O documento discute a libertação do poder do pecado através da morte de Cristo na cruz. Afirma que somos libertos do pecado e da lei, pois Cristo cumpriu tudo por nós. Defende que devemos confiar no Espírito Santo para nos libertar do pecado, em vez de nos esforçarmos por conta própria, e que devemos andar no Espírito para triunfar sobre a carne.
2. PÁGINA 1
Longe de Jesus não existe liberdade.
Jesus comprou a nossa liberdade com seu
próprio sangue, para que fossemos livres.
Por sermos livres escolhemos segui-lo.
3. PÁGINA 2
I
A Cruz
Quem suportará o dia de Sua vinda? Quem poderá subsistir quando Ele aparecer?
Quem será considerado digno de receber a grande e preciosa recompensa a ser concedida
aos vencedores?
Se Jesus voltasse hoje, você estaria salvo?
Somos salvos pelo sangue derramado na cruz, pelo que Cristo fez por nós, não pelo
que fazemos por ele. “O sangue de Jesus seu filho, nos purifica de cada pecado” IJo 1.7.
Não são as nossas obras e penitencias que nos fazem mais santo, porque nós continuamos
sendo pecadores. “Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por meio de nosso
Senhor Jesus Cristo” Rm 5.1. Por causa da nossa natureza pecadora: apesar de perdoados,
continuamos pecando, vivemos atormentados por nossos pecados. Nascemos pecadores por
causa da herança de Adão, só nos resta livrar-nos desta natureza pecadora através da morte.
Quando Jesus esteve na cruz, todos nós, que estamos em Cristo (pelo batismo) morremos.
“Um morreu por todos; logo, todos morreram” IICo 5.14.
Deus nos libertou do poder do pecado crucificando o velho homem junto com Cristo,
da mesma maneira que nos libertou dos pecados cometidos, através do sangue de Jesus
derramado na cruz. Eu estava em Cristo, quando ele morreu eu também morri. A minha
morte para o pecado também foi consumada no passado e não no presente e nem no futuro,
quando se apresentarem as tentações. Obrigado Senhor, porque estou morto para o poder do
pecado! “Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em
mim” Ga 2.19.20. Portanto, temos a certeza, que Cristo morreu por nós e que estamos
mortos em Cristo.
Quando Jesus foi colocado na cruz nós estávamos nele. Podemos então nos considerar
mortos para o pecado, mas vivos para Deus. Se olharmos para nós mesmos, pensamos que
não estamos mortos, mas se tivermos fé e olharmos para Jesus, veremos o resultado da nossa
fé. Ainda está faltando a nossa entrega sem reservas, onde abandonamos as coisas do mundo
e deixamos de lado o nosso ego, para que tudo que somos e tudo que temos agora seja dele.
Não somos mais donos de nós mesmos, somos apenas mordomos. Só então, a soberania de
Jesus Cristo se torna real em nosso coração e o Espirito Santo poderá agir eficazmente.
Vivemos para o Senhor ou vivemos para nós mesmos, precisamos fazer a escolha.
O que é a Vida Cristã?
“Tendo sido sepultados juntamente com ele (Cristo), no batismo, no qual igualmente
fostes ressuscitados mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos” Cl
2.12. Como pecador morri e fui ressuscitado com Cristo. Reconheço que não tenho mais
direito algum sobre mim mesmo e me apresento a Deus como um morto que voltou a viver.
O velho homem morreu e inicia uma nova vida cristã, cheia de gratidão a Deus.
Cristo fez tudo por mim. “O pecado não tem mais domínio sobre mim, porque não
estou mais debaixo da lei, mas debaixo da graça” Rm 6.14.
• Graça: significa que Deus fez tudo por mim.
4. PÁGINA 3
• Lei: significa que eu faço tudo por Deus.
• A libertação da lei: significa que fui dispensado da lei, isento de cumpri-la, porque
Deus proveu pela sua graça o que era esperado de mim.
A dificuldade de entender, consiste no fato de que, o homem com sua natureza
pecaminosa, se esforça para fazer alguma coisa para o Senhor. Se procurarmos agradar a
Deus por este meio, nos colocamos sob a lei. “É legalismo querer ser salvo por mim
mesmo”.
Nós somos todos pecadores, se Deus não nos pede nada, é porque ele sabe que eu sou
um pecador e a lei que é santa e justa não pode ser respeitada por mim.
Deus sabe quem eu sou:
• Deus sabe que estou cheio de pecados, da cabeça aos pés.
• Deus sabe que sou a debilidade em pessoa.
• Deus sabe que não posso fazer nada sem pecar.
O problema é que eu não sei:
• Apesar de admitir, que sou pecador.
• Que todos os homens são pecadores.
• Tento viver sem pecados.
• Tento transparecer uma pessoa sem pecados.
• Tento não ser tão mau quanto os outros.
Desarme-se, e deixe Deus mostrar quão profundamente fracos e impotentes nós
somos.
Sem a lei, não teríamos conhecido as nossas debilidades e fraquezas. Não importa qual
seja a nossa experiência a respeito dos mandamentos, mas vamos olhar para o 10° “Não
cobiçaras”. Ele nos faz conhecer a nossa verdadeira natureza. Nele podemos perceber a
nossa incapacidade de guardá-los.
Para demostrar a nossa incapacidade de não transgredi-lo, vou dar um exemplo: Se, eu
dormir o dia todo, não tive oportunidade de transgredi-lo, ao acordar a noite, a minha oração
será, “Obrigado Pai Celestial por este santo dia”. Mas, se eu sair e passar o dia no shopping,
assistindo filme ou simplesmente olhando as lojas ou as coisas que por lá acontecem, ao
chegar no final do dia com certeza minha oração será. “Perdão Senhor, pelos meus muitos
pecados”.
Deus sabe que eu não faço outra coisa a não ser pecar. Eu é que não sei.
Precisamos estar plenamente convencidos da nossa incapacidade de viver sem pecado.
Precisamos reconhecer está verdade, porque nunca homem algum conseguiu agradar a
Deus por meio da obediência da lei. Quando chegarmos a este ponto, de ver a nossa
incapacidade de vivermos de acordo com a lei: “O objetivo da lei foi alcançado”. A lei
mostra a nossa incapacidade de salvação, nos conduzindo a Cristo, a fim de que ele mesmo
possa cumpri-la por nós. A lei se tornou nosso aio, para nos conduzir a Cristo, a fim de que
pela fé fossemos justificados.
Para vivermos na graça, devemos estar mortos para o pecado, só então ressurgirá uma
nova vida em Cristo. Com os recursos infinitos dele a nossa disposição, não precisamos
mais nos esforçar para agradar a Deus, mas devemos apenas confiar nele, porque aquilo que
era impossível para mim, Cristo cumpriu. É Cristo quem produz em mim aquilo que é
agradável a Deus. Fomos libertos do esforço de cumprir a lei por nós mesmos, já que
estamos plenamente convencidos de nossa incapacidade de obedece-la. Podemos orar:
“Senhor eu não posso cumprir a lei por mim mesmo, confio em Ti, para que a cumpras por
5. PÁGINA 4
mim”. Se hoje, você se libertar dos esforços de cumprir a lei para agradar a Deus, será como
se o Céu tivesse decido na Terra.
Quando entendemos Romanos 7 sob a luz do Espirito Santo, vemos que, não somente
estamos livres do pecado, mas também da lei, porque enquanto nos esforçamos para fazer
alguma coisa, Deus não pode agir em nós. Deus quer nos mostrar que não podemos fazer
nada por nós mesmos, até reconhecermos a nossa incapacidade e nos rendermos. Só então
Deus poderá pegar na nossa mão e agir. Achamos que consagrando mais tempo em oração,
leitura da palavra e boas obras irão nos aproximar de Deus, e seremos melhores crentes. É
um erro acharmos que por esse meio alcançaremos a vitória. A nossa confiança deve ser
colocada somente em Cristo, não nas coisas que fazemos para ele, porque a vitória está no
que Cristo fez por nós.
Como recebemos o perdão dos pecados? Foi pela leitura da Palavra, pela oração, pela
ajuda aos pobres ou por outra coisa que fizemos? Não, nos voltamos para cruz e acreditando
em tudo que fez o Senhor Jesus.
A libertação do poder do pecado segue o mesmo princípio, não precisamos agradar a
Deus, mas olhar para Cristo em nós, no nosso coração. O nosso perdão depende daquilo que
ele cumpriu na cruz, e a nossa libertação do poder do pecado depende daquilo que ele fará
em nós, sem a nossa ajuda, apenas nos rendemos, Cristo faz tudo. Sabemos que a
justificação nos chega pelo Senhor Jesus, que não nos pede nenhuma colaboração, mas
pensamos que a santificação depende de nossos próprios esforços. Sabemos que o perdão
dos pecados depende de colocarmos a nossa fé no Senhor Jesus, porém acreditamos que para
obter a libertação do poder do pecado precisamos fazer alguma coisa. Tememos que se não
fizermos nada, e apenas aguardarmos em Deus, não haverá nenhum progresso na nossa
santificação, então recomeçamos a usar os nossos esforços humanos e voltamos a querer nos
salvar por nós mesmos.
Precisamos olhar para Palavra de Deus que nos diz: “Está consumado” Jo 19.30. Ele
cumpriu tudo sobre a cruz, pelo nosso perdão, e deseja cumprir tudo em nós, para a nossa
libertação do poder do pecado. O que devemos fazer então? “É dar graças a Deus, porque foi
ele quem cumpriu tudo. Deus quer cumprir tudo, porque toda gloria pertence a ele. Se nós
colaborássemos na obra teríamos parte da gloria, mas Deus não quer que o homem se glorie
anulando o sangue de Jesus derramado na cruz”.
Não pensemos agora que a vida cristã consiste em ficar sentado esperando os milagres
acontecerem. Sabemos que não é bem assim, é uma questão de fé, positiva e ativa em Cristo
e um princípio de vida inteiramente novo: “A lei do Espirito da vida”.
6. PÁGINA 5
II
Andar com Cristo
Agora que estamos em Cristo, precisamos aprender a andar com ele.
Viver em Cristo é caminhar no Espirito, e ter a minha velha natureza crucificada
juntamente com ele. “Porque os que se inclinam para a carne cogitam das coisas da carne;
mas os que se inclinam para o Espirito, das coisas do Espirito. Porque o pendor da carne
dá para a morte e o do Espirito, para a vida e paz” Rm 8.5. Viver no Espirito significa que
confio no Espirito Santo, para que Ele cumpra em mim aquilo que não posso fazer por mim
mesmo:
• Não tentar, mas crer.
• Não devo lutar, mas somente repousar.
Se, sou egoísta, tenho caráter irritável, pensamentos impuros, olhos maus, língua
perversa e espirito critico, não devo usar meus esforços para me transformar, ao contrário
devo considerar-me morto em Cristo para todas estas coisas e esperar no Espirito de Deus a
calma, a pureza, a humildade e a doçura que preciso e ele me guiara. Esta é a maneira de nos
entregar a vontade do Espirito Santo em todos os momentos de nossa vida.
O objetivo de Satanás é sempre conduzir-nos a fazer as coisas por nós mesmos e tirar-
nos da proteção do Espirito de Deus, para depois nos atacar com suas tentações. Devemos
deixar que o Espirito combata, não nós, para podermos triunfar sobre a carne. Não devemos
fazer o que desejamos, porque o nosso querer nos leva ao pecado. “Andai no Espirito e
jamais satisfareis a concupiscência da carne” Ga 5.16. Se vivermos no Espirito,
caminhando pela fé em Cristo ressuscitado, estaremos separados do pecado e Ele nos dará as
vitorias sobre a carne; libertando-nos das paixões carnais e seus desejos. “A cruz foi um
presente, para nos dar a salvação e o Espirito é dado para que a salvação esteja dentro de
nós”.
O Cristo ressuscitado subiu ao Céu e é o fundamento da nossa salvação; e o Cristo que
habita em nosso coração, pelo Espirito, é o seu poder que torna efetivo o poder da libertação
do pecado. “Vivo não mais eu, mas Cristo vive em mim” Ga 2.20. Deus não nos oferece
uma vida mudada, mas uma vida substituída, “Cristo em nós é o substituto”. Esta vida não é
algo que podemos produzir em nós mesmos, ela vem unicamente de Cristo, que está em nós.
Como Deus atua?
Ele quebra em pedacinhos a sua graça e distribui em pequenas doses para nós:
• Um pouco de paciência, quando estiver impaciente.
• Um pouco de amor, quando faltar amor.
• Um pouco de humildade, para quebrar o orgulho.
Tudo em quantidade suficiente para as nossas necessidades. Deus nos deu seu Santo
Espirito; e quando necessitamos de amor, o fruto de Espirito é amor, quando necessitamos
de alegria, o fruto de Espirito é alegria. Deus tem uma resposta suficiente para tudo: é seu
filho Jesus Cristo a resposta para as necessidades de todos. Cristo é tudo que eu não posso,
mas deveria ser. “Jesus Cristo o qual nos foi feito por Deus, sabedoria, justiça, santificação
e redenção” ICo 1.30.
7. PÁGINA 6
O crescimento cristão é Deus agindo em nosso lugar, para nos libertar da lei do poder
do pecado e da morte. Deus nos deu outra lei, a lei do Espirito da Vida de Jesus Cristo. Esta
lei é tão poderosa que nos liberta do poder do pecado, porque Cristo venceu o pecado e a
morte por nós.
O Senhor Jesus mora em nossos corações, por meio do Espirito Santo, e se confiarmos
nele, e deixarmos livre para agir, veremos que o seu poder nos libertou do poder do pecado.
Isto significa que seremos vencedores, não pelas nossas inadequadas forças, mas pelo poder
de Deus. É preciso que nos submetamos ao Espirito Santo, porque é ele que deve ter a
iniciativa em nossa vida. Somente se me dedico a obedece-lo, verei o Espirito da vida agir
plenamente e a justiça cumprida perfeitamente, não mais por mim, mas em mim. “Pois
todos que são guiados pelo Espirito de Deus, esses são filhos de Deus”, Rm 8.14.
O amor de Deus é a fonte de todas as bênçãos espirituais, a graça do Senhor Jesus
colocou estas riquezas espirituais a nossa disposição e a comunhão do Espirito Santo é o
meio pela qual elas nos foram entregues. “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de
Deus, e a comunhão do Espirito Santo sejam com todos vós”, IICo 13.13. O amor é um
sentimento escondido no coração de Deus, a graça é este amor expresso e oferecido em seu
filho. A comunhão e o dom desta graça está a nossa disposição, para que a recebamos por
meio do Espirito, o qual devemos receber com submissão e obediência de coração aberto.
Este é o mistério do Espirito Santo, que veio cumprir em nós aquilo que já é nosso, através
da obra perfeita de Cristo.
A nossa vida espiritual começa com a revelação que faz nascer a fé, e a fé transforma
em realidade a nossa vida espiritual em Cristo Jesus. “Porque estreita é a porta e apertado o
caminho que leva a vida, e poucos há que o encontrem”, Mt 7.14. Agora que estamos
libertos do poder do pecado, temos três etapas para serem cumpridas:
• A obra do Espirito Santo sendo cumprida em nós: O corpo do velho homem “foi
crucificado com Cristo, para que o corpo do pecado seja destruído e não sirvamos mais o
pecado como escravo”, Rm 6.6.
• A porta estreita: É lavar as vestes no sangue do cordeiro e nos “considerarmos
mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus”, Rm 6.11.
• O caminho apertado: É “oferecei-vos a Deus como ressurretos dentre os mortos, e
os vossos membros a Deus como instrumento de justiça”, Rm 6.13.
Estes são os fundamentos para andarmos em novidade de vida, que é um dom do
Espirito Santo derramado sobre nós e do Espirito que mora em nós. A fé abre as portas para
um novo caminho onde os fundamentos são a revelação da Palavra, arrependimento,
justificação, batismo, dom do Espirito, libertação do poder do pecado e santificação.
A mensagem deste estudo é que nossos pecados foram perdoados, mas nós que
morremos com Cristo, somos incapazes, por natureza, de viver sem pecados, portanto
precisamos do Espirito de Deus que mora em nós. O ponto chave para onde tudo converge, é
que formamos um só corpo em Cristo. “Não sabeis que os vossos corpos são membros de
Cristo?”, ICo 6.15. Precisamos entender nossa união com Cristo. Deus não contempla cada
crente individualmente, ele engloba todos dentro de sua visão de Cristo. Nenhum cristão
pode existir fora de Cristo, pois é ele que nos dá forças para o viver diário. Para Deus, a
união dos crentes com Cristo é uma realidade perfeitamente definida. Todos os membros
reunidos formam um único corpo e todos participam da vida deste corpo. Se, eu sou a orelha
posso ouvir, mas dependo dos olhos de outro para ver, ou dos pés de outro para caminhar, é
necessário que todos os membros estejam em harmonia com Cristo para que sua gloria se
8. PÁGINA 7
manifeste. A Igreja, que é o corpo de Cristo, tem necessidade de ser purificada, para ser
apresentada a ele em sua Gloria. O que nós não podemos fazer sozinho pode fazê-lo a Igreja.
Um indivíduo separado não é um corpo, Deus destinou a cada um, uma medida de fé, mas
sozinho e isolado, o homem não poderá nunca cumprir os desígnios de Deus, é necessário o
corpo inteiro para alcançar a estatura perfeita de Cristo.
O pecado e a fé em nós mesmos foi o que Satanás colocou no coração dos homens,
alterando o plano de Deus, porém na cruz, Deus anulou estas armadilhas do inimigo.
Quando depositamos a nossa fé naquilo que Cristo cumpriu na cruz, formamos uma barreira
contra qual as forças do inferno não prevalecerão. “Nós, a igreja, somos mais que
vencedores, por aquele que nos amou”, Rm 8.37.
9. PÁGINA 8
III
A Vida da Carne
Viver na carne ou no Espirito? “O que é nascido da carne é carne e o que é nascido
do Espirito é espirito”, Jo 3.6. Tudo que provem da natureza humana é carne, e somente
pode dar gloria ao homem, nunca a Deus.
Após a queda, o homem desenvolveu uma vida baseada no poder da alma, que
comanda seus pensamentos e ações, isto é a natureza carnal, herança de Adão, mas desde o
meu nascimento espiritual, pelo batismo, uma ação profunda e ativa atua em mim. Uma
união essencial foi estabelecida com Deus, as coisas mudaram, eu deixo de exercer a minha
inteligência nas coisas do mundo, para utiliza-la na que provem de Deus para mim. Agindo
assim meus dons espirituais serão aprimorados. Tudo aquilo que posso fazer sem uma
dependência completa de Deus, provem da fonte natural, que está relacionada com a carne.
Para que os dons espirituais se manifestem em nós é necessário que conheçamos a cruz, que
significa a morte de tudo aquilo que é natural e a nossa dependência deve ser completa no
Deus da ressureição.
Invejamos facilmente o nosso próximo, que tem algum dom natural, esquecendo que
os dons que possuímos fora da ação da cruz, serão um obstáculo, aquilo que Deus tenta
manifestar em nós. Podemos fazer muitas coisas, mas isto se torna nosso problema, porque
se fazemos a obra de Deus, confiante em nossa capacidade, isto não vem de Deus, vem de
nós. E a palavra dele nos diz: “Sem mim nada podeis fazer”, Jo 15.5. O resultado é, que
tudo que fazemos sem Deus, não vale nada. É difícil chegar a compreensão de que não
podemos fazer nada sem Deus. Podemos organizar missões e fundar igrejas, mas a Palavra
do Senhor diz: “Toda planta que meu Pai não plantou, será arrancada”, Mt 15.13.
Deus é o único autor legitimo do universo, e o seu Santo Espirito é o único e
verdadeiro criador em nossos corações. Tudo aquilo que podemos projetar e pôr em obra
sem ele, tem a marca da carne, e nunca alcançará o domínio do Espirito. “A origem de uma
coisa, determina o seu destino”, e o que é carnal na origem não pode se converter em
espiritual. Tudo aquilo que podemos cumprir por nós mesmos é nada aos olhos de Deus, e
devemos aceitar a sua reprovação e reconhecer que não é mesmo nada. “A carne para nada
aproveita”, Jo 6.63, somente aquilo que provem do alto pode subsistir.
O simples fato de conhecermos está verdade, não nos capacita a pratica-la. É
necessário que Deus nos dê entendimento e mostre: isto é natural e tem a sua fonte na velha
criação e não tem origem divina, portanto não pode subsistir. Chegara um dia, em que Deus,
por meio de revelação, abrirá nossos olhos, então poderemos discernir: isto é impuro, é sujo.
“Senhor eu vejo!”. Quando Deus abrir nossos olhos e nos mostrar que a vida natural é algo
que ele não poderá jamais utilizar em sua obra, não mais seguiremos certas doutrinas que
procuram agradar a Deus com suas obras naturais. Só a cruz pode nos conduzir a dizer: Não
devo usar as minhas próprias forças para satisfazer a Deus, mas esperar que o Espirito Santo
realize em mim a sua vontade. Embora tenhamos conhecimento desta verdade, o Senhor
ainda não poderá contar conosco. Porque existe algo em nós que não foi tocado pelo Senhor,
falta ainda compreendermos o significado da alma.
10. PÁGINA 9
IV
A Vida da Alma
A alma está sempre presente com seus dons naturais, mas a cruz deve fazer passar
estes dons através da morte, deve colocar sobre estes dons naturais a marca da morte de
Cristo. A alma deve ser guiada pelo Espirito de Deus, para que não afirme mais a própria
independência.
A alma é a sede dos sentimentos e nós sabemos bem a influencias que os sentimentos
tem sobre nossas decisões. “Quem achar sua vida perdê-la-á e quem perder sua vida por
amor de mim achá-la-á”, Mt 10.39.
Devemos ir, na contramão de nossa vida, para caminhar com Deus. As coisas
preciosas que fazemos aqui neste mundo são suficientes para nos manter aqui em baixo, é
uma questão de escolher, viver pela alma ou pelo Espirito. O Senhor menciona que a vida da
alma está empenhada em atividades legitimas como semear, comer, vender e casar, nas quais
não há nada essencialmente mau, mas existe o fato de estarmos ocupados a ponto de
empenhar o nosso coração nestas coisas. A cruz deve produzir em nós um desprendimento
espiritual de todas as coisas que amamos neste mundo. "Em verdade, em verdade vos digo:
se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer produz fruto.
Quem ama sua vida (alma) perde-a; mas aquele que odeia sua vida (alma) neste mundo
preservá-la-á para a vida eterna”, Jo 12.24.25.
Cristo foi morto e ressuscitou como primogênito de muitos filhos, é neste aspecto de
sua morte, que somos chamados a morrer. É aqui que ele nos mostra claramente o valor da
nossa conformidade com sua morte, por meio da qual, nós perdemos a nossa vida natural.
Afim de que, pelo poder de sua ressureição possamos converter-nos em mananciais de vida,
mostrando aos outros a nova vida de Deus, que está em nós. Este é o caminho para produzir
fruto em abundância para o Senhor. “E assim nós, que vivemos, estamos sempre entregues a
morte, por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na nossa carne
mortal. De maneira que em nós opere a morte e em vós a vida”, IICo 4.11. Existe uma nova
vida em nós que recebemos a Cristo. Deus seja louvado pela realidade de sua vida em nós.
Existem poucos sinais desta nova vida em nós, isto acontece, porque a nossa alma envolve e
limita está vida, de modo que ela não pode manifestar-se.
A alma, com suas reservas de energia e de recursos naturais, permanecerá conosco até
a morte, é necessário que a cruz opere em nós sem descanso, dia após dia, para absorver está
fonte natural que é a alma para que o Espirito de Deus possa crescer em nós.
Deus deve conduzir-nos a um ponto, onde veremos a nossa força natural ser afastada
de forma definitiva, de maneira que não ousaremos mais ter confiança em nós mesmos.
Deus agirá de forma muito estranha, nos fará passar por caminhos difíceis e dolorosos, até
chegarmos à conclusão que não confiamos mais nas nossas forças, porque tudo que fazemos
sai errado, este é o momento da entrega, de nos render a ele. Quando nossos olhos forem
abertos para enxergar está verdade, que nada podemos fazer sem Deus, então Ele poderá agir
em nós. Para sermos maleáveis em suas mãos, ele deve enfraquecer nossas tendências e
preferencias baseadas no prazer ou desprazer, até que passemos a realizar as coisas que ele
deseja e não mais as que preferimos. Realizamos porque é a vontade de Deus, sem levar em
11. PÁGINA 10
conta se nos dá prazer ou não. A verdadeira felicidade que experimentamos ao cumprir sua
vontade é mais profunda que nossas volúveis emoções. Deus vai conduzir-nos até o ponto
onde os desejos dele se tornam os nossos. Quando vivenciarmos esta nova realidade,
estaremos numa nova base de vida, chamada de base de ressureição. Porque a morte do ser
natural produz uma crise em nosso viver, mas quando vivenciarmos esta nova realidade
veremos que Deus nos libertou, por meio da morte e ressureição que passamos, e o que foi
perdido, está sendo restituído, através de uma natureza diferente da anterior. O princípio da
vida, está operando em nós, como algo que nos conduz, nos dá força e nos enche de uma
vida nova e divina. De agora em diante, aquilo que foi perdido, será devolvido, mas
revestido de uma nova força, porque para sempre estará sob o controle dos céus. “Porque a
lei do Espirito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte”, Rm 8.2.
Se quisermos ser homens espirituais, a nossa alma não será mais a inspiradora de
nossa vida, e sim, o Espirito de Deus. Devemos ter paciência e esperar o tempo de Deus.
Nós temos sempre a tentação de querer ajudar a Deus, retomando o controle para nós
mesmo, mas não é por ai. Devemos esperar em Deus, porque depois da dúvida, da
ansiedade, e da escuridão vira a luz e nada poderá medir a diferença entre o que era antes e o
que será depois. “Nós servimos a Deus no Espirito, nos gloriamos em Jesus Cristo, e não
confiamos na carne”, Fp 3:3.
O mundo chama de desperdício, se um homem tem talentos naturais de certo valor e
abraça a causa de Deus. Pensa-se que semelhantes qualidades tem valores elevados para o
mundo, para ser desperdiçado na causa do Senhor, mas este é o verdadeiro objetivo do
evangelho, conduzir cada um de nós aos pés de Cristo. “Porque este desperdício? Pois este
perfume poderia ser vendido por grande preço e dar-se o dinheiro aos pobres”, Mt 26.9. O
Senhor Jesus estabeleceu um princípio fundamental para servi-lo, é dar tudo o que temos.
Não precisamos perguntar, o que o mundo ou os pobres precisam, e sim, entregar o que
temos de melhor, porque sabemos que as nossas ações estão unidas a vontade do Senhor.
O evangelho é pregado a fim de que o Senhor seja glorificado, somente quando
glorificamos o seu nome é que temos a certeza que a sua obra está sendo realizada. Devemos
priorizar ao Senhor, não a sua obra. Quando realizarmos os planos que ele designou a nossa
satisfação será plena.
Agora, que seguimos ao Senhor, o futuro brilhante está nas almas que são salvas e no
ministério abençoado por ele. O sucesso não é mais material e sim espiritual. Parece que
damos demais sem receber nada, mas este é o segredo para agradar a Deus. Precisamos
entender, que somente aquilo que nos é mais querido, mais caro, mais precioso é digno do
Senhor. É necessário que nos abra os olhos, para que possamos enxergar as coisas que tem
significado para ele.
Precisamos chegar ao ponto de nos entregar a Cristo e dizer: Senhor, estou pronto para
abandonar tudo que possuo por ti, não pela tua obra, não pelos teus filhos, não por outras
coisas, mas por ti, somente por ti.
“Graças a Deus, que em Cristo sempre nos conduz em triunfo, e por meio de nós
difunde em todo lugar o cheiro do seu conhecimento”, IICo 2.14.
Que o Senhor nos de a graça de sempre saber como agrada-lo, para que o evangelho alcance
o seu objetivo.