3. LER NÃO SERVE PARA NADA
Redação, UFMG-2002
“Como tornar o Brasil uma nação letrada?” é o título de um documento de Ottaviano Carlo de
Fiore, secretário do Livro e Leitura. Honestamente, eu nem sabia que o Ministério da Cultura
tinha um secretário do Livro e Leitura. Mas tem. Sua principal tarefa é “acompanhar, avaliar e
sugerir alternativas para as políticas do livro, da leitura e da biblioteca”. Foi exatamente o que
Ottaviano Carlo de Fiore tentou fazer em seu documento, estudando maneiras de aumentar o
interesse por livros no Brasil. Cito um trecho: “É fundamental que nos meios de massa, políticos,
estrelas, sindicalistas, professores, religiosos, jornalistas (através de depoimentos, conselhos,
testemunhos) propaguem contínua e perenemente a necessidade, a importância e o prazer da
leitura, assim como a ascensão social e o poder pessoal que o hábito de ler confere às pessoas”.
Minha experiência, ao contrário do que afirma o documento de Ottaviano Carlo De Fiore, é que o
hábito da leitura constitui o maior obstáculo para a ascensão social e o poder pessoal no Brasil.
Não é um acaso que aqueles que vivem de livros – os escritores – se encontrem no patamar mais
baixo de nossa escala social. É contraproducente tentar convencer os poderosos a prestar
depoimentos sobre a importância dos livros em suas carreiras, simplesmente porque é mentira, e
todo mundo sabe que é mentira. Dê uma olhada nas pessoas de sucesso que aparecem nas
páginas desta revista. É fácil perceber que nenhuma delas precisou ler para subir na vida. A
melhor receita para o sucesso, no Brasil, é o analfabetismo.
6. A CARTA ARGUMENTATIVA
estrutura do gênero
vocativo cargo do interlocutor [Caros colunistas] vírgula ou dois pontos
introdução apresenta assunto contextualiza a proposta
desenvolvimento expõe-amplia discute-se o problema semelhante à dissertação
o que originou o texto?
local e data lugar referido coletânea ou onde se faz a prova alinhado à direita
conclusão retomada resumida peroração [facultativa] semelhante à dissertação
despedida e assinatura despedida, 1 linha não se assina! pode-se usar sigla
é inevitável o locutor de primeira pessoa [singular ou plural]
atende a inúmeros objetivos: reclamar, solicitar, cumprimentar, comentar, informar...
ao leitor [público alvo genérico] x do leitor [público alvo específico]
9. EXPOSIÇÃO DO ASSUNTO E REAFIRMAÇÃO DA TESE
[o candidato pode parafrasear a introdução, desde que seja sucinto]
FECHAMENTO
Sem mais – Atenciosamente – etc.
A CONCLUSÃO
Redação, UFMG-2002
11. TEXTO
Redação, UFMG-2002
A cada dia nos deparamos com novas invenções, novos produtos, novos modos de fazer e
interpretar. A cada dia, precisamos nos acostumar com as novidades, aprender a lidar com elas e,
mais do que tudo, acabamos por nos submeter ao ritmo que elas nos impõem. De alguma
maneira, essa overdose da novidade induz a um certo amortecimento dos sentidos e dos afetos,
de modo que se acaba por considerar todo esse redemoinho cotidiano como sendo corriqueiro e
“normal”. Parece até que uma nova e tácita norma social despontou: fica proibido manifestar
admiração exagerada ou rejeição camuflada à existência de produtos resultantes das robustas
vitórias da racionalidade técnica e mercantil.
A questão não é, de forma alguma, abandonar a tecnologia e seus resultados positivos; isso seria
uma estupidez. O que não se pode perder, porém‚ é a capacidade de ficar espantado; essa perda
nos leva a achar tudo muito óbvio e rotineiro, impedindo a admiração, que conduz à reflexão
criadora. É necessário não menosprezar a atitude inovadora daqueles que, como as crianças,
ainda se admiram de que as coisas sejam como são, em vez de fingir que espantoso seria se não
fossem assim...
13. A DISSERTAÇÃO TRADICIONAL
estrutura do gênero
introdução tema + tese o locutor já se posiciona [em um parágrafo apenas]
desenvolvimento exposição-ampliação discute-se o problema
conclusão retomada resumida peroração [facultativa] [em apenas um parágrafo]
[dois ou mais parágrafos]
locutor de terceira pessoa, objetivo e distanciado
[o que interessa é a capacidade de discutir o assunto e se posicionar sobre ele]
alguns tipos de introdução: frase tópico, citação, interrogação, subdivisão
tipos de desenvolvimento: causa e consequência, confronto, subdivisão
tipos de conclusão: advertência, questionamento, sugestão
[explicite articuladores; não copie trechos da coletânea; procure usar a terceira pessoa]
título resumo do texto curto, sintético não é frase!
16. POR QUE SE MALTRATA TANTO O BRASIL?
Redação, UFMG-2002
Afinal, por que não cantar o Hino Nacional? Por que não querer bem à Pátria? Por que não
exaltar suas qualidades? Por que não querer assistir a seus filmes? Por que não enaltecer sua
gente? Por que não exaltar suas artes? Por que não querer ouvir suas músicas? Por que não ler
seus autores? Por que não defender a empresa de capital nacional? Por que não valorizar suas
escolas? Por que não comemorar suas datas memoráveis? Por que não restaurar suas igrejas? Por
que não erradicar sua pobreza? Por que não garantir o futuro de suas crianças? Por que não
eleger bons políticos? Por que não praticar mais justiça? Por que não se orgulhar de seus feitos?
Afinal, por que se tem maltratado tanto o Brasil nesses 500 anos de existência?
17. QUESTÃO 03
Redação, UFMG-2002
Considere que você é candidato a um cargo político e tem três minutos para fazer sua
propaganda a ser veiculada, no horário eleitoral gratuito, em todas as emissoras de TV e de rádio
do País.
REDIJA o texto verbal de sua propaganda, usando suas próprias palavras para discutir a pergunta
proposta no título do trecho lido.