O documento discute o ensaio "Literatura de dois gumes", de Antonio Candido. O ensaio analisa como a literatura brasileira é paradoxalmente nacional e universal, tendo sido influenciada pela tradição literária européia mas desenvolvendo traços próprios a partir da realidade brasileira.
3. ASPECTOS GERAIS
Literatura de dois gumes, de Antonio Candido
quarta
geração
do
modernismo
brasileiro
[pós-‐modernismo]
1969
relações
entre
literatura,
história,
cultura,
mentalidade
e
iden<dades
brasileiras
literatura brasileira
o
ensaio
mostra
como,
no
Brasil,
forjou-‐se
uma
literatura
paradoxalmente
nacional
e
universal
para
tanto,
analisam-‐se
a
cons<tuição
da
literatura
e
da
iden<dade
brasileiras
temas
literatura
e
senso
de
real
literatura
e
imaginação
na0vismo
nacionalidade
indianismo
4. O GÊNERO TEXTUAL ENSAIO
Literatura de dois gumes, de Antonio Candido
definição
texto
curto
em
que
se
procura
fazer
um
exame
de
uma
questão
sem,
contudo,
esgotá-‐la
tipos textuais
exposição,
argumentação
áreas de interesse
variada
contexto de circulação
acadêmico
5. O TÍTULO
Literatura de dois gumes, de Antonio Candido
uma metáfora
uma
literatura
que
é
paradoxalmente
nacional
e
universal
nacional
apresenta
traços
específicos
[condições
Hsicas
e
sociais]
que
definem
a
iden<dade
brasileira
universal
cons<tui-‐se
a
par<r
de
temas
e
formas
[padrões
esté<cos
e
intelectuais]
europeias
6. ESTRUTURA DO ENSAIO
Literatura de dois gumes, de Antonio Candido
parte 01
introdução
parte 02
imposição
e
adaptação
cultural
parte 03
transfiguração
da
realidade
e
senso
de
concreto
parte 04
tendência
genealógica
parte 05
o
geral
e
o
par<cular
nas
formas
de
expressão
8. IMPOSIÇÃO E ADAPTAÇÃO CULTURAL
Literatura de dois gumes, de Antonio Candido
nação e literatura
as
literaturas
americanas
são
essencialmente
europeias
a)
con<nuam
a
pesquisa
da
alma
humana
e
da
sociedade
definida
na
tradição
do
velho
mundo
[a
transposição
cultural
da
metrópole
para
a
colônia
se
deu
na
época
do
Humanismo];
b)
a
formação
das
literatura
americanas
herda
da
tradição
europeia
seu
caráter
erudito,
formal,
realista
[mas,
ao
mesmo
tempo,
alegórica]
da
vida;
as
contribuições
africanas
e
ameríndias
deram-‐se
apenas
no
plano
folclórico
a)
o
gênero,
o
es<lo
e
as
temá<cas
literárias
foram
transplantadas
da
Europa
para
a
América
b)
negros
e
índios
começam,
efe<vamente,
a
produzir
textos
que
circulam
no
sistema
literário
apenas
no
final
do
século
XX.
9. SONETO
Gregório de Matos
Rubi,
concha
de
perlas
peregrina,
Animado
Cristal,
viva
escarlata.
Duas
Safiras
sobre
lisa
prata,
Ouro
encrespado
sobre
prata
fina.
HERANÇA
EUROPEIA
Este
o
ros<nho
é
de
Caterina;
soneto
decassílabo
E
porque
docemente
obriga,
e
mata,
Não
livra
o
ser
divina
em
ser
ingrata,
celebração
da
beleza
da
mulher
amada
E
raio
a
raio
os
corações
fulmina.
CARÁTER
BRASILEIRO
Viu
Fábio
uma
tarde
transportado
desidealização
da
figura
feminina
Bebendo
admirações
e
galhardias,
A
quem
já
tanto
amor
levantou
aras.
cena
escatológica
Disse
igualmente
amante,
e
magoado:
Ah,
muchacha
gen<l,
que
tal
serias,
Se
sendo
tão
formosa,
não
cagaras.
NEVES,
Manoel.
Faces
poé*cas
de
Gregório
de
Matos.
Disponível
em:
h[p://www.manoelneves.com.
10. VAVAZARADE
Professores indígenas do Amazonas
Vavazarade
caçava
todo
dia
com
sua
zarabatana.
Todos
os
dias
ele
matava
muitos
macacos.
Um
dia,
foi
de
novo.
Quando
ele
estava
voltando
de
tarde
para
a
aldeia,
encontrou
uma
irara.
A
irara
fez
careta
para
ele
e
gritou.
Ele
levou
um
susto.
E
não
viu
quem
era,
e
perguntou:
–
Que
bicho
é
esse?
Ele
chegou
em
casa
e
foi
dormir.
Quando
acordou,
estava
doente.
Ele
ficou
doente
por
três
dias.
A
mãe
dele
chorou,
então
um
homem
disse:
–
Não
chore,
não,
seu
filho
vai
ser
como
nambu
galinha.
Ele
não
ficou
como
nambu
galinha.
A
mãe
chorava,
o
filho
não
comia
mais.
Depois
de
quatro
dias,
ele
ficou
bom,
foi
andando
no
caminho
e
encontrou
a
irara
novamente.
A
irara
falou
para
ele:
–
Fui
eu
que
fiz
com
que
você
ficasse
doente.
Vavazarade
virou
pajé,
e
ele
é
pajé
até
hoje.
Antes
não
<nha
pajé
entre
o
povo
Deni.
Agora
tem
pajé.
PROFESSORES
INDÍGENAS
DO
AMAZONAS.
Ima
bute
denikha:
mitos
deni.
Disponível
em:
h[p://www.comin.org.br/
news/publicacoes/1206992069.pdf
LITERATURA
INDÍGENA
visão
mágica
da
existência
mito
e<ológico:
explica
a
origem
de
um
elemento
da
realidade
11. MAMÃE GRANDE
Ricardo Aleixo
todas
as
águas
do
mundo
são
Dela.
fluem
refluem
nos
ritmos
ORIKI
Dela.
tudo
que
vem.
frase
de
louvação,
canto
de
louvor
aos
orixás
que
revém.
Todas
célula
poé<ca
[de
origem
africana]
rica
em
jogos
verbais
as
águas
do
mundo
são
LITERATURA
NEGRA
Dela.
celebração
da
cultura,
da
ideologia
e
da
visão
negra
de
mundo
fluem
refluem
nos
ritmos
Dela.
MAMÃE
GRANDE
tudo
que
poema
em
homenagem
a
Nanã
[Iemanjá],
a
grande
mãe
primordial
vem.
que
revém.
todas
as
águas
senhora
da
lama
do
leito
dos
rios,
que
serviu
para
criar
o
ser
humano
do
mundo
FORMA
POÉTICA
são
Dela.
fluem
uma
célula
poé<ca
aparece
três
vezes
refluem
nos
ritmos
Dela.
tudo
a
repe<ção
lembra
o
movimento
das
águas
e
da
vida
[nasce,
cresce,
morre]
que
vem.
que
revém.
PEREIRA,
Edimilson
de
Almeida,
ALEIXO,
Ricardo.
A
roda
do
mundo.
Belo
Horizonte:
Mazza
Edições,
1996.
12. IMPOSIÇÃO E ADAPTAÇÃO CULTURAL
Literatura de dois gumes, de Antonio Candido
consolidação da literatura nacional
ex<nção
do
bilinguismo
[português-‐tupi],
por
decreto,
em
1757
imposição
cultural
os
homens
de
letras
do
Brasil
Colônia
[oradores,
poetas,
cronistas,
historiadores]
eram
quase
todos
sacerdotes,
juristas,
funcionários,
militares,
senhores
de
terra,
por
isso,
só
podiam
expressar
a
ideologia
oficial
europeia;
manifestações
literárias
relevantes
do
período
Áureo
trono
episcopal,
de
1749
[coletânea
em
homenagem
ao
bispo
de
Mariana];
Júbilo
da
América,
de
1752
[tributo
poé<co
ao
governador
do
Rio
de
Janeiro,
Gomes
Freire
de
Andrada];
História
da
América
Portuguesa
[de
Rocha
Pita,
1730];
O
uraguai
[de
Basílio
da
Gama,
1769];
História
da
América
Portuguesa
[de
Rocha
Pita,
1730];
Caramuru
[de
Santa
Rita
Durão,
1781].
13. FRAGMENTO DE O URAGUAI
Basílio da Gama
Porém
o
destro
Cai<tu,
que
treme
UMA
EPOPEIA
INDIANISTA
Do
perigo
da
Irmã,
sem
mais
demora
Dobrou
as
pontas
do
arco,
e
quis
três
vezes
poema
épico
inspirado
em
modelos
literários
europeus
Soltar
o
<ro,
e
vacilou
três
vezes
o
tema
é
desdobramento
do
Mito
do
Bom
Selvagem
Entre
a
ira
e
o
temor.
Enfim
sacode
O
arco
e
faz
voar
a
aguda
seta,
INDIANISMO
Que
toca
o
peito
de
Lindóia,
e
fere
Arcadismo
A
serpente
na
testa,
e
a
boca
e
os
dentes
pela
primeira
vez
o
índio
recebe
tratamento
literário
Deixou
cravados
no
vizinho
tronco.
Açouta
o
campo
com
a
ligeira
cauda
O
URAGUAI
O
irado
monstro,
e
em
tortuosos
giros
poema
que
homenageia
o
Marquês
de
Pombal
Se
enrosca
no
cipreste,
e
verte
envolto
Em
negro
sangue
o
lívido
veneno.
conflito
entre
primi<vismo
índio
e
racionalismo
GAMA,
Basílio
da.
O
uraguai.
Disponível
em:
h[p://manoelneves.com
15. TRANSFIGURAÇÃO DA REALIDADE...
Literatura de dois gumes, de Antonio Candido
transfiguração da realidade
o
que
é
a)
atribuição
de
sen<do
alegórico
à
fauna,
magia
à
flora
e
grandeza
sobre-‐humana
aos
atos;
b)
compensação
ante
a
ausência
de
recursos
e
de
realizações;
visão
utópica
dos
na<vistas;
origem:
mito
do
el
dourado
a
colonização
das
terras
americanas
foi,
em
certa
medida,
influenciada
pelas
imagens
ideais
de
beleza
e
de
riqueza
que
inconscientemente
orientaram
a
conquista
e
permi<ram
não
só
o
esxmulo
à
colonização,
mas
também
o
desbravamento
das
terras
desconhecidas
e
a
vontade
de
as
submeter
à
Metrópole;
estratégias
es<lís<cas
alegoria,
mito,
perífrases,
hipérbatos,
elipse,
hipérboles;
16. TRANSFIGURAÇÃO DA REALIDADE...
Literatura de dois gumes, de Antonio Candido
transfiguração da realidade
obras
representa<vas
Música
do
parnaso
[Botelho
de
Oliveira,
1705:
hipérboles
na<vistas];
Assunção
[Frei
Francisco
de
São
Carlos,
1820:
o
Paraíso
é
plantado
com
as
espécies
xpicas
dos
pomares
brasileiro];
Prosopopeia
[Bento
Teixeira,
1601:
o
Oceano,
divindade
marinha,
profe<za
os
feitos
de
Jorge
Albuquerque
Coelho]
Poemas
[de
Cláudio
Manuel
da
Costa,
1768:
elementos
mitológicos
–
ninfas,
ciclopes,
pastores
–
convivem
com
elementos
xpicos
da
natureza
tropical]
o
român<co
Gonçalves
Dias
vê
a
Serra
dos
Órgãos
como
um
gigantesco
índio
adormecido
que
testemunha
a
miscigenação
das
raças
cons<tuintes
do
Brasil;
os
republicanos
apresentam
o
País
como
um
gigante
adormecido
pronto
a
entrar
em
ação
através
de
seus
filhos.
17. SONETO
Cláudio Manuel da Costa
Leia
a
posteridade,
ó
pátrio
Rio,
Em
meus
versos
teu
nome
celebrado;
Por
que
vejas
uma
hora
despertado
O
sono
vil
do
esquecimento
frio
TRAÇOS
EUROPEUS
Não
vês
nas
tuas
margens
o
sombrio,
soneto
decassílabo
rimado
e
metrificado
Fresco
assento
de
um
álamo
copado;
Não
vês
ninfa
cantar,
pastar
o
gado
bucolismo,
mitologia
grega
[ninfas]
Na
tarde
clara
do
calmoso
es<o.
TRAÇOS
NATIVISTAS
Turvo
banhando
as
pálidas
areias
cor
local
[traços
na<vistas]
Nas
porções
do
riquíssimo
tesouro
pátrio
rio,
gado,
referência
ao
ouro
[séc.
XVIII]
O
vasto
campo
da
ambição
recreias
Que
de
seus
raios
o
planeta
louro
Enriquecendo
o
influxo
em
tuas
veias,
Quanto
em
chamas
fecunda,
brota
em
ouro.
COSTA,
Cláudio
Manuel
da.
Leia
a
posteridade,
ó
pátrio
rio.
Disponível
em:
h[p://biblio.com.br
18. TRANSFIGURAÇÃO DA REALIDADE...
Literatura de dois gumes, de Antonio Candido
o senso de concreto
o
que
é
literatura
didá<ca,
calcada
no
real,
denota<va,
racional;
mentalidade
crí<ca
dos
racionalistas;
origem
a
literatura
pra<cada
pelos
cronistas
do
século
XVI
é
profundamente
influenciada
pelo
pensamento
e
pelo
es<lo
renascen<stas
[classicismo]
em
voga
na
Europa;
obras
representa<vas
poemas
sobre
o
açúcar,
de
Prudêncio
do
Amaral;
poemas
cômicos
sobre
o
ensino
em
Portugal,
de
Silva
Alvarenga
e
Francisco
de
Melo
Franco;
Cartas
chilenas,
de
Tomás
Antônio
Gonzaga,
por
intermédio
das
quais
se
cri<ca
o
mau
governo
do
governador
das
Minas
Gerais.
19. FRAGMENTO DE CARTAS CHILENAS
Tomás Antônio Gonzaga
Soberbo
e
louco
chefe,
que
proveito
Tiraste
em
gastar
em
frias
festas
Imenso
cabedal,
que
o
bom
Senado
Devia
consumir
em
coisas
santas?
Suspiram
pobres
amas
e
padecem
SÁTIRA
ÁRCADE
Crianças
inocentes,
e
tu
podes
crí<ca
ao
mau
uso
do
dinheiro
público
Com
rosto
enxuto
ver
tamanhos
males?
CONSCIÊNCIA
CRÍTICA
E
ILUSTRAÇÃO
Embora!
Sacrifica
ao
próprio
gosto
As
fortunas
dos
povos
que
governas;
iluminismo
Virá
dia
em
que
mão
robusta
e
santa,
visão
crí<ca
do
mundo
Depois
de
cas<gar-‐nos
se
condoa
movimentos
na<vistas
E
lance
na
fogueira
as
varas
torpes.
Então
rirão
aqueles
que
choraram,
Inconfidências
Mineira
e
Carioca
Então
talvez
que
chores,
mas
debalde,
Que
suspiros
e
prantos
nada
lucram
A
quem
os
guarda
para
muito
tarde.
GONZAGA,
Tomás
Antônio.
Cartas
chilenas.
São
Paulo:
Á<ca,
1996.
20. TRANSFIGURAÇÃO DA REALIDADE...
Literatura de dois gumes, de Antonio Candido
o senso de concreto
desdobramentos
a)
a
mentalidade
crí<ca
destes
escritores
é
fruto
da
ilustração
[contato
com
as
teorias
iluministas]
e,
paradoxalmente,
a
fidelidade
aos
padrões
culturais
europeus
enseja
uma
geração
de
escritores
com
profunda
consciência
crí<ca
e
cujo
obje<vo
é
romper
com
o
pacto
colonial
–
isso
jus<fica
sua
par<cipação
nas
Inconfidências
Mineira
[1789]
e
Carioca
[1794];
para
o
ensaísta,
esse
engajamento
terá
como
desdobramento
úl<mo
a
independência
polí<ca,
em
1822;
o
romance
brasileiro
tem
forte
traço
documental
[seja
de
sondagem
psicológica,
seja
de
análise
social]
e
nele
se
mantém
viva
a
representação
mais
realista
[senso
de
concreto].
21. TRANSFIGURAÇÃO DA REALIDADE...
Literatura de dois gumes, de Antonio Candido
fusão das tendências
escritores
houve,
porém,
que
fundiram
as
duas
tendências,
ou
seja,
fizeram
uma
literatura
fortemente
calcada
no
Real,
mas
com
profundo
trabalho
linguís<co
ou
mesmo
com
forte
imaginação
cria<va;
exemplo
disso
são
os
escritos
sobre
a
economia
da
Colônia,
de
Antonil,
em
que
se
mesclam
obje<vidade,
aridez
de
es<lo
e
uma
linguagem
permeada
por
figuras.
23. A TENDÊNCIA GENEALÓGICA
Literatura de dois gumes, de Antonio Candido
o
que
é
a)
consciência
das
classes
dominantes
locais
de
que
elas
precisavam
elaborar
uma
ideologia
que
jus<ficasse
sua
preeminência
na
sociedade;
b)
escolha,
no
passado
local,
dos
elementos
adequados
a
uma
visão
na<vista,
mas,
também,
europeia
[paradoxalmente
essa
tenta<va
de
definição
do
nacional
tem
origem
duplamente
europeia
–
transformação
do
índio
em
figura
literária
e
a
celebração
dos
valores
nacionais
são
dois
temas
da
literatura
român<ca
do
Velho
Mundo];
figura
escolhida
o
índio;
24. A TENDÊNCIA GENEALÓGICA
Literatura de dois gumes, de Antonio Candido
por
que
o
índio?
a)
não
era
mais
escravo
desde
o
século
XVIII;
b)
nos
séculos
XVI
e
XVII,
a
alguns
chefes
que
auxiliaram
no
processo
colonizador,
foi
dado
o
status
de
nobre;
c)
influência
do
mito
do
Bom
Selvagem,
de
Rousseau;
d)
a
exploração
dessa
imagem
ideal
não
toca
no
sistema
colonial,
que
tem
no
negro
seu
alicerce
econômico;
e)
já
no
século
XVIII
o
índio
havia
desaparecido
enquanto
povo;
f)
tenta<va
de
negar
os
valores
ligados
à
colonização
portuguesa;
g)
desejo
de
inventar
um
passado
que
já
era
nacional,
que
demarcasse
as
diferenças
entre
a
jovem
nação
e
Portugal
25. A TENDÊNCIA GENEALÓGICA
Literatura de dois gumes, de Antonio Candido
como
se
processa
a
construção
da
tendência
genealógica?
a)
criação
do
mito
de
que
as
filhas
dos
chefes
indígenas
<nham-‐se
unido
aos
primeiros
colonos;
b)
a
idealização
da
figura
indígena
[é
o
antepassado
mí<co
e
encarna
a
beleza
e
a
dignidade
da
vida
rús<ca]
seguindo
modelos
europeus
[indianismo
árcade
e
român<co];
c)
adoção,
por
parte
dos
“nobres”
de
nomes
e
de
sobrenomes
de
origem
indígena
[Cariru,
Araripe,
Jaguaribe,
Murici,
Pitangui];
d)
acréscimo
de
nomes/sobrenomes
indígenas
a
quase
metade
dos
xtulos
de
nobreza
concedidos
pelos
dois
imperadores.
26. FRAGMENTO DE “O CANTO DO GUERREIRO”
Gonçalves Dias
Aqui
na
floresta
Dos
ventos
ba<da,
Façanhas
de
bravos
Não
geram
escravos,
Que
es<mem
a
vida
Sem
guerra
e
lidar.
—
Ouvi-‐me,
Guerreiros,
INDIANISMO
—
Ouvi
meu
cantar.
o
índio
representa
o
antepassado
histórico
brasileiro
Valente
na
guerra,
desdobramento
do
Mito
do
Bom
Selvagem
Quem
há,
como
eu
sou?
idealização
segundo
parâmetros
europeus
Quem
vibra
o
tacape
Com
mais
valen<a?
Quem
golpes
daria
Fatais,
como
eu
dou?
—
Guerreiros,
ouvi-‐me;
—
Quem
há,
como
eu
sou?
DIAS,
Gonçalves.
O
canto
do
guerreiro.
Disponível
em:
h[p://manoelneves.com
27. O ÍNDIO COMO HERÓI NO ROMANTISMO
cenas do romance O guarani, de José de Alencar
TV
ESCOLA.
José
de
Alencar:
o
múl*plo.
Disponível
em:
h[p://manoelneves.com.
Acesso
em:
21/06/2012.
parâmetros do heroísmo indígena
força
coragem
valen<a
altruísmo
bravura
cavalheirismo
orgulho
28. O GERAL E O PARTICULAR NAS FORMAS...
Literatura de dois gumes, de Antonio Candido
29. O GERAL E O PARTICULAR NAS FORMAS...
Literatura de dois gumes, de Antonio Candido
01)
a
cons<tuição
da
literatura
[e
da
nacionalidade]
brasileira[s]
se
deu
através
da
imposição
de
modelos
e
de
transferência
da
cultura
do
conquistador;
02)
apesar
de
os
estudiosos
român<cos
chamarem
nacional
a
literatura
produzida
apenas
após
o
período
român<co,,
é
por
intermédio
da
submissão
aos
modelos
[italianos
–
humanismo
quinhen<sta
–,
espanhóis
–
barroco
seiscen<sta
–
e
franceses
–
arcadismo
setecen<sta]
e
temá<cas
exógenos
que
se
dá
a
configuração
e
a
inserção
do
nacional
na
literatura;
03)
a
presença
da
cor
local
nos
poemas
árcades
[a
menção
aos
rios
cheios
de
ouro,
às
rochas,
a
onças]
é
uma
demonstração
de
que,
fiéis
aos
temas
e
às
formas
do
Velho
Mundo,
criamos
uma
literatura
que,
ao
mesmo
tempo,
nos
inseria
na
tradição
literária
europeia
e
nos
possibilitava
exprimir
os
traços
que
nos
tornavam
diferentes
dela;
04)
Gregório
de
Matos
é
um
excelente
exemplo
do
que
fala
Candido,
pois
sua
obra
apresenta
tanto
aspectos
europeus
[poemas
amorosos
e
religiosos]
quanto
brasileiros
[vocabulário
africano
e
indígena,
fixação
dos
costumes,
preconceitos
e
problemas
inerentes
a
uma
sociedade
em
formação].
30. SONETO
Gregório de Matos
Um
calção
de
pindoba
a
meia
zorra
Camisa
de
Urucu,
mantéu
de
Arara,
CARÁTER
CLÁSSICO
Em
lugar
de
cotó
arco,
e
taquara,
Penacho
de
Guarás
em
vez
de
gorra.
soneto
decassílabo
Furado
o
beiço,
e
sem
temor
que
morra,
LIRISMO
SOCIAL
O
pai,
que
lho
envazou
cuma
<tara,
crí<ca
à
nobreza
da
terra:
não
tem
sangue
azul
Senão
a
Mãe,
que
a
pedra
lhe
aplicara,
A
reprimir-‐lhe
o
sangue,
que
não
corra.
ASPECTOS
ESTILÍSTICOS
Animal
sem
razão,
bruto
sem
fé,
vocabulário
indígena
Sem
mais
Leis,
que
as
do
gosto,
quando
erra,
linguagem
saxrica
direta
De
Paiaiá
virou-‐se
em
Abaeté.
economia
de
metáforas
Não
sei,
onde
acabou,
ou
em
que
guerra,
Só
sei,
que
deste
Adão
de
Massapé,
RESSENTIMENTO
CONTRA
OS
RICOS
Procedem
os
fidalgos
desta
terra.
NEVES,
Manoel.
Faces
poé*cas
de
Gregório
de
Matos.
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em:
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