A massagem produz efeitos mecânicos, bioquímicos, reflexos e imunológicos no organismo, incluindo a dissolução de aglutinações nos tecidos, a libertação de substâncias que regulam a dor e inflamação, a inibição do sistema simpático, e o aumento da imunidade.
2. Efeitos da Massagem
A influência da Massagem sobre
o organismo é poderosa. Estes
efeitos baseiam-se em
processos que se influenciam
reciprocamente.
Estes efeitos diferenciam-se
em mecanismos mecânicos,
bioquímicos, reflexos e
imunitários.
Hugo Pedrosa 2010
3. Efeitos da Massagem
1 - Efeitos mecânicos
Os efeitos que surgem por meio do movimento das mãos sobre a pele
são denominados efeitos mecânicos.
Efeito de Mobilização (baseia-se em dois passos)
a) Dissolução de aglutinações – por exemplo, da sedimentação de ácido
hialurónico e gordura – entre as várias camadas de tecido.
b) São dissolvidas ligações cruzadas (crosslink) patológicas entre as fibras
de colagénio por meio da libertação da enzima colagenase.
Crosslink – Entende-se por ligações cruzadas as alterações estruturais
insolúveis em água, condicionadas pela adaptação e formadas no caso
períodos de imobilização, que limitam nitidamente a dimensão do movimento.
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4. Efeitos da Massagem
2 - Efeitos bioquímicos
2.1 Libertação de mediadores da inflamação
A utilização de diferentes técnicas de massagem provoca a libertação
de diversas proteínas.
Os estímulos mecânicos da massagem levam à activação de mastócitos
que em sequência provocam a produção em maior quantidade de histamina.
Este mediador da inflamação actua sobre a parede dos capilares e arteríolas,
dilatando e aumentando a sua permeabilidade. O rubor (visível) dura cerca de
20 a 30 minutos e é um sinal de que a libertação de histamina é um efeito a
curto prazo.
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5. Efeitos da Massagem
2 - Efeitos bioquímicos
2.2 Libertação de substâncias mediadoras que inibem a dor
As endorfinas são substâncias semelhantes aos opiáceos do próprio
corpo. São libertadas pelo sistema nervoso, de forma aumentada, não
apenas nos tratamentos de massagem, mas também na actividade
física. As endorfinas são conhecidas, entre outras coisas, pelo seu
efeito inibidor da dor.
A presença de maiores quantidades de serotonina também tem efeito
sobre a dor. O efeito inibidor da dor baseia-se no facto da serotonina
interromper a transmissão de estímulos de dor para o córtex.
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6. Efeitos da Massagem
3 - Efeitos reflexos
O estímulo mecânico da massagem estimula receptores e terminações
nervosas livres nas diferentes camadas de tecido. Desta forma,
o estímulo é passado para o SNC, onde finalmente é elaborado.
O resultado final é o desencadear de efeitos reflexos.
3.1 Caminhos e zonas reflexas
São conhecidas as relações entre disfunções de órgãos internos e os tecidos
somáticos como a pele, músculos, etc.
Reflexo viscerocutâneo – Se um órgão interno entra em disfunção,
a dor pode ser projectada para determinada zona da pele, produzindo
uma hipersensibilidade na forma de dor.
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7. Efeitos da Massagem
3 - Efeitos reflexos
3.1 Caminhos e zonas reflexas
Reflexo cutaneovisceral – Por outro lado, as manipulações no sistema
somático têm uma influência directa sobre os órgãos internos.
Exemplo prático – uma alteração na região do estômago pode desencadear
uma hiperalgesia, ou seja, um aumento da sensação de dor sobre a superfície
da pele do lado esquerdo anterior do tronco, do peito até abaixo do arco costal
(reflexo viscerocutâneo).
Do mesmo modo, um tratamento de massagem na superfície do corpo pode ter
um efeito harmonizante sobre este órgão (reflexo cutaneovisceral).
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8. Efeitos da Massagem
4 - Efeitos sobre a dor
4.1 Estimulação de nociceptores
Receptores de dor (nociceptores) na pele e noutros tecidos reconhecem
distúrbios por estímulos mecânicos, térmicos ou químicos e medeiam o
impulso através de neurónios aferentes para o SNC (onde estímulo é percebido
como dor).
Se um ponto de dor for “acariciado” ou pressionado, os impulsos são
transmitidos através das fibras A-beta. Estas, ao serem mais rápidas do
que as A-delta e C, dominam o estímulo mais lento e ganham, por assim
dizer, aos concorrentes. A consequência é que a dor já não é percebida da
mesma forma, os impulsos de dor já não chegam ao cérebro por meio
do tálamo. Este fenómeno chama-se inibição pré-sináptica.
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9. Efeitos da Massagem
5 – Aumento da irrigação sanguínea local
Se uma região do corpo que apresenta dor é massajada, produz-se
um aumento da irrigação sanguínea local. Desta maneira, são reduzidos
ou eliminados produtos finais do metabolismo, desde que eles existam na
região prejudicada.
6 – Efeitos inibidores do sistema simpático
Como já foi mencionado, os reflexos somatoviscerais e viscerocutâneos
ocorrem através do sistema nervoso simpático (através da redução da
sua actividade).
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10. Efeitos da Massagem
7 – Efeitos reguladores do tónus
Dependendo da técnica de massagem que está a ser realizada, o tónus
muscular pode ser aumentado ou diminuído por meio de processos reflexos.
A massagem produz um estímulo mecânico no músculo, a partir do qual
é desencadeado o chamado reflexo regulador do tónus.
Elementos contrácteis do fuso muscular percebem o estímulo e conduzem-no
como aferência sensível para a medula espinal. Na espinal medula ocorrem
interrupções polissinápticas, que influenciam novamente o fuso muscular, e por
fim, começa o efeito regulador do tónus.
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11. Efeitos da Massagem
8 – Efeitos sobre o sistema imunitário
A massagem tem comprovadamente uma influência sobre o sistema
imunitário. Fazem parte destes efeitos o aumento da defesa
inespecífica do corpo (aumento ou activação de leucócitos, monócitos,
trombócitos e mastócitos), bem como a diminuição da defesa específica.
Um estudo realizado em pessoas HIV-positivas mostrou que, com a
massagem, os parâmetros imunológicos dos pacientes com HIV são
influenciados de forma positiva. Em comparação com um grupo de
controle, o número de killer cells naturais estava multiplicado e a sua
toxicidade, aumentada. Além disso, registaram-se níveis mais
reduzidos de adrenalina e cortisol (associadas ao stresse), o que
ainda fortaleceu mais o sistema imunitário.
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12. Resumo
• Efeitos mecânicos são a dissolução de aglutinações entre camadas
de tecido e de ligações cruzadas (crosslink) patológicas (efeitos de
mobilização).
• Fazem parte dos efeitos bioquímicos a libertação de substâncias
mediadoras como histamina, prostaglandinas e leucotrienos
(mediadores da inflamação), endorfinas e serotonina, que agem na
irrigação sanguínea, na cicatrização e na percepção de dor.
• Efeitos reflexos são a inibição da dor, a inibição do sistema
simpático e a regulação do tónus.
• Efeitos imunomoduladores dizem respeito à diminuição das
hormonas de stresse, ao aumento da defesa inespecífica e à
diminuição de reacções de hipersensibilidade, bem como à
melhoria da cicatrização de feridas.
Hugo Pedrosa 2010