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O AMOR GERA A FÉ, A FÉ GERA O TESTEMUNHO
BORTOLINE, José - Roteiros Homiléticos Anos A, B, C Festas e Solenidades - Paulos, 2007
* LIÇÃO DA SÉRIE: LECIONÁRIO DOMINICAL *
ANO: A, B e C – TEMPO LITÚRGICO: DOMINGO DA PÁSCOA – COR: BRANCO
I. INTRODUÇÃO GERAL
1. Anseios de vida nova, busca de um sentido para a
própria existência, medo da morte enquanto fracasso,
esperança do amor que tudo renova… tudo isso encontra
sua razão de ser na ressurreição de Jesus (Evangelho, Jo
20,1-9). Ela é o dinamismo que impulsiona a vida e ação
dos que se comprometem com Cristo, de modo que se
atue hoje a prática de Jesus de Nazaré (1ª leitura, At
10,34a.37-43). Essa prática exige discernimento, desa-
pego, para que o cristão, ressuscitado com Cristo no
Batismo, caminhe para a plena realização (2ª leitura, Cl
3,1-4). A ressurreição de Jesus é demonstração de como
pode ser plena a vida de todos os cidadãos que se empe-
nham em transformar nossa sociedade desigual.
II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS
Evangelho (Jo 20,1-9): O amor gera a fé
2. O texto é um ensino sobre a ressurreição de Jesus,
própria da comunidade em que nasceu o IV Evangelho.
Com esse trecho, visa-se responder à pergunta: com que
disposições deve o cristão encarar o túmulo vazio do
domingo da Páscoa? Serão ainda necessários "sinais"
que suscitem a fé em Jesus? De fato, o trecho cita sete
vezes a palavra túmulo. É uma insistência martelante que
provoca tomadas de posição. O texto pode ser dividido
em três pequenas cenas: a. Maria Madalena junto ao
túmulo e com os discípulos (vv. 1-2); b. Os dois discípu-
los junto ao túmulo (vv. 3-8); c. Explicação da increduli-
dade (v. 9).
a. Maria Madalena: A comunidade que ainda não assi-
milou a morte de Jesus (vv. 1-2)
3. A cena inicia com uma indicação de tempo, que não
é mera datação formal: "No primeiro dia da semana".
Nesse primeiro dia da semana (domingo), iniciou-se a
nova criação nascida da morte e ressurreição de Jesus.
4. Maria Madalena é figura simbólica. Representa a
comunidade sem a perspectiva da fé, incapaz de assimi-
lar a morte de Jesus. Ela é figura representativa de todos
os que pensam que o túmulo seja o lugar do fracasso do
projeto de Deus. No v. 2 ela fala na primeira pessoa do
plural ("não sabemos"), denotando que é figura represen-
tativa de um todo. Já é de madrugada (nasceu o novo
dia), mas para ela ainda é trevas. As trevas representam
o "mundo", a negação da vida, que não aderiu a Jesus
(1,5; 3,19; 6,17; 12,35). O gesto de Maria indo ao túmu-
lo sintetiza as buscas da comunidade cristã, ansiosa de
vida e amor, mas que às vezes os procura em lugar erra-
do.
5. Diante da pedra rolada ela pensa em roubo de cadá-
ver. Para ela, a morte havia interrompido a vida, para
sempre. E o relato que faz aos dois discípulos o confir-
ma: "Tiraram o Senhor do túmulo e não sabemos onde o
colocaram" (v. 2b).
b. Os dois discípulos: Corre mais quem ama mais (vv.
3-8)
6. Também os dois discípulos representam a comuni-
dade que não assimilou a morte de Jesus. O evangelista
dá a entender que a comunidade tinha se dispersado (cf.
16,32). Por isso Maria Madalena encontra os dois a sós.
A intenção de João é bem clara: a comunidade não sub-
siste sem a vivência da fé em Cristo ressuscitado.
7. Os dois discípulos são Simão Pedro e "aquele que
Jesus amava". Eles saem correndo em direção ao túmulo.
É uma verdadeira maratona. Quem corre mais? Quem
chega em primeiro lugar? Certamente não é quem está
em melhores condições físicas, e sim aquele que tem as
autênticas disposições em correr. Em outros termos,
quem ama corre mais e chega primeiro. De fato, o "outro
discípulo" não traz nome, mas um apelido: "aquele que
Jesus amava" (v. 2). Foi esse discípulo quem esteve per-
to de Jesus por ocasião do julgamento e da morte. Com
isso, João mostra quais são as disposições do cristão em
relação à morte de Jesus. Mas isso não é tudo.
8. O discípulo amado chega antes. "Abaixando-se, ele
viu os panos de linho estendidos, mas não entrou" (v. 5).
Ele percebe que há sinais de vida, mas ainda não alcança
a plena compreensão do que aconteceu. Os panos de
linho (e os perfumes) podem ser uma tênue referência à
cama nupcial: para João e para o discípulo amado que
vê, o túmulo não é o lugar da morte, e sim do encontro
do Senhor da vida com sua esposa, a comunidade.
9. Chega Simão Pedro. O fato de deixar que Pedro
entre antes no túmulo é, da parte do discípulo amado, um
gesto de reconciliação e de amor, gesto que repete o de
Jesus. O discípulo amado não se considera superior a
Pedro pelo fato de ter estado perto de Jesus nas horas de
abandono, disposto a morrer com ele. Pedro entrou no
túmulo, "viu os panos de linho estendidos, e o lenço que
tinha estado sobre a cabeça de Jesus não estava com os
panos de linho estendidos, mas estava dobrado num lu-
gar à parte" (vv. 6b-7). A descrição da cena quer de-
monstrar claramente que não houve violação de sepulcro
nem roubo de cadáver, pois os ladrões não se teriam
preocupado em dobrar o sudário.
10. Aconteceu algo de inaudito que só o discípulo que
ama é capaz de descobrir e tornar objeto de sua fé (v. 8):
Jesus não continuava prisioneiro das malhas da morte.
Ele estava vivo. (Comparar a cena com a ressurreição de
Lázaro, 11,44: "Desatai-o e deixai-o ir embora".)
c. Explicação da incredulidade (v. 9)
11. Pedro é figura representativa da comunidade que
ainda não fez o salto de qualidade para passar da dúvida
à fé. Por isso o evangelista lembra um texto da Escritura
que diz: "Os teus mortos tornarão a viver, os teus cadá-
veres ressurgirão… Porque Javé está para sair do seu
domicílio" (Is 26,19.21a).
1ª leitura (At 10,34a.37-43): A fé em Cristo ressuscita-
do gera o testemunho
12. No plano de Lucas, os Atos dos Apóstolos são a
continuação do evangelho do mesmo autor. Neste, ele
relatou o caminho de Jesus; nos Atos, apresenta o cami-
nho da Igreja que procura reproduzir as palavras e ações
do Cristo. A caminhada da Igreja é, portanto, o prolon-
gamento da prática do Filho de Deus.
13. Em At 10 temos uma situação histórica nova para a
Igreja: a do contato com os gentios. O contato com os
pagãos era proibido pela legislação judaica. Quem con-
vivesse com eles tornava-se impuro.
14. Simão Pedro é o primeiro a romper esse esquema
elitista, salientando o modo de ser Igreja. De fato, ele
está hospedado em casa de um curtidor de peles de nome
Simão (pura coincidência de nomes, ou sinal de identifi-
cação com os marginalizados?). Os curtidores de peles
eram tidos como pessoas impuras por parte dos judeus.
Devia-se evitar o contato com tais pessoas.
15. Cornélio, militar romano, vivia em Cesaréia, nos
confins do território judaico. Ele manda chamar Simão
Pedro para que vá à sua casa. Pedro, portanto, leva a
comunidade cristã para fora do território judaico. No seu
discurso na casa de Cornélio, salienta os seguintes pon-
tos:
•••• Deus não faz distinção de pessoas. O novo povo
de Deus não está ligado a uma raça ou nação. O
critério para ser povo de Deus é temê-lo e prati-
car a justiça (v. 34). Isso encontra seu fundamen-
to na ação de Jesus de Nazaré, ao qual Deus un-
giu com o Espírito Santo e com poder. A ação de
Jesus é sintetizada nas seguintes palavras: "Ele
andou por toda parte, fazendo o bem e curando
todos os que estavam dominados pelo demônio"
(v. 38).
•••• A função da comunidade cristã é ser testemunha:
anunciar e praticar o que Jesus fez (note-se que a
palavra testemunhar aparece quatro vezes: vv.
39.40.42.43). A função da comunidade cristã
tem seu fundamento no mandato de Jesus (v.
42a; cf. Mt 28,19-20; Mc 16,15; Lc 24,47-48).
•••• O conteúdo do testemunho cristão é o anúncio
de que Jesus é o juiz dos vivos e dos mortos, ou
seja, ele é o critério para sabermos se uma ação,
como a de Pedro, vem de Deus ou não (v. 42b).
•••• Cumpre-se assim o que foi anunciado pelos pro-
fetas, isto é, Jesus é a realização cabal do projeto
de Deus. Quem adere a ele, pela fé, recebe o
perdão dos pecados e passa a fazer parte do seu
povo (v. 43).
2ª leitura (Cl 3,1-4): Viver a ressurreição entre o já e o
ainda não
16. Paulo escreveu aos cristãos de Colossas provavel-
mente quando estava preso em Éfeso (anos 55-57) para
corrigir algumas teorias que admitiam uma série de seres
celestes, intermediários entre Deus e as pessoas. Esses
seres celestes comandariam o ritmo do universo, com-
prometendo assim a supremacia de Cristo.
17. A carta aos Colossenses tem duas partes. A primei-
ra, além do endereço, saudação, ação de graças e súplica
(1,1-14), é de caráter doutrinal e expositivo. É nela que
Paulo combate os erros infiltrados na comunidade (1,15-
2,23). A segunda parte é de caráter prático e exortativo,
na qual o Apóstolo move os cristãos a serem coerentes
com o nome que trazem (3,1-4,1), seguida de notícias
pessoais e saudações finais (4,2-18).
18. O cristão, pelo batismo, condivide a sorte de Cristo
morto e ressuscitado (2,12). Cristo ressuscitado está à
direita de Deus, ou seja, é o Senhor universal (cf. Sl
110). O cristão já participa dessa vida nova de Cristo,
mas ainda não plenamente, porque está neste mundo. A
tarefa do cristão é pensar e procurar as coisas do alto.
Em outras palavras, trata-se de discernir o que é confor-
me ou não ao projeto de Deus, ao qual o cristão está
associado pelo batismo. Paulo contrapõe as coisas do
alto às coisas da terra para alertar o cristão não avisado
do perigo que pode correr, levando uma vida ambígua
que não manifeste o Cristo ressuscitado. O cristão já
participa da vida de Cristo, mas o que ele deve fazer
concretamente ainda não é claro e exige discernimento
constante, até que Cristo, pela prática dos cristãos, se
manifeste definitivamente, levando as pessoas à plena
comunhão com ele.
III. PISTAS PARA REFLEXÃO
19. O amor gera a fé na ressurreição de Cristo. Comunidade sem fé não é comunidade cristã (evan-
gelho, Jo 20,1-9). O que significa ser discípulo amado em nossos dias? Como testemunhar a ressur-
reição de Cristo em meio a uma sociedade marcada por sinais de morte e opressão?
20. A fé em Cristo ressuscitado suscita o testemunho. Ser cristão é fazer o que Jesus fez (1ª leitura,
At 10,34a.37-43). Nossas comunidades têm a coragem de Pedro "que se hospeda na casa de um im-
puro e convive com ele"?
21. O cristão vive na tensão entre o já pertencer a Cristo e o ainda não estar com ele definitivamente
(2ª leitura, Cl 3,1-4). Daí nasce a práxis para um mundo melhor.

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Comentário: Domingo de Pascoa - Anos A, B e C

  • 1. O AMOR GERA A FÉ, A FÉ GERA O TESTEMUNHO BORTOLINE, José - Roteiros Homiléticos Anos A, B, C Festas e Solenidades - Paulos, 2007 * LIÇÃO DA SÉRIE: LECIONÁRIO DOMINICAL * ANO: A, B e C – TEMPO LITÚRGICO: DOMINGO DA PÁSCOA – COR: BRANCO I. INTRODUÇÃO GERAL 1. Anseios de vida nova, busca de um sentido para a própria existência, medo da morte enquanto fracasso, esperança do amor que tudo renova… tudo isso encontra sua razão de ser na ressurreição de Jesus (Evangelho, Jo 20,1-9). Ela é o dinamismo que impulsiona a vida e ação dos que se comprometem com Cristo, de modo que se atue hoje a prática de Jesus de Nazaré (1ª leitura, At 10,34a.37-43). Essa prática exige discernimento, desa- pego, para que o cristão, ressuscitado com Cristo no Batismo, caminhe para a plena realização (2ª leitura, Cl 3,1-4). A ressurreição de Jesus é demonstração de como pode ser plena a vida de todos os cidadãos que se empe- nham em transformar nossa sociedade desigual. II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS Evangelho (Jo 20,1-9): O amor gera a fé 2. O texto é um ensino sobre a ressurreição de Jesus, própria da comunidade em que nasceu o IV Evangelho. Com esse trecho, visa-se responder à pergunta: com que disposições deve o cristão encarar o túmulo vazio do domingo da Páscoa? Serão ainda necessários "sinais" que suscitem a fé em Jesus? De fato, o trecho cita sete vezes a palavra túmulo. É uma insistência martelante que provoca tomadas de posição. O texto pode ser dividido em três pequenas cenas: a. Maria Madalena junto ao túmulo e com os discípulos (vv. 1-2); b. Os dois discípu- los junto ao túmulo (vv. 3-8); c. Explicação da increduli- dade (v. 9). a. Maria Madalena: A comunidade que ainda não assi- milou a morte de Jesus (vv. 1-2) 3. A cena inicia com uma indicação de tempo, que não é mera datação formal: "No primeiro dia da semana". Nesse primeiro dia da semana (domingo), iniciou-se a nova criação nascida da morte e ressurreição de Jesus. 4. Maria Madalena é figura simbólica. Representa a comunidade sem a perspectiva da fé, incapaz de assimi- lar a morte de Jesus. Ela é figura representativa de todos os que pensam que o túmulo seja o lugar do fracasso do projeto de Deus. No v. 2 ela fala na primeira pessoa do plural ("não sabemos"), denotando que é figura represen- tativa de um todo. Já é de madrugada (nasceu o novo dia), mas para ela ainda é trevas. As trevas representam o "mundo", a negação da vida, que não aderiu a Jesus (1,5; 3,19; 6,17; 12,35). O gesto de Maria indo ao túmu- lo sintetiza as buscas da comunidade cristã, ansiosa de vida e amor, mas que às vezes os procura em lugar erra- do. 5. Diante da pedra rolada ela pensa em roubo de cadá- ver. Para ela, a morte havia interrompido a vida, para sempre. E o relato que faz aos dois discípulos o confir- ma: "Tiraram o Senhor do túmulo e não sabemos onde o colocaram" (v. 2b). b. Os dois discípulos: Corre mais quem ama mais (vv. 3-8) 6. Também os dois discípulos representam a comuni- dade que não assimilou a morte de Jesus. O evangelista dá a entender que a comunidade tinha se dispersado (cf. 16,32). Por isso Maria Madalena encontra os dois a sós. A intenção de João é bem clara: a comunidade não sub- siste sem a vivência da fé em Cristo ressuscitado. 7. Os dois discípulos são Simão Pedro e "aquele que Jesus amava". Eles saem correndo em direção ao túmulo. É uma verdadeira maratona. Quem corre mais? Quem chega em primeiro lugar? Certamente não é quem está em melhores condições físicas, e sim aquele que tem as autênticas disposições em correr. Em outros termos, quem ama corre mais e chega primeiro. De fato, o "outro discípulo" não traz nome, mas um apelido: "aquele que Jesus amava" (v. 2). Foi esse discípulo quem esteve per- to de Jesus por ocasião do julgamento e da morte. Com isso, João mostra quais são as disposições do cristão em relação à morte de Jesus. Mas isso não é tudo. 8. O discípulo amado chega antes. "Abaixando-se, ele viu os panos de linho estendidos, mas não entrou" (v. 5). Ele percebe que há sinais de vida, mas ainda não alcança a plena compreensão do que aconteceu. Os panos de linho (e os perfumes) podem ser uma tênue referência à cama nupcial: para João e para o discípulo amado que vê, o túmulo não é o lugar da morte, e sim do encontro do Senhor da vida com sua esposa, a comunidade. 9. Chega Simão Pedro. O fato de deixar que Pedro entre antes no túmulo é, da parte do discípulo amado, um gesto de reconciliação e de amor, gesto que repete o de Jesus. O discípulo amado não se considera superior a Pedro pelo fato de ter estado perto de Jesus nas horas de abandono, disposto a morrer com ele. Pedro entrou no túmulo, "viu os panos de linho estendidos, e o lenço que tinha estado sobre a cabeça de Jesus não estava com os panos de linho estendidos, mas estava dobrado num lu- gar à parte" (vv. 6b-7). A descrição da cena quer de- monstrar claramente que não houve violação de sepulcro nem roubo de cadáver, pois os ladrões não se teriam preocupado em dobrar o sudário. 10. Aconteceu algo de inaudito que só o discípulo que ama é capaz de descobrir e tornar objeto de sua fé (v. 8): Jesus não continuava prisioneiro das malhas da morte. Ele estava vivo. (Comparar a cena com a ressurreição de Lázaro, 11,44: "Desatai-o e deixai-o ir embora".) c. Explicação da incredulidade (v. 9) 11. Pedro é figura representativa da comunidade que ainda não fez o salto de qualidade para passar da dúvida
  • 2. à fé. Por isso o evangelista lembra um texto da Escritura que diz: "Os teus mortos tornarão a viver, os teus cadá- veres ressurgirão… Porque Javé está para sair do seu domicílio" (Is 26,19.21a). 1ª leitura (At 10,34a.37-43): A fé em Cristo ressuscita- do gera o testemunho 12. No plano de Lucas, os Atos dos Apóstolos são a continuação do evangelho do mesmo autor. Neste, ele relatou o caminho de Jesus; nos Atos, apresenta o cami- nho da Igreja que procura reproduzir as palavras e ações do Cristo. A caminhada da Igreja é, portanto, o prolon- gamento da prática do Filho de Deus. 13. Em At 10 temos uma situação histórica nova para a Igreja: a do contato com os gentios. O contato com os pagãos era proibido pela legislação judaica. Quem con- vivesse com eles tornava-se impuro. 14. Simão Pedro é o primeiro a romper esse esquema elitista, salientando o modo de ser Igreja. De fato, ele está hospedado em casa de um curtidor de peles de nome Simão (pura coincidência de nomes, ou sinal de identifi- cação com os marginalizados?). Os curtidores de peles eram tidos como pessoas impuras por parte dos judeus. Devia-se evitar o contato com tais pessoas. 15. Cornélio, militar romano, vivia em Cesaréia, nos confins do território judaico. Ele manda chamar Simão Pedro para que vá à sua casa. Pedro, portanto, leva a comunidade cristã para fora do território judaico. No seu discurso na casa de Cornélio, salienta os seguintes pon- tos: •••• Deus não faz distinção de pessoas. O novo povo de Deus não está ligado a uma raça ou nação. O critério para ser povo de Deus é temê-lo e prati- car a justiça (v. 34). Isso encontra seu fundamen- to na ação de Jesus de Nazaré, ao qual Deus un- giu com o Espírito Santo e com poder. A ação de Jesus é sintetizada nas seguintes palavras: "Ele andou por toda parte, fazendo o bem e curando todos os que estavam dominados pelo demônio" (v. 38). •••• A função da comunidade cristã é ser testemunha: anunciar e praticar o que Jesus fez (note-se que a palavra testemunhar aparece quatro vezes: vv. 39.40.42.43). A função da comunidade cristã tem seu fundamento no mandato de Jesus (v. 42a; cf. Mt 28,19-20; Mc 16,15; Lc 24,47-48). •••• O conteúdo do testemunho cristão é o anúncio de que Jesus é o juiz dos vivos e dos mortos, ou seja, ele é o critério para sabermos se uma ação, como a de Pedro, vem de Deus ou não (v. 42b). •••• Cumpre-se assim o que foi anunciado pelos pro- fetas, isto é, Jesus é a realização cabal do projeto de Deus. Quem adere a ele, pela fé, recebe o perdão dos pecados e passa a fazer parte do seu povo (v. 43). 2ª leitura (Cl 3,1-4): Viver a ressurreição entre o já e o ainda não 16. Paulo escreveu aos cristãos de Colossas provavel- mente quando estava preso em Éfeso (anos 55-57) para corrigir algumas teorias que admitiam uma série de seres celestes, intermediários entre Deus e as pessoas. Esses seres celestes comandariam o ritmo do universo, com- prometendo assim a supremacia de Cristo. 17. A carta aos Colossenses tem duas partes. A primei- ra, além do endereço, saudação, ação de graças e súplica (1,1-14), é de caráter doutrinal e expositivo. É nela que Paulo combate os erros infiltrados na comunidade (1,15- 2,23). A segunda parte é de caráter prático e exortativo, na qual o Apóstolo move os cristãos a serem coerentes com o nome que trazem (3,1-4,1), seguida de notícias pessoais e saudações finais (4,2-18). 18. O cristão, pelo batismo, condivide a sorte de Cristo morto e ressuscitado (2,12). Cristo ressuscitado está à direita de Deus, ou seja, é o Senhor universal (cf. Sl 110). O cristão já participa dessa vida nova de Cristo, mas ainda não plenamente, porque está neste mundo. A tarefa do cristão é pensar e procurar as coisas do alto. Em outras palavras, trata-se de discernir o que é confor- me ou não ao projeto de Deus, ao qual o cristão está associado pelo batismo. Paulo contrapõe as coisas do alto às coisas da terra para alertar o cristão não avisado do perigo que pode correr, levando uma vida ambígua que não manifeste o Cristo ressuscitado. O cristão já participa da vida de Cristo, mas o que ele deve fazer concretamente ainda não é claro e exige discernimento constante, até que Cristo, pela prática dos cristãos, se manifeste definitivamente, levando as pessoas à plena comunhão com ele. III. PISTAS PARA REFLEXÃO 19. O amor gera a fé na ressurreição de Cristo. Comunidade sem fé não é comunidade cristã (evan- gelho, Jo 20,1-9). O que significa ser discípulo amado em nossos dias? Como testemunhar a ressur- reição de Cristo em meio a uma sociedade marcada por sinais de morte e opressão? 20. A fé em Cristo ressuscitado suscita o testemunho. Ser cristão é fazer o que Jesus fez (1ª leitura, At 10,34a.37-43). Nossas comunidades têm a coragem de Pedro "que se hospeda na casa de um im- puro e convive com ele"? 21. O cristão vive na tensão entre o já pertencer a Cristo e o ainda não estar com ele definitivamente (2ª leitura, Cl 3,1-4). Daí nasce a práxis para um mundo melhor.