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A história do
CORDEL
O início
• Na época dos povos conquistadores greco-romanos,
fenícios, cartagineses, saxões, etc, a literatura de cordel
já existia, tendo chegado à Península Ibérica (Portugal e
Espanha) por volta do século XVI. Na Península a
literatura de cordel recebeu os nomes de “pliegos
sueltos” (Espanha) e “folhas soltas” ou “volantes”
(Portugal).
O início
• Florescente, principalmente, na área que se estende da
Bahia ao Maranhão esta maravilhosa manifestação da
inteligência brasileira merecerá no futuro, um estudo
mais profundo e criterioso de suas peculiaridades.
O mestre de Pombal
• O grande mestre de Pombal, Leandro Gomes de Barros,
que nos emprestou régua e compasso para a produção
da literatura de cordel, foi de extrema sinceridade
quando afirmou na peleja de Riachão com o Diabo,
escrita e editada em 1899:
“Esta peleja que fiz não foi por mim inventada, um velho
daquela época a tem ainda gravada minhas aqui são as
rimas exceto elas, mais nada.”
O mestre de Pombal
• É considerado como o primeiro escritor brasileiro de
literatura de cordel, tendo escrito aproximadamente
240 obras. No seu tempo, era cognominado "O Primeiro
sem Segundo", e ainda é considerado o maior poeta
popular do Brasil de todos os tempos, autor de vários
clássicos e campeão absoluto de vendas, com muitos
folhetos que ultrapassam a casa dos milhões de
exemplares vendidos.
O mestre de Pombal
• Compôs obras-primas que eram utilizadas em obras de outros
grandes autores, como por exemplo Ariano Suassuna, que utilizou a
história do cavalo que defecava dinheiro no seu Auto da
Compadecida.
• Depois de fundar uma pequena gráfica, em 1906, seus folhetos se
espalharam pelo Nordeste, sendo considerado por Câmara Cascudo o
mais lido dos escritores populares.
• Segundo Carlos Drummond de Andrade, Leandro Gomes de Barros foi
"o rei da poesia do sertão e do Brasil".
POR QUE nO NORDESTE?
• Oriunda de Portugal, a literatura de cordel chegou no balaio e no
coração dos nossos colonizadores, instalando-se na Bahia e mais
precisamente em Salvador. Dali se irradiou para os demais
estados do Nordeste. A pergunta que mais inquieta e intriga os
nossos pesquisadores é “Por que exatamente no nordeste?”. A
resposta não está distante do raciocínio livre nem dos domínios
da razão. Como é sabido, a primeira capital da nação foi Salvador,
ponto de convergência natural de todas as culturas,
permanecendo assim até 1763, quando foi transferida para o Rio
de Janeiro.
POR QUE nO NORDESTE?
• Na indagação dos pesquisadores no entanto há lógica,
porque os poetas de bancada ou de gabinete, como
ficaram conhecidos os autores da literatura de cordel,
demoraram a emergir do seio bom da terra natal. Mais
tarde, por volta de 1750 é que apareceram os primeiros
poetas da literatura de cordel oral. Engatinhando e sem
nome, depois de relativo longo período, a literatura de
cordel recebeu o batismo de poesia popular.
POR QUE no NORDESTE?
• Foram esses bardos do improviso os precursores da
literatura de cordel escrita. Os registros são muito
vagos, sem consistência confiável, de repentistas ou
violeiros antes de Manoel Riachão ou Mergulhão, mas
Leandro Gomes de Barros, nascido no dia 19 de
novembro de 1865, teria escrito a peleja de Manoel
Riachão com o Diabo, em fins do século passado.
Quando Riachão é oponente do diabo
• A história do violeiro que, desafiado pelo diabo,
derrota-o, sobreviveu na tradição oral até que
Leandro Gomes de Barros desse a ela forma
literária, no final do século XIX. Riachão, na
versão fixada por Leandro, não é o diabo, mas seu
antagonista. A ação se passa em Açu, Rio Grande
do Norte, onde Riachão cantava:
Riachão estava cantando
Na cidade de Açu,
Quando apareceu um negro
Da espécie de urubu,
Tinha a camisa de sola
E as calças de couro cru
Beiços grossos e virados
Como a sola de um chinelo
Um olho muito encarnado
O outro muito amarelo,
Este chamou Riachão
Para cantar um martelo.
Riachão disse: eu não canto
Com negro desconhecido,
Porque pode ser escravo,
E anda por aqui fugido
Isso é dar cauda a nambu
E entrada a negro enxerido
N - Sou professor de matérias
Que sábio não as conhece;
A lei que dito no mundo,
O próprio rei obedece
Meus feitos são conhecidos,
A fama se estende e cresce.
Riachão disse consigo:
- Esse negro é um danado!
Esse saiu do Inferno,
Pelo Demônio mandado,
E para enganar-me veio
Em um negro transformado!
R - O senhor diga o seu nome,
Eu quero lhe conhecer,
Pois só assim posso dar-lhe
O valor que merecer,
Em tudo que você diz
Ainda não posso crer.
N - Você, sabendo quem sou
Talvez que fique assombrado,
Superior a você
Comigo tem se espantado
Os grandes da sua Terra
Eu tenho subjugado!
R - Eu canto há dezoito anos,
Há vinte toco viola,
Sempre encontro cantador
Que só tem fama e parola
Quando canta meio dia,
Cai nos meus pés, no chão rola.
N - Eu já canto há muitos anos,
Não vou em toda função,
Arranco pontas de touro,
Quebro o furor do leão,
Nunca achei esse duro
Que para mim tenha ação.
R - Garanto que de hoje em diante,
O senhor tem que encontrar
A força superior
Que o obrigue a se calar,
Porque eu boto o cerco,
Quem vai não pode voltar!
N - Manoel, tu és criança,
Só tens mesmo é pabulagem!
Vejo que falar é fôlego,
Porém obrar é coragem
Juro que' de agora em diante
Não contarás mais vantagem!
R - Meu pai chamava-se Antônio,
Seu apelido era Rio;
De uma enxurrada que dava
Cobria todo o baixio
Secava em tempo de inverno
Enchia em tempo de estio.
N - Conheci muito seu pai,
Que vivia de pescar,
Sua mãe era tão pobre,
Que vivia de um tear
Seu padrinho tomou você
E levou-o para criar.
R - Onde mora o senhor,
Que meu avô conheceu?
Que eu nem me lembro mais
Do tempo que ele morreu
E você está parecendo
Muito mais moço que eu!
N - Eu sei do dia e da hora
Que nasceu seu bisavô,
Chamava-se Ana Mendes
A parteira que o pegou
E conheci muito o frade
E o vi quando o batizou.
R - Bote sua maca abaixo
Conte essa história direito,
Da forma que você conta
Eu não fico satisfeito
Como ver-se um objeto
Antes daquilo ser feito?
N - Seu bisavô se chamava
Apolinário Cancão
Era filho de um ferreiro
Que o chamavam Gavião
Sua bisavó Lourença
Filha de Amaro Assunção.
R - Mas que idade tem você,
Que me faz admirar?
Conheceu meu bisavô
Eu não posso acreditar,
Assim destas condições
Faz até desconfiar.
N - Seu bisavô e o avô
Foram por mim conhecidos,
Seu pai, sua mãe, você
Antes de serem nascidos
Já estavam em minha nota
Para serem protegidos.
N - Eu protejo você tanto,
Que o defendi de morrer
Você se lembra da onça
que um a vez quis lhe comer
Que apareceu um cachorro
E fez a onça correr?
R - Me lembro perfeitamente
Quando a onça me emboscou
Já ia marcando o salto
Quando um cachorro chegou
A onça correu com medo,
Eu não sei quem me salvou...
N - Pois foi este seu criado
Que viu a onça emboscá-lo
Eu chamei por meu cachorro
Para da onça livrá-lo
Se lembra quando você
Ouviu o canto dum galo?
R - Agora acabei de crer
Que tu és o inimigo!
Te transformaste em homem,
Para vir cantar comigo,
Mas eu acredito em Deus
Não posso correr perigo!
N - Riachão, amas a Deus
Sendo mal recompensado!
Deus fez de Paulo um Monarca
De Pedro um simples soldado
Fez um com tanta saúde,
Outro cego e aleijado!
R - Se Deus fez de Paulo um rei,
Porque Paulo merecia
Se fez de Pedro um soldado,
Era o que a Pedro cabia:
Se não fosse necessário,
O grande Deus não fazia!
N - O teu vizinho e parente
Enricou sem trabalhar;
Teu pai trabalhava tanto
E nunca pode enricar
Não se deitava uma noite
Que deixasse de rezar!
R - Meu pai morreu na pobreza,
Foi fiel ao seu Senhor!
Executou toda ordem
Que lhe deu o Criador
E foi um a das ovelhas
Que deu mais gosto ao pastor!
N - Arre lá! Lhe disse o Negro.
Você é caso sem jeito!
Eu com tanta paciência,
Estou lhe ensinando direito
Você vê que está errado,
Faz que não vê o defeito!
R - É muito feliz o homem
Que com tudo se consola!
posso morrer na pobreza,
Me achar pedindo esmola
Deus me dá para passar
Ciência e esta viola!
O negro olhou Riachão
Com os olhos de cão danado,
Riachão gritou: - Jesus,
Homem Deus Sacramentado!
Valha-me a Virgem Maria,
A Mãe do Verbo Encarnado!
O negro, soltando um grito,
Dali desapareceu.
De uma catinga de enxofre
A casa toda se encheu,
Os cães uivaram na rua,
O chão da casa tremeu.
Riachão ficou cismado
Com cantor desconhecido,
Que, quando encontrava um,
Tomava logo sentido
O seu primeiro repente
Era a Deus oferecido.
Essa história que escrevi
Não foi por mim inventada:
Um velho daquela época
Tem ainda decorada.
Minha aqui só são as rimas
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fim

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A história de Riachão e o Diabo

  • 2. O início • Na época dos povos conquistadores greco-romanos, fenícios, cartagineses, saxões, etc, a literatura de cordel já existia, tendo chegado à Península Ibérica (Portugal e Espanha) por volta do século XVI. Na Península a literatura de cordel recebeu os nomes de “pliegos sueltos” (Espanha) e “folhas soltas” ou “volantes” (Portugal).
  • 3. O início • Florescente, principalmente, na área que se estende da Bahia ao Maranhão esta maravilhosa manifestação da inteligência brasileira merecerá no futuro, um estudo mais profundo e criterioso de suas peculiaridades.
  • 4. O mestre de Pombal • O grande mestre de Pombal, Leandro Gomes de Barros, que nos emprestou régua e compasso para a produção da literatura de cordel, foi de extrema sinceridade quando afirmou na peleja de Riachão com o Diabo, escrita e editada em 1899: “Esta peleja que fiz não foi por mim inventada, um velho daquela época a tem ainda gravada minhas aqui são as rimas exceto elas, mais nada.”
  • 5. O mestre de Pombal • É considerado como o primeiro escritor brasileiro de literatura de cordel, tendo escrito aproximadamente 240 obras. No seu tempo, era cognominado "O Primeiro sem Segundo", e ainda é considerado o maior poeta popular do Brasil de todos os tempos, autor de vários clássicos e campeão absoluto de vendas, com muitos folhetos que ultrapassam a casa dos milhões de exemplares vendidos.
  • 6. O mestre de Pombal • Compôs obras-primas que eram utilizadas em obras de outros grandes autores, como por exemplo Ariano Suassuna, que utilizou a história do cavalo que defecava dinheiro no seu Auto da Compadecida. • Depois de fundar uma pequena gráfica, em 1906, seus folhetos se espalharam pelo Nordeste, sendo considerado por Câmara Cascudo o mais lido dos escritores populares. • Segundo Carlos Drummond de Andrade, Leandro Gomes de Barros foi "o rei da poesia do sertão e do Brasil".
  • 7. POR QUE nO NORDESTE? • Oriunda de Portugal, a literatura de cordel chegou no balaio e no coração dos nossos colonizadores, instalando-se na Bahia e mais precisamente em Salvador. Dali se irradiou para os demais estados do Nordeste. A pergunta que mais inquieta e intriga os nossos pesquisadores é “Por que exatamente no nordeste?”. A resposta não está distante do raciocínio livre nem dos domínios da razão. Como é sabido, a primeira capital da nação foi Salvador, ponto de convergência natural de todas as culturas, permanecendo assim até 1763, quando foi transferida para o Rio de Janeiro.
  • 8. POR QUE nO NORDESTE? • Na indagação dos pesquisadores no entanto há lógica, porque os poetas de bancada ou de gabinete, como ficaram conhecidos os autores da literatura de cordel, demoraram a emergir do seio bom da terra natal. Mais tarde, por volta de 1750 é que apareceram os primeiros poetas da literatura de cordel oral. Engatinhando e sem nome, depois de relativo longo período, a literatura de cordel recebeu o batismo de poesia popular.
  • 9. POR QUE no NORDESTE? • Foram esses bardos do improviso os precursores da literatura de cordel escrita. Os registros são muito vagos, sem consistência confiável, de repentistas ou violeiros antes de Manoel Riachão ou Mergulhão, mas Leandro Gomes de Barros, nascido no dia 19 de novembro de 1865, teria escrito a peleja de Manoel Riachão com o Diabo, em fins do século passado.
  • 10. Quando Riachão é oponente do diabo • A história do violeiro que, desafiado pelo diabo, derrota-o, sobreviveu na tradição oral até que Leandro Gomes de Barros desse a ela forma literária, no final do século XIX. Riachão, na versão fixada por Leandro, não é o diabo, mas seu antagonista. A ação se passa em Açu, Rio Grande do Norte, onde Riachão cantava:
  • 11. Riachão estava cantando Na cidade de Açu, Quando apareceu um negro Da espécie de urubu, Tinha a camisa de sola E as calças de couro cru Beiços grossos e virados Como a sola de um chinelo Um olho muito encarnado O outro muito amarelo, Este chamou Riachão Para cantar um martelo. Riachão disse: eu não canto Com negro desconhecido, Porque pode ser escravo, E anda por aqui fugido Isso é dar cauda a nambu E entrada a negro enxerido
  • 12. N - Sou professor de matérias Que sábio não as conhece; A lei que dito no mundo, O próprio rei obedece Meus feitos são conhecidos, A fama se estende e cresce. Riachão disse consigo: - Esse negro é um danado! Esse saiu do Inferno, Pelo Demônio mandado, E para enganar-me veio Em um negro transformado!
  • 13. R - O senhor diga o seu nome, Eu quero lhe conhecer, Pois só assim posso dar-lhe O valor que merecer, Em tudo que você diz Ainda não posso crer. N - Você, sabendo quem sou Talvez que fique assombrado, Superior a você Comigo tem se espantado Os grandes da sua Terra Eu tenho subjugado! R - Eu canto há dezoito anos, Há vinte toco viola, Sempre encontro cantador Que só tem fama e parola Quando canta meio dia, Cai nos meus pés, no chão rola.
  • 14. N - Eu já canto há muitos anos, Não vou em toda função, Arranco pontas de touro, Quebro o furor do leão, Nunca achei esse duro Que para mim tenha ação. R - Garanto que de hoje em diante, O senhor tem que encontrar A força superior Que o obrigue a se calar, Porque eu boto o cerco, Quem vai não pode voltar! N - Manoel, tu és criança, Só tens mesmo é pabulagem! Vejo que falar é fôlego, Porém obrar é coragem Juro que' de agora em diante Não contarás mais vantagem!
  • 15. R - Meu pai chamava-se Antônio, Seu apelido era Rio; De uma enxurrada que dava Cobria todo o baixio Secava em tempo de inverno Enchia em tempo de estio. N - Conheci muito seu pai, Que vivia de pescar, Sua mãe era tão pobre, Que vivia de um tear Seu padrinho tomou você E levou-o para criar. R - Onde mora o senhor, Que meu avô conheceu? Que eu nem me lembro mais Do tempo que ele morreu E você está parecendo Muito mais moço que eu!
  • 16. N - Eu sei do dia e da hora Que nasceu seu bisavô, Chamava-se Ana Mendes A parteira que o pegou E conheci muito o frade E o vi quando o batizou. R - Bote sua maca abaixo Conte essa história direito, Da forma que você conta Eu não fico satisfeito Como ver-se um objeto Antes daquilo ser feito? N - Seu bisavô se chamava Apolinário Cancão Era filho de um ferreiro Que o chamavam Gavião Sua bisavó Lourença Filha de Amaro Assunção.
  • 17. R - Mas que idade tem você, Que me faz admirar? Conheceu meu bisavô Eu não posso acreditar, Assim destas condições Faz até desconfiar. N - Seu bisavô e o avô Foram por mim conhecidos, Seu pai, sua mãe, você Antes de serem nascidos Já estavam em minha nota Para serem protegidos. N - Eu protejo você tanto, Que o defendi de morrer Você se lembra da onça que um a vez quis lhe comer Que apareceu um cachorro E fez a onça correr?
  • 18. R - Me lembro perfeitamente Quando a onça me emboscou Já ia marcando o salto Quando um cachorro chegou A onça correu com medo, Eu não sei quem me salvou... N - Pois foi este seu criado Que viu a onça emboscá-lo Eu chamei por meu cachorro Para da onça livrá-lo Se lembra quando você Ouviu o canto dum galo? R - Agora acabei de crer Que tu és o inimigo! Te transformaste em homem, Para vir cantar comigo, Mas eu acredito em Deus Não posso correr perigo!
  • 19. N - Riachão, amas a Deus Sendo mal recompensado! Deus fez de Paulo um Monarca De Pedro um simples soldado Fez um com tanta saúde, Outro cego e aleijado! R - Se Deus fez de Paulo um rei, Porque Paulo merecia Se fez de Pedro um soldado, Era o que a Pedro cabia: Se não fosse necessário, O grande Deus não fazia! N - O teu vizinho e parente Enricou sem trabalhar; Teu pai trabalhava tanto E nunca pode enricar Não se deitava uma noite Que deixasse de rezar!
  • 20. R - Meu pai morreu na pobreza, Foi fiel ao seu Senhor! Executou toda ordem Que lhe deu o Criador E foi um a das ovelhas Que deu mais gosto ao pastor! N - Arre lá! Lhe disse o Negro. Você é caso sem jeito! Eu com tanta paciência, Estou lhe ensinando direito Você vê que está errado, Faz que não vê o defeito! R - É muito feliz o homem Que com tudo se consola! posso morrer na pobreza, Me achar pedindo esmola Deus me dá para passar Ciência e esta viola!
  • 21. O negro olhou Riachão Com os olhos de cão danado, Riachão gritou: - Jesus, Homem Deus Sacramentado! Valha-me a Virgem Maria, A Mãe do Verbo Encarnado! O negro, soltando um grito, Dali desapareceu. De uma catinga de enxofre A casa toda se encheu, Os cães uivaram na rua, O chão da casa tremeu. Riachão ficou cismado Com cantor desconhecido, Que, quando encontrava um, Tomava logo sentido O seu primeiro repente Era a Deus oferecido.
  • 22. Essa história que escrevi Não foi por mim inventada: Um velho daquela época Tem ainda decorada. Minha aqui só são as rimas Exceto elas, mais nada! fim