1. Móbile Integral J Teacher Training Course 2016
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Adapted from: Diretrizes para o Ensino de Língua Portuguesa na Móbile, de autoria de Luciana Tomiatto de Oliveira
Decidir e definir os objetivos de aprendizagem significa estruturar o processo educacional
de modo a oportunizar mudanças de pensamentos, ações e condutas. Essa estruturação é
resultado de um processo de planejamento que está diretamente relacionado à escolha da
metodologia a ser adotada, conteúdo, procedimentos, atividades, recursos disponíveis,
estratégias e instrumentos de avaliação.
É fundamental ter os objetivos de aprendizagem bem definidos, o que deve ser feito antes
do início do trabalho. Caso isso não ocorra, alguns deles podem não estar bem determinados e
outros podem ficar implícitos ao processo de aprendizagem, sendo, muitas vezes, (re)conhecidos
apenas pelo educador. Sabemos que é mais difícil, para os alunos, atingir o nível de
desenvolvimento cognitivo quando não possuem clareza do que deles é esperado durante e
após o processo de ensino.
Com o intuito de garantir a clareza de objetivos, a precisão dos enunciados a partir do que
se espera como resposta e uma unidade, entre professores e disciplinas, do que se compreende e
do que se espera de cada solicitação feita aos alunos, propomos um trabalho com os chamados
verbos de comando. Os verbos de comando trazem a ideia das habilidades (de pensamento e
de linguagem) a serem desenvolvidas. Quando colocados dentro de uma área específica do
conhecimento, transformam-se em descritores. Os alunos, ao se depararem com questões em que
são utilizados esses verbos, seguem alguns passos importantes no desenvolvimento das habilidades
cognitivas. São eles:
• Identificar as ações que precisam ser realizadas para responder a um determinado
comando;
• Mapear as ideias/conceitos que devem constar na resposta;
• Roteirizar a resposta;
• Autoavaliar a resposta a partir do comando solicitado.
Além do campo cognitivo, os verbos de comando têm importante função no
desenvolvimento dos aspectos linguístico-discursivos. Eles pressupõem estruturas-padrão de
respostas que, quando incorporadas, farão parte do inconsciente cognitivo do aluno, que será
acionado sempre que ele se encontrar em uma situação de comunicação que lhe proponha
essa necessidade. Na estruturação das respostas, serão trabalhados aspectos como o campo
lexical, os elementos coesivos e as vozes presentes no texto, entre outros. A possibilidade de
transitar entre diversos padrões de respostas associados a diferentes áreas do conhecimento,
fazendo escolhas adequadas ao uso, colabora com o desenvolvimento da versatilidade cognitiva
do aluno.
Uma definição clara dos processos mentais que um verbo de comando pressupõe, assim
como das estruturas de linguagem utilizadas para atendê-lo, garante, no trabalho em sala de
aula, uma explicitação dos objetivos dos enunciados, assegurando aos alunos a clareza do que
se espera na resposta.
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Ao ter clareza das solicitações de cada comando, o aluno passa a ter controle de todas
as operações mentais necessárias para se atingir o objetivo proposto, permitindo o
gerenciamento de sua atividade mental.
Os verbos de comando podem ser categorizados a partir de uma organização hierárquica
das habilidades a serem desenvolvidas. No nível básico estão as ações que tornam presente o
objeto do conhecimento para o sujeito (verbos como identificar, nomear, transcrever, citar). O
nível operacional é composto pelas ações e operações que pressupõem o estabelecimento de
relações com e entre os objetos (verbos como comparar, descrever, explicar, justificar). Já no nível
global estão as ações e operações mais complexas, que envolvem aplicação de conhecimentos
e resolução de problemas inéditos (relacionar, argumentar).
O uso dos verbos de comando em sala de aula é, também, uma importante ferramenta
para o trabalho metacognitivo. Definida como o processo de pensar sobre o próprio pensar e a
capacidade de antecipar, regular e avaliar a própria aprendizagem, a metacognição faz-se
cada vez mais presente na sala de aula e ajuda o aluno a compreender seus próprios processos
de aprendizagem, autoavaliar-se e desenvolver um mecanismo de autorregulação (mecanismo
que envolve o controle dos processos cognitivos, das emoções e do comportamento). O conceito
de metacognição está relacionado à consciência e ao automonitoramento do ato de aprender.
É a aprendizagem sobre o processo da aprendizagem ou a apropriação e domínio dos recursos
internos se relacionando com os objetos externos.
A tabela a seguir apresenta a definição de alguns dos verbos de comando mais utilizados
no ensino de Língua Portuguesa, no Ensino Fundamental, e alguns recursos linguísticos utilizados na
elaboração de respostas a esses verbos.
COMANDO DEFINIÇÃO
Identificar Reconhecer um elemento em meio a outros, com base em determinado
critério.
Nomear Atribuir nome a.
Transcrever Copiar palavras, ideias, texto em novo lugar, destacando-os por meio de
aspas.
Citar Fazer referência a.
Comparar Identificar uma ou mais características semelhantes e/ou diferentes por
meio da relação dos elementos comparados, segundo um ou mais
critérios. A quantidade de elementos comparados e a própria natureza
desses elementos, além de sua complexidade, determinarão a
progressão das comparações.
Expressões indicadoras de semelhanças e diferenças:
Semelhanças: como, assim como, bem como, quanto (tanto... quanto).
Diferenças: de um lado... de outro lado, por outro lado, em oposição, em
contraste, ao contrário, mas, porém, entretanto, no entanto, embora, ao
passo que, enquanto, já, que ou do que (depois de mais, menos, maior,
menor, melhor, pior).
Descrever Apresentar características de objetos, situações, fenômenos e processos,
obedecendo, quando necessário e/ou solicitado, à ordenação lógica.
Explicar Pressupõe uma exposição, um esclarecimento das etapas de um
processo. Para explicar o aluno precisa:
1.Identificar claramente qual é o alvo da explicação;
2.Eleger os fatos ou etapas necessárias para esclarecer um processo;
3.Construir uma ordenação ou uma rede de conexões em que as etapas
ou fatos estejam ligados logicamente (em geral, por relações de causa e
consequência).
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Expressões indicadoras de causa:
Substantivos: causa, motivo, razão, explicação, fonte, fundamento,
alicerce, o porquê.
Verbos: causar, gerar, originar, produzir, acarretar, motivar.
Conjunções: porque, pois, já que, visto que, uma vez que.
Preposições e locuções: por, por causa de, em vista de, graças a, por
motivo de, em virtude de, devido a.
Justificar Comprovar por meio de um conceito ou de elementos presentes no
texto/imagem. Fornecer as sustentações para a afirmação dada, sem
possibilidade de discordar. Para justificar, o aluno precisa:
1.Reconhecer a afirmação a ser justificada;
2.Selecionar dados válidos;
3.Estabelecer um encadeamento lógico que deixe claro o
desenvolvimento do raciocínio.
Expressões indicadoras de consequência:
Substantivos: consequência, efeitos, decorrência, resultado, repercussão,
produto, reflexo.
Verbos: resultar, decorrer, gerar, ser efeito de, ser resultado de.
Advérbios e locuções: consequentemente, em consequência, em
decorrência, em conclusão.
Conjunções: logo, portanto, pois (posposto ao verbo), então, assim, por
isso, por conseguinte, de modo que, em vista disso.
Relacionar Pressupõe a identificação de um ponto de contato entre as ideias
relacionadas e a explicitação dos elementos envolvidos na relação. Há
relações mais complexas que outras; logo, alguns enunciados podem ser
divididos em “a” e “b” e, em outros, a relação é dada em uma afirmação
e o que se pede é a explicação dessa relação.
Argumentar Legitimar (ou não) posições (polêmicas) por meio de informações, dados,
fatos, conceitos, exemplos etc. Para argumentar, o aluno deverá:
1.Estabelecer o ponto de vista a ser defendido;
2.Selecionar dados válidos ou deduções lógicas;
3.Articular os dados selecionados ao ponto de vista, estabelecendo um
encadeamento lógico que deixe claro o desenvolvimento do raciocínio.