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A Saga
de
Sophia de Mello Breyner
Andresen
Madalena Fernandes
AEQB 2014-15
Biografia de Sophia de
Mello Breyner
Andresen
• Sophia de Mello Breyner nasce a 6 de novembro 1919
no Porto, onde passa a infância, no seio de uma
família fidalga.
• Tem origem dinamarquesa pelo lado paterno.
• Entre 1936 e 1939 estuda Filologia Clássica na
Universidade de Lisboa. Publica os primeiros versos
em 1940, nos Cadernos de Poesia.
• Casada com Francisco Sousa Tavares, passa a viver
em Lisboa. Tem cinco filhos. Participa ativamente na
oposição ao Estado Novo e é eleita, depois do 25 de
Abril, deputada à Assembleia Constituinte.
• Recebeu entre outros, o Prémio Camões 1999, o
Prémio Poesia Max Jacob 2001 e o Prémio Rainha
Sofia de Poesia Ibero-Americana.
• Foi a primeira vez que um português venceu este
prestigiado galardão.
• A sua obra, várias vezes premiada está traduzida em
várias línguas.
• Sophia de Mello Breyner Andresen faleceu a 2 de
julho de 2004, em Lisboa, e o seu corpo foi trasladado
para o Panteão Nacional precisamente a 2 de julho de
2014, 10 anos após o seu falecimento.
Curiosidades
• O seu pai, João Henrique Andresen, era neto de um dinamarquês, Jan Henrik, que se fixou no
Porto e que ali fez fortuna, primeiro no sector da cabotagem, depois no negócio dos vinhos.
• A infância e adolescência, passou-a Sophia na quinta portuense do Campo Alegre, adquirida
pelo seu avô Andresen no final do século XIX. "Uma parte do que dele resta é hoje o Jardim
Botânico do Porto”.
• Um dos costumes da casa, como recorda o escritor Ruben A., primo de Sophia, nos seus
volumes autobiográficos, era o de se organizar, pelo Natal, um espectáculo protagonizado pelas
crianças da família. Foi justamente uma destas celebrações que originou o primeiro contacto de
Sophia com a poesia. Tinha três anos e ainda não sabia ler, mas uma criada, desgostosa por ver
a menina excluída do elenco de artistas, ensinou-a a recitar "A Nau Catrineta".
• A sua verdadeira iniciação na poesia portuguesa, ficou a devê-la, no entanto, ao avô materno,
Thomaz de Mello Breyner, 4º conde Mafra, que lhe deu a ler Camões e Antero.
• Não menos marcante do que a Quinta do Campo Alegre, foi a casa de férias na queirosiana praia
da Granja, onde a família passava os verões.
Maria de Mello Breyner
Andresen, grávida,
esperando o nascimento
de Sophia.
Porto, Junho de 1919
Sophia com o avô
Thomaz de Mello B.
Com o marido e a
filha Isabel
Casa Andresen - Extremo norte do Jardim Botânico junto
ao muro que encosta à Travessa de Entre-Campos
Sophia com o marido e os netos Rita, Sofia, Gonçalo e Pedro no
jardim da casa da Travessa das Mónicas. Anos 80
Algumas das suas obras
Histórias da Terra e do Mar
Histórias da Terra e do Mar é um livro de Sophia de
Mello Breyner Andresen, publicado em 1984.
É composto por cinco contos - "História da Gata
Borralheira", "O Silêncio", "A Casa do Mar",
"Saga" e "Vila d'Arcos" - que nos transportam
para o universo da infância. Cada um deles tem
uma harmonia própria que vive de alargadas
descrições, de personagens encantadas e de
metáforas expressivas.
Conto "A Saga", encontrado online no site ...
http://pt.slideshare.et/risoletamontez/saga-textointegral-41256835
A Saga
“A «Saga» nasceu, na realidade, de uma história de família: o
meu bisavô veio realmente de uma ilha da Dinamarca,
embarcado à aventura e foi assim que acabou por chegar ao
Porto. O episódio da zanga com o capitão, o do número de
circo com a pele de urso no cais, o abandono do navio – tudo
isso aconteceu de facto. Também são verdadeiras as palavras
que ele disse, mais tarde, a uma das netas: ‘O mar é o caminho
para a minha casa’ – e outras coisas ainda. Mas, claro que
depois há toda uma fusão imaginária desta realidade e todo um
trabalho de invenção que são obra minha.”
http://purl.pt/19841/1/1920/1920.html
Fotografia da campa do bisavô de
Sophia de Mello Breyner Andresen no
cemitério de Agramonte.
Resumo
O conto “Saga” relata a história de Hans, um rapaz de 14 anos que sonhava em navegar para Sul num navio,
sendo o seu capitão.
Hans vivia no interior da ilha de Vig, no mar do Norte, com a sua família: o seu pai Sören, a sua mãe Maria e a
sua irmã Cristina.
Certo dia, Sören chamou Hans para lhe comunicar que o ia mandar estudar para Copenhaga, tentando impedir
o seu filho de seguir o seu sonho que era ser marinheiro. Sören não concordava com o sonho de Hans, pois
os seus irmãos m ais n ovos, Gustav e Niels, haviam falecido num naufrágio.
Como viu que o seu pai não o apoiava, Hans decidiu fugir num cargueiro inglês, Angus. Assim, alistou-se
como grumete, mas, após a sua primeira paragem, abandonou o navio, pois foi chicoteado pelo seu capitão.
Hans, sozinho numa cidade desconhecida, caminhou durante quatro dias, até que conheceu Hoyle. Este
armador e negociante inglês acolheu-o, tratando-o como um filho e fazendo dele, aos 21 anos, capitão de um
dos seus navios.
Após várias viagens, que Hans contava por carta à sua mãe, Hoyle adoeceu, tornando-o seu sócio e
confiando-lhe todos os seus negócios.
Hans, agora um dos notáveis da burguesia local, casou-se e teve sete filhos, tendo o primeiro morrido.
Alguns anos mais tarde, Hans apercebeu-se de que a sua fuga tinha sido em vão, sentido remorsos por deixar
a família.
Quando adoeceu para morrer, pediu que construíssem um navio naufragado em cima da sua sepultura, este
estranho pedido foi concretizado, tornando-se num dos monumentos mais famosos da cidade.
Reza a lenda que, em dias de temporal, Hans navega nele para Norte, rumando a Vig.
http://www.notapositiva.com/pt/trbestbs/portugues/10_sophia_mello_breyner_d.htm#vermais
CATEGORIAS DA NARRATIVA
(ANÁLISE)
O texto narrativo
O narrador
“Hans concentrava o seu espírito para a exaltação crescente do grande
cântico marítimo. Tudo nele estava atento como quando escutava o cântico
do órgão da igreja luterana, na igreja austera, solene, apaixonada e fria.”
“Pensava na mulher, nos filhos que tinham crescido, e que, ao crescer,
se tinham ido definindo, enquanto ele, atentamente, procurava neles
parecenças – ecos de memórias, sombras de rostos amados e perdidos.
Depois o seu pensamento derivava e a alta proa do grande navio avançava
com terra à vista ao longo de praias desertas. O cheiro de África penetrava o
seu peito. Via as florestas, as embocaduras, ouvia gemer os mastros.”
“Mas dele, Hans, burguês próspero, comerciante competente, que nem se
perdera na tempestade nem regressara ao cais, nunca ninguém - contaria a
história, nem de geração em geração, se cantaria a saga. “
Classificação do narrador quanto à
sua participação e posição:
O narrador é não
participante e
subjetivo.
É também
omnisciente..
A ação
Processo de organização das ações:
 Encadeamento
 Alternância
 Encaixe
É o encadeamento. As
sequências narrativas sucedem-
se de forma lógica e cronológica.
“Durante seis dias, Hans sereno e
consciente pareceu resistir. Mas ao sétimo
dia a febre subiu, a respiração começou a ser
difícil e na sua atenção algo se alterou. No
quarto o ambiente tornou-se sussurrado, com
luzes veladas e gestos silenciosos como se
cada pessoa tivesse medo de quebrar
qualquer fio.
Ao cair da noite, Hans - que durante longas
horas parecera semiadormecido - abriu os
olhos e chamou.”
“Os seus irmãos mais novos -
Gustav e NieIs - tinham morrido
no naufrágio de um veleiro que
lhe pertencia.”
O narrador recorda um facto
passado que fez com que o pai
de Hans não o deixasse ser
navegador. A esse recuo no
passado dá-se-lhe o nome de
analepse.
“Mas Hans sentia a elasticidade
do barco, a sua precisão de
extremo a extremo e o equilíbrio
que, entre vaga e contra-vaga,
não se rompia. Mais tarde os
navios de Hans nunca
naufragaram.”
O narrador antecipa a
ação, isto é, diz o que vai
acontecer no futuro. A
este salto no tempo dá-se-
lhe o nome de prolepse.
Caracterização das
personagens
A caracterização física e
psicológica podem ser feitas
direta ou indiretamente.
Caracterização direta : É
feita pelo narrador ou pelas
personagens.
Caracterização indireta :
É feita pelo leitor que deduz
características através do
comportamento da
personagem.
caracterização física
• “aos catorze anos já tinha
quase a altura de um homem “
• “Hans agora já não viajava.
Estava velho como um barco
que não navegava mais e
prancha por prancha se vai
desmantelando. Tinha as
mãos um pouco trémulas, o
azul dos olhos desbotado,
fundas rugas lhe cavavam a
testa, os cabelos e as
compridas suíças estavam
completamente brancas. “
• “aos catorze anos já
tinha quase a altura de
um homem “
Caracterização
direta
Caracterização
indiretaÉ um rapaz
alto.
caracterização psicológica
• “Para resistir ao vento, estendeu-
se ao comprido no extremo do
promontório.”
• “Foi no Angus que Hans fugiu de
Vig, alistado como grumete.”
• “Carregado de imaginações queria
ser, como os seus tios e avós,
marinheiro. Não para navegar
apenas entre as ilhas e as costas
do Norte, seguindo nas ondas frias
os cardumes de peixe. Queria
navegar para o Sul. Imaginava as
grandes solidões do oceano, o
surgir solene dos promontórios, as
praias onde baloiçam coqueiros e
onde chega até ao mar a respiração
dos desertos. Imaginava as ilhas
de coral azul que são como os
olhos azuis do mar. Imaginava o
tumulto, o calor, o cheiro a canela
e laranja das terras meridionais.”
Hans não tem
medo da
tempestade. É
corajoso,
aventureiro,
sonhador e quer
conhecer novas
coisas.
Caracterização indireta
O espaço
“O mar do Norte, verde e cinzento,
rodeava Vig, a ilha, e as espumas
varriam os rochedos escuros.”
“Na luz vermelha do poente a cidade
parecia carregada de memórias,
insondavelmente antiga, feérica e
magnetizada, com todos os vidros das
suas janelas cintilando. Animava-a uma
veemência indistinta que aqui e além
aflorava em ecos, rumores, perpassar
de vultos, gritos longínquos e perdidos,
reflexo de luzes sobre o rio.”
Espaço físico:
Local onde
decorrem as ações.
Ex: Vig (casa de
Hans, promontório),
cidade do Porto
(cais, casa de Hans,
casa de Hoyle),
golfo da Biscaia, etc.
Espaço psicológico:
Local onde se
encontra o
pensamento do
personagem.
“E, ora a bordo ora em terra,
ora debruçado nos bancos
da escola sobre mapas e
cálculos, ora mergulhado em
narrações de viagens,
estudando, sonhando e
praticando, ele preparava-se
para cumprir o seu projeto:
regressar a Vig como
capitão de um navio, ser
perdoado pelo Pai e acolhido
na casa.” “…enquanto ele,
atentamente, procurava
neles parecenças –
ecos de memórias,
sombras de rostos
amados e perdidos.
Depois o seu
pensamento
derivava…”
“…pensava: «Um
dia levarei estes
búzios para Vig.»”
Modalidades discursivas da narrativa/Os Modos de representação do
discurso narrativo
As modalidades
discursivas da
narrativa/Os Modos
de representação
do discurso
narrativo são:
 Narração
 Descrição
 Diálogo
 Monólogo
• Narração (momento
de avanço na ação):
É o relato de ações e de
acontecimentos.
Características:
 O pretérito perfeito do
indicativo e os verbos
predominam na
narração.
“Nenhum homem se salvou. O vento
espalhou os gritos no clamor da escuridão
selvagem, a força das braçadas desfez-se
nos redemoinhos, a água tapou as bocas.
Nem os que treparam aos mastros se
salvaram, nem os que se meteram nos
botes, nem os que nadaram para terra. O
mar quebrou tábua por tábua o casco, os
mastros, os botes e os marinheiros foram
rolados entre a pedra e a vaga.”
• Descrição (momento
de pausa):
É o momento da narrativa
destinado à apresentação, com
alguns pormenores, das
personagens, dos objetos e do
espaço. Representa um momento
de pausa na ação.
Características:
 O pretérito imperfeito do
indicativo , os adjetivos e os
recursos expressivos
predominam na descrição.
“E no canto do átrio vazio cismava
vagamente, nem sequer sabendo que
cismava, debruçado sobre papeladas,
contas e jornais ingleses. Mas de súbito
estremecia e passava para além do
próprio cismar: a memória de Vig subia
à flor do mar. Os nevoeiros marítimos
invadiam a sua respiração. Desde o
horizonte os navios avançavam para a
ilha.”
Diálogo:
É uma conversa entre duas
ou mais personagens.
Contribui para o dinamismo
da narrativa – ficamos a
saber o que aconteceu, o
que está a acontecer ou o
que irá acontecer.
Características:
 O travessão, os 2 pontos
,os verbos declarativos.
As interjeições, …
“- Avô - disse Joana - porque é que
está sempre a olhar para o mar?
- Ah! - respondeu Hans. - Porque o
mar é o caminho para a minha
casa.”
• Monólogo (a
personagem fala
consigo próprio.
É desta maneira que o leitor
fica a conhecer os
pensamentos da
personagem.)
É a reprodução do
pensamento de uma
personagem.
Importância das camélias
• A vida de Hans, personagem
principal do conto “Saga” da obra
Histórias da Terra e do Mar de
Sophia de Mello Breyner Andresen,
vai decorrendo consoante o ciclo
de floração das camélias,
distinguindo-se estas de todas as
outras flores.
Sua simbologia
• Relativamente ao significado da camélia, há diferenças dependendo
da cor das flores. As camélias cor de rosa significam grandeza de
alma; as camélias brancas são uma alusão à beleza perfeita e as
camélias vermelhas são um sinal de reconhecimento.
http://www.significados.com.br/camelia/
• Significado: Beleza perfeita
http://artflor.weebly.com/simbologia-das-flores.html
• Beleza da alma
• Arrependimento
• Indicadas para situações especiais, íntimas
• Camélias Brancas representam a beleza perfeita
• Camélias Rosadas, grandeza da alma Camélia
• Camélias Vermelhas falam sobre o reconhecimento
http://www.mulhervirtual.com.br/flor/Camelia.html
Simbolicamente, as camélias são as flores do Inverno. Também Hans floresce
no Inverno, só tem sucesso fora de tempo e, sobretudo, fora do espaço – só tem
sucesso em áreas que não contribuem para a sua felicidade
• Alguns excertos do conto: «E foi no tempo das últimas camélias (vermelhas,
pesadas e largas) que nasceu o seu primeiro filho.» (pág. 97)
• «Nasceu o seu segundo filho no tempo das primeiras camélias, em Novembro do
seguinte ano. » (pág. 98)
• «As camélias brancas estavam em flor, levemente rosadas, macias,
transparentes. Algumas lhe trouxeram ao quarto, apanhadas à beira do roseiral.»
(pág. 109)
• Nota: O facto de as camélias surgirem recorrentemente neste conto, não será de
todo alheio, para além da simbologia já referida, a circunstância de a escritora ter
passado muitos momentos da sua infância e adolescência em casas rodeadas de
jardins onde imperavam estas flores, ou melhor dizendo, estas árvores. Podem
referir-se ,por exemplo, aos jardins da Casa Andresen, hoje Jardim Botânico do
Porto, e aos jardins da fundação Eng .António de Almeida, propriedade que
também pertenceu a familiares da escritora.
http://pt.slideshare.net/bibliobeiriz1/as-camlias-na-saga-de-sophia-de-mello-
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Recursos expressivos
• “A tempestade, como uma boa orquestra”
• “Nuvens sombrias enrolavam os anéis enormes”
• “O voo das gaivotas era cada vez mais inquieto e apertado”
• “ apaixonado e frio.”
• “entre o sussurrar dos abetos,”
• “Queria ser um daqueles homens que a bordo do seu barco viviam rente
ao maravilhamento e ao pavor, um daqueles homens de andar baloiçado,
com a cara queimada por mil sóis, a roupa desbotada e rija de sal, o
corpo direito como um mastro, os ombros largos de remar e o peito
dilatado pela respiração dos temporais.”
• “erguia-se o casario branco, amarelo e vermelho,“
COMPARAÇÃO
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A Saga de Sophia de Mello Breyner Andresen

  • 1. A Saga de Sophia de Mello Breyner Andresen Madalena Fernandes AEQB 2014-15
  • 2. Biografia de Sophia de Mello Breyner Andresen • Sophia de Mello Breyner nasce a 6 de novembro 1919 no Porto, onde passa a infância, no seio de uma família fidalga. • Tem origem dinamarquesa pelo lado paterno. • Entre 1936 e 1939 estuda Filologia Clássica na Universidade de Lisboa. Publica os primeiros versos em 1940, nos Cadernos de Poesia. • Casada com Francisco Sousa Tavares, passa a viver em Lisboa. Tem cinco filhos. Participa ativamente na oposição ao Estado Novo e é eleita, depois do 25 de Abril, deputada à Assembleia Constituinte. • Recebeu entre outros, o Prémio Camões 1999, o Prémio Poesia Max Jacob 2001 e o Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-Americana. • Foi a primeira vez que um português venceu este prestigiado galardão. • A sua obra, várias vezes premiada está traduzida em várias línguas. • Sophia de Mello Breyner Andresen faleceu a 2 de julho de 2004, em Lisboa, e o seu corpo foi trasladado para o Panteão Nacional precisamente a 2 de julho de 2014, 10 anos após o seu falecimento.
  • 3. Curiosidades • O seu pai, João Henrique Andresen, era neto de um dinamarquês, Jan Henrik, que se fixou no Porto e que ali fez fortuna, primeiro no sector da cabotagem, depois no negócio dos vinhos. • A infância e adolescência, passou-a Sophia na quinta portuense do Campo Alegre, adquirida pelo seu avô Andresen no final do século XIX. "Uma parte do que dele resta é hoje o Jardim Botânico do Porto”. • Um dos costumes da casa, como recorda o escritor Ruben A., primo de Sophia, nos seus volumes autobiográficos, era o de se organizar, pelo Natal, um espectáculo protagonizado pelas crianças da família. Foi justamente uma destas celebrações que originou o primeiro contacto de Sophia com a poesia. Tinha três anos e ainda não sabia ler, mas uma criada, desgostosa por ver a menina excluída do elenco de artistas, ensinou-a a recitar "A Nau Catrineta". • A sua verdadeira iniciação na poesia portuguesa, ficou a devê-la, no entanto, ao avô materno, Thomaz de Mello Breyner, 4º conde Mafra, que lhe deu a ler Camões e Antero. • Não menos marcante do que a Quinta do Campo Alegre, foi a casa de férias na queirosiana praia da Granja, onde a família passava os verões.
  • 4. Maria de Mello Breyner Andresen, grávida, esperando o nascimento de Sophia. Porto, Junho de 1919
  • 5. Sophia com o avô Thomaz de Mello B. Com o marido e a filha Isabel Casa Andresen - Extremo norte do Jardim Botânico junto ao muro que encosta à Travessa de Entre-Campos Sophia com o marido e os netos Rita, Sofia, Gonçalo e Pedro no jardim da casa da Travessa das Mónicas. Anos 80
  • 7. Histórias da Terra e do Mar Histórias da Terra e do Mar é um livro de Sophia de Mello Breyner Andresen, publicado em 1984. É composto por cinco contos - "História da Gata Borralheira", "O Silêncio", "A Casa do Mar", "Saga" e "Vila d'Arcos" - que nos transportam para o universo da infância. Cada um deles tem uma harmonia própria que vive de alargadas descrições, de personagens encantadas e de metáforas expressivas. Conto "A Saga", encontrado online no site ... http://pt.slideshare.et/risoletamontez/saga-textointegral-41256835
  • 8. A Saga “A «Saga» nasceu, na realidade, de uma história de família: o meu bisavô veio realmente de uma ilha da Dinamarca, embarcado à aventura e foi assim que acabou por chegar ao Porto. O episódio da zanga com o capitão, o do número de circo com a pele de urso no cais, o abandono do navio – tudo isso aconteceu de facto. Também são verdadeiras as palavras que ele disse, mais tarde, a uma das netas: ‘O mar é o caminho para a minha casa’ – e outras coisas ainda. Mas, claro que depois há toda uma fusão imaginária desta realidade e todo um trabalho de invenção que são obra minha.” http://purl.pt/19841/1/1920/1920.html Fotografia da campa do bisavô de Sophia de Mello Breyner Andresen no cemitério de Agramonte.
  • 9. Resumo O conto “Saga” relata a história de Hans, um rapaz de 14 anos que sonhava em navegar para Sul num navio, sendo o seu capitão. Hans vivia no interior da ilha de Vig, no mar do Norte, com a sua família: o seu pai Sören, a sua mãe Maria e a sua irmã Cristina. Certo dia, Sören chamou Hans para lhe comunicar que o ia mandar estudar para Copenhaga, tentando impedir o seu filho de seguir o seu sonho que era ser marinheiro. Sören não concordava com o sonho de Hans, pois os seus irmãos m ais n ovos, Gustav e Niels, haviam falecido num naufrágio. Como viu que o seu pai não o apoiava, Hans decidiu fugir num cargueiro inglês, Angus. Assim, alistou-se como grumete, mas, após a sua primeira paragem, abandonou o navio, pois foi chicoteado pelo seu capitão. Hans, sozinho numa cidade desconhecida, caminhou durante quatro dias, até que conheceu Hoyle. Este armador e negociante inglês acolheu-o, tratando-o como um filho e fazendo dele, aos 21 anos, capitão de um dos seus navios. Após várias viagens, que Hans contava por carta à sua mãe, Hoyle adoeceu, tornando-o seu sócio e confiando-lhe todos os seus negócios. Hans, agora um dos notáveis da burguesia local, casou-se e teve sete filhos, tendo o primeiro morrido. Alguns anos mais tarde, Hans apercebeu-se de que a sua fuga tinha sido em vão, sentido remorsos por deixar a família. Quando adoeceu para morrer, pediu que construíssem um navio naufragado em cima da sua sepultura, este estranho pedido foi concretizado, tornando-se num dos monumentos mais famosos da cidade. Reza a lenda que, em dias de temporal, Hans navega nele para Norte, rumando a Vig. http://www.notapositiva.com/pt/trbestbs/portugues/10_sophia_mello_breyner_d.htm#vermais
  • 11. O narrador “Hans concentrava o seu espírito para a exaltação crescente do grande cântico marítimo. Tudo nele estava atento como quando escutava o cântico do órgão da igreja luterana, na igreja austera, solene, apaixonada e fria.” “Pensava na mulher, nos filhos que tinham crescido, e que, ao crescer, se tinham ido definindo, enquanto ele, atentamente, procurava neles parecenças – ecos de memórias, sombras de rostos amados e perdidos. Depois o seu pensamento derivava e a alta proa do grande navio avançava com terra à vista ao longo de praias desertas. O cheiro de África penetrava o seu peito. Via as florestas, as embocaduras, ouvia gemer os mastros.” “Mas dele, Hans, burguês próspero, comerciante competente, que nem se perdera na tempestade nem regressara ao cais, nunca ninguém - contaria a história, nem de geração em geração, se cantaria a saga. “ Classificação do narrador quanto à sua participação e posição: O narrador é não participante e subjetivo. É também omnisciente..
  • 12. A ação Processo de organização das ações:  Encadeamento  Alternância  Encaixe É o encadeamento. As sequências narrativas sucedem- se de forma lógica e cronológica. “Durante seis dias, Hans sereno e consciente pareceu resistir. Mas ao sétimo dia a febre subiu, a respiração começou a ser difícil e na sua atenção algo se alterou. No quarto o ambiente tornou-se sussurrado, com luzes veladas e gestos silenciosos como se cada pessoa tivesse medo de quebrar qualquer fio. Ao cair da noite, Hans - que durante longas horas parecera semiadormecido - abriu os olhos e chamou.”
  • 13. “Os seus irmãos mais novos - Gustav e NieIs - tinham morrido no naufrágio de um veleiro que lhe pertencia.” O narrador recorda um facto passado que fez com que o pai de Hans não o deixasse ser navegador. A esse recuo no passado dá-se-lhe o nome de analepse.
  • 14. “Mas Hans sentia a elasticidade do barco, a sua precisão de extremo a extremo e o equilíbrio que, entre vaga e contra-vaga, não se rompia. Mais tarde os navios de Hans nunca naufragaram.” O narrador antecipa a ação, isto é, diz o que vai acontecer no futuro. A este salto no tempo dá-se- lhe o nome de prolepse.
  • 15. Caracterização das personagens A caracterização física e psicológica podem ser feitas direta ou indiretamente. Caracterização direta : É feita pelo narrador ou pelas personagens. Caracterização indireta : É feita pelo leitor que deduz características através do comportamento da personagem.
  • 16. caracterização física • “aos catorze anos já tinha quase a altura de um homem “ • “Hans agora já não viajava. Estava velho como um barco que não navegava mais e prancha por prancha se vai desmantelando. Tinha as mãos um pouco trémulas, o azul dos olhos desbotado, fundas rugas lhe cavavam a testa, os cabelos e as compridas suíças estavam completamente brancas. “ • “aos catorze anos já tinha quase a altura de um homem “ Caracterização direta Caracterização indiretaÉ um rapaz alto.
  • 17. caracterização psicológica • “Para resistir ao vento, estendeu- se ao comprido no extremo do promontório.” • “Foi no Angus que Hans fugiu de Vig, alistado como grumete.” • “Carregado de imaginações queria ser, como os seus tios e avós, marinheiro. Não para navegar apenas entre as ilhas e as costas do Norte, seguindo nas ondas frias os cardumes de peixe. Queria navegar para o Sul. Imaginava as grandes solidões do oceano, o surgir solene dos promontórios, as praias onde baloiçam coqueiros e onde chega até ao mar a respiração dos desertos. Imaginava as ilhas de coral azul que são como os olhos azuis do mar. Imaginava o tumulto, o calor, o cheiro a canela e laranja das terras meridionais.” Hans não tem medo da tempestade. É corajoso, aventureiro, sonhador e quer conhecer novas coisas. Caracterização indireta
  • 18. O espaço “O mar do Norte, verde e cinzento, rodeava Vig, a ilha, e as espumas varriam os rochedos escuros.” “Na luz vermelha do poente a cidade parecia carregada de memórias, insondavelmente antiga, feérica e magnetizada, com todos os vidros das suas janelas cintilando. Animava-a uma veemência indistinta que aqui e além aflorava em ecos, rumores, perpassar de vultos, gritos longínquos e perdidos, reflexo de luzes sobre o rio.” Espaço físico: Local onde decorrem as ações. Ex: Vig (casa de Hans, promontório), cidade do Porto (cais, casa de Hans, casa de Hoyle), golfo da Biscaia, etc.
  • 19. Espaço psicológico: Local onde se encontra o pensamento do personagem. “E, ora a bordo ora em terra, ora debruçado nos bancos da escola sobre mapas e cálculos, ora mergulhado em narrações de viagens, estudando, sonhando e praticando, ele preparava-se para cumprir o seu projeto: regressar a Vig como capitão de um navio, ser perdoado pelo Pai e acolhido na casa.” “…enquanto ele, atentamente, procurava neles parecenças – ecos de memórias, sombras de rostos amados e perdidos. Depois o seu pensamento derivava…” “…pensava: «Um dia levarei estes búzios para Vig.»”
  • 20. Modalidades discursivas da narrativa/Os Modos de representação do discurso narrativo As modalidades discursivas da narrativa/Os Modos de representação do discurso narrativo são:  Narração  Descrição  Diálogo  Monólogo
  • 21. • Narração (momento de avanço na ação): É o relato de ações e de acontecimentos. Características:  O pretérito perfeito do indicativo e os verbos predominam na narração. “Nenhum homem se salvou. O vento espalhou os gritos no clamor da escuridão selvagem, a força das braçadas desfez-se nos redemoinhos, a água tapou as bocas. Nem os que treparam aos mastros se salvaram, nem os que se meteram nos botes, nem os que nadaram para terra. O mar quebrou tábua por tábua o casco, os mastros, os botes e os marinheiros foram rolados entre a pedra e a vaga.”
  • 22. • Descrição (momento de pausa): É o momento da narrativa destinado à apresentação, com alguns pormenores, das personagens, dos objetos e do espaço. Representa um momento de pausa na ação. Características:  O pretérito imperfeito do indicativo , os adjetivos e os recursos expressivos predominam na descrição. “E no canto do átrio vazio cismava vagamente, nem sequer sabendo que cismava, debruçado sobre papeladas, contas e jornais ingleses. Mas de súbito estremecia e passava para além do próprio cismar: a memória de Vig subia à flor do mar. Os nevoeiros marítimos invadiam a sua respiração. Desde o horizonte os navios avançavam para a ilha.”
  • 23. Diálogo: É uma conversa entre duas ou mais personagens. Contribui para o dinamismo da narrativa – ficamos a saber o que aconteceu, o que está a acontecer ou o que irá acontecer. Características:  O travessão, os 2 pontos ,os verbos declarativos. As interjeições, … “- Avô - disse Joana - porque é que está sempre a olhar para o mar? - Ah! - respondeu Hans. - Porque o mar é o caminho para a minha casa.”
  • 24. • Monólogo (a personagem fala consigo próprio. É desta maneira que o leitor fica a conhecer os pensamentos da personagem.) É a reprodução do pensamento de uma personagem.
  • 25. Importância das camélias • A vida de Hans, personagem principal do conto “Saga” da obra Histórias da Terra e do Mar de Sophia de Mello Breyner Andresen, vai decorrendo consoante o ciclo de floração das camélias, distinguindo-se estas de todas as outras flores.
  • 26. Sua simbologia • Relativamente ao significado da camélia, há diferenças dependendo da cor das flores. As camélias cor de rosa significam grandeza de alma; as camélias brancas são uma alusão à beleza perfeita e as camélias vermelhas são um sinal de reconhecimento. http://www.significados.com.br/camelia/ • Significado: Beleza perfeita http://artflor.weebly.com/simbologia-das-flores.html • Beleza da alma • Arrependimento • Indicadas para situações especiais, íntimas • Camélias Brancas representam a beleza perfeita • Camélias Rosadas, grandeza da alma Camélia • Camélias Vermelhas falam sobre o reconhecimento http://www.mulhervirtual.com.br/flor/Camelia.html
  • 27. Simbolicamente, as camélias são as flores do Inverno. Também Hans floresce no Inverno, só tem sucesso fora de tempo e, sobretudo, fora do espaço – só tem sucesso em áreas que não contribuem para a sua felicidade • Alguns excertos do conto: «E foi no tempo das últimas camélias (vermelhas, pesadas e largas) que nasceu o seu primeiro filho.» (pág. 97) • «Nasceu o seu segundo filho no tempo das primeiras camélias, em Novembro do seguinte ano. » (pág. 98) • «As camélias brancas estavam em flor, levemente rosadas, macias, transparentes. Algumas lhe trouxeram ao quarto, apanhadas à beira do roseiral.» (pág. 109) • Nota: O facto de as camélias surgirem recorrentemente neste conto, não será de todo alheio, para além da simbologia já referida, a circunstância de a escritora ter passado muitos momentos da sua infância e adolescência em casas rodeadas de jardins onde imperavam estas flores, ou melhor dizendo, estas árvores. Podem referir-se ,por exemplo, aos jardins da Casa Andresen, hoje Jardim Botânico do Porto, e aos jardins da fundação Eng .António de Almeida, propriedade que também pertenceu a familiares da escritora. http://pt.slideshare.net/bibliobeiriz1/as-camlias-na-saga-de-sophia-de-mello- breyner-andresen-escola-eb23de-beiriz?related=1
  • 28. Recursos expressivos • “A tempestade, como uma boa orquestra” • “Nuvens sombrias enrolavam os anéis enormes” • “O voo das gaivotas era cada vez mais inquieto e apertado” • “ apaixonado e frio.” • “entre o sussurrar dos abetos,” • “Queria ser um daqueles homens que a bordo do seu barco viviam rente ao maravilhamento e ao pavor, um daqueles homens de andar baloiçado, com a cara queimada por mil sóis, a roupa desbotada e rija de sal, o corpo direito como um mastro, os ombros largos de remar e o peito dilatado pela respiração dos temporais.” • “erguia-se o casario branco, amarelo e vermelho,“ COMPARAÇÃO HIPÉRBOLE DUPLA ADJETIVAÇÃO ANTÍTESE PERSONIFICAÇÃO ENUMERAÇÃO