__Autodescobrimento__Uma_Busca_Interior.pdf
Joanna_de_Angelis__Autodescobrimento__Uma_Busca_Interior.pdfJoanna_de_Angelis__Autodescobrimento__Uma_Busca_Interior.pdf
Joanna_de_Angelis__Autodescobrimento__Uma_Busca_Interior.pdf
 
FORMAÇÃO LITÚRGICA - MINISTROS EXTRAORDINÁRIOS.pptx
FORMAÇÃO LITÚRGICA - MINISTROS EXTRAORDINÁRIOS.pptxFORMAÇÃO LITÚRGICA - MINISTROS EXTRAORDINÁRIOS.pptx
FORMAÇÃO LITÚRGICA - MINISTROS EXTRAORDINÁRIOS.pptx
 
Comentários -João - Hernandes Dias Lopes.pdf
Comentários -João - Hernandes Dias Lopes.pdfComentários -João - Hernandes Dias Lopes.pdf
Comentários -João - Hernandes Dias Lopes.pdf
 
Novo dia de festa o verdadeiro amor tyejaytyo
Novo dia de festa o verdadeiro amor tyejaytyoNovo dia de festa o verdadeiro amor tyejaytyo
Novo dia de festa o verdadeiro amor tyejaytyo
 
Lição 5 - Os Inimigos do Cristão - EBD.pptx
Lição 5 - Os Inimigos do Cristão - EBD.pptxLição 5 - Os Inimigos do Cristão - EBD.pptx
Lição 5 - Os Inimigos do Cristão - EBD.pptx
 

Benevolência para com todos

  • 1.
  • 2. Com base no conto “A História de um pão”, do livro O Espírito da Verdade, pelo Espírito Irmão X. Conta-nos assim o autor espiritual: Quando Barsabás, o tirano, demandou o reino da morte, buscou debalde reintegrar-se no grande palácio que lhe servira de residência. A viúva, alegando infinita mágoa, desfizera-se da moradia, vendendo-lhe os adornos. Viu ele, então, baixelas e candelabros, telas e jarrões, tapetes e perfumes, joias e relíquias, sob o martelo do leiloeiro, enquanto os filhos querelavam no tribunal, disputando a melhor parte da herança. Ninguém lhe lembrava o nome, desde que não fosse para reclamar o ouro e a prata que doara a mordomos distintos. E porque na memória de semelhantes amigos ele não passava, agora, de sombra, tentou o interesse afetivo de companheiros outros da infância.
  • 3. Todavia, entre eles encontrou simplesmente a recordação dos próprios atos de malquerença e de usura. Barsabás entregou-se às lágrimas de tal modo, que a sombra lhe embargou, por fim, a visão, arrojando-o nas trevas. Vagueou por muito tempo no nevoeiro, entre vozes acusadoras, até que um dia aprendeu a pedir na oração, e como se a rogativa lhe servisse de bússola, embora caminhasse às escuras, eis que, de súbito, se lhe extingue a cegueira e ele vê, diante de seus passos, um santuário sublime, faiscante de luzes. Milhões de estrelas e pétalas fulgurantes povoavam-no em todas as direções. Barsabás, sem perceber, alcançara a Casa das Preces de Louvor, nas faixas inferiores do firmamento. Não obstante deslumbrado, chorou, impulsivo, ante o Ministro espiritual que velava no pórtico. Após ouvi-lo, generoso, o funcionário angélico falou sereno:
  • 4. – Barsabás, cada fragmento luminoso que contemplas é uma prece de gratidão que subiu da Terra... – Ai de mim – soluçou o desventurado – eu jamais fiz o bem... – Em verdade – prosseguiu o informante –, trazes contigo, em grandes sinais, a pranto e o sangue dos doentes e das viúvas, dos velhinhos e órfãos indefesos que despojaste, nos teus dias de invigilância e de crueldade; entretanto, tens aqui, em teu crédito, uma oração de louvor... E apontou-lhe acanhada estrela, que brilhava à feição de pequenino disco solar. – Há trinta e dois anos – disse, ainda, o instrutor –, deste um pão a uma criança e essa criança te agradeceu, em prece ao Senhor da Vida. Chorando de alegria e consultando velhas lembranças, Barsabás perguntou:
  • 5. – Jonakim, o enjeitado? – Sim, ele mesmo – confirmou o missionário divino –. Segue a claridade do pão que deste, um dia, por amor, e livrar-te-ás, em definitivo, do sofrimento nas trevas. E Barsabás acompanhou o tênue raio do tênue fulgor que se desprendia daquela gota estelar, mas, em vez de elevar-se às alturas, encontrou-se numa carpintaria humilde da própria Terra. Um homem calejado aí refletia, manobrando a enxó em pesado lenho... Era Jonakim, aos quarenta de idade. Como se estivessem os dois identificados no doce fio de luz, Barsabás abraçou-se a ele, qual viajante abatido, de volta ao calor do lar.
  • 6. Decorrido um ano, Jonakim, o carpinteiro, ostentava, sorridente, nos braços, mais um filhinho, cujos louros cabelos emolduravam belos olhos azuis. Com a benção de um pão dado a um menino triste, por espírito de amor puro, conquistara Barsabás, nas Leis Eternas, o prêmio de renascer para redimir-se. REFLEXÃO: Espiritismo adota a divisa “Fora da caridade não há salvação”. Há nessa máxima dois conceitos principais, cujo conteúdo é preciso desvendar: caridade e salvação. Do conjunto da obra de Kardec, surge clara a ideia de que o aprimoramento é tarefa individual de cada Espírito, tendo como meta final a condição de Espírito puro. Os Espíritos mais elevados incentivam e auxiliam o progresso dos que seguem na retaguarda, mas cada qual ilumina e, pois, salva a si mesmo. A evolução é pessoal e intransferível, a cada um segundo suas obras.
  • 7. Quando conquista o estado de pureza, o Espírito deixa de experimentar a influência da matéria e não tem mais de sofrer provas ou expiações. Realiza a vida eterna no seio de Deus, como seu mensageiro e ministro, no gozo de inalterável felicidade. Trata-se de um estado glorioso, inconcebível para quem dele ainda se acha distante. A salvação, segundo essa concepção, constitui a meta para a qual todos os Espíritos foram criados, o seu maravilhoso destino final. Como condição de sua conquista, o Espiritismo estabelece a caridade. Tendo em mira que se trata de algo com o condão de afastar o sofrimento e produzir felicidade e plenitude, todos têm o maior interesse em entendê-la e praticá-la. Objetivando obter o melhor conceito de caridade, na questão nº 886 de O livro dos Espíritos, Kardec indaga à espiritualidade superior qual o verdadeiro sentido dessa palavra, segundo a entendia Jesus. Obtém a seguinte resposta:
  • 8. “Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas”. Como se vê, a caridade é composta por três virtudes: benevolência, indulgência e perdão. Considerando que o objeto deste trabalho cinge-se à indulgência, nele não serão abordadas as outras duas virtudes. Consoante se infere da Codificação, a indulgência implica fazer um juízo suave das fissuras morais alheias, do que os outros fazem ou são e que parece errôneo. É uma questão de valorizar o bem, em vez do mal, e de temperar com uma certa doçura o próprio refletir sobre o semelhante. Ela se liga diretamente ao raciocínio, ao modo como se processam no íntimo do homem as impressões que ele tem do outro, como ele julga as imperfeições alheias. Quando se fala em julgamento, logo vem à mente a famosa frase de Jesus: “Não julgueis, para que não sejais julgados.” (Mateus: 7:1).
  • 9. Com base nessa assertiva, parece que todo e qualquer julgamento é um erro. Ocorre ser impossível viver a raça humana no conjunto da criação e não parece desejável que se abdique dela, especialmente quando se tem em mente o caráter racional do Consolador prometido pelo Cristo, o Espiritismo. Assim, quando Jesus exorta a que não se julgue, a exortação não parece ser em sentido absoluto, mas apenas a que não se julgue de certa maneira (com severidade). Essa interpretação nada tem de arbitrária e se revela coerente e possível em variadas outras passagens evangélicas. Por exemplo, no Sermão da Montanha, Jesus afirma a bem-aventurança dos que sofrem e choram. Ora, em um mundo de provas e expiações, como é a Terra, absolutamente todos sofrem e choram, em maior ou menor grau.
  • 10. Toda a lei divina encontra-se inscrita na consciência de cada ser, que funciona como juiz da própria conduta. Quem se habitua a analisar severamente os erros do próximo molda em seu íntimo um juiz implacável. Quando chegar a hora de prestar contas à Eterna Justiça, as medidas desse severíssimo censor é que lhe serão aplicadas. A respeito, o seguinte trecho de O Evangelho segundo o Espiritismo: “Sede indulgentes com as faltas alheias, quaisquer que elas sejam; não julgueis com severidade senão as vossas próprias ações e o Senhor usará de indulgência para convosco, como de indulgência houverdes usado para com os outros” (Capítulo X, item 17, primeira parte). Como ninguém suporta um olhar muito severo sobre suas fraquezas, importa treinar um olhar generoso sobre as fissuras morais alheias, até como medida de autopreservação.
  • 11. Nesse mesmo capítulo do Evangelho segundo o Espiritismo, no item 16, há uma interessante dissertação de José, Espírito Protetor, a respeito da indulgência. Ele afirma que a indulgência não vê os defeitos de outrem, mas, se os vê, evita falar deles. Ao contrário, oculta-os. Se a malevolência os descobre, encontra escusa plausível e séria para eles, não uma visivelmente falsa, a fim de mais os evidenciar. Observa-se aí um genuíno esforço em valorizar o bem que há no próximo, perante si mesmo e perante terceiros. Faz-se efetiva opção de ver o semelhante de forma positiva, considerá-lo digno e valioso, malgrado seus problemas. A mensagem também fala que a indulgência consiste em um sentimento doce e fraternal que todo homem deve alimentar para com seus irmãos.
  • 12. A doçura remete à ideia de sabor agradável. O sentimento da indulgência é suave, saboroso, tranquilizador e fraterno, próprio de irmãos, de seres que se gostam, que se sentem ligados. Nada tem de amargor e de ásperas reprimendas. É especialmente esclarecedor o último parágrafo da mensagem: “Sede indulgentes, meus amigos, porquanto a indulgência atrai, acalma, ergue, ao passo que o rigor desanima, afasta e irrita.” Trata-se de uma eloquente verdade, pois ninguém aprecia ficar perto de uma pessoa severa, que só percebe e valoriza os defeitos alheios. É desagradável sentir-se criticado, não apreciado, sem falar que ter as próprias dificuldades ressaltadas desanima, a ponto de muitas vezes surgir o raciocínio de que nada mais há para fazer: é-se um caso perdido!
  • 13. Ao contrário, quando as virtudes de alguém são valorizadas, ele se considera digno e ganha forças para ser melhor e lutar contra suas fraquezas, que se tornam apenas um detalhe. A indulgência sacia a sede de compreensão e acalma o coração por vezes atormentado pela culpa. Ela atrai quem mais necessita de amparo e compreensão. E especialmente ergue em direção ao refazimento do caminho, à reparação dos erros praticados. O esforço em ver o próximo de forma positiva torna mais fácil gostar dele e estabelecer vínculos de genuína fraternidade, na medida em que ninguém almeja ser amigo de réprobos, mas, sim, de criaturas dignas. Pode-se concluir que a indulgência, além de se inserir no âmbito maior da salvação do Espírito, rumo ao seu angelical destino, também possui o condão de salvar os relacionamentos humanos, ao conduzi-los a um patamar saudável.
  • 14. A indulgência, como componente da caridade, não é só a meta (a libertação final, fruto da vivência perfeita), mas também o caminho, ao viabilizar a fraternidade entre seres ainda imperfeitos, mas que sonham com a perfeição e precisam se auxiliar em sua caminhada. Muita Paz! Visite o meu Blog: http://espiritual-espiritual.blogspot.com.br A serviço da Doutrina Espírita; com estudos comentados de O Livro dos Espíritos, de O Livro dos Médiuns, e de O Evangelho Segundo o Espiritismo. Leia Kardec! Estude Kardec! Pratique Kardec! Divulgue Kardec!