O documento descreve a Lisboa do século XVI como um espaço de encontro entre culturas diferentes, onde pessoas de África, América e Ásia estavam presentes. Detalha a representação destes "Outros" na época e como eram retratados em obras como a Crônica da Guiné e os biombo Nambam. Também menciona o papel econômico da cidade e locais como a Ribeira das Naus que eram centros do comércio global na época.
1. MOOC LISBOA E O MAR
TEMA 1 Ana Paula Avelar
Lisboa quinhentista:
espaço de encontro de
culturas
2. Lisboa no séc. XVI por
G. Braun e F. Hogenberg
Lisboa
representada a
partir da descrição
de Damião de Góis
que sai impressa
em 1554http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Lisbon_in_1598.jpg
3. Lisboa no séc. XVI: o espaço da
partida
Ribeira das Naus
http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Lisbon_in_1598.jpg http://commons.wikimedia.org/wiki/File%3ARibeira-Braun-1598.jpg
4. Representação do “Outro”
o Africano (1)
«Que uns tinham as caras baixas e os rostos lavados com
lagrimas, olhando uns contra os outros; outros estavam
gemendo mui dolorosamente, esguardando a altura dos
ceus, firmando os olhos em eles, bradando altamente, como
se pedissem acorro ao Padre da natureza; outros feriam seu
rostro com as palmas, lançando-se tendidos no meio do
chão; outros faziam suas lamentações em maneira de canto,
segundo o costume de sua terra, nas quaes, posto que as
palavras da linguagem aos nossos não podesse ser
entendida, bem correspondia ao grau de sua tristeza».
Gomes Eanes de Zuzara, Crónica da Guiné, Porto, Liv. Civilização, 1973, p. 122
Gomes Eanes de Zurara escreveu a D. Afonso V (23 /02/1453), entregando-lhe a Crónica da
Guiné que redigira, a seu pedido, sobre a figura do Infante D. Henrique. Zurara descreve os
sentimentos, convocando os olhares, e as vozes:
Chafariz d’el-rei em
Alfama (atribuído a autor
anónimo - c. 1570-80)
http://commons.wikimedia.org/
wiki/File:Lisbon_in_1598.jpg
5. Chafariz d’el-rei em Alfama (c.1570-80)
Lisboa, Coleção Berardo
http://lecoolisboa.blogspot.pt/2013/06/lisboa-pelos-seus-pintores.html
Em Lisboa, os africanos
desempenham as mais
variadas funções desde o
transporte das
mercadorias, ao
acompanhar os fidalgos,
entretendo-os mesmo
quando estes passeiam
no Tejo.
Representação do “Outro”
o Africano (2)
6. " (…) assaz bem dispostos (…) hos quaes vinhã vestidos de
pennas, com has façes, beiços, narizes, orelhas cheos de grossos
pendentes (…) ".
Damião de Góis , Crónica do Felicíssimo Rei D. Manuel, Coimbra, Imprensa da
Universidade, 1949, I, pp. 131, 132
Representação do “Outro”
o Ameríndio (1)
Adoração dos Reis Magos, atribuído a Vasco Fernandes,
Museu Grão Vasco (1501-1506)
http://commons.wikimedia.org/wiki/File%3AVasco_Fernandes_(Gr%C
3%A3o_Vasco)_Adora%C3%A7%C3%A3o_dos_Reis_Magos_-_1501-
6_(Museu_de_Gr%C3%A3o_Vasco)_Viseu%2C_Portugal.jpg
Em Santos o Velho, na nossa
Lisboa Quinhentista, no
momento em que D. Manuel
despachava na ponta de um cais
de madeira, o rei recebeu três
homens oriundos da província
de Santa Cruz, os quais eram,
como escreve Damião de Góis
que presenciou este
acontecimento:
Através de um tradutor, D. Manuel
colocou algumas perguntas e
porque estes ameríndios referiram
que eram muito destros no manejo
do arco, de imediato se
prontificaram em o demonstrar.
Tomaram os seus arcos e atirando
a pedaços de cortiça, tão pequenos
como a palma da mão, que
boiavam no Tejo, conseguiram
acertar com as suas flechas em
todos os que visaram representado.
7. A Viagem
realizado por Iniziomedia
para EXPO 98, Pavilhão de Portugal
“A Viagem”, uma evocação da
chegada, no século XVI, dos
missionários portugueses ao Japão,
país até então completamente
fechado ao resto do mundo. Os
biombos japoneses e a arte
Namban serviram de inspiração à
estética do filme”.
A viagem ao encontro
de novas culturas
Convite a uma viagem
através da exploração
dos Biombos Nambam
Clique na imagem para aceder ao vídeo
8. “(…) em que se conteêm muito sucinta e
abreviadamente algumas contradições e
diferenças de costumes entre a gente de Europa
e esta província do Japão… (…).”
Luís de Fróis (1585).Tratado
Representação do “Outro”
num encontro de culturas
Detalhe de um biombo Nambam (finais séc.
XVI – início XVII )
http://www.museudearteantiga.pt/colecoes/arte-da-
expansao/biombos-namban
No final do século XVI confrontam-
se os olhares da Europa de partida -
Lisboa – e o da chegada a um
Extremo Oriente. Para além das
diferenças físicas assinalam-se
diferentes formas de estar e sentir
pois como escreve se os europeus
quando tomam uma rosa ou cravo
cheiroso, em primeiro lugar cheiram
e depois veem , os japoneses, sem
terem em conta o cheiro, deleitam-
se a ver. Enfim, é num encontro de
culturas, que se precisa a diferença
dos sentires.
9. MOOC LISBOA E O MAR
TEMA 1 Ana Paula Avelar
Lisboa quinhentista:
espaço de encontro de
culturas