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Universidade de São Paulo 
Escola de Comunicações e Artes 
Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social (PPGCOM) 
Disciplina: Comunicação Pública e Política: perspectivas teóricas e metodológicas 
Profª Drª Heloiza Matos e Nobre 
Estudante: Cristina Paloschi Uchôa de Oliveira – nº USP 3472117 
Tradução livre: 
BUCY e HOLBERT, Erick P. e R. Lance (org.). The Sourcebook for Policital 
Communication Research: Methods, Measures, and Analytical Techniques. Taylor & 
Francis: Nova Iorque e Londres, 2011. Cap. 10 (pp. 165-193) 
O rosto como foco da Comunicação Política 
Perspectivas evolucionárias e método etológico 
Patrick A. Stewart 
Department of Political Science University of Arkansas 
Frank K. Salter 
Max Planck Research Group for Human Ethology Andechs, Alemanha 
Marc Mehu 
Swiss Centre for Affective Sciences University of Geneva, Genebra, Suíça 
O significado do rosto para a comunicação política tem sido apreciado há tempo tanto por profissionais 
quanto por comentaristas, com o rosto expressando não apenas experiência emocional imediata e ato 
comportamental, mas também refletindo um traço de personalidade. Indivíduos competem por posições 
de poder e exercem influência em muito por causa de sua habilidade de se comunicar não verbalmente, 
especialmente por meio do rosto. A comunicação não verbal indica que líderes possuem as qualidades 
requeridas para que os membros de um grupo cedam controle a eles e que eles têm a capacidade de liderar 
o grupo em efetivamente enfrentar obstáculos. Por sua parte, a mídia de massa opera como um 
intermediário entre um líder político e seus/suas seguidores/as presumidos/as , com o oferecimento de um 
contato face-a-face virtual que remonta às raízes evolutivas do processo de tomada de decisão em grupos 
pequenos. 
A importância de líderes provocarem as paixões de seus seguidores é conhecida desde pelo menos 
Aristóteles (Arnhart, 1981), enquanto o estudo sistemático do rosto e como ele comunica intenções 
emocionais tem sido feito desde o tempo de Charles Darwin (Darwin, 1872/1998). No entanto, a pesquisa 
experimental sistemática do potencial da face para afetar a comunicação política encontra suas raízes 
apenas pouco mais de um quarto de século atrás, com estudos de Friedman e colegas analisando o 
impacto de expressões faciais de apresentadores de jornais ao discutir candidaturas presidenciais ao longo 
de campanhas políticas (Friedman, DiMatteo, & Mertz, 1980; Friedman, Mertz, & DiMatteo, 1980) e sua 
influência nos resultados eleitorais (Mullen et al., 1986). No mesmo período, o Comitê de Estudo 
Experimental do Comportamento Social e Político (Committee for the Experimental Study of Social and 
Political Behavior) da Dartmouth College (daqui por diante, chamado de “Grupo de Darthmouth”) por 
meio de sua agenda de pesquisa sistemática, considerou como espectadores reagiam às expressões faciais 
de líderes políticos em uma série de experimentos realizados por mais de uma década (Masters, 1989a; 
Masters, Sullivan, Lanzetta, McHugo, & Englis, 1986; McHugo, Lanzetta, Sullivan, Masters, & Englis, 
1985; Sullivan & Masters, 1988). Do mesmo modo, o livro editado de Ellyson e Dovidio (1985) oferece 
uma primeira referência para entender como abordar o estudo da comunicação política não verbal, por 
meio da consideração de como a exposição comportamental não verbal se relaciona com a dominância de 
poder ao longo das diferentes culturas, eras e espécies. 
Um dos mais importantes indicadores de status de um político como um candidato sério é a atenção, ou o 
“face time” (tempo de exibição de seu rosto) que consegue na mídia de massa. Essa dominância visual é 
bem estabelecida como um indicador de status não apenas com humanos, mas com qualquer espécie
animal em que há uma estrutura social hierárquica (Chance, 1967; De Waal, 1982; Eibl-Eibesfeldt, 1989; 
Mazur, 2005; Salter, 1995; Turner, 1997). Para ser escolhido como líder, a pessoa deve parecer e agir 
como um líder viável; isso, por seu turno, é condicionado por haver outros indivíduos dando atenção. 
Dominância visual é a chave para candidatos se comunicarem não verbalment e sua capacidade de 
liderança ao público, sendo o elemento não verbal uma forma mais provável de afetar a resposta 
emocional de espectadores do que a mesma informação transmitida apenas via áudio, em formato escrito 
ou em cobertura noticiosa (Exline, 1985; Patterson, Churchill, Burger, & Powell, 1992; Schubert, 1998).1 
O rosto é uma fonte de informação especialmente importante não apenas devido a ser o lugar onde os 
estímulos de cheiro, gosto, visão e escuta são recebidos, mas também por estar sempre visível e 
oferecendo informação, seja verbal ou não verbal, mesmo em repouso. O rosto oferece informação por 
diferentes propriedades..2 A primeira prioriedade, estrutura morfológica, é estática, como o tamanho, a 
forma, a localização de caracteres faciais, seus contornos, oferece informação sobre a identidade e 
atratividade de um indivíduo. A estrutura morfológica é afetada por sinais naturais (slow signs) como 
rugas e inchaços, que dão informações sobre idade, e sinais artificiais (artificial signs) , como cosméticos, 
tatuagens, piercings e cirurgias plásticas, destinadas a mudar os sinais naturais. O grande foco deste 
capítulo é a propriedade dos sinais rápidos (rapid signs) , nos quais mudanças no tônus muscular, fluxo 
sanguíneo e temperatura da pele afetam as apresentações do rosto que comunicam estado emocional e 
intenções comportamentais (Cohn & Ekman, 2005; Schmidt & Cohn, 2001).3 
Portanto, este capítulo foca no rosto como o componente-chave da comunicação política, enfatizando 
expressões flexíveis e momentâneas e que podem sinalizar um traço comportamental, por uma 
perspectiva etológica. Especificamente, consideramos o principal enquadramento teórico compreender as 
relações de dominação entre líderes e seguidores e como a comunicação não verbal desempenha um p apel 
nelas. Particulamente, focamos em categorias -chave de comportamentos de expressão da face. Na 
sequência, analisamos uma sequência estendida de estudos experimentais publicados que consideram a 
influência do comportamento não verbal de políticos, sobre temas de pesquisas em termos de estímulos, 
medidas e pesquisa subjetiva. Seguimos com sugestões para pesquisas futuras, novamente, em termos de 
estímulos, medidas e temas antes de oferecer comentários conclusivos. 
QUESTÕES E MÉTODOS EVOLUCIONISTAS 
Nos primeiros estudos de comunicação política sobre expressões faciais, e os desenvolvidos com 
inspiração neles, a chave era a apreciação da importância da teoria evolucionária para entender constantes 
no comportamento político e uma interdisciplinaridade largamente assentada nas ciências naturais. 
Espécies de mamíferos não humanos, especialmente primatas, ofereceram insights e ainda apresentam 
modelos de comportamento para atividades políticas humanas. Essa perspectiva “biobehaviorista” 
(biocomportamentalista) deriva fortemente da etologia clássica e difere das perspectivas tradicionais que 
focam principalmente nas influências próximas sobre o comportamento político por meio da consideração 
de quatro diferente tipos de questões. Essas questões são separadas, ainda que não mutuamente 
excludentes, e consideram não apenas causalidades próximas, pela observação do comportamento de 
indivíduos, mas também causalidades últimas, que consideram tanto os níveis de comportamento 
individual quanto populacional (Lehner, 1996). 
Esses quarto tipo de questões sobre comportamento foram apresentadas pelo etologista Niko Tinbergen 
em seu trabalho seminal, um paper de 1963, que tratava de causalidades próximas, desenvolvimento 
ontogenético, raízes filofenéticas e causalidades últimas (Barrett, Dunbar, & Lycett, 2002; Lehner, 1996; 
Tinbergen, 1963). Os dois primeiros consideram causalidades aproximadas (“proximal”) do 
comportamento individual. Causalidades primeiras (“proximate”) consideram o que motiva um 
indivíduo a se comportar de uma maneira específica num determinado momento, a partir de perguntas 
relativas aos mecanismos que produzem diferentes tipos de comportamento. Desenvolvimento 
ontogenético observa as raízes do desenvolvimento e do comportamento ao longo do tempo de vida de 
um indivíduo; em outras palavras, verifica se existem tendências inatas na criação ou no desenvolvimento 
de um indivíduo ao longo de sua vida que desencadeiam comportamentos específicos. Tanto fatores 
ambientais quanto internos são considerando ontogenia, embora ambos estejam interligados e sejam 
difíceis de separar, especialmente porque a ontogenia se opera ao longo da trajetória de vida de um 
indivíduo (embora com o desenvolvimento mais importante ocorrendo no início da vida). 
As duas últimas questões se identificam fatores de causas últimas, com o entendimento de que questões 
respondidas no nível um de análise podem não criar uma base válida para generalização para outro nível 
(Peterson & Somit, 1982). A terceira questão considera como o comportamento se desenvolve numa 
espécie ao longo de sua história e analisa suas raízes filogenéticas ao considerar diferenças de 
comportamento entre várias espécies que com vínculos próximos. Causalidades últimas dizem respeito à
causa funcional de um comportamento em termos de como ele promove a passagem dos genes de um 
indivíduo para futuras gerações (Barrett et al., 2002; Lehner, 1996; Tinbergen, 1963).4 
QUESTÕES METODOLÓGICAS 
A capacidade de responder cada uma dessas quatro questões postas é limitada pelas ferramentas que 
podem ser usadas em termos de planejamento de pesquisa e pelos parâmetros utilizados. Seja como for, 
um necessário primeiro passo para compreender o comportamento humano e observá -lo e medi-lo. Como 
afirmado por Tinbergen “[C]ontempt for simple observation is a lethal trait in any science...” (1963, p. 
412) [desprezo pela simples observação é um traço letal em qualquer ciência...]. Na sequência disso está a 
experimentação de testar o quanto mudanças nos parâmetros podem influenciar a ocorrência de t ipos 
específicos de comportamento. Ambas estas abordagens têm limitações, que incluem o efeito da 
observação no comportamento, seja no campo ou no laboratório, saber o que medir e empregar a métrica 
própria, escolher uma amostra com números adequados, e observar comportamentos por uma quantidade 
suficiente de tempo e em condições que permitam verificar eventos recorrentes e ambientes que podem 
influenciar resultados (Peterson & Somit, 1982). 
Outras dificuldades dizem respeito a limitações éticas quando da experimentação em humanos. Dado que 
o maior esforço de pesquisa se direciona a aferir uma “natureza humana” permitindo inferências a serem 
feitas sobre todos os humanos, experimentos “verdadeiros” que alterem o “comportamento humano” são 
raros.5 Em vez disso, a grande maioria de experimentos tenta alterar a informação contextual / ambiental. 
Além disso, enquanto as questões de validade interna, com base em como um projeto de pesquisa está 
configurado e realizado, são sempre pontos de preocupação, a maior crítica de estudos experimentais é 
sobre sua validade externa (Barrett et al., 2002; Hansen & Pfau, this volume); em outras palavras, podem 
os resultados ser aplicados ao “mundo real” com credibilidade? Questões específicas dizem respeito se as 
pessoas vão fazer o que declaram em entrevistas ou escrevem em questionários ou se a lista de assuntos 
tem diversidade suficiente para refletir diferenças. Isto pode causar estragos na validade externa dos 
resultados. 
Portanto, a maioria das pesquisas, predominantemente experimentais, consideram causalidades próximas 
para entender por que as pessoas tomam as decisões que tomam. Contudo, tanto estudos de observação 
quanto pesquisas experimentais considerando mudanças de desenvolvimento ao longo da experiência de 
vida de um indivíduo (ontogenética) e comparações entre espécies (filogenética), especialmente com 
primatas socializados próximos a humanos, são muito úteis para a compreensão de comportamento. No 
primeiro caso há um entendimento de como indivíduos interagem com seu ambiente e mudam no 
desenvolvimento de modos (Panksepp, 1998). No último, primatas sociais como bonobos (Pan paniscus) 
e chimpanzés (Pan troglodytes) são vistos como espécies tão próximas a fornecer insight para o 
comportamento que podem ter herdado de um ancestral comum (Chance, 1967; De Waal, 1982; Eibl- 
Eibesfeldt, 1989; Parr, Waller, & Fugate, 2005; Preushoft & Van Hooff, 1997; Van Hooff &Preushoft, 
2003; Waller & Dunbar, 2005). 
ABORDAGEM ETOLÓGICA SOBRE EXPRESSÕES FACIAIS DE EMOÇÃO 
Os seres humanos são uma espécie socialmente instável em que os indivíduos apresentam um forte desejo 
dominar socialmente os outros, mas desistem da oportunidade em nome de impedir os outros de dominá-los. 
Assim, enquanto se tornam estabelecidas relações com fortes dominâncias hierárquicas, nas quais 
líderes exercem poder coercitivo para produzir submissão pela prática do “classifique -e-arquive” (rank-and- 
file) (Somit & Peterson, 1997), também parece haver um ímpeto de compensação no sentido de uma 
“anti-hierarquia” na qual o igualitarismo reina (Boehm, 1999). Especificamente, existe um receio de que 
líderes ultrapassem seus limites de controle e uma série de grupos conta com sanções sociais em resposta 
a líderes que tentem exercer sua autoridade para além das normas do grupo (Boehm, 1999). Aqueles que 
desejam se tornar líderes devem comunicar a “ausência de arrogância, de autoritarismo, de ostentação e 
indiferença pessoal” (p. 69) e “defender uma combinação de não-aggressividade, generosidade e emoções 
amigáveis” (p. 234). Portanto, líderes potenciais devem exibir não só a habilidade de dominar outros, seja 
em resposta a ameaças internas à paz do grupo ou ameaças externas a seu bem-estar, mas também a 
capacidade de arregimentar membros para o grupo. 
O comportamento de expres sões faciais de líderes, e daqueles que esperam vestir o manto da liderança, 
então deve ser capaz de comunicar tanto traços agonísticos quanto hedonísticos. 
Entretanto, circunstâncias determinam que tipo de comportamento de aparência é apropriado e deve 
predominar (Bucy, 2000; Bucy & Bradley, 2004; Bucy & Grabe, 2008; Bucy & Newhagen, 1999).
Pesquisas etológicas sobre figures políticas desenvolvidas pelo Grupo de Darthmouth (Lanzetta et al., 
1985; Masters, 1989b; Masters, Sullivan, Lanzetta, McHugo, & Englis, 1986) e elaboradas por Salter 
(1995) sugerem uma tipologia de aparências emocionais baseadas tanto em se a circunstância social é 
competitiva ou não competitiva e a posição no ranking ocupada pelo sujeito que aparenta. 
Especificamente, existe a expectativa de que indivíduos dominantes manifestem comportamento 
raivoso/ameaçador em situações agonísticas/competitivas, enquanto indivíduos submissos apresentem 
medo e sucumbam. 
A habilidade de sinalizar ameaça e sumissão pelas respectivas partes beneficiadas t anto por assegurar 
ordem social e a ausência de perigo de danos sérios ou morte, que ocorreria a nenhuma ou ambas as 
partes se a expressão do comportamento não fosse codificada ou interpretada com sucesso. Nessas 
situações não competitivas nas quais indivíduos se afiliam ao grupo, indivíduos dominantes em geral 
apresentam taxas mais altas de felicidade/reafirmação, enquanto membros do grupo de status mais baixos 
evitam o conflito potencial e/ou interação social a partir da exibição de taxas mais altas de 
comportamento triste/apaziguado, ambos contra um contexto de impacto neutro (Salter, 2007/1995, p. 
145). Tal comportamento aparente beneficia os membros do grupo por meio do fortalecimento de 
coalizões a partir de exibições compartilhadas de não competitividade e afinidades pessoais. Entretanto, 
na medida em que líderes ou concorrentes a posições de liderança apresentam comportamento de 
submissão ou resignação, haverá um enfraquecimento concomitante das atribuições de seu papel (Bucy & 
Bradley, 2004; Bucy & Grabe, 2008). 
Uma característica interessante das abordagens etológicas e outras evolucionárias é sua ênfase em 
comportamentos universais. Isso melhora as perspectivas de descobrir princípios da comunicação 
presentes em todas as culturas. Salter (2007/1995) ressalta um ponto quando define categorias de 
observação de comportamento não verbal em seu estudo sobre hierarquias de comando. Por exemplo, 
dominação é uma coisa que frequentemente foi associada a movimentos tranquilos e relaxados (e.g., 
Knipe & Maclay, 1972). Mas há exceções, e a associação da dominação tanto com comportamentos 
aparentes brutos e suaves, agressivos e afiliativos sugere que liderança pode requerer habilidade para 
combinar ou misturar diferentes sinais gestuais de uma maneira funcional. Em particular, líderes 
mostram-se com habilidades sociais para selecionar comportamentos não verbais apropriados em 
encontros agonísticos e afiliativos (de Waal, 1982; Sapolsky, 1990; Tiedens & Fragale, 2003). 
Ao longo dessas linhas, Palagi e seus colegas desenvolveram extensa pesquisa de observação com 
bonobos (Palagi, Paoli, & Tarli, 2004), lêmures (Palagi, Paoli, & Tarli, 2005), chimpanzés (Palagi, 
Cordoni, & Tarli, 2004), e gorilas (Cordoni, Palagi, & Tarli, 2006), destacando a importância de 
reconciliações pós-conflito e consolação pela coesão e harmonia do grupo. O comportamento agonístico é 
tipicamente seguido por encontros afiliativos para manter a ordem do grupo. Embora essa pesquisa tenha 
se focado em comportamento amplamente definido, express ões faciais de primatas são reconhecidas 
como sendo “altamente conservadas”, ou seja, constante em diferentes espécies, ainda que com diferenças 
em sua função social, desde pelo menos a obra The Expression of the Emotions in Man and Animals [A 
Expressão das Emoções em Homens e Animais] de Darwin (1872/1998) (v. também De Marco, Petit, & 
Visalberghi, 2008; Preuschoft & van Hooff, 1997; van Hooff & Preuschoft, 2003; Visalberghi, 
Valenzano, & Preuschoft, 2006). Comparações cruzadas entre espécies foram complementadas pelo 
desenvolvimento de ChimpFACS, uma ferramenta de observação padronizada que permite comparação 
estrutural direta de comportamentos de expressões faciais de humanos e chimpanzés com base na 
musculatura facial (Parr et al., 2007; Parr, Waller, & Fugate, 2005; Parr, Waller, & Vick, 2007; Vick et 
al., 2007). 
O rosto, assim, é o primeiro meio de comunicação que tem características universais. Nas diferentes 
populações humanas, parece haver um consenso no que diz respeito ao significado emocional atribuído a 
expressões faciais particulares (Ekman & Oster, 1979), com os movimentos musculares subjacendo essas 
configurações emocionalmente significativas nas regras de aparência, quando uma configuração facial 
prototípica e exibida ela tem um significado entre culturas (Marsh, Anger-Elfenbein, &Ambady, 2003). 
Scherer e Grandjean (2008) recentemente sugeriram que esse efeito poderia se dare m razão do fato de 
que palavras de emoção (assim como componentes de emoção) estão mais prontamente disponíveis para 
realizar julgamentos sobre rostos do que outras categorias, como motivos sociais e tendências de ação. 
Das seis emoções básicas identificadas por Ekman e outros (Ekman & Friesen, 2003) como presentes em 
expressões faciais prototípicas (surpresa, medo, nojo, raiva, felicidade e tristeza), quatro estão 
estreitamente ligadas a relações de dominação, enquanto afiliativas (felicidade-reafirmação e tristeza-resignação) 
ou agonísticas (raiva-ameaça e medo-evasão). 
No entanto, o significado preciso de uma express ão facial geralmente depende do contexto. Por exemplo, 
um sorriso pode expressar dominação ao mesmo tempo que sumissão e funcionar como um cumprimento 
ou convite a jogar ou interagir socialmente. Um sorriso pode também ser usado instrumentalmente para 
comunicar esses significados ainda que o emissor não esteja se sentido feliz. O significado de um sorriso
ou outra expressão facial depende dos interagentes da relação e da configuração social. O sorriso de um 
líder pode funcionar para tranquilizar um subordinado de que a punição não está pendente. De um 
subordinado, um sorriso é mais provavelmente um sinal de disposição para cooperar (Salter, 2007/1995; 
Salter, Grammer, & Rikowski, 2005). Mudanças sutis em sorrisos podem também ser ligados a diferentes 
significados, como afiliação entre pares ou rendição a outros com dominância maior, dependendo do 
contexto (Mehu, Grammer, & Dunbar, 2007; Mehu & Dunbar, 2008a). Na próxima seção revisitamos a 
elaboração de Salter (2007/1995) sobre a tipologia do Grupo de Darthmouth (Masters et al., 1986) para 
comportamento de expressão facial, que tem tido suas categorias de observação usadas para estudos de 
campo, análise de conteúdos de mídia e experimentos que avaliam a influência da aparência de líderes. 
EXPRESSÕES FACIAIS AFILIATIVAS 
Comparação de Primatas 
Em diferentes espécies primatas o espírito afiliativo é sinalizado por postura e olhar variáveis, enquanto 
os movimentos corporais são suaves (van Hooff, 1973; de Waal, 1982). A cabeça geralmente se inclina 
ou pende para um lado em estado de espírito feliz. No entanto, as aparências faciais são cruciais nas 
sociedades primatas para sinalizar as intenções comportamentais e assim moldar as interações e relações 
de filiação, apego e resignação. 
Três padrões faciais se destacam ao ser usados mais frequentemente em encontros de agremiação de 
primatas: estalo de lábios, boca aberta relaxada e, com variações a serem discutidas mais tarde, a exibição 
silenciosa de dentes. A primeira expressão, estalo de lábios (beijo) é mais proximamente as sociada com 
cumprimento e consiste em (1) sobrancelhas elevadas, (2) pálpebras suspensas (ou não fechadas, com 
chimpanzés); (3) olhares evitados ou não fixos; (4) boca não fixa, mas variada entre aberta e fechada; (5) 
lábios relaxados e mostrando pelo menos alguns dentes; (6) cantos de boca variáveis; (7) cabeça inclinada 
para cima; e (8) movimentos suaves do corpo (De Marco et al., 2008; van Hooff, 1969; Visalberghi et al., 
2006). 
A boca aberta relaxada e o silencioso exibir de dentes, embora específicos de alguns humanos não 
primatas, é vista também como comportamento convergente em humanos que realizam funções filiativas, 
embora recentes pesquisas sugiram que há níveis maiores de conservação desses dois caracteres de 
exibição no comportamento social. Especificamente, a aparência de boca aberta relaxada, na qual os 
cantos dos lábios ficam esticados e a boca aberta, é vista em várias espécies primatas e é usada como 
indicador de disposição para desempenhar (De Marco et al., 2008 Preuschoft & van Hooff, 1997; van 
Hooff & Preuschoft, 2003; Visalberghi et al., 2006; Waller & Dunbar, 2005) e, em macacos Tonkin 
(Preuschoft & van Hooff, 1997), macacos-prego (De Marco et al., 2008), e chimpanzés (Waller & 
Dunbar, 2005), comportamento gregário. 
A exibição silenciosa de dentes, que também é associada a comportamento de submissão/ resignação, é 
usada com a iniciação do contato e outro comportamento gregário e é indicada pelos cantos da boca sendo 
empurrados para mostrar os dentes de cima e de baixo em posição fechada (De Marco et al., 2008 
Preuschoft & van Hooff, 1997; van Hooff & Preuschoft, 2003; Visalberghi et al., 2006; Waller & Dunbar, 
2005). 
Felicidade/tranquilidade 
Nas aparências humanas de felicidade/reafirmação, gestos não ameaçadores se combinam com ações 
faciais de reafirmação como sorrisos e elevação de sobrancelhas (Eibl-Eibesfeldt, 1989; Kleinke, 1986). 
Esses comportamentos seguem o padrão geral com primatas. Uma face sorridente pode induzir uma 
expressão similar e humor correspondente no observador e aliviar o impulso de fugir. Assim, um sorriso 
pode agir para neutralizar a agressão e funcionar como um cumprimento eficaz. Morris (1977) observou 
que o reconhecimento humano de resposta consiste em um sorriso, um “flash” de sobrancelha (com 
duração de cerca de um sexto de segundo), inclinação da cabeça, saudação, aceno, e abraço intencional. 
Os três primeiros são quase sempre presentes e ocorrem simultaneamente, enquanto os três últimos são 
mais variáveis entre as situações e culturas. Eibl-Eibesfeldt (1979) identificou características salientes em 
aparência de cumprimentos como contato inicial olho, seguido pelo movimento de cabeça e “flash” de 
sobrancelha, seguido por um ou mais acenos com a cabeça. O sorriso é frequente, mas não sempre 
presente. O “flash” de sobrancelha comunica concordância em vários contextos, incluindo concordância 
para o contato social. Grammer, Shiefenhovel, Schleidt, Lorenz, e Eibl-Eibesfeldt, (1988) descreveram 
sorrisos como uma ferramenta de “marcação social” usada para enfatizar o significado de outros sinais, 
faciais, gestuais e verbais. A natureza do cumprimento visual é consistente com o princípio de Darwin
(1998/1872, Capítulo 2) de antítese, sendo a aparência de saudação o oposto do comportamento 
agonístico, raivoso/ameaçador. 
A boca é um indicador importante de intenção filiativa, por meio da aparência de felicidade/reafirmação 
do sorriso. Entretanto, há muitos diferentes tipos de sorriso que podem ser distinguidos por movimentos 
de boca variáveis (Brannigan & Humphries, 1972), ou pela coativação da órbita ocular, um conjunto de 
músculos que circundam o olho e produzem a elevação das bochechas e rugas de pés -de-galinha quando 
estimulados (Duchenne de Boulogne, 1862; Ekman & Friesen, 1982). Outra aparência afiliativa que 
envolve a boca é a boca aberta relaxada, que é principalmente observada em interações recreativas e 
promove relações filiativas (Preushoft & van Hooff, 1997; van Hooff & Preushoft, 2003; Waller & 
Dunbar, 2005). A co-ocorrência da boca aberta relaxada e a exibição silenciosa de dentes alinhados 
(evidente durante a risada) é particulamente saliente em relações igualitárias em que esses 
comportamentos funcionam para fortalecer laços sociais. Em complemento, pesquisa recente sugere que 
diferentes tipos de sorriso têm diferentes funções em interações sociais (Mehu & Dunbar, 2008a), em que 
sorrisos baseados em emoções podem funcionar para regular relações cooperativas por meio do anúncio 
de intenções altruístas (Brown, Palameta, & Moore, 2003, Mehu et al., 2007; Mehu, Little & Dunbar 
2007). Essa emancipação funcional da exibição silenciosa de dentes pode ser interpretada como resultado 
de pressões seletivas impostas por uma organização social cada vez mais complexa (Parr, Waller, & 
Fugate, 2005; Preuschoft & van Hooff, 1997). 
Relações hierárquicas baseiam-se na capacidade de assinalar a posição social de alguém na hierarquia e, 
portanto, evitar conflitos potencialmente danosos. Neste caso, é importante ter sinais explícitos de poder e 
submissão distintos de sinais de filiação e cooperação. Em relações igualitárias, a necessidade de sinais 
distintos para poder, submissão e filiação é consideravelmente menor porque recompensas dependem 
muito de esforço colaborativo, portanto, da força do vínculo social. Isso explica por que sorriso e o riso 
são usados alternadamente em relações igualitárias, enquanto que ambas as expressões são usadas 
separadamente em contextos hierárquicos (Mehu & Dunbar, 2008b; Preuschoft & van Hooff, 1997). 
Tristeza/condescendência 
A tristeza tem sido interpretada para servir a função de um comportamento condescendente que acalma 
um agressor, reduzindo ainda mais o risco de ataque futuro e permitindo que o indivíduo vencido a 
permanecer no grupo. A função anterior foi associada à angústia da separação em crianças por Plutchik 
(1980, pp. 322–326; v. também Darwin, 1998/1872, Capítulo 6). A hipótese da condescendência, de Price 
e Sloman (1987), interpreta que o comportamento individual triste como a segurança de que o adversário 
é incapaz de “se vingar” e que, portanto, merece cuidado e preocupação.6 Com raras exceções, demonstrar 
tristeza é um comportamento inaceitável por nossos líderes. Por exemplo, o Senador Edmund Muskie, 
candidato líder pelo Partido Democrata à eleição presidencial, viu sua campanha perder o trilho ao ser 
visto chorando em resposta a um ataque de sua esposa. Por outro lado, a aparente tristeza do Presidente 
Gorge W. Bush ao longo da vigília dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 foram vistas como 
adequadamente empatia. Descrições de tristeza são muito concordantes. Além dos cantos de boca 
apontados para baixo, a cara triste tem como característica a parte interna das sobrancelhas se levantando 
e se juntando, formando uma ruga em forma de “U” invertido no centro da testa. Os olhos se destacam 
pela pálpebra superior interna delineada e com a pálpebra inferior aparecendo levantada (Darwin, 
1998/1872, pp. 177–178; Ekman & Friesen, 2003, p. 117). Darwin considerava as sobrancelhas e as 
linhas horizontais da testa como os maiores sinais de tristeza ou pesar, chamando os músculos 
responsáveis de “músculos do pesar” (1998/1872, p. 179) e concluiu, por evidências de estudos que 
cruzavam diferentes culturas, que esta última configuração era universal. 
Enquanto a tristeza é relativamente bem reconhecida em diferentes culturas, a precisão proporcionada a 
pesquisadores pela medição eletromiográfica da atividade muscular permite uma análise mais rigorosa da 
expressividade emocional do que as expressões visíveis. Notavelmente, no caso da 
tristeza/condescendência o músculo corrugador do supercílio, que se põe lateralmente acima e em cada 
lado do nariz, é geralmente associado a expressões de tristeza, pesar, sofrimento e é certamente ativado 
pelo humor depressivo. 
EXPRESSÕES FACIAIS AGONÍSTICAS 
Comparações entre primatas 
Características comuns da raiva-ameaça apresentadas em primatas não humanos, a cara de ameaça boca-aberta, 
foram categorizados por van Hooff (1969) e incluíam o olhar em direção fixa (diretamente ou
desviando dos outros) e boca tensa, com sobrancelhas abaixadas em macacos. Em geral, o 
comportamento agonístisco é marcado por tens ão corporal maior do que em estado de felicidade-reafirmação. 
Na aparência de raiva-ameaça, primatas dominantes pendem a cabeça adiante, completando 
a transição para o ataque com movimentos bruscos ou repentinos. Essas aparências tendiam a ser usadas 
instrumentalmente em conjunção com comportamento agonístico contra membros de posição mais baixa 
para provocar manifestações submissas (Visalberghi, Valenzano, & Preuschoft, 2006), embora em 
macacos-prego a cara de ameaça boca-aberta seja frequentemente encontrada com a mesma resposta (De 
Marco, Petit, & Visalberghi, 2008). Todavia, essa aparência não é encontrada com comportamentos 
brincalhões ou afiliativos (De Marco et al., 2008; Visalberghiet al., 2006). 
Expressões identificadas unicamente com submissão incluem olhar desviado, cabeça orientada afastada 
do dominante e pálpebras fechadas (Marler, 1965, p. 571). Características comuns dos primatas com 
expressão de medo-submissão, a aparência de dentes alinhados silenciosos, incluem, como discutido 
acima, boca aberta, lábios retraídos verticalmente para expor a maior parte dos dentes, e cantos da boca 
completamente retraídos (De Marco et al., 2008; Preuschoft 1992; Vis alberghi et al., 2006). Essa 
aparência é flexível, sendo vista usada para indicar condescendência em Rhesus e macacos de rabo longo, 
macacos-cinomolgo, macacos-de-gibraltar, macacos Tonkin, chimpanzés e humanos (Preushoft & van 
Hooff, 1997); entretanto, essa expressão é dependente de context, não sendo associada a comportamento 
submissivo ou em resposta a agressão em “tufted macaques” (De Marco et al., 2008) ou macacos-preto 
(Visalberghi et al., 2006). Especificamente, como postulado por van Hooff e Preuschoft, a intenção dessa 
expressão é flexível, com base no contexto social, neste caso o quanto as espécies ou a convivência social 
são igualitárias ou hierárquicas (Preuschoft & van Hooff, 1997; van Hooff & Preuschoft, 2003). 
Raiva/Ameaça 
Em humanos, raiva/ameaça é uma aparência emocional relativamente não ambígua e imediatamente 
decodificada, como enfatizado pela descrição de Ekman da expressão de raiva sobrancelha -baixa (v. Box 
10.1) aplicada em diferentes culturas humanas (Ekman, Friesen, & Ellsworth, 1972). Com base em 
extensas observações transculturais , Eibl-Eibesfeldt (1989, pp. 370–371) descreveu a aparência humana 
de ameaça como um olhar fixo acompanhado por sinais de confiança, com as sobrancelhas levantadas ou 
abaixadas. A literatura psicológica sustenta a visão de que os olhares se tornam especialmente 
ameaçadores quando acompanhados por dinâmicas associadas com sorrisos ou atratividade física 
(Kleinke, 1986). Psicólogos sociais documentaram vastamente como indivíduos dominantes encaram 
mais que outros em situações competitivas (Dovidio & Ellyson, 1985; Exline, Ellyson, & Long, 1975). 
O olhar é mais ameaçador, medido em níveis de excitação, quando os olhos estão em plano horizontal. 
Assim, um olhar horizontal de olhos arregalados é característico de ameaça e parece projetar raiva 
(Morris, 1967, pp. 162–163). Em complemento a (e certamente por causa de) comunicar ameaça, 
comportamentos agressivos atraem atenção. Indivíduos dominantes são mais adeptos e desfrutam de mais 
liberdade para realizar gestos e táticas agressivo como um meio de marcar o território. E dominância, uma 
vez alcançada, é centro das atenções por si mesma. Atratividade visual sinaliza poder social de tal forma 
que quanto maior a quantidade da atenção visual dado a um indivíduo, menor o estatuto do observador 
em relação ao foco de atenção (Hold-Cavell, 1992). Da mesma forma, experimentos descobriram que os 
indivíduos dominantes olham mais para seu público ou interlocutor enquanto fala, mas menos quando 
ouvem indivíduos com status menor (Dovidio & Ellyson 1985;. Exline et al, 1975). 
Medo/Submissão 
De uma perspectiva evolucionista, de encontros entre estranhos geralmente surgem sinais de medo-submissão 
desde que humanos são adaptados a grupos pequenos, íntimos. Essa regra é sustentada por 
evidências fisiológicas que indicam o aumento da ansiedade nos participantes abordados por estranhos 
(McBride, King, & James, 1965). Um estudo de observação verificou que em mais de 90% das interações 
observadas entre estranhos, indivíduos apresentaram combinações de evitar olhares, comprimir lábios e 
morder lábios; mostrar a língua e encostar a língua na bochecha; manipulações mão -no-rosto, mão-na-mão 
e mão-no-corpo; e posturas envolvendo flexão e abdução dos membros superiores (Givens 1981, p. 
222). Estas "atividades de deslocamento" auto-dirigidas servem como medidas comportamentais de 
estresse social em seres humanos e primatas não-humanos (Troisi, 2002). 
A descrição de Ekman para os sinais faciais de medo tem as pálpebras em configuração similar à 
expressão de raiva, deixando a combinação de sobrancelhas levantadas e a boca horizontalmente esticada 
como a característica mais distintiva das expressões faciais de medo (Ekman & Friesen, 2003). Diversas 
configurações de boca são consistentes com a descrição de Ekman de lábios horizontalmente esticados. 
Por exemplo, a aparência da boca comprimida associada com ansiedade em interações com estranhos e
outras interações sociais desagradáveis (Givens, 1981; Grant, 1969; Smith, Chase, &Lieblich, 1974; Stern 
& Bender, 1974). E sorrisos, como mencionado anteriormente, podem expressar condescendência (Eibl- 
Eibesfeldt, 1989, pp. 466–467; Ekman, Friesen, & Ancoli, 1980; Ekman, Friesen, & O’Sullivan 1988; 
Mehu & Dunbar, 2008b; Waller & Dunbar, 2005). 
Dado que expressões submissivas ou amedrontadas envolvem a sobrancelha abaixada similar a 
expressões de raiva, embora com uma aparência enrugada, sinais complementares de orientação da 
cabeça e do olhar dão importantes pistas do contexto. Em contraste com a raiva, o queixo é reduzido e é 
evitado o olhar, como pode ser visto com crianças em diferentes culturas (Konner, 1972; McGrew, 1972; 
Stern & Bender, 1974). A aversão do olhar pode ser usada para diminuir o estresse. De fato, pesquisa 
ligou excitação aumentada com olhar de estranhos em situações ameaçadoras (Kleinke, 1986). Enquanto 
o olhar contínuo é antipático, aqueles que evitam o olhar durante a conversação são julgados como 
defensivos, evasivos, nervosos ou com falta de confiança (Kraut & Poe, 1980). 
RESPOSTAS DE ESPECTADORES A EXPRESSÕES NÃO VERBAIS DE LÍDERES 
Estudos investigando o comportamento aparente não verbal de líderes políticos utilizaram estas e outras 
categorias de expressões em análises de conteúdo longitudinais de campanhas eleitorais, assim como 
pesquisa experimental que segue subsidiando nosso entendimento de política e liderança. Ao longo do 
tempo, métodos e medidas de investigação ficaram mais sofisticados e atingiram mais validade 
(ecological validity).Especificamente, pesquisas feitas desde meados da década de 1980 apresentaram-se 
com mais validade externa em termos de estímulos empregados, mais experiente na medição de respostas 
do espectador e mais consciente da necessidade de testar uma grande variedade de participantes. A seção 
seguinte repassa estudos realizados e publicados ao longo do último quarto de século que tratam de 
reações do espectador a expressões não-verbais de líderes. Dá-se atenção à forma como o estímulo da 
face é apresentado em pesquisa experimental, como as variáveis dependentes são medidas, e quem são os 
participantes do estudo experimental (ver Tabela 10.1). 
Como pontuado por Masters et al. (1986, p. 323), pesquisas a respeito do comportamento da express ão 
facial leva a três diferentes questões: (1) se o ator realmente sente a emoção que apresenta – em outras 
palavras, se a aparência é genuína; (2) o quanto observadores atribuem intenções ao ator em termos de 
como pretende atuar; (3) o quanto as expressões realmente apresentam reações emocionais em 
observadores. Enquanto a primeira questão só pode ser inferida, dado que políticos certamente 
dominaram a arte de mascarar seu estado interior enquanto apresentam expressões socialmente 
apropriadas, as duas últimas podem ser empiricamente investigadas por meio de pesquisa experimental. 
Por consequência, o estudo do comportamento das expressões faciais não se limita apenas à avaliação do 
estado emocional do ator (Fridlund, 1994, 1997), mas também trata da dinâmica social de comunicação 
que pode ocorrer com ou sem percepção consciente por parte do observador. 
TABELA 10.1 – Aparências emocionais no contexto da classificação 
COMPORTAMENTO E FISIOLOGIA 
Agonístico (competitivo) Gregário (não competitivo) 
Classificação Dominante Raiva - ameaça Fel icidade - confiança 
Submisso Medio - submissão Tristeza - resignação 
Fonte: Modificado de Masters et al. (1986) com a adição de tristeza / resignação. De Salter, 1995, p. 144. 
O Rosto como Estímulo Experimental 
A análise de influência de expressões não verbais de líderes em espectadores pode ser agrupada em duas 
categorias. O primeiro agrupamento considera a influência do comportamento não verbal de candidato 
presidencial durante debates televisionados .7 A análise de Exline (1985) de sinais não verbais enfáticos do 
Presidente Gerald Ford e do governador Jimmy Carter em seu primeiro debate de 1976 e o estudo de 
Paterson et al. (1992) sobre o segundo debate Reagan-Mondale verificaram que movimentos que refletem 
tensão ou estresse afetam o quanto os candidatos são favoravelmente avaliados em se us respectivos 
debates. Esses indicadores não verbais de estresse incluíam piscadas de olhos, deslocamento e direção do 
olhar, fala desajeitada, acenos de cabeça, inclinação corporal e gestos com as mãos, além de gestos 
afetivos, como movimentos de sobrancelha e sorrisos e demonstraram-se como tendo uma influência 
sobre as percepções dos participantes sobre os candidatos presidenciais. 
A segunda abordagem, usada pelo Grupo de Dartmouth e pesquisadores subsequentes, olha a abordagem 
apresentada acima, com orientação mais teórica, com estudos interculturais, de desenvolvimento e
interespécies para a derivação de três expressões faciais prototípicas: felicidade/tranquilidade, 
raiva/ameaça e medo /evasão, bem como uma expressão neutra, como ponto de referência. Enquanto os 
primeiros estudos realizados sobre o tema focavam na influência das expressões prototípicas (Masters & 
Sullivan, 1989; McHugo et al., 1985; Sullivan & Masters, 1988), os realizados posteriormente 
consideravam intensidade e valência do comportamento das expressões (Bucy, 2000; Bucy & Bradley, 
2004; Bucy & Newhagen, 1999; McHugo, Lanzetta, & Bush, 1991), e passaram do foco exclusivo nas 
expressões do líder ao estado de expressões faciais em relação a contextos específicos de notícias, 
particularmente notícias sobre crises nacionais (Bucy, 2000, 2003; Bucy & Bradley, 2004; Bucy & 
Newhagen, 1999; Sullivan & Masters, 1994), dando à pesquisa experimental maior validade externa. 
A seleção de estímulos de tratamento, de noticiários noturnos e outras fontes acessíveis publicamente, 
pode ser vista como contribuição para a validade externa desses estudos. Figuras políticas nacionalmente 
conhecidas representam estímulos altamente destacáveis, devido à sua visibilidade pública e à capacidade 
destas figuras, uma vez no poder, de influenciar a resultados políticos por meio de sua liderança. 
Como observado por Masters (1989a), o contexto é importante para a interpretação e para o poder dos 
estímulos. 
Os políticos apresentados em uma situação de concorrência, como em um debate, são vistos de forma 
diferente do que quando sozinhos. Da mesma forma, políticos que não ocupam cargos públicos no 
momento terão menos relevância para o espectador do que aqueles atualmente em exercício e exercendo 
influência (Way & Mestres, 1996a, 1996b). 
Com a exceção das sequências de 9 e 10 minutos dos debates presidenciais de Exline (1985), a duração de 
tratamentos experimentais sobre a dinâmica de expressões faciais geralmente dura entre 30 e 75 
segundos. O mapeamento da prevalência e influência de sinais não verbais apresentados em notícias leva 
em consideração um entendimento explícito da estrutura das notícias de televisão e como elas são 
apresentadas (v. Grabe & Bucy, 2009). Além das expressões dos candidatos, a influência das express ões 
do/a apresentador/a foi estudada. Trabalhos iniciais de Friedman e outros examinaram a “tendência” 
percebida nas expressões faciais do/a apresentador/a de notícias da rede a respeito dos candidatos 
presidenciais Gerald Ford e Jimmy Carter durante as eleições de 1976. De cinco âncoras de redes 
analisados, um (John Chancellor) mostrou mais positividade facial de julgamento de Gerald Ford e três 
(Walter Cronkite, David Brinkley, and Harry Reasoner) para Jimmy Carter. A quinta âncora (Barbara 
Walters) não apresentou diferenças significativas. 
Com apenas um/a âncora exibindo maior positividade quando o conteúdo verbal das notícias era 
considerado (a favor de Ford), a “tendência” da mídia pode ser percebida mais precisamente na 
expressividade facial de apresentadores/as do que no conteúdo semântico de suas narrativas (Friedman, 
DiMatteo, & Mertz, 1980; Friedman, Mertz, & DiMatteo, 1980). Trabalho subsequente de Mullen e 
outros verificou que expressões de apresentadores/as podem ter desempenhado um papel no 
comportamento de definição de voto, com o âncora da rede ABC, Peter Jennings, exibindo forte viés a 
favor de Ronald Reagan em relação a Walter Mondale em seu comportamento facial quando 
apresentando o noticiário. 
Quando realizaram uma enquete (survey) telefônica em quatro diferentes mercados de mídia, havia uma 
diferença significativa de padrões de votos entre os entrevistados que assistiam ABC, com maior 
inclinação a votar em Reagan (Mullen et al., 1986). 
Um resultado interessante dessa pesquisa é que o efeito da expressão do líder pode ser modificado via um 
efeito visual primário que precede imediatamente o estímulo evidenciado. A sensibilidade do espectador a 
sinais emocionalmente relevantes e sutis, se não subliminares 8 de 33 milissegundos antes de ver múltiplas 
figuras políticas foi documentada em estudos experimentais por Way e Masters (1996a, 1996b), que 
verificaram que esses breves estímulos apenas afetavam participantes quando vendo o Presidente 
democrata Bill Clinton comparado com democratas menos proeminentes (Earnest Hollings, Reubin 
Askew, e Walter Mondale), sugerindo maiores níveis de potencial de atenção a líderes. Um estudo sobre 
“microexpressões” de emoção no rosto do presidente George H. W. Bush durante seu discurso de 1991 ao 
público americano, declarando sua intenção de atacar o Iraque em resposta à invasão do Kwait, verificou 
que diversas expressões faciais inapropriadas de menos de 1 segundo cada levaram a respostas 
emocionais desconfiadas em espectadores, reforçando a sensibilidade de espectadores a pequenas fatias 
de comportamento não verbal problemático por líderes em tempos de crise (Stewart, Waller, & Schubert, 
2009). 
Medidas 
Enquanto a maioria dos estudos em ambos os grupos utilizou itens de “autodeclaração” (self-report) e 
escalas para avaliar efeitos experimentais, o uso de medidas psicofisiológicas e latência de resposta 
também foi visto em vários dos estudos considerados neste estudo, indicando a importância do uso de
métodos múltiplos para mensurar as reações de espectadores. Medidas complementares permitem que 
pesquisadores confirmem padrões de reação a partir de vários pontos de vista, quer para determinar o 
valor do sinal ou o significado das expressões do líder tal qual percebido pelos observadores ou reações 
cognitivas, emocionais fisiológicas de observadores face ao comportamento da aparência de políticos 
(Mestrado et al., 1986). Os estudos também examinaram avaliações de espectadores de políticos de forma 
mais geral, normalmente na forma de termômetros de sentimento, e empregaram avaliações de traço, 
incluindo medidas de competência, honestidade, confiabilidade, atratividade, capacidade de liderança e 
simpatia, entre outros. Através do uso de múltiplas medidas , os pesquisadores podem contornar 
preocupações sobre a validade e credibilidade de suas métricas. 
Avaliação de Políticos 
Quando avaliação de espectadores, tanto no que diz respeito a classificações afetivas e atribuições de 
traço, foram sujeitas a análise fatorial, dois fatores teoricamente congruentes porém distintos emergem: 
confiança e dominação. Em um estudo transcultural da comparação de reações a líderes nos Estados 
Unidos (Ronald Reagan) e França (Jacques Chirac e Laurent Fabius), o primeiro fator extraído foi 
confiança, com cargas negativas para os termos emocionais consolo e alegria, e cargas positivas para 
raiva e nojo (Masters & Sullivan, 1989). O segundo fator, dominação, apareceu igualmente para todos os 
três políticos, com cargas positivas para a força e interesse, e cargas negativas para confusão e medo.9 
Uma aplicação de estudo nos Estados Unidos (Sullivan & Mestres, 1994) verificou tranquilidade 
associada a cargas positivas para caloroso, competente, inspirador e moral, e carga negativa para evas ão. 
Da mesma forma, no estudo realizado apenas nos Estados Unidos, atribuições a traços de confiança e 
agressividade indicou a constatação de um fator de dominação. 
Reação Emocional 
A autodeclaração de reações emocionais para expressões faciais de líderes foi vastamente utilizada pelo 
Grupo de Dartmouth em seus es tudos, refletindo uma valorização do papel da emoção no processo de 
tomada de decisão.10 Enquanto muitos estudos consideram medidas únicas de emoção (Bucy, 2000, 2003; 
McHugo et al., 1985; Stewart et al., 2009) ou listam variáveis com base em raciocínios teóricos (Bucy & 
Bradley, 2004; Masters, 1994; McHugo et al., 1991; Sullivan & Masters, 1988; Warnecke, Masters, & 
Kempter, 1992; Way & Masters, 1996a, 1996b), quando são realizadas análises fatoriais de medidas 
múltiplas de emoção, dois fatores geralmente são constatados. Esses dois fatores reproduzem o mapa 
circular (circumplex model) de emoções visto na pesquisa de opinião nacional (Abelson et al., 1982; 
Marcus, Neuman, & MacKuen, 2000), de onde se extraem duas dimensões ortogonais de afeto. Esses dois 
fatores têm sido descritos como valência de emoção e excitação (Bucy, 2000), abordagem 
comportamental e inibição comportamental (Gray, 1987), ou, como descrito na literatura de psicologia 
política, como o entusiasmo e ansiedade, o que representa a disposição emocional e os sistemas de 
vigilância (Marcus et al., 2000). Na literatura etológica, essas dimensões são rotuladas como estilos de 
comportamento hedonístico e agonístico, respectivamente, e tem sido usadas como abrangências 
temáticas para agrupar sinais emocionais específicos (Mestrado et al., 1986, p. 322). Quando estudados 
por análise fatorial, os dois fatores são constatados em reação direta às expressões emocionais de líderes 
(Lanzetta et al., 1985; Masters & Sullivan, 1989) ou a partir de reflexos da experiência emocional nos 
dias após tratamento experimental (Masters & Carlotti, 1994; Sullivan & Mestres, 1994). 
Reações psicofisiológicas foram selecionadas em um certo número de estudos e proporcionaram 
resultados não apenas sobre a própria reação, mas também sobre o processo pelo qual os participantes 
avaliam os políticos. Especificamente, em três estudos aqui analisados (Bucy & Bradley 2004;. McHugo 
et al, 1991, 1985), condutividade da pele, frequência cardíaca e eletromiografia (EMG) facial foram 
medidas utilizadas para avaliar a reação de participante a expressões do líder. Nesta pesquisa, a 
condutividade da pele é usada como um indicador de excitação, frequência cardíaca como um indicador 
de atenção do espectador, e EMG facial como um indicador de valência emocional. A condutividade da 
pele aumentava em reações a aparências de raiva / ameaça (McHugo et al., 1985) e a partir da visão de 
expressões inadequadas do líder (Bucy & Bradley, 2004). A frequência cardíaca, em um estudo inicial, 
aumentava como resultado tanto de expressões agonísticas de raiva/ameaça e medo/evasão, especialmente 
quando comparada com felicidade/tranquilidade (McHugo et al., 1985). Bucy e Bradley (2004) 
verificaram que a frequência cardiac inicialmente diminuía (sinalizando foco de atenção) diante da 
exposição a aparências de alta de intensidade do Presidente Clinton após imagens de notícias negativas, 
indicando atenção aumentada a expressões agonísticas do presidente.
Com uma eletromiografia facial, eletrodos colocados sobre os músculos corrugadores são usados para 
medir franzimento da testa ou sentimento negativo, enquanto a gravação a atividade do músculo 
zigomático, que é o envolvido no sorriso, é usada para medir o sorriso ou afeição positiva. Ambos tem 
sido usados com sucesso para medir a reação facial, seja de empatia ou anti-empatia, em resposta à 
aparência de políticos (Bucy & Bradley, 2004; McHugo et al, 1991, 1985). Por outro lado, o músculo 
orbicular da boca (músculo obicularis oris), que controla a abertura da boca (isto é, os lábios) não 
mostrou efeitos significativos no único estudo em que foi utilizado. Neste estudo, os autores concluíram 
que a reação de participantes aos estímulos experimentais foi principalmente afetiva, ao passo que o 
obicularis oris poderia indicar a profundidade de processamento de informação (isto é, a resposta 
cognitiva) através de elementos subvocais (McHugo et al., 1991, pp. 32-33). 
Bucy e outros usaram um pouco mais das novas abordagens para analisar o processamento de 
informações e experiência emocional. Bucy e Newhagen (1999) observaram a elaboração do pensamento 
a partir da solicitação a participantes para que escrevessem seus pensamentos depois de cada estímulo, de 
notícia mostrando expressão de líder, e então analisaram o conteúdo das resp ostas dos espectadores por 
número de pensamentos e tipo de avaliação feita. Eles também empregaram latência de reconhecimento 
para medir a profundidade do processamento, medido por quão rapidamente os participantes 
identificavam os curtos pedaços de vídeo que viam como sendo do estímulo experimental ou material de 
distração; finalmente, consideraram a fixação na memória de informações a partir das notícias, por meio 
de questões de múltipla escolha para a identificação de informações em áudio em um questionário final. 
Além do EMG facial e medidas psicofisiológicas relatados acima, Bucy e Bradley (2004) pediram aos 
participantes para classificar sua experiência subjetiva emocional, usando a escala de Auto-Avaliação de 
Manikim (SAM), que consiste de uma série de índices pictóricos em três dimensões emocionais de 
valência (negativo-positivo), excitação (calma-animação) e dominância (no controle, fora do controle), 
verificando aumento da excitação para imagens de notícias e aparência de líderes com alta intensidade e 
negativas, e menor dominância para intensidades maiores tanto em notícias quanto na expressão de um 
líder. 
Participantes dos Experimentos 
Não inesperadamente, a grande maioria dos estudos aqui considerados usaram estudantes de graduação 
como participantes pesquisados. A confiança no estereótipo do aluno de segundo ano de faculdade foi 
motivo de fortes críticas por ser um banco de dados muito pequeno. Notavelmente, Sears (1986) 
argumentou que o retrato da natureza humana pode ser traçado como um resultado do uso de uma base de 
pesquisa predominantemente de estudantes de graduação, que é mais tendente a ser socialmente 
condescendente, especialmente com figuras de autoridade, e que é mais provável que sejam espontâneos 
em seus atos, devido à falta de autoconhecimento. Ao mesmo tempo, Sears observou que o “uso de 
sujeitos relativamente bem educados, selecionados por suas habilidades cognitivas superiores, junto com 
os locais, procedimentos e atividades de pesquisa que promovem processamento de informações 
desapaixonadas, com rigor acadêmico, deveriam produzir evidências que retratassem os seres humanos 
como dominados por processos cognitivos, mais do que por fortes predisposições de julgamento ” (Sears, 
1986, p. 526; v. também Stewart, 2008). 
Interessantemente, isso pode dar mais crédito ao trabalho sobre comunicação não verbal aqui apresentado, 
dado que o que foi verificado indica robustos resultados afetivos apesar do traço presumido sobre o 
processamento cognitivo de estudantes de faculdade (Sears, 1986, p. 527). Apesar disso, os resultados 
considerados aqui podem ser vistos com uma dúvida persistente sobre sua validade ecológica (isto é, 
sua aproximação a situações da vida real) e sua generalidade. Especificamente, os estudos são 
predominantemente preenchidos por amostras de alunos de graduação mediante conveniência ou 
oportunidade, e tais amostras que, no caso do trabalho do Grupo de Dartmouth (no campus de elite Ivy 
League) representam jovens estudiosos e com perfil de alto grau de sucesso. Em termos de interesse e 
compreensão de informações políticas, bem como (às vezes) proximidade de eventos políticos, 
particularmente durante as primárias de New Hampshire, tal amostra populacional pode não representar 
totalmente a população em geral. Vale a pena notar, no entanto, que alguns pesquisadores têm 
argumentado de forma convincente que o processamento de informações básicas e as reações emocionais, 
particularmente processos registrados por medidas psicofisiológicas, podem não ser totalmente afetados 
pelo conhecimento anterior (Lang, 1988). Em estudos posteriores, o problema da validade ecológica foi 
levado em conta por pesquisas comprando reações de espectadores em diferentes culturas (Masters & 
Sullivan, 1989), diferentes etnias nos Estados Unidos (Masters, 1994), e enquetes com participantes 
adultos não estudantes (Bucy, 2000, exp. 1; Bucy, 2003; Bucy & Newhagen, 1999; Warnecke et al.,
1992). Enquanto populações adultas reforçam a validade externa dos resultados, a análise sistemática de 
dados considerando os efeitos da influência do ciclo de vida ainda segue sem ser explorada.11 
ORIENTAÇÕES PARA FUTURAS PESQUISAS 
Análises futuras do impacto do comportamento das expressões faciais de políticos necessariamente serão 
influenciados pelo que foi feito antes, em termos de tratamento, medição e temas. Além disso, serão 
afetados por avanços na tecnologia que permitem a replicação e o progresso na agenda de pesquisa 
iniciada há quase 30 anos. No entanto, ao mesmo tempo, uma contínua valorização dos princípios 
norteadores dos métodos e teoria etológicos evolutivos, isto é, as Quatro Questões de Tinbergen (1963), 
irá guiar a geração e o teste de hipóteses. Abaixo consideramos os avanços tecnológicos e teóricos nos 
últimos anos que provavelmente afetarão as futuras pesquisas em comunicação política a respeito do 
comportamento de expressões faciais de personagens políticas. 
Observação e medição 
Uma das significativas lições aprendidas é a importância de juntar experimentação com observação para 
compreender o comportamento de políticos e a cobertura noticiosa concomitante sobre eles. Compreender 
como o comportamento facial influencia a visão de espectadores é um importante primeiro passo; 
compreender como um político é apresentado ao público é ao mesmo tempo importante par a 
pesquisadores que esperam entender a influência da mídia na opinião pública. Alguns resultados de 
pesquisas indicam que a cobertura de mídia sobre as expressões faciais varia tanto em termos de 
frequência quanto tipo de expressão facial, dependendo de diferentes fases de campanha (Bucy & Grabe, 
2008; Masters et al., 1987), do status do candidato (Bucy & Grabe, 2008; Masters et al., 1987; Masters, 
Frey & Bente, 1991), e da cultura (Masters et al., 1991). Enquanto a análise de conteúdo da cobertura 
noticiosa sobre candidates políticos tem sido realizada ao longo do tempo, tanto nas primárias simples das 
eleções (Masters et al., 1987) e em eleições gerais múltiplas (Bucy & Grabe, 2008) e proporcionaram 
extensas ideias para a cobertura midiática de processos eleitorais, poucas pesquisas consideraram como 
indivíduos mudam em suas reações a expressões faciais de emoção de políticos ao longo de um extenso 
período de tempo. Especificamente, com a exceção da comparação do Grupo de Dartmouth de 
composição de grupos nas quais a fortuna de candidatos é mapeada em diferentes pontos ao longo da 
temporada eleitoral por diferentes amostras de indivíduos (Sullivan & Masters, 1988 [eleição presidencial 
de 1984]; Masters, 1994 [eleição presidencial de 1988]; Masters & Carlotti, 1994 [eleição presidencial de 
1992]) e com sua composição de painel apontando temas para avaliar candidatos um dia depois (Sullivan 
& Masters, 1994), há um potencial de mapear a reação emocional ou cognitiva de um indivíduo a um (ou 
múltiplos) político por um período de tempo. 
Uma das críticas que podem ter sido feitas a respeito da pesquisa do Grupo de Dartmouth e Bucy é a 
confiança na interpretação dos padrões estereotipados de expressões faciais como raiva, medo, felicidade 
e tristeza e o nível de precisão obtido pela codificação ao focar em movimentos de músculos faciais 
específicos. Especificamente, o advento e a ascensão do Sistema de Codificação de Ação Facial (Facial 
Action Coding System - FACS) (Box 10.1), um sistema baseado em observadores no qual 41 unidades de 
ação facial (se excluídos movimentos de cabeça e olhos) são codificadas, proporcionou maior precisão na 
codificação de expressões faciais. Enquanto o sistema faz uma distinção entre movimentos faciais 
anatomicamente classificados e inferências a respeito do que significam, ele permite uma maior precisão 
na descrição do comportamento facial e não compromete pesquisadores com nenhuma posição teórica. O 
caráter relativamente exaustivo do FACS também permite a descrição de configurações faciais complexas 
que resultam do efeito adicional de unidades de ação facial individuais (Cohn, Ambadar, & Ekman, 
2007). 
Enquanto a precisão do FACS de Ekman & Friesen (2003) não é questionada, sua análise quadro-a-quadro 
não é bem aplicável para a atividade facial dinâmica (Nusseck, Cunningham, Wallraven, & 
Bulthoff, 2008) e é proibitivo em termos de custo de tempo quando a codificação de segmentos de vídeo é 
necessária. Como cada quadro relevante demanda uma média de 10 minutos para codificação, o 
investimento de pesquisa pode saltar dos estimados 5 minutos de codificação não verbal por evento por 
codificador para uma hora e meia por evento. Portanto, o ganho na precisão de codificação pode ser 
superado de longe pelo custo em tempo e energia da investigação. No entanto, novos desenvolvimentos 
em visão computadorizada permitem a extração automática de movimentos faciais com bons níveis de 
precisão em um número de unidades de ação (Cohn & Kanade, 2007; Valstar & Pantic, 2006), que 
promete simplificar o processo de investigação.
Experimentação 
Um problema central a ser enfrentado por pesquisas futures diz respeito a como sinais não verbais 
específicos são comunicados e processados. Especificamente, sinais dos olhos e da boca podem ser 
comunicados como componentes s eparados no rosto, ou como uma configuração desses sinais. No último 
caso, expressões faciais estereotipadas são vistas como leituras de estados emocionais básicos (alegria, 
tristeza, raiva, medo, nojo, surpresa). Embora essas expressões possam ser mascaradas, modificadas por 
meio de regras de expressão ou misturadas para expressar nuances de estados emocionais (Ekman & 
Friesen, 2003), o principal ponto de partida é o que reflete o estado emocional central de um indivíduo. 
Por outro lado, a intenção do comportamento de movimentos faciais pode se basear no contexto social 
(Fridlund, 1994, 1997; Russell et al., 2003). Dado que se pode dizer que emoções refletem tendências de 
comportamento (Frijda, 1986) e resultam de avaliações cognitivas de eventos externos (Scherer, 2001), 
expressões emocionais poderiam ser usadas para prever um comportamento futuro numa situação 
particular. Com essa abordagem, unidades de ação facial individual são vistas como reflexo do resultado 
de pontos de avaliações cognitivas de um evento particular, por exemplo a relevância do evento para o 
indivíduo ou a capacidade do indivíduo de lidar com aquele evento (Kaiser & Wehrle, 2001; Scherer, 
2001; Scherer & Ellgring,2007). Em outras palavras, a influência do comportamento não verbal pode 
ocorrer por meio do processamento de diferentes componentes do rosto, neste caso dos olhos e da boca. 
Portanto, devido à natureza sutil da comunicação não verbal, em que sinais individuais podem indicar 
intenções comportamentais, consideramos expressões não verbais da boca e dos olhos separadamente. 
A Boca e os Olhos como Estímulos Separados 
A boca é um indicador importante de intenção agremiativa por meio da aparência de 
felicidade/tranquilidade do sorriso. Contudo, há muitos diferentes tipos de sorriso que se podem distinguir 
por diversos graus de abertura de boca (Brannigan & Humphries, 1972) ou pela coativação do músculo 
orbicularis occuli, um anel de músculos que circulam os olhos e produzem a elevação das bochechas e 
rugas de pés de galinha quando estimulado (Duchenne de Boulogne, 1862; Ekman & Friesen, 1982). 
Outra expressão afiliativa que envolve a boca é a aparência da boca aberta, que é principalmente 
observada em interações recreativas e promove relações agremiativas (Preushoft & van 
Hooff, 1997; van Hooff & Preushoft, 2003; Waller & Dunbar, 2005). A co-ocorrência da boca aberta 
relaxada e a exibição silenciosa de dentes alinhados (evidente na express ão do sorriso) é particularmente 
notável em relações igualitárias em que esses comportamentos funcionam para fortalecer os laços sociais. 
A ideia de que diferentes tipos de sorrisos tem diferentes funções sociais foi formalizada na hipótese do 
poder assimétrico (Preushoft & van Hooff, 1997; van Hooff & Preushoft, 2003), que sugere que relações 
fortemente hierarquizadas revelam diferentes padrões de expressões faciais do que os encontrados em 
relações mais igualitárias. Especificamente, a hipótese de assimetria de poder propôs que o padrão de 
ocorrência desses diferentes tipos de expressões agremiativas dependerá do tipo de relação de poder entre 
os interagentes. Essa hipótese encontrou suporte em recente pesquisa que mostrou que homens exibiam 
taxas desproporcionalmente maiores de sorrisos deliberados em comparação com risada quando 
interagindo com indivíduos mais velhos e presumivelmente de maior status. Esse efeito não foi 
encontrado para sorrisos espontâneos, indicando que diferentes tipos de sorrisos poderiam ser relevante 
em contextos hierárquicos e outros tipos de sorrisos para contextos afiliativo s (Mehu & Dunbar, 2008a). 
A extensão do significado associada com a elevação do canto do lábio é a provável razão pela qual os 
enquadramentos de etologia política de Masters (1989a) e Salter (1995) indicam essa expressão tanto em 
categorias de medo/submissão quanto de felicidade/tranquilidade. Veja a tabela 10.2 para um esboço do 
critério para classificação de expressões faciais. 
Os Olhos 
Pesquisas relacionadas ao processamento do comportamento de expressão facial sugere que enquanto a 
boca desempenha um importante papel, especialmente quando indicando felicidade / confiança (Nusseck 
et al., 2008; Smith et al., 2007), a boca não desempenha um papel tão importante na identificação de 
estados mentais complexos centrais, como fazem os olhos (Adolphs et al, 2005;. Ambadar, Schooler, & 
Cohn, 2005; Baron-Cohen, Wheelwright, & Joliffe, 1997; Nusseck et al., 2008; Smith et al., 2007). Desde 
o nascimento, mamíferos sociais tendem a centrar a sua atenção sobre os olhos (Adolphs et al, 2005;
Goossens et al, 2008). As expressões de olhos arregalados de medo e surpresa, nas quais os brancos do 
olho são acentuados, são processadas pré-cognitivamente através da amígdala (Whalen et al., 2004). 
Além disso, a direção do olhar, especialmente com expressões de raiva/ameaças e medo/submissão, pode 
alterar a resposta amígdala, como uma maior ambiguidade no olhar pode levar à percepção de uma 
potencial ameaça, com consequente aumento da resposta fisiológica e emocional e concomitantes 
esforços com foco cognitivos na reação (Adams et al, 2003;.. Goossens et al, 2008). 
TABELA 10.2 - Critérios para Categorizar Expressões Faciais 
Raiva - ameaça Medo - submissão Felicidade - confiança Tristeza - resignação 
Sobrancelhas Abaixadas Abaixadas e franzidas Levantadas Cantos internos 
levantados 
Pálpebras Bem abertas De cima levantadas, de 
baixo apertadas 
Bem abertas, normais 
ou levemente fechadas 
De baixo levantadas 
Direção do olhar Encarando Desviada Focada, depois cortada Desviada 
Cantos da boca Expandidos ou 
abaixados 
Ret raídos ou normais Ret raídos ou 
levantados 
Abaixados 
Exibição de dentes Baixa Variável ou nenhuma Os de cima ou ambas 
as arcadas 
Variável ou nenhuma 
Movimento de 
cabeça: lateral 
Nenhum Lado a lado Lado a lado Afastando do 
interlocutor 
Movimento de 
cabeça: vertical 
Nenhum Cima-baixo Baixo para cima Para baixo 
Direção da cabeça em 
relação ao corpo 
À frente do t ronco Para baixo na vert ical Normal em relação ao 
t ronco 
Virada para baixo 
Direção da cabeça: 
ângulo em relação à 
vertical 
Abaixada Abaixada Levantada Abaixada 
Fonte: Modificado de Masters et al. (1986) com a adição de tristeza – resignação de Salter (2007/1995). 
Atratividade Facial 
É importante advertir que é provável que as características individuais dos políticos utilizados como 
estímulos influenciem reações individuais. Embora todo político deva ter um mínimo de carisma para ser 
bem sucedido, alguns políticos são mais carismático do que outros. Indiscutivelmente, Ronald Reagan, 
base da maioria dos estímulos para a pesquisa do grupo Dartmouth, tem sido um dos presidentes mais 
“telegênicos” (televisivos e fotogênicos) da história dos EUA, devido em grande parte à sua vasta 
formação e experiência como ator. Da mesma forma, Bill Clinton exibiu (e ainda exibe) um grande 
carisma público (e privado), enquanto dono de um nível de atratividade física (Keating, Randall, & 
Kendrick, 1999) que aumentava sua capacidade de se comunicar com o público. Por outro lado, tanto o 
Grupo de Dartmouth (Sullivan & Masters, 1988) e Patterson et al. (1992) notaram que, em comparação 
com Ronald Reagan, o candidato presidencial democrata de 1984 Walter Mondale foi avaliado deficient 
tanto em expressividade quanto em atratividade, fatores que provavelmente tiveram não pouca 
importância em sua derrota. 
Com o Presidente Clinton, assim como outros candidatos políticos, o rosto é visto como reflexo de 
caráter, uma síntese do que eles fizeram e provavelmente vão fazer. Portanto, a escolha de um líder pode 
ser resultado do encaixe do modelo do que parece ser um candidato de sucesso – em outras palavras, eles 
podem ser simplesmente mais atraentes, dominantes e com aparência saudável do que outros 
candidatos.12 Pesquisas considerando a influência da atratividade do rosto no sucesso eleitoral indica 
automatividade na escolha daqueles que seriam nossos líderes. Todorov e colegas verificaram que mesmo 
com apenas um segundo para avaliar os rostos de candidatos, sujeitos são capazes de prever os 
vencedores das eleições para o congresso dos Estados Unidos com um grande nível de precisão (Todorov, 
Mandisodza, Goren, & Hall, 2005). Benjamin e Shapiro (2009) da mesma maneira encontraram suporte 
para isso em nível estadual, dado que a avaliação de participantes desavisados de videoclipes de 10 
segundos contabilizou 20% de variação nas previsões eleitorais para governador. 
Estes resultados foram encontrados em diferentes culturas. A pesquisa de James Schubert encontrou 
resultado transcultural a respeito do papel da atratividade facial, ao procurar saber se um candidato era 
considerado viável ou não, enquanto a atratividade facial se correlacionava fortemente com as taxas de 
elegibilidade nos resultados da eleição romena de 1996 (Schubert, Curran, e Strungaru, 1998). Também 
Antonakis e Dalgas (2009) verificaram que crianças suíças pareciam utilizar sinais semelh antes para
julgar competência a partir da aparência facial ao escolher vencedores para a eleição parlamentar francesa 
em 2002, indicando não apenas efeitos transculturais (embora de nações vizinhas), mas também um grau 
de invariabilidade de idade. 
Little et al. (2007) verificaram não só que a aparência facial estava fortemente relacionada a vitória em 
eleições em quatro países (Austrália, Nova Zelândia, Reino Unido e Estados Unidos), mas também que há 
preferências por diferentes rostos com base no contexto ambiental. Especificamente, rostos com 
características masculinas são favorecidas em tempos de guerra, enquanto características mais indulgentes 
e femininas são preferidas em tempos de paz. Traços percebidos no rosto podem refletir dimensões de 
confiança e dominância quando vistos em expressões faciais. Em sua análise de fator de atribuições de 
traço em 66 rostos naturais e 200 rostos gerados por computador, Todorov, Said, Engell e 
Oosterhof (2008) encontraram uma solução de dois fatores, com dimensões que sugerem um potencial de 
interação de qualidades de traços e comportamento do humor. Como afirmado por Todorov et al., “ 
As stated by Todorov et al., “semelhança sutil de rostos neutros com expressões que sinalizam se uma 
pessoa deveria ser evitada (raiva) ou aproximada (felicidade) serve como base da avaliação de valência. 
Sinais de força física como maturidade do rosto e masculinidade servem como base para avaliação de 
dominância e são generalizados como atribuições de disposições relacionadas.” (2008, p. 458). 
Em suma, experimentos futuros devem considerar não apenas o grau de variação em expressões faciais e 
seu impacto na intenção do comportamento comunicacional (como em McHugo, Lanzetta, & Bush, 
1991), mas também considerer o efeito interativo da características faciais em tais expressões. Por 
exemplo, os rostos de alguns políticos podem ser mais bem configurados para comunicar emoções 
específicas e intenções comportamentais do que outros (Waller, Cray, & Burrows, 2008), por sua vez 
afetando tanto a sua competitividade para a ação quanto o estilo de liderança quando em ação. Além 
disso, como sugere a pesquisa revisada aqui, informações de contexto podem afetar as preferências dos 
cidadãos, podendo pautar pesquisas futuras. 
Medidas 
Pesquisas a respeito do comportamento de expressões não verbais do rosto por políticos estiveram na 
pauta principal da pesquisa experimental por meio não só do uso de autodeclarações (self-reports), mas 
também reações afetivas e processamentos cognitivos. Pode-se esperar que autodeclarações continuem a 
ser um dos pilares da pesquisa experimental, se feitos com lápis-e-papel ou no computador, e têm sido 
utilizados de modo eficaz para verificar fatores inferiores, ainda que com maior clareza conceitual quando 
se integra o modelo de equações estruturais (Structural Equation Model - SEM) (ver Holbert, capítulo 
22). Análises do processamento cognitivo por meio do tempo de resposta, elaboração de pensamentos e 
associação de informações foram construídas com autodeclarações e ofereceram uma compreensão mais 
completa e sofisticada sobre como sujeitos reagem ao comportamento de expressões faciais, 
especialmente embutidos em notícias (Bucy & Newhagen, 1999). O uso contínuo dessas medidas, 
especialmente latência, tem o potencial de oferecer ideias sobre o processamento automático de 
informações (Newhagen, capítulo 26), inclusive sobre aquele nível de conforto junto a um líder em 
particular, com altos níveis de simpatia provavelmente levando a tempos de resposta mais rápidos devido 
a níveis mais baixos de ansiedade. 
Do mesmo modo, medidas fisiológicas de frequência cardíaca e conditividade da pele e comportamento 
de expressão facial nos músculos corrugadores e zigomático foram usadas para medir de modo eficaz 
reações afetivas ao comportamento aparente de políticos (v. Bucy & Bradley, capítulo 27). Entretanto, 
enquanto a medição EMG do comportamento de expressão facial foi usada com eficácia para detectar até 
reações instantâneas a assuntos em expressões faciais de políticos, trata-se de método altamente intrusivo, 
reduzindo o caráter “mundano” e o “realismo psicológico” dos experimentos, pois ter equipamentos de 
medição no rosto e no corpo não é uma situação provável no “mundo real” e com isso o resultado pode 
afetar processos psicológicos cotidianos (v. capítulo 11 desta obra). Talvez um método menos intrusivo e 
um não usado nos estudos aqui repassados (com exceção da medição facial EMG), é a análise em vídeo 
de reações não verbais a assuntos. Enquanto essa abordagem é demorada, especialmente no caso de se 
usar FACS, avanços na análise automatizada do comportamento facial (v. acima e Box 10.2) fazem essa 
abordagem mais acessível quando se realiza pesquisa em comunicação política. No mínimo, tem-se dito 
há um bom tempo que "(...) modificações na taxa de piscadas de olhos são mais significativos sobre 
estados emocionais do que a GSR (resposta galvânica da pele)” (Peterson & Allison em Exline, 1985, p. 
190). 
Sujeitos
A importância de ir além do "estudante de segundo ano de faculdade" na escolha dos sujeitos pesquisados 
foi devidamente anotada e posta em prática no progresso da pesquisa do grupo de Dartmouth e no 
trabalho de Bucy e colegas (ver acima). 
Os resultados referentes a assuntos universitários Afro-Americanos (Masters, 1994) e assuntos europeus 
(Masters & Sullivan, 1989;. Warnecke et al, 1992) e suas reações diferentes ao comportamento aparente 
de personagens políticas sugerem que, embora possa haver um mínimo de convergência quanto ao que 
são expressões básicas de emoções, há variação no que é percebido como apropriado e como elas são 
processadas cognitivamente (Anger-Elfenbein & Ambady, 2002; Fridlund, 1994; Russell & Fernandez- 
Dols, 1997; Scherer & Ellgring, 2007). Por exemplo, como sugerido pela pesquisa experimental de 
Marsh, Anger-Elfenbein e Ambady (2003) sobre a decodificação de apresentações pictóricas de 
expressões faciais em duas culturas (cidadãos japoneses e nipo-americanos), pode haver "sotaques" não-verbais, 
situações em que diferenças sutis de comportamento não verbal indicam a cultura da pessoa 
observada e isso por sua vez afeta potencialmente a percepção do observador, sua interpretação e sua 
resposta. Portanto, é recomendável partir de uma pesquisa com temas mais diversos para trazer à tona as 
diferenças tanto de codificação do comportamento de exibição facial por políticos quanto de reações a 
ele. 
Embora o recrutamento de indivíduos para além da oportuna amostra de estudantes de faculdade possa ser 
difícil de organizar, a saturação da tecnologia da Internet e sua acessibilidade, ao menos nos Estados 
Unidos e na Europa Ocidental, oferece a oportunidade de pesquisar a partir de uma amostra mais ampla 
de indivíduos e de acompanhá-los ao longo de um período de tempo (Iyengar, capítulo 8; Stewart, 
2008; Quadro 10.3). Além disso, estudos envolvendo a Internet podem se mostrar mais naturais do que 
estudos de laboratório (ver capítulos 8 e 11 desta obra), em que os sujeitos são colocados em ambientes 
não naturais, uma limitação reconhecida pelos cientistas políticos que usam o método experimental (por 
exemplo, Brader, 2006). 
CONCLUSÕES 
Embora a importância das representações visuais de líderes políticos tenha se valorizado por muito 
tempo, refletindo-se o fenômeno nos programas de pesquisa aqui considerados, novos desenvolvimentos 
apenas servem para sublinhar a importância de compreender a influência do comportamento de expressão 
facial. Não só os políticos tornaram-se cada vez mais escolados em suas estratégias de mídia, atingindo o 
circuito de talk show para melhor mostrar sua simpatia aos indivíduos com baixos níveis de interesse 
político e motivação (Baum, 2005), como também a tecnologia de visualização mudou com telas de 
televisão cada vez maiores, com áudios mais ricos e superiores em resolução. 
Olhando para frente, é provável que a televisão se torne cada vez mais realista, com apresentação de cada 
vez mais claridade e verossimilhança, senão mais reais do que a vida. No último caso, sabemos da 
existência de uma pesquisa sobre a percepção de proximidade no diálogo político leva a níveis mais 
elevados de excitação, com efeitos concomitantes sobre atitudes em relação à memória de políticos e à 
legitimidade de suas posições políticas (Mutz, 2007). 
Além disso, o fácil acesso às gravações de uma série de fontes de mídia, seja de televisão, páginas de 
notícias on-line ou vídeo enviado diretamente pelos telespectadores para sites de compartilhamento de 
arquivos como o YouTube após participação em eventos está expandindo o escrutínio público de figuras 
políticas. 
Com isto em mente, a pesquisa considerando reações de espectadores a gravações onipresentes, 
multiplataformas, de momentos memoráveis da política televisionada torna-se uma preocupação 
premente, especialmente em luz dos resultados acumulados aqui relatados. Recentes descobertas que uma 
personalidade de mídia existe, ainda que de forma visual e contrária ao entendimento populares (Grabe & 
Bucy, 2009), ressaltam a importância de compreender totalmente um rápido avanço e proliferação de 
tecnologia que influenciam indivíduos em vários níveis. 
Ao unir conhecimentos teóricos da etologia com as lições de planejamento de pesquisa dos estudos aqui 
analisados, a mais completa, uma compreensão mais detalhada do comportamento político humano deve 
emergir. 
BOX 10.1 SISTEMA DE CODIFICAÇÃO DA AÇÃO FACIAL (FACIAL ACTION CODING 
SYSTEM - FACS)
O Sistema de Codificação de Ações Faciais (Facial Action Coding System – FACS) de Ekman e Friesen 
(1977), uma elaboração da análise pioneira de Hjortsjö (1969), é o sistema de avaliação facial mais 
exauriente disponível. O FACS foi desenvolvido para analisar expressões no nível de contrações 
musculares. Uma descrição dos movimentos de sobrancelhas é pertinente a expressões faciais afiliativas e 
outras desde que a sobrancelha seja uma das características faciais mais salientes. Sobrancelhas abaixadas 
foram identificadas com expressões agressivas (Keating et al., 1981). 
As três ações únicas e quadro combinações esgotam o repertório conhecido de expressões de 
sobrancelhas. Nem expressões de nojo nem de felicidade envolvem ações de sobrancelhas (Ekman, 1979, 
p. 181). Felicidade-tranquilidade é mais bem decodificada de ações das bochechas e da boca (98% de 
credibilidade) e de ações combinadas de olhos, pálpebras, bochechas e boca (99% de credibilidade) 
(Boucher & Ekman, 1975). Ekman descreve tristeza, surpresa medo e raiva da seguinte maneira: 
Em tristeza, tanto a Unidade de Ação 1 ou a combinação 1+4 ocorre, junto com o relaxamento da pálpebra superior 
(provavelmente o músculo levator palpebralis superioris), às vezes com a pele ao redor do olho sendo puxada e leve 
elevação das bochechas (orbicularis oculi, pars orbitalis e zygomatic minor), leve diminuição do ângulo da boca 
(triangularis), às vezes também um movimento do queixo (mentalis) e abaixamento do lábio de baixo (depressor 
labii inferioris). 
No choro de angústia algumas das ações faciais mudam. A Unidade de Ação 4 é mais importante nas sobrancelhas, 
com menos evidência da Unidade de Ação 1. Isso é acompanhado pelas partes internas e externas do músculo 
orbicular do olho, com elevação das bochechas, contração da pele na direção dos olhos e aperto das pálpebras. Ao 
redor da boca as ações descritas para a tristeza agrupam estiramento horizontal dos lábios (risorius e/ou platysma), 
abaixamento da mandíbula, abaixamento do lábio inferior (depressor labii inferioris), e elevação do lábio superior 
(levator labii superioris). 
Em surpresa, a combinação 1 + 2 está acompanhada da elevação da pálpebra superior (levator palpebralis) e 
relaxamento da mandíbula (relaxamento dos músculos masseter). 
Em medo, a combinação 1 + 2 + 4 é acompanhada de elevação da pálpebra superior e aperto das pálpebras inferiores 
(orbicularis oculi, pars palpebralis), e pelo esticamento horizontal dos lábios (risorius e/ou platysma). 
Em raiva, a Unidade de Ação 4, sem qualquer elevação da sobrancelha, é acompanhada pelas mesmas ações ao redor 
dos olhos, tal como descrito para medo, com os lábios ou fortemente pressionados juntos (orbicularis oris e talvez 
mentalis), ou quadrados e apertados (uma combinação de orbicularis oris, levator labii superiouris quadratus e 
depressor labii inferioris). 
Para duas emoções – nojo e felicidade – nenhuma ação específica de sobrancelhas é realizada (Ekman, 
1979, pp. 180–181, alguns grifos acrescentados ). 
Ekman (1979) verificou que ações de sobrancelhas 1+2 e 4 são usadas mais frequentemente que outras. 
Consistentes com o princípio antítese de Darwin, elas são as ações mais facilmente reconhecidas 
e realizadas. Medo (1 + 2 + 4) e raiva (4) são previstos com mais sucesso a partir de ações de olho e 
pálpebra (67% de confiabilidade) (Boucher & Ekman, 1975). Isto indica que disposições de sobrancelha 
agonística e submissa as distinções feitas com mais prontidão. 
BOX 10.2 VERIFICAÇÕES AUTOMÁTICAS DA EXPRESSÃO FACIAL 
A análise automática do comportamento facial ocorre tipicamente em três passos (Pantic & Rothkrantz, 
2000). Primeiro o rosto tem que ser localizado em uma cena de vídeo, em seguida, movimentos faciais 
tem que ser detectados e monitorados, e, finalmente, as alterações detectadas devem ser classificadas em 
categorias adequadas. Para alcançar a detecção confiável de um rosto em uma cena, o sistema tem de 
superar alguns problemas, incluindo mudanças no tamanho e orientação provocadas por movimentos d a 
pessoa ou da câmera, ou a presença de pelos faciais e óculos. Uma vez que esses problemas sejam 
resolvidos, o sistema precisa detectar e extrair informações relacionadas à posição e movimento dos 
caracteres faciais relevantes para o comportamento facial (por exemplo boca, olhos, sobrancelhas). 
Diversas abordagens são usadas para realizar essa etapa, como fluxo óptico, funções de Gabor 
wavelets, modelos multiestados, e encaixe de modelo gerativo (Cohn & Kanade, 2007). A 
eficiência destas abordagens depende do tipo de movimento a ser detectado. A etapa final envolve a 
transformação dos caracteres extraídos em uma lista de parâmetros que serão usados para identificar 
movimentos faciais. As categorias usadas para essa identificação diferem entre equipes de pesquisa, 
enquanto alguns optam por usar categorias gerais de emoção, como raiva, felicidade ou medo, enquanto 
outros preferem usar Unidades de Ação Facial com base no FACS para categorizar as mudanças 
detectadas (Bartlett, Hager, Ekman, & Sejnowski, 1999; Cohn & Kanade, 2007; Valstar & Pantic, 2006). 
Uma vez que este último caminho não pressupõe uma relação entre determinadas categorias emocionais e 
configurações faciais, este método é visto como mais rigoroso e válido internamente. 
BOX 10.3 RECRUTAMENTO DE PESQUISADOS VIA INTERNET
Enquanto a maior parte de estudos acadêmicos se baseia em estudantes de faculdade como objetos de 
pesquisa (Sears, 1985), com concomitantes linhas de pesquisa que podem se desenvolver, o Programa de 
Volutariado para Pesquisa de Alkami (RSVP) permite a pesquisadores se conectarem com participantes 
que possam representar de modo mais próximo o grupo populacional focado em seu estudo. A partir de 
agosto de 2010, o RSVP teve uma adesão de mais de 7.400 voluntários cadastrados que variam em idade 
de 18 a 90. Como parte do processo de triagem do programa, os membros fornecem respostas a uma 
seleção de questionários de pesquisa com perguntas padronizadas, bem como questionários 
personalizados que pesquisadores individuais podem requisitar para melhor selecionar os participantes 
para as necessidades específicas de seu protocolo de pesquisa. 
Além do recrutamento de pessoas, da triagem e acompanhamento in loco de protocolos, o RSVP obtém 
participantes para pesquisas e comportamentos experimentais para es tudos via web em universidades de 
todo o mundo, incluindo a Universidade de Harvard, a Universidade da Califórnia em Berkeley, 
a Universidade da Califórnia em São Francisco, a Universität Göttingen (Alemanha), a University 
College London (Inglaterra), e a Universidade de Oxford (Inglaterra). 
O RSVP começou em 2006 como parte de um projeto de pesquisa na Universidade da Califórnia em 
Berkeley, e é agora um serviço prestado pela organização sem fins lucrativos Instituto Biobehavioral 
Alkami (ABI). Para saber mais sobre o RSVP de Alkami, visite http://rsvp.alkami.org. 
NOTAS 
1. Isto não significa que o canal de áudio não transmite informação não verbal. Especificamente, informações vocais 
tais como tom, intensidade e vibração influenciam a reação emocional e tem sido estudadas em contextos políticos, 
tais como reuniões do conselho da cidade e da Suprema Corte dos Estados Unidos por James N. Schubert e colegas 
(Schubert, 1988; Schubert et al., 1992). 
2. Nem tudo o que transmite a informação é um sinal. A palavra "sinal" é reservada a elementos (como estruturas 
morfológicas ou comportamentos) que foram selecionados porque eles influenciaram o comportamento dos 
receptores em favor do remetente. Isso nem sempre implica que algumas informações são comunicadas (ver, por 
exemplo, Dawkins & Krebs, 1978). Um sinal ou uma sugestão é uma estrutura ou comportamento a partir dos quais 
um receptor pode inferir algumas informações, mas que não necessariamente evoluiu para transmitir informações. 
Por exemplo, o tamanho do corpo pode ser um bom indicador de força física, mas que não evoluiu por causa do seu 
efeito sobre o receptor. 
3. Espera-se que o sistemas de quatro sinais interagirá para influenciar a qualidade e o conteúdo de sinais. Por 
exemplo, indicações de idade e experiência, como óculos, emprestam seriedade para os indivíduos, mas podem 
prejudicar a percepção de vitalidade, enquanto os tratamentos de botox podem dar um rosto jovem, mas também 
inibem a expressão das emoções através dos olhos e sobrancelhas. 
4. Os exemplos podem ser extraídos dos temas humor e riso. Uma questão a respeito da causalidade próxima do riso 
e do humor que o provoca poderia considerar os laços sociais construídos pelo riso, tanto entre o contador da piada e 
seu público e entre os próprios membros da plateia. Por exemplo, quando se considera o tema do humor e da 
produção de riso, em termos de causalidade ontogenética pode-se considerar quando um indivíduo começa a rir (~ 
3,5-4 meses;. Provine, 2000, p 112), quando a brincadeira e o riso se tornam uma parte importante da vida social (5-6 
anos;. Provine, 2000, p 93) e sua diminuição enquanto a idade avança. Ao analisar as raízes filogenéticas do riso 
pode-se considerar a produção de sinais homólogos e usos sociais em uma variedade de espécies, incluindo ratos 
(Panksepp, 1998, 2007) e primatas não humanos (Preushoft & van Hooff, 1997; van Hooff & Preushoft, 2003), e 
como se comparam essas espécies com os usos humanos. Em termos de causalidade final, pode-se considerar como o 
envolvimento na prática do riso e da provocação do riso podem beneficiar o indivíduo ou uma espécie que assim se 
portam em termos de obtenção e defensa de recursos, o que por sua vez afeta as taxas de reprodução. (Preushoft & 
van Hooff, 1997). 
5. Experimentos verdadeiros podem usar a estratégia de considerar as variações da "natureza humana" normal 
pressuposta e, em seguida, avaliar as diferenças entre "normais" e este grupo "experimental". Exemplos dessa 
abordagem incluem um extenso trabalho de Damásio com cérebro danificado de indivíduos (1994) e estudos que 
consideram o comportamento “cego” de expressão facial de indivíduos, incluindo um estudo recente comparando 
expressões faciais espontâneas em atletas cegos de forma congênitae não congênita com atletas com visão normal 
depois de ganhar / perder partidas de alto nível (Matsumoto & Willingham, 2009). 
6. Preço e Sloman (1987) citam a observação de dominância em aves por Schjelderup -Ebbe para argumentar que 
tristeza é seguida por uma “subrotina que repercute": "Se um determinado um pássaro perde uma luta e tem que fugir 
voando, o seu comportamento se modifica inteiramente. Profundamente deprimido em espírito, humilde, com asas 
caídas e cabeça empoeirada - de qualquer forma, diretamente ao serem derrotados sobrevem uma paralisia, embora 
não se possa detectar qualquer dano físico" (Schjelderup-Ebbe, 1935, p. 966). 
7. Outro estudo experimental foi realizado em 1981 e analisou a reação do espectador ao debate para vice-presidência 
de 1976 entre Robert Dole e Walter Mondale à luz de diferentes conteúdos apresentados (audiovisual, vídeo apenas, 
transcrição, e conteúdos filtrados, em que a fala era ininteligível, mas que refletiam qualidades paralinguísticas). No 
entanto, não houve nenhuma codificação direta do comportamento facial não verbal (Krauss et al., 1981), e, portanto, 
não é aqui utilizado.
8. Os estudos com expressões faciais perto ou abaixo do limiar da percepção consciente demonstraram que 
expressões faciais de emoções como raiva, medo e felicidade impactam a reação emocional de um indivíduo sem a 
sua consciência disso (Masters & Way, 1996; Stewart et al., 2009). 
9. Quando estes dados foram analisados com base na resposta a um comportamento determinado de expressões 
faciais, três fatores foram verificados, com expressões de alegria / confiança conduzindo a um fator composto pelos 
termos fortes, alegre, reconfortante, e interessado; raiva / ameaça levando a um fator composto dos termos irritado e 
chateado; e medo / evasão levando aos termos temerosos, confuso a se associarem a um fator (Lanzetta et al., 1985). 
10. A separabilidade de emoção e cognição, esta última com a primazia, é um dos debates nucleares da psicologia, 
com debates produtivos entre Zajonc (1980, 1982) e Lazarus (1982) tendo colocado esta discussão na vanguarda das 
agendas de pesquisa no início dos anos 80. Isso está, no entanto, para além do escopo do presente documento (ver 
Ekman & Davidson, 1994 para uma excelente discussão sobre as questões fundamentais sobre a natureza da emoção). 
11. Além disso, o efeito de personalidade pode precisar ser considerado também, especialmente à luz do recente 
estudo aplicado on-line sobre as afirmações de Sears (1986), usando um banco de dados de quase 10.000- 
participantes (N> 9.800) para comparar alunos de graduação e uma amostra comunitária ampla, que constatou 
significativas e fortes diferenças entre as amostras (Stewart, 2008). Enquanto Stewart observa que personalidade é um 
fenômeno complexo de mudança, resultado de experiências de vida e idade fisiológica, ela também reconhece um 
elemento de auto-seleção para o ensino superior, que pode desempenhar um papel em influenciar os efeitos dos 
estudos experimentais tais quais discutido aqui. 
12. A atratividade facial tem papel importante para saber se um indivíduo é considerado um candidato líder porque 
afeta inferências sobre a competência e a honestidade no mercado de trabalho, na política e na vida em geral (Mazur, 
2005). 
REFERÊNCIAS 
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Cap. 10 expressar versus revelar preferências na pesquisa experimental

  • 1. Universidade de São Paulo Escola de Comunicações e Artes Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social (PPGCOM) Disciplina: Comunicação Pública e Política: perspectivas teóricas e metodológicas Profª Drª Heloiza Matos e Nobre Estudante: Cristina Paloschi Uchôa de Oliveira – nº USP 3472117 Tradução livre: BUCY e HOLBERT, Erick P. e R. Lance (org.). The Sourcebook for Policital Communication Research: Methods, Measures, and Analytical Techniques. Taylor & Francis: Nova Iorque e Londres, 2011. Cap. 10 (pp. 165-193) O rosto como foco da Comunicação Política Perspectivas evolucionárias e método etológico Patrick A. Stewart Department of Political Science University of Arkansas Frank K. Salter Max Planck Research Group for Human Ethology Andechs, Alemanha Marc Mehu Swiss Centre for Affective Sciences University of Geneva, Genebra, Suíça O significado do rosto para a comunicação política tem sido apreciado há tempo tanto por profissionais quanto por comentaristas, com o rosto expressando não apenas experiência emocional imediata e ato comportamental, mas também refletindo um traço de personalidade. Indivíduos competem por posições de poder e exercem influência em muito por causa de sua habilidade de se comunicar não verbalmente, especialmente por meio do rosto. A comunicação não verbal indica que líderes possuem as qualidades requeridas para que os membros de um grupo cedam controle a eles e que eles têm a capacidade de liderar o grupo em efetivamente enfrentar obstáculos. Por sua parte, a mídia de massa opera como um intermediário entre um líder político e seus/suas seguidores/as presumidos/as , com o oferecimento de um contato face-a-face virtual que remonta às raízes evolutivas do processo de tomada de decisão em grupos pequenos. A importância de líderes provocarem as paixões de seus seguidores é conhecida desde pelo menos Aristóteles (Arnhart, 1981), enquanto o estudo sistemático do rosto e como ele comunica intenções emocionais tem sido feito desde o tempo de Charles Darwin (Darwin, 1872/1998). No entanto, a pesquisa experimental sistemática do potencial da face para afetar a comunicação política encontra suas raízes apenas pouco mais de um quarto de século atrás, com estudos de Friedman e colegas analisando o impacto de expressões faciais de apresentadores de jornais ao discutir candidaturas presidenciais ao longo de campanhas políticas (Friedman, DiMatteo, & Mertz, 1980; Friedman, Mertz, & DiMatteo, 1980) e sua influência nos resultados eleitorais (Mullen et al., 1986). No mesmo período, o Comitê de Estudo Experimental do Comportamento Social e Político (Committee for the Experimental Study of Social and Political Behavior) da Dartmouth College (daqui por diante, chamado de “Grupo de Darthmouth”) por meio de sua agenda de pesquisa sistemática, considerou como espectadores reagiam às expressões faciais de líderes políticos em uma série de experimentos realizados por mais de uma década (Masters, 1989a; Masters, Sullivan, Lanzetta, McHugo, & Englis, 1986; McHugo, Lanzetta, Sullivan, Masters, & Englis, 1985; Sullivan & Masters, 1988). Do mesmo modo, o livro editado de Ellyson e Dovidio (1985) oferece uma primeira referência para entender como abordar o estudo da comunicação política não verbal, por meio da consideração de como a exposição comportamental não verbal se relaciona com a dominância de poder ao longo das diferentes culturas, eras e espécies. Um dos mais importantes indicadores de status de um político como um candidato sério é a atenção, ou o “face time” (tempo de exibição de seu rosto) que consegue na mídia de massa. Essa dominância visual é bem estabelecida como um indicador de status não apenas com humanos, mas com qualquer espécie
  • 2. animal em que há uma estrutura social hierárquica (Chance, 1967; De Waal, 1982; Eibl-Eibesfeldt, 1989; Mazur, 2005; Salter, 1995; Turner, 1997). Para ser escolhido como líder, a pessoa deve parecer e agir como um líder viável; isso, por seu turno, é condicionado por haver outros indivíduos dando atenção. Dominância visual é a chave para candidatos se comunicarem não verbalment e sua capacidade de liderança ao público, sendo o elemento não verbal uma forma mais provável de afetar a resposta emocional de espectadores do que a mesma informação transmitida apenas via áudio, em formato escrito ou em cobertura noticiosa (Exline, 1985; Patterson, Churchill, Burger, & Powell, 1992; Schubert, 1998).1 O rosto é uma fonte de informação especialmente importante não apenas devido a ser o lugar onde os estímulos de cheiro, gosto, visão e escuta são recebidos, mas também por estar sempre visível e oferecendo informação, seja verbal ou não verbal, mesmo em repouso. O rosto oferece informação por diferentes propriedades..2 A primeira prioriedade, estrutura morfológica, é estática, como o tamanho, a forma, a localização de caracteres faciais, seus contornos, oferece informação sobre a identidade e atratividade de um indivíduo. A estrutura morfológica é afetada por sinais naturais (slow signs) como rugas e inchaços, que dão informações sobre idade, e sinais artificiais (artificial signs) , como cosméticos, tatuagens, piercings e cirurgias plásticas, destinadas a mudar os sinais naturais. O grande foco deste capítulo é a propriedade dos sinais rápidos (rapid signs) , nos quais mudanças no tônus muscular, fluxo sanguíneo e temperatura da pele afetam as apresentações do rosto que comunicam estado emocional e intenções comportamentais (Cohn & Ekman, 2005; Schmidt & Cohn, 2001).3 Portanto, este capítulo foca no rosto como o componente-chave da comunicação política, enfatizando expressões flexíveis e momentâneas e que podem sinalizar um traço comportamental, por uma perspectiva etológica. Especificamente, consideramos o principal enquadramento teórico compreender as relações de dominação entre líderes e seguidores e como a comunicação não verbal desempenha um p apel nelas. Particulamente, focamos em categorias -chave de comportamentos de expressão da face. Na sequência, analisamos uma sequência estendida de estudos experimentais publicados que consideram a influência do comportamento não verbal de políticos, sobre temas de pesquisas em termos de estímulos, medidas e pesquisa subjetiva. Seguimos com sugestões para pesquisas futuras, novamente, em termos de estímulos, medidas e temas antes de oferecer comentários conclusivos. QUESTÕES E MÉTODOS EVOLUCIONISTAS Nos primeiros estudos de comunicação política sobre expressões faciais, e os desenvolvidos com inspiração neles, a chave era a apreciação da importância da teoria evolucionária para entender constantes no comportamento político e uma interdisciplinaridade largamente assentada nas ciências naturais. Espécies de mamíferos não humanos, especialmente primatas, ofereceram insights e ainda apresentam modelos de comportamento para atividades políticas humanas. Essa perspectiva “biobehaviorista” (biocomportamentalista) deriva fortemente da etologia clássica e difere das perspectivas tradicionais que focam principalmente nas influências próximas sobre o comportamento político por meio da consideração de quatro diferente tipos de questões. Essas questões são separadas, ainda que não mutuamente excludentes, e consideram não apenas causalidades próximas, pela observação do comportamento de indivíduos, mas também causalidades últimas, que consideram tanto os níveis de comportamento individual quanto populacional (Lehner, 1996). Esses quarto tipo de questões sobre comportamento foram apresentadas pelo etologista Niko Tinbergen em seu trabalho seminal, um paper de 1963, que tratava de causalidades próximas, desenvolvimento ontogenético, raízes filofenéticas e causalidades últimas (Barrett, Dunbar, & Lycett, 2002; Lehner, 1996; Tinbergen, 1963). Os dois primeiros consideram causalidades aproximadas (“proximal”) do comportamento individual. Causalidades primeiras (“proximate”) consideram o que motiva um indivíduo a se comportar de uma maneira específica num determinado momento, a partir de perguntas relativas aos mecanismos que produzem diferentes tipos de comportamento. Desenvolvimento ontogenético observa as raízes do desenvolvimento e do comportamento ao longo do tempo de vida de um indivíduo; em outras palavras, verifica se existem tendências inatas na criação ou no desenvolvimento de um indivíduo ao longo de sua vida que desencadeiam comportamentos específicos. Tanto fatores ambientais quanto internos são considerando ontogenia, embora ambos estejam interligados e sejam difíceis de separar, especialmente porque a ontogenia se opera ao longo da trajetória de vida de um indivíduo (embora com o desenvolvimento mais importante ocorrendo no início da vida). As duas últimas questões se identificam fatores de causas últimas, com o entendimento de que questões respondidas no nível um de análise podem não criar uma base válida para generalização para outro nível (Peterson & Somit, 1982). A terceira questão considera como o comportamento se desenvolve numa espécie ao longo de sua história e analisa suas raízes filogenéticas ao considerar diferenças de comportamento entre várias espécies que com vínculos próximos. Causalidades últimas dizem respeito à
  • 3. causa funcional de um comportamento em termos de como ele promove a passagem dos genes de um indivíduo para futuras gerações (Barrett et al., 2002; Lehner, 1996; Tinbergen, 1963).4 QUESTÕES METODOLÓGICAS A capacidade de responder cada uma dessas quatro questões postas é limitada pelas ferramentas que podem ser usadas em termos de planejamento de pesquisa e pelos parâmetros utilizados. Seja como for, um necessário primeiro passo para compreender o comportamento humano e observá -lo e medi-lo. Como afirmado por Tinbergen “[C]ontempt for simple observation is a lethal trait in any science...” (1963, p. 412) [desprezo pela simples observação é um traço letal em qualquer ciência...]. Na sequência disso está a experimentação de testar o quanto mudanças nos parâmetros podem influenciar a ocorrência de t ipos específicos de comportamento. Ambas estas abordagens têm limitações, que incluem o efeito da observação no comportamento, seja no campo ou no laboratório, saber o que medir e empregar a métrica própria, escolher uma amostra com números adequados, e observar comportamentos por uma quantidade suficiente de tempo e em condições que permitam verificar eventos recorrentes e ambientes que podem influenciar resultados (Peterson & Somit, 1982). Outras dificuldades dizem respeito a limitações éticas quando da experimentação em humanos. Dado que o maior esforço de pesquisa se direciona a aferir uma “natureza humana” permitindo inferências a serem feitas sobre todos os humanos, experimentos “verdadeiros” que alterem o “comportamento humano” são raros.5 Em vez disso, a grande maioria de experimentos tenta alterar a informação contextual / ambiental. Além disso, enquanto as questões de validade interna, com base em como um projeto de pesquisa está configurado e realizado, são sempre pontos de preocupação, a maior crítica de estudos experimentais é sobre sua validade externa (Barrett et al., 2002; Hansen & Pfau, this volume); em outras palavras, podem os resultados ser aplicados ao “mundo real” com credibilidade? Questões específicas dizem respeito se as pessoas vão fazer o que declaram em entrevistas ou escrevem em questionários ou se a lista de assuntos tem diversidade suficiente para refletir diferenças. Isto pode causar estragos na validade externa dos resultados. Portanto, a maioria das pesquisas, predominantemente experimentais, consideram causalidades próximas para entender por que as pessoas tomam as decisões que tomam. Contudo, tanto estudos de observação quanto pesquisas experimentais considerando mudanças de desenvolvimento ao longo da experiência de vida de um indivíduo (ontogenética) e comparações entre espécies (filogenética), especialmente com primatas socializados próximos a humanos, são muito úteis para a compreensão de comportamento. No primeiro caso há um entendimento de como indivíduos interagem com seu ambiente e mudam no desenvolvimento de modos (Panksepp, 1998). No último, primatas sociais como bonobos (Pan paniscus) e chimpanzés (Pan troglodytes) são vistos como espécies tão próximas a fornecer insight para o comportamento que podem ter herdado de um ancestral comum (Chance, 1967; De Waal, 1982; Eibl- Eibesfeldt, 1989; Parr, Waller, & Fugate, 2005; Preushoft & Van Hooff, 1997; Van Hooff &Preushoft, 2003; Waller & Dunbar, 2005). ABORDAGEM ETOLÓGICA SOBRE EXPRESSÕES FACIAIS DE EMOÇÃO Os seres humanos são uma espécie socialmente instável em que os indivíduos apresentam um forte desejo dominar socialmente os outros, mas desistem da oportunidade em nome de impedir os outros de dominá-los. Assim, enquanto se tornam estabelecidas relações com fortes dominâncias hierárquicas, nas quais líderes exercem poder coercitivo para produzir submissão pela prática do “classifique -e-arquive” (rank-and- file) (Somit & Peterson, 1997), também parece haver um ímpeto de compensação no sentido de uma “anti-hierarquia” na qual o igualitarismo reina (Boehm, 1999). Especificamente, existe um receio de que líderes ultrapassem seus limites de controle e uma série de grupos conta com sanções sociais em resposta a líderes que tentem exercer sua autoridade para além das normas do grupo (Boehm, 1999). Aqueles que desejam se tornar líderes devem comunicar a “ausência de arrogância, de autoritarismo, de ostentação e indiferença pessoal” (p. 69) e “defender uma combinação de não-aggressividade, generosidade e emoções amigáveis” (p. 234). Portanto, líderes potenciais devem exibir não só a habilidade de dominar outros, seja em resposta a ameaças internas à paz do grupo ou ameaças externas a seu bem-estar, mas também a capacidade de arregimentar membros para o grupo. O comportamento de expres sões faciais de líderes, e daqueles que esperam vestir o manto da liderança, então deve ser capaz de comunicar tanto traços agonísticos quanto hedonísticos. Entretanto, circunstâncias determinam que tipo de comportamento de aparência é apropriado e deve predominar (Bucy, 2000; Bucy & Bradley, 2004; Bucy & Grabe, 2008; Bucy & Newhagen, 1999).
  • 4. Pesquisas etológicas sobre figures políticas desenvolvidas pelo Grupo de Darthmouth (Lanzetta et al., 1985; Masters, 1989b; Masters, Sullivan, Lanzetta, McHugo, & Englis, 1986) e elaboradas por Salter (1995) sugerem uma tipologia de aparências emocionais baseadas tanto em se a circunstância social é competitiva ou não competitiva e a posição no ranking ocupada pelo sujeito que aparenta. Especificamente, existe a expectativa de que indivíduos dominantes manifestem comportamento raivoso/ameaçador em situações agonísticas/competitivas, enquanto indivíduos submissos apresentem medo e sucumbam. A habilidade de sinalizar ameaça e sumissão pelas respectivas partes beneficiadas t anto por assegurar ordem social e a ausência de perigo de danos sérios ou morte, que ocorreria a nenhuma ou ambas as partes se a expressão do comportamento não fosse codificada ou interpretada com sucesso. Nessas situações não competitivas nas quais indivíduos se afiliam ao grupo, indivíduos dominantes em geral apresentam taxas mais altas de felicidade/reafirmação, enquanto membros do grupo de status mais baixos evitam o conflito potencial e/ou interação social a partir da exibição de taxas mais altas de comportamento triste/apaziguado, ambos contra um contexto de impacto neutro (Salter, 2007/1995, p. 145). Tal comportamento aparente beneficia os membros do grupo por meio do fortalecimento de coalizões a partir de exibições compartilhadas de não competitividade e afinidades pessoais. Entretanto, na medida em que líderes ou concorrentes a posições de liderança apresentam comportamento de submissão ou resignação, haverá um enfraquecimento concomitante das atribuições de seu papel (Bucy & Bradley, 2004; Bucy & Grabe, 2008). Uma característica interessante das abordagens etológicas e outras evolucionárias é sua ênfase em comportamentos universais. Isso melhora as perspectivas de descobrir princípios da comunicação presentes em todas as culturas. Salter (2007/1995) ressalta um ponto quando define categorias de observação de comportamento não verbal em seu estudo sobre hierarquias de comando. Por exemplo, dominação é uma coisa que frequentemente foi associada a movimentos tranquilos e relaxados (e.g., Knipe & Maclay, 1972). Mas há exceções, e a associação da dominação tanto com comportamentos aparentes brutos e suaves, agressivos e afiliativos sugere que liderança pode requerer habilidade para combinar ou misturar diferentes sinais gestuais de uma maneira funcional. Em particular, líderes mostram-se com habilidades sociais para selecionar comportamentos não verbais apropriados em encontros agonísticos e afiliativos (de Waal, 1982; Sapolsky, 1990; Tiedens & Fragale, 2003). Ao longo dessas linhas, Palagi e seus colegas desenvolveram extensa pesquisa de observação com bonobos (Palagi, Paoli, & Tarli, 2004), lêmures (Palagi, Paoli, & Tarli, 2005), chimpanzés (Palagi, Cordoni, & Tarli, 2004), e gorilas (Cordoni, Palagi, & Tarli, 2006), destacando a importância de reconciliações pós-conflito e consolação pela coesão e harmonia do grupo. O comportamento agonístico é tipicamente seguido por encontros afiliativos para manter a ordem do grupo. Embora essa pesquisa tenha se focado em comportamento amplamente definido, express ões faciais de primatas são reconhecidas como sendo “altamente conservadas”, ou seja, constante em diferentes espécies, ainda que com diferenças em sua função social, desde pelo menos a obra The Expression of the Emotions in Man and Animals [A Expressão das Emoções em Homens e Animais] de Darwin (1872/1998) (v. também De Marco, Petit, & Visalberghi, 2008; Preuschoft & van Hooff, 1997; van Hooff & Preuschoft, 2003; Visalberghi, Valenzano, & Preuschoft, 2006). Comparações cruzadas entre espécies foram complementadas pelo desenvolvimento de ChimpFACS, uma ferramenta de observação padronizada que permite comparação estrutural direta de comportamentos de expressões faciais de humanos e chimpanzés com base na musculatura facial (Parr et al., 2007; Parr, Waller, & Fugate, 2005; Parr, Waller, & Vick, 2007; Vick et al., 2007). O rosto, assim, é o primeiro meio de comunicação que tem características universais. Nas diferentes populações humanas, parece haver um consenso no que diz respeito ao significado emocional atribuído a expressões faciais particulares (Ekman & Oster, 1979), com os movimentos musculares subjacendo essas configurações emocionalmente significativas nas regras de aparência, quando uma configuração facial prototípica e exibida ela tem um significado entre culturas (Marsh, Anger-Elfenbein, &Ambady, 2003). Scherer e Grandjean (2008) recentemente sugeriram que esse efeito poderia se dare m razão do fato de que palavras de emoção (assim como componentes de emoção) estão mais prontamente disponíveis para realizar julgamentos sobre rostos do que outras categorias, como motivos sociais e tendências de ação. Das seis emoções básicas identificadas por Ekman e outros (Ekman & Friesen, 2003) como presentes em expressões faciais prototípicas (surpresa, medo, nojo, raiva, felicidade e tristeza), quatro estão estreitamente ligadas a relações de dominação, enquanto afiliativas (felicidade-reafirmação e tristeza-resignação) ou agonísticas (raiva-ameaça e medo-evasão). No entanto, o significado preciso de uma express ão facial geralmente depende do contexto. Por exemplo, um sorriso pode expressar dominação ao mesmo tempo que sumissão e funcionar como um cumprimento ou convite a jogar ou interagir socialmente. Um sorriso pode também ser usado instrumentalmente para comunicar esses significados ainda que o emissor não esteja se sentido feliz. O significado de um sorriso
  • 5. ou outra expressão facial depende dos interagentes da relação e da configuração social. O sorriso de um líder pode funcionar para tranquilizar um subordinado de que a punição não está pendente. De um subordinado, um sorriso é mais provavelmente um sinal de disposição para cooperar (Salter, 2007/1995; Salter, Grammer, & Rikowski, 2005). Mudanças sutis em sorrisos podem também ser ligados a diferentes significados, como afiliação entre pares ou rendição a outros com dominância maior, dependendo do contexto (Mehu, Grammer, & Dunbar, 2007; Mehu & Dunbar, 2008a). Na próxima seção revisitamos a elaboração de Salter (2007/1995) sobre a tipologia do Grupo de Darthmouth (Masters et al., 1986) para comportamento de expressão facial, que tem tido suas categorias de observação usadas para estudos de campo, análise de conteúdos de mídia e experimentos que avaliam a influência da aparência de líderes. EXPRESSÕES FACIAIS AFILIATIVAS Comparação de Primatas Em diferentes espécies primatas o espírito afiliativo é sinalizado por postura e olhar variáveis, enquanto os movimentos corporais são suaves (van Hooff, 1973; de Waal, 1982). A cabeça geralmente se inclina ou pende para um lado em estado de espírito feliz. No entanto, as aparências faciais são cruciais nas sociedades primatas para sinalizar as intenções comportamentais e assim moldar as interações e relações de filiação, apego e resignação. Três padrões faciais se destacam ao ser usados mais frequentemente em encontros de agremiação de primatas: estalo de lábios, boca aberta relaxada e, com variações a serem discutidas mais tarde, a exibição silenciosa de dentes. A primeira expressão, estalo de lábios (beijo) é mais proximamente as sociada com cumprimento e consiste em (1) sobrancelhas elevadas, (2) pálpebras suspensas (ou não fechadas, com chimpanzés); (3) olhares evitados ou não fixos; (4) boca não fixa, mas variada entre aberta e fechada; (5) lábios relaxados e mostrando pelo menos alguns dentes; (6) cantos de boca variáveis; (7) cabeça inclinada para cima; e (8) movimentos suaves do corpo (De Marco et al., 2008; van Hooff, 1969; Visalberghi et al., 2006). A boca aberta relaxada e o silencioso exibir de dentes, embora específicos de alguns humanos não primatas, é vista também como comportamento convergente em humanos que realizam funções filiativas, embora recentes pesquisas sugiram que há níveis maiores de conservação desses dois caracteres de exibição no comportamento social. Especificamente, a aparência de boca aberta relaxada, na qual os cantos dos lábios ficam esticados e a boca aberta, é vista em várias espécies primatas e é usada como indicador de disposição para desempenhar (De Marco et al., 2008 Preuschoft & van Hooff, 1997; van Hooff & Preuschoft, 2003; Visalberghi et al., 2006; Waller & Dunbar, 2005) e, em macacos Tonkin (Preuschoft & van Hooff, 1997), macacos-prego (De Marco et al., 2008), e chimpanzés (Waller & Dunbar, 2005), comportamento gregário. A exibição silenciosa de dentes, que também é associada a comportamento de submissão/ resignação, é usada com a iniciação do contato e outro comportamento gregário e é indicada pelos cantos da boca sendo empurrados para mostrar os dentes de cima e de baixo em posição fechada (De Marco et al., 2008 Preuschoft & van Hooff, 1997; van Hooff & Preuschoft, 2003; Visalberghi et al., 2006; Waller & Dunbar, 2005). Felicidade/tranquilidade Nas aparências humanas de felicidade/reafirmação, gestos não ameaçadores se combinam com ações faciais de reafirmação como sorrisos e elevação de sobrancelhas (Eibl-Eibesfeldt, 1989; Kleinke, 1986). Esses comportamentos seguem o padrão geral com primatas. Uma face sorridente pode induzir uma expressão similar e humor correspondente no observador e aliviar o impulso de fugir. Assim, um sorriso pode agir para neutralizar a agressão e funcionar como um cumprimento eficaz. Morris (1977) observou que o reconhecimento humano de resposta consiste em um sorriso, um “flash” de sobrancelha (com duração de cerca de um sexto de segundo), inclinação da cabeça, saudação, aceno, e abraço intencional. Os três primeiros são quase sempre presentes e ocorrem simultaneamente, enquanto os três últimos são mais variáveis entre as situações e culturas. Eibl-Eibesfeldt (1979) identificou características salientes em aparência de cumprimentos como contato inicial olho, seguido pelo movimento de cabeça e “flash” de sobrancelha, seguido por um ou mais acenos com a cabeça. O sorriso é frequente, mas não sempre presente. O “flash” de sobrancelha comunica concordância em vários contextos, incluindo concordância para o contato social. Grammer, Shiefenhovel, Schleidt, Lorenz, e Eibl-Eibesfeldt, (1988) descreveram sorrisos como uma ferramenta de “marcação social” usada para enfatizar o significado de outros sinais, faciais, gestuais e verbais. A natureza do cumprimento visual é consistente com o princípio de Darwin
  • 6. (1998/1872, Capítulo 2) de antítese, sendo a aparência de saudação o oposto do comportamento agonístico, raivoso/ameaçador. A boca é um indicador importante de intenção filiativa, por meio da aparência de felicidade/reafirmação do sorriso. Entretanto, há muitos diferentes tipos de sorriso que podem ser distinguidos por movimentos de boca variáveis (Brannigan & Humphries, 1972), ou pela coativação da órbita ocular, um conjunto de músculos que circundam o olho e produzem a elevação das bochechas e rugas de pés -de-galinha quando estimulados (Duchenne de Boulogne, 1862; Ekman & Friesen, 1982). Outra aparência afiliativa que envolve a boca é a boca aberta relaxada, que é principalmente observada em interações recreativas e promove relações filiativas (Preushoft & van Hooff, 1997; van Hooff & Preushoft, 2003; Waller & Dunbar, 2005). A co-ocorrência da boca aberta relaxada e a exibição silenciosa de dentes alinhados (evidente durante a risada) é particulamente saliente em relações igualitárias em que esses comportamentos funcionam para fortalecer laços sociais. Em complemento, pesquisa recente sugere que diferentes tipos de sorriso têm diferentes funções em interações sociais (Mehu & Dunbar, 2008a), em que sorrisos baseados em emoções podem funcionar para regular relações cooperativas por meio do anúncio de intenções altruístas (Brown, Palameta, & Moore, 2003, Mehu et al., 2007; Mehu, Little & Dunbar 2007). Essa emancipação funcional da exibição silenciosa de dentes pode ser interpretada como resultado de pressões seletivas impostas por uma organização social cada vez mais complexa (Parr, Waller, & Fugate, 2005; Preuschoft & van Hooff, 1997). Relações hierárquicas baseiam-se na capacidade de assinalar a posição social de alguém na hierarquia e, portanto, evitar conflitos potencialmente danosos. Neste caso, é importante ter sinais explícitos de poder e submissão distintos de sinais de filiação e cooperação. Em relações igualitárias, a necessidade de sinais distintos para poder, submissão e filiação é consideravelmente menor porque recompensas dependem muito de esforço colaborativo, portanto, da força do vínculo social. Isso explica por que sorriso e o riso são usados alternadamente em relações igualitárias, enquanto que ambas as expressões são usadas separadamente em contextos hierárquicos (Mehu & Dunbar, 2008b; Preuschoft & van Hooff, 1997). Tristeza/condescendência A tristeza tem sido interpretada para servir a função de um comportamento condescendente que acalma um agressor, reduzindo ainda mais o risco de ataque futuro e permitindo que o indivíduo vencido a permanecer no grupo. A função anterior foi associada à angústia da separação em crianças por Plutchik (1980, pp. 322–326; v. também Darwin, 1998/1872, Capítulo 6). A hipótese da condescendência, de Price e Sloman (1987), interpreta que o comportamento individual triste como a segurança de que o adversário é incapaz de “se vingar” e que, portanto, merece cuidado e preocupação.6 Com raras exceções, demonstrar tristeza é um comportamento inaceitável por nossos líderes. Por exemplo, o Senador Edmund Muskie, candidato líder pelo Partido Democrata à eleição presidencial, viu sua campanha perder o trilho ao ser visto chorando em resposta a um ataque de sua esposa. Por outro lado, a aparente tristeza do Presidente Gorge W. Bush ao longo da vigília dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 foram vistas como adequadamente empatia. Descrições de tristeza são muito concordantes. Além dos cantos de boca apontados para baixo, a cara triste tem como característica a parte interna das sobrancelhas se levantando e se juntando, formando uma ruga em forma de “U” invertido no centro da testa. Os olhos se destacam pela pálpebra superior interna delineada e com a pálpebra inferior aparecendo levantada (Darwin, 1998/1872, pp. 177–178; Ekman & Friesen, 2003, p. 117). Darwin considerava as sobrancelhas e as linhas horizontais da testa como os maiores sinais de tristeza ou pesar, chamando os músculos responsáveis de “músculos do pesar” (1998/1872, p. 179) e concluiu, por evidências de estudos que cruzavam diferentes culturas, que esta última configuração era universal. Enquanto a tristeza é relativamente bem reconhecida em diferentes culturas, a precisão proporcionada a pesquisadores pela medição eletromiográfica da atividade muscular permite uma análise mais rigorosa da expressividade emocional do que as expressões visíveis. Notavelmente, no caso da tristeza/condescendência o músculo corrugador do supercílio, que se põe lateralmente acima e em cada lado do nariz, é geralmente associado a expressões de tristeza, pesar, sofrimento e é certamente ativado pelo humor depressivo. EXPRESSÕES FACIAIS AGONÍSTICAS Comparações entre primatas Características comuns da raiva-ameaça apresentadas em primatas não humanos, a cara de ameaça boca-aberta, foram categorizados por van Hooff (1969) e incluíam o olhar em direção fixa (diretamente ou
  • 7. desviando dos outros) e boca tensa, com sobrancelhas abaixadas em macacos. Em geral, o comportamento agonístisco é marcado por tens ão corporal maior do que em estado de felicidade-reafirmação. Na aparência de raiva-ameaça, primatas dominantes pendem a cabeça adiante, completando a transição para o ataque com movimentos bruscos ou repentinos. Essas aparências tendiam a ser usadas instrumentalmente em conjunção com comportamento agonístico contra membros de posição mais baixa para provocar manifestações submissas (Visalberghi, Valenzano, & Preuschoft, 2006), embora em macacos-prego a cara de ameaça boca-aberta seja frequentemente encontrada com a mesma resposta (De Marco, Petit, & Visalberghi, 2008). Todavia, essa aparência não é encontrada com comportamentos brincalhões ou afiliativos (De Marco et al., 2008; Visalberghiet al., 2006). Expressões identificadas unicamente com submissão incluem olhar desviado, cabeça orientada afastada do dominante e pálpebras fechadas (Marler, 1965, p. 571). Características comuns dos primatas com expressão de medo-submissão, a aparência de dentes alinhados silenciosos, incluem, como discutido acima, boca aberta, lábios retraídos verticalmente para expor a maior parte dos dentes, e cantos da boca completamente retraídos (De Marco et al., 2008; Preuschoft 1992; Vis alberghi et al., 2006). Essa aparência é flexível, sendo vista usada para indicar condescendência em Rhesus e macacos de rabo longo, macacos-cinomolgo, macacos-de-gibraltar, macacos Tonkin, chimpanzés e humanos (Preushoft & van Hooff, 1997); entretanto, essa expressão é dependente de context, não sendo associada a comportamento submissivo ou em resposta a agressão em “tufted macaques” (De Marco et al., 2008) ou macacos-preto (Visalberghi et al., 2006). Especificamente, como postulado por van Hooff e Preuschoft, a intenção dessa expressão é flexível, com base no contexto social, neste caso o quanto as espécies ou a convivência social são igualitárias ou hierárquicas (Preuschoft & van Hooff, 1997; van Hooff & Preuschoft, 2003). Raiva/Ameaça Em humanos, raiva/ameaça é uma aparência emocional relativamente não ambígua e imediatamente decodificada, como enfatizado pela descrição de Ekman da expressão de raiva sobrancelha -baixa (v. Box 10.1) aplicada em diferentes culturas humanas (Ekman, Friesen, & Ellsworth, 1972). Com base em extensas observações transculturais , Eibl-Eibesfeldt (1989, pp. 370–371) descreveu a aparência humana de ameaça como um olhar fixo acompanhado por sinais de confiança, com as sobrancelhas levantadas ou abaixadas. A literatura psicológica sustenta a visão de que os olhares se tornam especialmente ameaçadores quando acompanhados por dinâmicas associadas com sorrisos ou atratividade física (Kleinke, 1986). Psicólogos sociais documentaram vastamente como indivíduos dominantes encaram mais que outros em situações competitivas (Dovidio & Ellyson, 1985; Exline, Ellyson, & Long, 1975). O olhar é mais ameaçador, medido em níveis de excitação, quando os olhos estão em plano horizontal. Assim, um olhar horizontal de olhos arregalados é característico de ameaça e parece projetar raiva (Morris, 1967, pp. 162–163). Em complemento a (e certamente por causa de) comunicar ameaça, comportamentos agressivos atraem atenção. Indivíduos dominantes são mais adeptos e desfrutam de mais liberdade para realizar gestos e táticas agressivo como um meio de marcar o território. E dominância, uma vez alcançada, é centro das atenções por si mesma. Atratividade visual sinaliza poder social de tal forma que quanto maior a quantidade da atenção visual dado a um indivíduo, menor o estatuto do observador em relação ao foco de atenção (Hold-Cavell, 1992). Da mesma forma, experimentos descobriram que os indivíduos dominantes olham mais para seu público ou interlocutor enquanto fala, mas menos quando ouvem indivíduos com status menor (Dovidio & Ellyson 1985;. Exline et al, 1975). Medo/Submissão De uma perspectiva evolucionista, de encontros entre estranhos geralmente surgem sinais de medo-submissão desde que humanos são adaptados a grupos pequenos, íntimos. Essa regra é sustentada por evidências fisiológicas que indicam o aumento da ansiedade nos participantes abordados por estranhos (McBride, King, & James, 1965). Um estudo de observação verificou que em mais de 90% das interações observadas entre estranhos, indivíduos apresentaram combinações de evitar olhares, comprimir lábios e morder lábios; mostrar a língua e encostar a língua na bochecha; manipulações mão -no-rosto, mão-na-mão e mão-no-corpo; e posturas envolvendo flexão e abdução dos membros superiores (Givens 1981, p. 222). Estas "atividades de deslocamento" auto-dirigidas servem como medidas comportamentais de estresse social em seres humanos e primatas não-humanos (Troisi, 2002). A descrição de Ekman para os sinais faciais de medo tem as pálpebras em configuração similar à expressão de raiva, deixando a combinação de sobrancelhas levantadas e a boca horizontalmente esticada como a característica mais distintiva das expressões faciais de medo (Ekman & Friesen, 2003). Diversas configurações de boca são consistentes com a descrição de Ekman de lábios horizontalmente esticados. Por exemplo, a aparência da boca comprimida associada com ansiedade em interações com estranhos e
  • 8. outras interações sociais desagradáveis (Givens, 1981; Grant, 1969; Smith, Chase, &Lieblich, 1974; Stern & Bender, 1974). E sorrisos, como mencionado anteriormente, podem expressar condescendência (Eibl- Eibesfeldt, 1989, pp. 466–467; Ekman, Friesen, & Ancoli, 1980; Ekman, Friesen, & O’Sullivan 1988; Mehu & Dunbar, 2008b; Waller & Dunbar, 2005). Dado que expressões submissivas ou amedrontadas envolvem a sobrancelha abaixada similar a expressões de raiva, embora com uma aparência enrugada, sinais complementares de orientação da cabeça e do olhar dão importantes pistas do contexto. Em contraste com a raiva, o queixo é reduzido e é evitado o olhar, como pode ser visto com crianças em diferentes culturas (Konner, 1972; McGrew, 1972; Stern & Bender, 1974). A aversão do olhar pode ser usada para diminuir o estresse. De fato, pesquisa ligou excitação aumentada com olhar de estranhos em situações ameaçadoras (Kleinke, 1986). Enquanto o olhar contínuo é antipático, aqueles que evitam o olhar durante a conversação são julgados como defensivos, evasivos, nervosos ou com falta de confiança (Kraut & Poe, 1980). RESPOSTAS DE ESPECTADORES A EXPRESSÕES NÃO VERBAIS DE LÍDERES Estudos investigando o comportamento aparente não verbal de líderes políticos utilizaram estas e outras categorias de expressões em análises de conteúdo longitudinais de campanhas eleitorais, assim como pesquisa experimental que segue subsidiando nosso entendimento de política e liderança. Ao longo do tempo, métodos e medidas de investigação ficaram mais sofisticados e atingiram mais validade (ecological validity).Especificamente, pesquisas feitas desde meados da década de 1980 apresentaram-se com mais validade externa em termos de estímulos empregados, mais experiente na medição de respostas do espectador e mais consciente da necessidade de testar uma grande variedade de participantes. A seção seguinte repassa estudos realizados e publicados ao longo do último quarto de século que tratam de reações do espectador a expressões não-verbais de líderes. Dá-se atenção à forma como o estímulo da face é apresentado em pesquisa experimental, como as variáveis dependentes são medidas, e quem são os participantes do estudo experimental (ver Tabela 10.1). Como pontuado por Masters et al. (1986, p. 323), pesquisas a respeito do comportamento da express ão facial leva a três diferentes questões: (1) se o ator realmente sente a emoção que apresenta – em outras palavras, se a aparência é genuína; (2) o quanto observadores atribuem intenções ao ator em termos de como pretende atuar; (3) o quanto as expressões realmente apresentam reações emocionais em observadores. Enquanto a primeira questão só pode ser inferida, dado que políticos certamente dominaram a arte de mascarar seu estado interior enquanto apresentam expressões socialmente apropriadas, as duas últimas podem ser empiricamente investigadas por meio de pesquisa experimental. Por consequência, o estudo do comportamento das expressões faciais não se limita apenas à avaliação do estado emocional do ator (Fridlund, 1994, 1997), mas também trata da dinâmica social de comunicação que pode ocorrer com ou sem percepção consciente por parte do observador. TABELA 10.1 – Aparências emocionais no contexto da classificação COMPORTAMENTO E FISIOLOGIA Agonístico (competitivo) Gregário (não competitivo) Classificação Dominante Raiva - ameaça Fel icidade - confiança Submisso Medio - submissão Tristeza - resignação Fonte: Modificado de Masters et al. (1986) com a adição de tristeza / resignação. De Salter, 1995, p. 144. O Rosto como Estímulo Experimental A análise de influência de expressões não verbais de líderes em espectadores pode ser agrupada em duas categorias. O primeiro agrupamento considera a influência do comportamento não verbal de candidato presidencial durante debates televisionados .7 A análise de Exline (1985) de sinais não verbais enfáticos do Presidente Gerald Ford e do governador Jimmy Carter em seu primeiro debate de 1976 e o estudo de Paterson et al. (1992) sobre o segundo debate Reagan-Mondale verificaram que movimentos que refletem tensão ou estresse afetam o quanto os candidatos são favoravelmente avaliados em se us respectivos debates. Esses indicadores não verbais de estresse incluíam piscadas de olhos, deslocamento e direção do olhar, fala desajeitada, acenos de cabeça, inclinação corporal e gestos com as mãos, além de gestos afetivos, como movimentos de sobrancelha e sorrisos e demonstraram-se como tendo uma influência sobre as percepções dos participantes sobre os candidatos presidenciais. A segunda abordagem, usada pelo Grupo de Dartmouth e pesquisadores subsequentes, olha a abordagem apresentada acima, com orientação mais teórica, com estudos interculturais, de desenvolvimento e
  • 9. interespécies para a derivação de três expressões faciais prototípicas: felicidade/tranquilidade, raiva/ameaça e medo /evasão, bem como uma expressão neutra, como ponto de referência. Enquanto os primeiros estudos realizados sobre o tema focavam na influência das expressões prototípicas (Masters & Sullivan, 1989; McHugo et al., 1985; Sullivan & Masters, 1988), os realizados posteriormente consideravam intensidade e valência do comportamento das expressões (Bucy, 2000; Bucy & Bradley, 2004; Bucy & Newhagen, 1999; McHugo, Lanzetta, & Bush, 1991), e passaram do foco exclusivo nas expressões do líder ao estado de expressões faciais em relação a contextos específicos de notícias, particularmente notícias sobre crises nacionais (Bucy, 2000, 2003; Bucy & Bradley, 2004; Bucy & Newhagen, 1999; Sullivan & Masters, 1994), dando à pesquisa experimental maior validade externa. A seleção de estímulos de tratamento, de noticiários noturnos e outras fontes acessíveis publicamente, pode ser vista como contribuição para a validade externa desses estudos. Figuras políticas nacionalmente conhecidas representam estímulos altamente destacáveis, devido à sua visibilidade pública e à capacidade destas figuras, uma vez no poder, de influenciar a resultados políticos por meio de sua liderança. Como observado por Masters (1989a), o contexto é importante para a interpretação e para o poder dos estímulos. Os políticos apresentados em uma situação de concorrência, como em um debate, são vistos de forma diferente do que quando sozinhos. Da mesma forma, políticos que não ocupam cargos públicos no momento terão menos relevância para o espectador do que aqueles atualmente em exercício e exercendo influência (Way & Mestres, 1996a, 1996b). Com a exceção das sequências de 9 e 10 minutos dos debates presidenciais de Exline (1985), a duração de tratamentos experimentais sobre a dinâmica de expressões faciais geralmente dura entre 30 e 75 segundos. O mapeamento da prevalência e influência de sinais não verbais apresentados em notícias leva em consideração um entendimento explícito da estrutura das notícias de televisão e como elas são apresentadas (v. Grabe & Bucy, 2009). Além das expressões dos candidatos, a influência das express ões do/a apresentador/a foi estudada. Trabalhos iniciais de Friedman e outros examinaram a “tendência” percebida nas expressões faciais do/a apresentador/a de notícias da rede a respeito dos candidatos presidenciais Gerald Ford e Jimmy Carter durante as eleições de 1976. De cinco âncoras de redes analisados, um (John Chancellor) mostrou mais positividade facial de julgamento de Gerald Ford e três (Walter Cronkite, David Brinkley, and Harry Reasoner) para Jimmy Carter. A quinta âncora (Barbara Walters) não apresentou diferenças significativas. Com apenas um/a âncora exibindo maior positividade quando o conteúdo verbal das notícias era considerado (a favor de Ford), a “tendência” da mídia pode ser percebida mais precisamente na expressividade facial de apresentadores/as do que no conteúdo semântico de suas narrativas (Friedman, DiMatteo, & Mertz, 1980; Friedman, Mertz, & DiMatteo, 1980). Trabalho subsequente de Mullen e outros verificou que expressões de apresentadores/as podem ter desempenhado um papel no comportamento de definição de voto, com o âncora da rede ABC, Peter Jennings, exibindo forte viés a favor de Ronald Reagan em relação a Walter Mondale em seu comportamento facial quando apresentando o noticiário. Quando realizaram uma enquete (survey) telefônica em quatro diferentes mercados de mídia, havia uma diferença significativa de padrões de votos entre os entrevistados que assistiam ABC, com maior inclinação a votar em Reagan (Mullen et al., 1986). Um resultado interessante dessa pesquisa é que o efeito da expressão do líder pode ser modificado via um efeito visual primário que precede imediatamente o estímulo evidenciado. A sensibilidade do espectador a sinais emocionalmente relevantes e sutis, se não subliminares 8 de 33 milissegundos antes de ver múltiplas figuras políticas foi documentada em estudos experimentais por Way e Masters (1996a, 1996b), que verificaram que esses breves estímulos apenas afetavam participantes quando vendo o Presidente democrata Bill Clinton comparado com democratas menos proeminentes (Earnest Hollings, Reubin Askew, e Walter Mondale), sugerindo maiores níveis de potencial de atenção a líderes. Um estudo sobre “microexpressões” de emoção no rosto do presidente George H. W. Bush durante seu discurso de 1991 ao público americano, declarando sua intenção de atacar o Iraque em resposta à invasão do Kwait, verificou que diversas expressões faciais inapropriadas de menos de 1 segundo cada levaram a respostas emocionais desconfiadas em espectadores, reforçando a sensibilidade de espectadores a pequenas fatias de comportamento não verbal problemático por líderes em tempos de crise (Stewart, Waller, & Schubert, 2009). Medidas Enquanto a maioria dos estudos em ambos os grupos utilizou itens de “autodeclaração” (self-report) e escalas para avaliar efeitos experimentais, o uso de medidas psicofisiológicas e latência de resposta também foi visto em vários dos estudos considerados neste estudo, indicando a importância do uso de
  • 10. métodos múltiplos para mensurar as reações de espectadores. Medidas complementares permitem que pesquisadores confirmem padrões de reação a partir de vários pontos de vista, quer para determinar o valor do sinal ou o significado das expressões do líder tal qual percebido pelos observadores ou reações cognitivas, emocionais fisiológicas de observadores face ao comportamento da aparência de políticos (Mestrado et al., 1986). Os estudos também examinaram avaliações de espectadores de políticos de forma mais geral, normalmente na forma de termômetros de sentimento, e empregaram avaliações de traço, incluindo medidas de competência, honestidade, confiabilidade, atratividade, capacidade de liderança e simpatia, entre outros. Através do uso de múltiplas medidas , os pesquisadores podem contornar preocupações sobre a validade e credibilidade de suas métricas. Avaliação de Políticos Quando avaliação de espectadores, tanto no que diz respeito a classificações afetivas e atribuições de traço, foram sujeitas a análise fatorial, dois fatores teoricamente congruentes porém distintos emergem: confiança e dominação. Em um estudo transcultural da comparação de reações a líderes nos Estados Unidos (Ronald Reagan) e França (Jacques Chirac e Laurent Fabius), o primeiro fator extraído foi confiança, com cargas negativas para os termos emocionais consolo e alegria, e cargas positivas para raiva e nojo (Masters & Sullivan, 1989). O segundo fator, dominação, apareceu igualmente para todos os três políticos, com cargas positivas para a força e interesse, e cargas negativas para confusão e medo.9 Uma aplicação de estudo nos Estados Unidos (Sullivan & Mestres, 1994) verificou tranquilidade associada a cargas positivas para caloroso, competente, inspirador e moral, e carga negativa para evas ão. Da mesma forma, no estudo realizado apenas nos Estados Unidos, atribuições a traços de confiança e agressividade indicou a constatação de um fator de dominação. Reação Emocional A autodeclaração de reações emocionais para expressões faciais de líderes foi vastamente utilizada pelo Grupo de Dartmouth em seus es tudos, refletindo uma valorização do papel da emoção no processo de tomada de decisão.10 Enquanto muitos estudos consideram medidas únicas de emoção (Bucy, 2000, 2003; McHugo et al., 1985; Stewart et al., 2009) ou listam variáveis com base em raciocínios teóricos (Bucy & Bradley, 2004; Masters, 1994; McHugo et al., 1991; Sullivan & Masters, 1988; Warnecke, Masters, & Kempter, 1992; Way & Masters, 1996a, 1996b), quando são realizadas análises fatoriais de medidas múltiplas de emoção, dois fatores geralmente são constatados. Esses dois fatores reproduzem o mapa circular (circumplex model) de emoções visto na pesquisa de opinião nacional (Abelson et al., 1982; Marcus, Neuman, & MacKuen, 2000), de onde se extraem duas dimensões ortogonais de afeto. Esses dois fatores têm sido descritos como valência de emoção e excitação (Bucy, 2000), abordagem comportamental e inibição comportamental (Gray, 1987), ou, como descrito na literatura de psicologia política, como o entusiasmo e ansiedade, o que representa a disposição emocional e os sistemas de vigilância (Marcus et al., 2000). Na literatura etológica, essas dimensões são rotuladas como estilos de comportamento hedonístico e agonístico, respectivamente, e tem sido usadas como abrangências temáticas para agrupar sinais emocionais específicos (Mestrado et al., 1986, p. 322). Quando estudados por análise fatorial, os dois fatores são constatados em reação direta às expressões emocionais de líderes (Lanzetta et al., 1985; Masters & Sullivan, 1989) ou a partir de reflexos da experiência emocional nos dias após tratamento experimental (Masters & Carlotti, 1994; Sullivan & Mestres, 1994). Reações psicofisiológicas foram selecionadas em um certo número de estudos e proporcionaram resultados não apenas sobre a própria reação, mas também sobre o processo pelo qual os participantes avaliam os políticos. Especificamente, em três estudos aqui analisados (Bucy & Bradley 2004;. McHugo et al, 1991, 1985), condutividade da pele, frequência cardíaca e eletromiografia (EMG) facial foram medidas utilizadas para avaliar a reação de participante a expressões do líder. Nesta pesquisa, a condutividade da pele é usada como um indicador de excitação, frequência cardíaca como um indicador de atenção do espectador, e EMG facial como um indicador de valência emocional. A condutividade da pele aumentava em reações a aparências de raiva / ameaça (McHugo et al., 1985) e a partir da visão de expressões inadequadas do líder (Bucy & Bradley, 2004). A frequência cardíaca, em um estudo inicial, aumentava como resultado tanto de expressões agonísticas de raiva/ameaça e medo/evasão, especialmente quando comparada com felicidade/tranquilidade (McHugo et al., 1985). Bucy e Bradley (2004) verificaram que a frequência cardiac inicialmente diminuía (sinalizando foco de atenção) diante da exposição a aparências de alta de intensidade do Presidente Clinton após imagens de notícias negativas, indicando atenção aumentada a expressões agonísticas do presidente.
  • 11. Com uma eletromiografia facial, eletrodos colocados sobre os músculos corrugadores são usados para medir franzimento da testa ou sentimento negativo, enquanto a gravação a atividade do músculo zigomático, que é o envolvido no sorriso, é usada para medir o sorriso ou afeição positiva. Ambos tem sido usados com sucesso para medir a reação facial, seja de empatia ou anti-empatia, em resposta à aparência de políticos (Bucy & Bradley, 2004; McHugo et al, 1991, 1985). Por outro lado, o músculo orbicular da boca (músculo obicularis oris), que controla a abertura da boca (isto é, os lábios) não mostrou efeitos significativos no único estudo em que foi utilizado. Neste estudo, os autores concluíram que a reação de participantes aos estímulos experimentais foi principalmente afetiva, ao passo que o obicularis oris poderia indicar a profundidade de processamento de informação (isto é, a resposta cognitiva) através de elementos subvocais (McHugo et al., 1991, pp. 32-33). Bucy e outros usaram um pouco mais das novas abordagens para analisar o processamento de informações e experiência emocional. Bucy e Newhagen (1999) observaram a elaboração do pensamento a partir da solicitação a participantes para que escrevessem seus pensamentos depois de cada estímulo, de notícia mostrando expressão de líder, e então analisaram o conteúdo das resp ostas dos espectadores por número de pensamentos e tipo de avaliação feita. Eles também empregaram latência de reconhecimento para medir a profundidade do processamento, medido por quão rapidamente os participantes identificavam os curtos pedaços de vídeo que viam como sendo do estímulo experimental ou material de distração; finalmente, consideraram a fixação na memória de informações a partir das notícias, por meio de questões de múltipla escolha para a identificação de informações em áudio em um questionário final. Além do EMG facial e medidas psicofisiológicas relatados acima, Bucy e Bradley (2004) pediram aos participantes para classificar sua experiência subjetiva emocional, usando a escala de Auto-Avaliação de Manikim (SAM), que consiste de uma série de índices pictóricos em três dimensões emocionais de valência (negativo-positivo), excitação (calma-animação) e dominância (no controle, fora do controle), verificando aumento da excitação para imagens de notícias e aparência de líderes com alta intensidade e negativas, e menor dominância para intensidades maiores tanto em notícias quanto na expressão de um líder. Participantes dos Experimentos Não inesperadamente, a grande maioria dos estudos aqui considerados usaram estudantes de graduação como participantes pesquisados. A confiança no estereótipo do aluno de segundo ano de faculdade foi motivo de fortes críticas por ser um banco de dados muito pequeno. Notavelmente, Sears (1986) argumentou que o retrato da natureza humana pode ser traçado como um resultado do uso de uma base de pesquisa predominantemente de estudantes de graduação, que é mais tendente a ser socialmente condescendente, especialmente com figuras de autoridade, e que é mais provável que sejam espontâneos em seus atos, devido à falta de autoconhecimento. Ao mesmo tempo, Sears observou que o “uso de sujeitos relativamente bem educados, selecionados por suas habilidades cognitivas superiores, junto com os locais, procedimentos e atividades de pesquisa que promovem processamento de informações desapaixonadas, com rigor acadêmico, deveriam produzir evidências que retratassem os seres humanos como dominados por processos cognitivos, mais do que por fortes predisposições de julgamento ” (Sears, 1986, p. 526; v. também Stewart, 2008). Interessantemente, isso pode dar mais crédito ao trabalho sobre comunicação não verbal aqui apresentado, dado que o que foi verificado indica robustos resultados afetivos apesar do traço presumido sobre o processamento cognitivo de estudantes de faculdade (Sears, 1986, p. 527). Apesar disso, os resultados considerados aqui podem ser vistos com uma dúvida persistente sobre sua validade ecológica (isto é, sua aproximação a situações da vida real) e sua generalidade. Especificamente, os estudos são predominantemente preenchidos por amostras de alunos de graduação mediante conveniência ou oportunidade, e tais amostras que, no caso do trabalho do Grupo de Dartmouth (no campus de elite Ivy League) representam jovens estudiosos e com perfil de alto grau de sucesso. Em termos de interesse e compreensão de informações políticas, bem como (às vezes) proximidade de eventos políticos, particularmente durante as primárias de New Hampshire, tal amostra populacional pode não representar totalmente a população em geral. Vale a pena notar, no entanto, que alguns pesquisadores têm argumentado de forma convincente que o processamento de informações básicas e as reações emocionais, particularmente processos registrados por medidas psicofisiológicas, podem não ser totalmente afetados pelo conhecimento anterior (Lang, 1988). Em estudos posteriores, o problema da validade ecológica foi levado em conta por pesquisas comprando reações de espectadores em diferentes culturas (Masters & Sullivan, 1989), diferentes etnias nos Estados Unidos (Masters, 1994), e enquetes com participantes adultos não estudantes (Bucy, 2000, exp. 1; Bucy, 2003; Bucy & Newhagen, 1999; Warnecke et al.,
  • 12. 1992). Enquanto populações adultas reforçam a validade externa dos resultados, a análise sistemática de dados considerando os efeitos da influência do ciclo de vida ainda segue sem ser explorada.11 ORIENTAÇÕES PARA FUTURAS PESQUISAS Análises futuras do impacto do comportamento das expressões faciais de políticos necessariamente serão influenciados pelo que foi feito antes, em termos de tratamento, medição e temas. Além disso, serão afetados por avanços na tecnologia que permitem a replicação e o progresso na agenda de pesquisa iniciada há quase 30 anos. No entanto, ao mesmo tempo, uma contínua valorização dos princípios norteadores dos métodos e teoria etológicos evolutivos, isto é, as Quatro Questões de Tinbergen (1963), irá guiar a geração e o teste de hipóteses. Abaixo consideramos os avanços tecnológicos e teóricos nos últimos anos que provavelmente afetarão as futuras pesquisas em comunicação política a respeito do comportamento de expressões faciais de personagens políticas. Observação e medição Uma das significativas lições aprendidas é a importância de juntar experimentação com observação para compreender o comportamento de políticos e a cobertura noticiosa concomitante sobre eles. Compreender como o comportamento facial influencia a visão de espectadores é um importante primeiro passo; compreender como um político é apresentado ao público é ao mesmo tempo importante par a pesquisadores que esperam entender a influência da mídia na opinião pública. Alguns resultados de pesquisas indicam que a cobertura de mídia sobre as expressões faciais varia tanto em termos de frequência quanto tipo de expressão facial, dependendo de diferentes fases de campanha (Bucy & Grabe, 2008; Masters et al., 1987), do status do candidato (Bucy & Grabe, 2008; Masters et al., 1987; Masters, Frey & Bente, 1991), e da cultura (Masters et al., 1991). Enquanto a análise de conteúdo da cobertura noticiosa sobre candidates políticos tem sido realizada ao longo do tempo, tanto nas primárias simples das eleções (Masters et al., 1987) e em eleições gerais múltiplas (Bucy & Grabe, 2008) e proporcionaram extensas ideias para a cobertura midiática de processos eleitorais, poucas pesquisas consideraram como indivíduos mudam em suas reações a expressões faciais de emoção de políticos ao longo de um extenso período de tempo. Especificamente, com a exceção da comparação do Grupo de Dartmouth de composição de grupos nas quais a fortuna de candidatos é mapeada em diferentes pontos ao longo da temporada eleitoral por diferentes amostras de indivíduos (Sullivan & Masters, 1988 [eleição presidencial de 1984]; Masters, 1994 [eleição presidencial de 1988]; Masters & Carlotti, 1994 [eleição presidencial de 1992]) e com sua composição de painel apontando temas para avaliar candidatos um dia depois (Sullivan & Masters, 1994), há um potencial de mapear a reação emocional ou cognitiva de um indivíduo a um (ou múltiplos) político por um período de tempo. Uma das críticas que podem ter sido feitas a respeito da pesquisa do Grupo de Dartmouth e Bucy é a confiança na interpretação dos padrões estereotipados de expressões faciais como raiva, medo, felicidade e tristeza e o nível de precisão obtido pela codificação ao focar em movimentos de músculos faciais específicos. Especificamente, o advento e a ascensão do Sistema de Codificação de Ação Facial (Facial Action Coding System - FACS) (Box 10.1), um sistema baseado em observadores no qual 41 unidades de ação facial (se excluídos movimentos de cabeça e olhos) são codificadas, proporcionou maior precisão na codificação de expressões faciais. Enquanto o sistema faz uma distinção entre movimentos faciais anatomicamente classificados e inferências a respeito do que significam, ele permite uma maior precisão na descrição do comportamento facial e não compromete pesquisadores com nenhuma posição teórica. O caráter relativamente exaustivo do FACS também permite a descrição de configurações faciais complexas que resultam do efeito adicional de unidades de ação facial individuais (Cohn, Ambadar, & Ekman, 2007). Enquanto a precisão do FACS de Ekman & Friesen (2003) não é questionada, sua análise quadro-a-quadro não é bem aplicável para a atividade facial dinâmica (Nusseck, Cunningham, Wallraven, & Bulthoff, 2008) e é proibitivo em termos de custo de tempo quando a codificação de segmentos de vídeo é necessária. Como cada quadro relevante demanda uma média de 10 minutos para codificação, o investimento de pesquisa pode saltar dos estimados 5 minutos de codificação não verbal por evento por codificador para uma hora e meia por evento. Portanto, o ganho na precisão de codificação pode ser superado de longe pelo custo em tempo e energia da investigação. No entanto, novos desenvolvimentos em visão computadorizada permitem a extração automática de movimentos faciais com bons níveis de precisão em um número de unidades de ação (Cohn & Kanade, 2007; Valstar & Pantic, 2006), que promete simplificar o processo de investigação.
  • 13. Experimentação Um problema central a ser enfrentado por pesquisas futures diz respeito a como sinais não verbais específicos são comunicados e processados. Especificamente, sinais dos olhos e da boca podem ser comunicados como componentes s eparados no rosto, ou como uma configuração desses sinais. No último caso, expressões faciais estereotipadas são vistas como leituras de estados emocionais básicos (alegria, tristeza, raiva, medo, nojo, surpresa). Embora essas expressões possam ser mascaradas, modificadas por meio de regras de expressão ou misturadas para expressar nuances de estados emocionais (Ekman & Friesen, 2003), o principal ponto de partida é o que reflete o estado emocional central de um indivíduo. Por outro lado, a intenção do comportamento de movimentos faciais pode se basear no contexto social (Fridlund, 1994, 1997; Russell et al., 2003). Dado que se pode dizer que emoções refletem tendências de comportamento (Frijda, 1986) e resultam de avaliações cognitivas de eventos externos (Scherer, 2001), expressões emocionais poderiam ser usadas para prever um comportamento futuro numa situação particular. Com essa abordagem, unidades de ação facial individual são vistas como reflexo do resultado de pontos de avaliações cognitivas de um evento particular, por exemplo a relevância do evento para o indivíduo ou a capacidade do indivíduo de lidar com aquele evento (Kaiser & Wehrle, 2001; Scherer, 2001; Scherer & Ellgring,2007). Em outras palavras, a influência do comportamento não verbal pode ocorrer por meio do processamento de diferentes componentes do rosto, neste caso dos olhos e da boca. Portanto, devido à natureza sutil da comunicação não verbal, em que sinais individuais podem indicar intenções comportamentais, consideramos expressões não verbais da boca e dos olhos separadamente. A Boca e os Olhos como Estímulos Separados A boca é um indicador importante de intenção agremiativa por meio da aparência de felicidade/tranquilidade do sorriso. Contudo, há muitos diferentes tipos de sorriso que se podem distinguir por diversos graus de abertura de boca (Brannigan & Humphries, 1972) ou pela coativação do músculo orbicularis occuli, um anel de músculos que circulam os olhos e produzem a elevação das bochechas e rugas de pés de galinha quando estimulado (Duchenne de Boulogne, 1862; Ekman & Friesen, 1982). Outra expressão afiliativa que envolve a boca é a aparência da boca aberta, que é principalmente observada em interações recreativas e promove relações agremiativas (Preushoft & van Hooff, 1997; van Hooff & Preushoft, 2003; Waller & Dunbar, 2005). A co-ocorrência da boca aberta relaxada e a exibição silenciosa de dentes alinhados (evidente na express ão do sorriso) é particularmente notável em relações igualitárias em que esses comportamentos funcionam para fortalecer os laços sociais. A ideia de que diferentes tipos de sorrisos tem diferentes funções sociais foi formalizada na hipótese do poder assimétrico (Preushoft & van Hooff, 1997; van Hooff & Preushoft, 2003), que sugere que relações fortemente hierarquizadas revelam diferentes padrões de expressões faciais do que os encontrados em relações mais igualitárias. Especificamente, a hipótese de assimetria de poder propôs que o padrão de ocorrência desses diferentes tipos de expressões agremiativas dependerá do tipo de relação de poder entre os interagentes. Essa hipótese encontrou suporte em recente pesquisa que mostrou que homens exibiam taxas desproporcionalmente maiores de sorrisos deliberados em comparação com risada quando interagindo com indivíduos mais velhos e presumivelmente de maior status. Esse efeito não foi encontrado para sorrisos espontâneos, indicando que diferentes tipos de sorrisos poderiam ser relevante em contextos hierárquicos e outros tipos de sorrisos para contextos afiliativo s (Mehu & Dunbar, 2008a). A extensão do significado associada com a elevação do canto do lábio é a provável razão pela qual os enquadramentos de etologia política de Masters (1989a) e Salter (1995) indicam essa expressão tanto em categorias de medo/submissão quanto de felicidade/tranquilidade. Veja a tabela 10.2 para um esboço do critério para classificação de expressões faciais. Os Olhos Pesquisas relacionadas ao processamento do comportamento de expressão facial sugere que enquanto a boca desempenha um importante papel, especialmente quando indicando felicidade / confiança (Nusseck et al., 2008; Smith et al., 2007), a boca não desempenha um papel tão importante na identificação de estados mentais complexos centrais, como fazem os olhos (Adolphs et al, 2005;. Ambadar, Schooler, & Cohn, 2005; Baron-Cohen, Wheelwright, & Joliffe, 1997; Nusseck et al., 2008; Smith et al., 2007). Desde o nascimento, mamíferos sociais tendem a centrar a sua atenção sobre os olhos (Adolphs et al, 2005;
  • 14. Goossens et al, 2008). As expressões de olhos arregalados de medo e surpresa, nas quais os brancos do olho são acentuados, são processadas pré-cognitivamente através da amígdala (Whalen et al., 2004). Além disso, a direção do olhar, especialmente com expressões de raiva/ameaças e medo/submissão, pode alterar a resposta amígdala, como uma maior ambiguidade no olhar pode levar à percepção de uma potencial ameaça, com consequente aumento da resposta fisiológica e emocional e concomitantes esforços com foco cognitivos na reação (Adams et al, 2003;.. Goossens et al, 2008). TABELA 10.2 - Critérios para Categorizar Expressões Faciais Raiva - ameaça Medo - submissão Felicidade - confiança Tristeza - resignação Sobrancelhas Abaixadas Abaixadas e franzidas Levantadas Cantos internos levantados Pálpebras Bem abertas De cima levantadas, de baixo apertadas Bem abertas, normais ou levemente fechadas De baixo levantadas Direção do olhar Encarando Desviada Focada, depois cortada Desviada Cantos da boca Expandidos ou abaixados Ret raídos ou normais Ret raídos ou levantados Abaixados Exibição de dentes Baixa Variável ou nenhuma Os de cima ou ambas as arcadas Variável ou nenhuma Movimento de cabeça: lateral Nenhum Lado a lado Lado a lado Afastando do interlocutor Movimento de cabeça: vertical Nenhum Cima-baixo Baixo para cima Para baixo Direção da cabeça em relação ao corpo À frente do t ronco Para baixo na vert ical Normal em relação ao t ronco Virada para baixo Direção da cabeça: ângulo em relação à vertical Abaixada Abaixada Levantada Abaixada Fonte: Modificado de Masters et al. (1986) com a adição de tristeza – resignação de Salter (2007/1995). Atratividade Facial É importante advertir que é provável que as características individuais dos políticos utilizados como estímulos influenciem reações individuais. Embora todo político deva ter um mínimo de carisma para ser bem sucedido, alguns políticos são mais carismático do que outros. Indiscutivelmente, Ronald Reagan, base da maioria dos estímulos para a pesquisa do grupo Dartmouth, tem sido um dos presidentes mais “telegênicos” (televisivos e fotogênicos) da história dos EUA, devido em grande parte à sua vasta formação e experiência como ator. Da mesma forma, Bill Clinton exibiu (e ainda exibe) um grande carisma público (e privado), enquanto dono de um nível de atratividade física (Keating, Randall, & Kendrick, 1999) que aumentava sua capacidade de se comunicar com o público. Por outro lado, tanto o Grupo de Dartmouth (Sullivan & Masters, 1988) e Patterson et al. (1992) notaram que, em comparação com Ronald Reagan, o candidato presidencial democrata de 1984 Walter Mondale foi avaliado deficient tanto em expressividade quanto em atratividade, fatores que provavelmente tiveram não pouca importância em sua derrota. Com o Presidente Clinton, assim como outros candidatos políticos, o rosto é visto como reflexo de caráter, uma síntese do que eles fizeram e provavelmente vão fazer. Portanto, a escolha de um líder pode ser resultado do encaixe do modelo do que parece ser um candidato de sucesso – em outras palavras, eles podem ser simplesmente mais atraentes, dominantes e com aparência saudável do que outros candidatos.12 Pesquisas considerando a influência da atratividade do rosto no sucesso eleitoral indica automatividade na escolha daqueles que seriam nossos líderes. Todorov e colegas verificaram que mesmo com apenas um segundo para avaliar os rostos de candidatos, sujeitos são capazes de prever os vencedores das eleições para o congresso dos Estados Unidos com um grande nível de precisão (Todorov, Mandisodza, Goren, & Hall, 2005). Benjamin e Shapiro (2009) da mesma maneira encontraram suporte para isso em nível estadual, dado que a avaliação de participantes desavisados de videoclipes de 10 segundos contabilizou 20% de variação nas previsões eleitorais para governador. Estes resultados foram encontrados em diferentes culturas. A pesquisa de James Schubert encontrou resultado transcultural a respeito do papel da atratividade facial, ao procurar saber se um candidato era considerado viável ou não, enquanto a atratividade facial se correlacionava fortemente com as taxas de elegibilidade nos resultados da eleição romena de 1996 (Schubert, Curran, e Strungaru, 1998). Também Antonakis e Dalgas (2009) verificaram que crianças suíças pareciam utilizar sinais semelh antes para
  • 15. julgar competência a partir da aparência facial ao escolher vencedores para a eleição parlamentar francesa em 2002, indicando não apenas efeitos transculturais (embora de nações vizinhas), mas também um grau de invariabilidade de idade. Little et al. (2007) verificaram não só que a aparência facial estava fortemente relacionada a vitória em eleições em quatro países (Austrália, Nova Zelândia, Reino Unido e Estados Unidos), mas também que há preferências por diferentes rostos com base no contexto ambiental. Especificamente, rostos com características masculinas são favorecidas em tempos de guerra, enquanto características mais indulgentes e femininas são preferidas em tempos de paz. Traços percebidos no rosto podem refletir dimensões de confiança e dominância quando vistos em expressões faciais. Em sua análise de fator de atribuições de traço em 66 rostos naturais e 200 rostos gerados por computador, Todorov, Said, Engell e Oosterhof (2008) encontraram uma solução de dois fatores, com dimensões que sugerem um potencial de interação de qualidades de traços e comportamento do humor. Como afirmado por Todorov et al., “ As stated by Todorov et al., “semelhança sutil de rostos neutros com expressões que sinalizam se uma pessoa deveria ser evitada (raiva) ou aproximada (felicidade) serve como base da avaliação de valência. Sinais de força física como maturidade do rosto e masculinidade servem como base para avaliação de dominância e são generalizados como atribuições de disposições relacionadas.” (2008, p. 458). Em suma, experimentos futuros devem considerar não apenas o grau de variação em expressões faciais e seu impacto na intenção do comportamento comunicacional (como em McHugo, Lanzetta, & Bush, 1991), mas também considerer o efeito interativo da características faciais em tais expressões. Por exemplo, os rostos de alguns políticos podem ser mais bem configurados para comunicar emoções específicas e intenções comportamentais do que outros (Waller, Cray, & Burrows, 2008), por sua vez afetando tanto a sua competitividade para a ação quanto o estilo de liderança quando em ação. Além disso, como sugere a pesquisa revisada aqui, informações de contexto podem afetar as preferências dos cidadãos, podendo pautar pesquisas futuras. Medidas Pesquisas a respeito do comportamento de expressões não verbais do rosto por políticos estiveram na pauta principal da pesquisa experimental por meio não só do uso de autodeclarações (self-reports), mas também reações afetivas e processamentos cognitivos. Pode-se esperar que autodeclarações continuem a ser um dos pilares da pesquisa experimental, se feitos com lápis-e-papel ou no computador, e têm sido utilizados de modo eficaz para verificar fatores inferiores, ainda que com maior clareza conceitual quando se integra o modelo de equações estruturais (Structural Equation Model - SEM) (ver Holbert, capítulo 22). Análises do processamento cognitivo por meio do tempo de resposta, elaboração de pensamentos e associação de informações foram construídas com autodeclarações e ofereceram uma compreensão mais completa e sofisticada sobre como sujeitos reagem ao comportamento de expressões faciais, especialmente embutidos em notícias (Bucy & Newhagen, 1999). O uso contínuo dessas medidas, especialmente latência, tem o potencial de oferecer ideias sobre o processamento automático de informações (Newhagen, capítulo 26), inclusive sobre aquele nível de conforto junto a um líder em particular, com altos níveis de simpatia provavelmente levando a tempos de resposta mais rápidos devido a níveis mais baixos de ansiedade. Do mesmo modo, medidas fisiológicas de frequência cardíaca e conditividade da pele e comportamento de expressão facial nos músculos corrugadores e zigomático foram usadas para medir de modo eficaz reações afetivas ao comportamento aparente de políticos (v. Bucy & Bradley, capítulo 27). Entretanto, enquanto a medição EMG do comportamento de expressão facial foi usada com eficácia para detectar até reações instantâneas a assuntos em expressões faciais de políticos, trata-se de método altamente intrusivo, reduzindo o caráter “mundano” e o “realismo psicológico” dos experimentos, pois ter equipamentos de medição no rosto e no corpo não é uma situação provável no “mundo real” e com isso o resultado pode afetar processos psicológicos cotidianos (v. capítulo 11 desta obra). Talvez um método menos intrusivo e um não usado nos estudos aqui repassados (com exceção da medição facial EMG), é a análise em vídeo de reações não verbais a assuntos. Enquanto essa abordagem é demorada, especialmente no caso de se usar FACS, avanços na análise automatizada do comportamento facial (v. acima e Box 10.2) fazem essa abordagem mais acessível quando se realiza pesquisa em comunicação política. No mínimo, tem-se dito há um bom tempo que "(...) modificações na taxa de piscadas de olhos são mais significativos sobre estados emocionais do que a GSR (resposta galvânica da pele)” (Peterson & Allison em Exline, 1985, p. 190). Sujeitos
  • 16. A importância de ir além do "estudante de segundo ano de faculdade" na escolha dos sujeitos pesquisados foi devidamente anotada e posta em prática no progresso da pesquisa do grupo de Dartmouth e no trabalho de Bucy e colegas (ver acima). Os resultados referentes a assuntos universitários Afro-Americanos (Masters, 1994) e assuntos europeus (Masters & Sullivan, 1989;. Warnecke et al, 1992) e suas reações diferentes ao comportamento aparente de personagens políticas sugerem que, embora possa haver um mínimo de convergência quanto ao que são expressões básicas de emoções, há variação no que é percebido como apropriado e como elas são processadas cognitivamente (Anger-Elfenbein & Ambady, 2002; Fridlund, 1994; Russell & Fernandez- Dols, 1997; Scherer & Ellgring, 2007). Por exemplo, como sugerido pela pesquisa experimental de Marsh, Anger-Elfenbein e Ambady (2003) sobre a decodificação de apresentações pictóricas de expressões faciais em duas culturas (cidadãos japoneses e nipo-americanos), pode haver "sotaques" não-verbais, situações em que diferenças sutis de comportamento não verbal indicam a cultura da pessoa observada e isso por sua vez afeta potencialmente a percepção do observador, sua interpretação e sua resposta. Portanto, é recomendável partir de uma pesquisa com temas mais diversos para trazer à tona as diferenças tanto de codificação do comportamento de exibição facial por políticos quanto de reações a ele. Embora o recrutamento de indivíduos para além da oportuna amostra de estudantes de faculdade possa ser difícil de organizar, a saturação da tecnologia da Internet e sua acessibilidade, ao menos nos Estados Unidos e na Europa Ocidental, oferece a oportunidade de pesquisar a partir de uma amostra mais ampla de indivíduos e de acompanhá-los ao longo de um período de tempo (Iyengar, capítulo 8; Stewart, 2008; Quadro 10.3). Além disso, estudos envolvendo a Internet podem se mostrar mais naturais do que estudos de laboratório (ver capítulos 8 e 11 desta obra), em que os sujeitos são colocados em ambientes não naturais, uma limitação reconhecida pelos cientistas políticos que usam o método experimental (por exemplo, Brader, 2006). CONCLUSÕES Embora a importância das representações visuais de líderes políticos tenha se valorizado por muito tempo, refletindo-se o fenômeno nos programas de pesquisa aqui considerados, novos desenvolvimentos apenas servem para sublinhar a importância de compreender a influência do comportamento de expressão facial. Não só os políticos tornaram-se cada vez mais escolados em suas estratégias de mídia, atingindo o circuito de talk show para melhor mostrar sua simpatia aos indivíduos com baixos níveis de interesse político e motivação (Baum, 2005), como também a tecnologia de visualização mudou com telas de televisão cada vez maiores, com áudios mais ricos e superiores em resolução. Olhando para frente, é provável que a televisão se torne cada vez mais realista, com apresentação de cada vez mais claridade e verossimilhança, senão mais reais do que a vida. No último caso, sabemos da existência de uma pesquisa sobre a percepção de proximidade no diálogo político leva a níveis mais elevados de excitação, com efeitos concomitantes sobre atitudes em relação à memória de políticos e à legitimidade de suas posições políticas (Mutz, 2007). Além disso, o fácil acesso às gravações de uma série de fontes de mídia, seja de televisão, páginas de notícias on-line ou vídeo enviado diretamente pelos telespectadores para sites de compartilhamento de arquivos como o YouTube após participação em eventos está expandindo o escrutínio público de figuras políticas. Com isto em mente, a pesquisa considerando reações de espectadores a gravações onipresentes, multiplataformas, de momentos memoráveis da política televisionada torna-se uma preocupação premente, especialmente em luz dos resultados acumulados aqui relatados. Recentes descobertas que uma personalidade de mídia existe, ainda que de forma visual e contrária ao entendimento populares (Grabe & Bucy, 2009), ressaltam a importância de compreender totalmente um rápido avanço e proliferação de tecnologia que influenciam indivíduos em vários níveis. Ao unir conhecimentos teóricos da etologia com as lições de planejamento de pesquisa dos estudos aqui analisados, a mais completa, uma compreensão mais detalhada do comportamento político humano deve emergir. BOX 10.1 SISTEMA DE CODIFICAÇÃO DA AÇÃO FACIAL (FACIAL ACTION CODING SYSTEM - FACS)
  • 17. O Sistema de Codificação de Ações Faciais (Facial Action Coding System – FACS) de Ekman e Friesen (1977), uma elaboração da análise pioneira de Hjortsjö (1969), é o sistema de avaliação facial mais exauriente disponível. O FACS foi desenvolvido para analisar expressões no nível de contrações musculares. Uma descrição dos movimentos de sobrancelhas é pertinente a expressões faciais afiliativas e outras desde que a sobrancelha seja uma das características faciais mais salientes. Sobrancelhas abaixadas foram identificadas com expressões agressivas (Keating et al., 1981). As três ações únicas e quadro combinações esgotam o repertório conhecido de expressões de sobrancelhas. Nem expressões de nojo nem de felicidade envolvem ações de sobrancelhas (Ekman, 1979, p. 181). Felicidade-tranquilidade é mais bem decodificada de ações das bochechas e da boca (98% de credibilidade) e de ações combinadas de olhos, pálpebras, bochechas e boca (99% de credibilidade) (Boucher & Ekman, 1975). Ekman descreve tristeza, surpresa medo e raiva da seguinte maneira: Em tristeza, tanto a Unidade de Ação 1 ou a combinação 1+4 ocorre, junto com o relaxamento da pálpebra superior (provavelmente o músculo levator palpebralis superioris), às vezes com a pele ao redor do olho sendo puxada e leve elevação das bochechas (orbicularis oculi, pars orbitalis e zygomatic minor), leve diminuição do ângulo da boca (triangularis), às vezes também um movimento do queixo (mentalis) e abaixamento do lábio de baixo (depressor labii inferioris). No choro de angústia algumas das ações faciais mudam. A Unidade de Ação 4 é mais importante nas sobrancelhas, com menos evidência da Unidade de Ação 1. Isso é acompanhado pelas partes internas e externas do músculo orbicular do olho, com elevação das bochechas, contração da pele na direção dos olhos e aperto das pálpebras. Ao redor da boca as ações descritas para a tristeza agrupam estiramento horizontal dos lábios (risorius e/ou platysma), abaixamento da mandíbula, abaixamento do lábio inferior (depressor labii inferioris), e elevação do lábio superior (levator labii superioris). Em surpresa, a combinação 1 + 2 está acompanhada da elevação da pálpebra superior (levator palpebralis) e relaxamento da mandíbula (relaxamento dos músculos masseter). Em medo, a combinação 1 + 2 + 4 é acompanhada de elevação da pálpebra superior e aperto das pálpebras inferiores (orbicularis oculi, pars palpebralis), e pelo esticamento horizontal dos lábios (risorius e/ou platysma). Em raiva, a Unidade de Ação 4, sem qualquer elevação da sobrancelha, é acompanhada pelas mesmas ações ao redor dos olhos, tal como descrito para medo, com os lábios ou fortemente pressionados juntos (orbicularis oris e talvez mentalis), ou quadrados e apertados (uma combinação de orbicularis oris, levator labii superiouris quadratus e depressor labii inferioris). Para duas emoções – nojo e felicidade – nenhuma ação específica de sobrancelhas é realizada (Ekman, 1979, pp. 180–181, alguns grifos acrescentados ). Ekman (1979) verificou que ações de sobrancelhas 1+2 e 4 são usadas mais frequentemente que outras. Consistentes com o princípio antítese de Darwin, elas são as ações mais facilmente reconhecidas e realizadas. Medo (1 + 2 + 4) e raiva (4) são previstos com mais sucesso a partir de ações de olho e pálpebra (67% de confiabilidade) (Boucher & Ekman, 1975). Isto indica que disposições de sobrancelha agonística e submissa as distinções feitas com mais prontidão. BOX 10.2 VERIFICAÇÕES AUTOMÁTICAS DA EXPRESSÃO FACIAL A análise automática do comportamento facial ocorre tipicamente em três passos (Pantic & Rothkrantz, 2000). Primeiro o rosto tem que ser localizado em uma cena de vídeo, em seguida, movimentos faciais tem que ser detectados e monitorados, e, finalmente, as alterações detectadas devem ser classificadas em categorias adequadas. Para alcançar a detecção confiável de um rosto em uma cena, o sistema tem de superar alguns problemas, incluindo mudanças no tamanho e orientação provocadas por movimentos d a pessoa ou da câmera, ou a presença de pelos faciais e óculos. Uma vez que esses problemas sejam resolvidos, o sistema precisa detectar e extrair informações relacionadas à posição e movimento dos caracteres faciais relevantes para o comportamento facial (por exemplo boca, olhos, sobrancelhas). Diversas abordagens são usadas para realizar essa etapa, como fluxo óptico, funções de Gabor wavelets, modelos multiestados, e encaixe de modelo gerativo (Cohn & Kanade, 2007). A eficiência destas abordagens depende do tipo de movimento a ser detectado. A etapa final envolve a transformação dos caracteres extraídos em uma lista de parâmetros que serão usados para identificar movimentos faciais. As categorias usadas para essa identificação diferem entre equipes de pesquisa, enquanto alguns optam por usar categorias gerais de emoção, como raiva, felicidade ou medo, enquanto outros preferem usar Unidades de Ação Facial com base no FACS para categorizar as mudanças detectadas (Bartlett, Hager, Ekman, & Sejnowski, 1999; Cohn & Kanade, 2007; Valstar & Pantic, 2006). Uma vez que este último caminho não pressupõe uma relação entre determinadas categorias emocionais e configurações faciais, este método é visto como mais rigoroso e válido internamente. BOX 10.3 RECRUTAMENTO DE PESQUISADOS VIA INTERNET
  • 18. Enquanto a maior parte de estudos acadêmicos se baseia em estudantes de faculdade como objetos de pesquisa (Sears, 1985), com concomitantes linhas de pesquisa que podem se desenvolver, o Programa de Volutariado para Pesquisa de Alkami (RSVP) permite a pesquisadores se conectarem com participantes que possam representar de modo mais próximo o grupo populacional focado em seu estudo. A partir de agosto de 2010, o RSVP teve uma adesão de mais de 7.400 voluntários cadastrados que variam em idade de 18 a 90. Como parte do processo de triagem do programa, os membros fornecem respostas a uma seleção de questionários de pesquisa com perguntas padronizadas, bem como questionários personalizados que pesquisadores individuais podem requisitar para melhor selecionar os participantes para as necessidades específicas de seu protocolo de pesquisa. Além do recrutamento de pessoas, da triagem e acompanhamento in loco de protocolos, o RSVP obtém participantes para pesquisas e comportamentos experimentais para es tudos via web em universidades de todo o mundo, incluindo a Universidade de Harvard, a Universidade da Califórnia em Berkeley, a Universidade da Califórnia em São Francisco, a Universität Göttingen (Alemanha), a University College London (Inglaterra), e a Universidade de Oxford (Inglaterra). O RSVP começou em 2006 como parte de um projeto de pesquisa na Universidade da Califórnia em Berkeley, e é agora um serviço prestado pela organização sem fins lucrativos Instituto Biobehavioral Alkami (ABI). Para saber mais sobre o RSVP de Alkami, visite http://rsvp.alkami.org. NOTAS 1. Isto não significa que o canal de áudio não transmite informação não verbal. Especificamente, informações vocais tais como tom, intensidade e vibração influenciam a reação emocional e tem sido estudadas em contextos políticos, tais como reuniões do conselho da cidade e da Suprema Corte dos Estados Unidos por James N. Schubert e colegas (Schubert, 1988; Schubert et al., 1992). 2. Nem tudo o que transmite a informação é um sinal. A palavra "sinal" é reservada a elementos (como estruturas morfológicas ou comportamentos) que foram selecionados porque eles influenciaram o comportamento dos receptores em favor do remetente. Isso nem sempre implica que algumas informações são comunicadas (ver, por exemplo, Dawkins & Krebs, 1978). Um sinal ou uma sugestão é uma estrutura ou comportamento a partir dos quais um receptor pode inferir algumas informações, mas que não necessariamente evoluiu para transmitir informações. Por exemplo, o tamanho do corpo pode ser um bom indicador de força física, mas que não evoluiu por causa do seu efeito sobre o receptor. 3. Espera-se que o sistemas de quatro sinais interagirá para influenciar a qualidade e o conteúdo de sinais. Por exemplo, indicações de idade e experiência, como óculos, emprestam seriedade para os indivíduos, mas podem prejudicar a percepção de vitalidade, enquanto os tratamentos de botox podem dar um rosto jovem, mas também inibem a expressão das emoções através dos olhos e sobrancelhas. 4. Os exemplos podem ser extraídos dos temas humor e riso. Uma questão a respeito da causalidade próxima do riso e do humor que o provoca poderia considerar os laços sociais construídos pelo riso, tanto entre o contador da piada e seu público e entre os próprios membros da plateia. Por exemplo, quando se considera o tema do humor e da produção de riso, em termos de causalidade ontogenética pode-se considerar quando um indivíduo começa a rir (~ 3,5-4 meses;. Provine, 2000, p 112), quando a brincadeira e o riso se tornam uma parte importante da vida social (5-6 anos;. Provine, 2000, p 93) e sua diminuição enquanto a idade avança. Ao analisar as raízes filogenéticas do riso pode-se considerar a produção de sinais homólogos e usos sociais em uma variedade de espécies, incluindo ratos (Panksepp, 1998, 2007) e primatas não humanos (Preushoft & van Hooff, 1997; van Hooff & Preushoft, 2003), e como se comparam essas espécies com os usos humanos. Em termos de causalidade final, pode-se considerar como o envolvimento na prática do riso e da provocação do riso podem beneficiar o indivíduo ou uma espécie que assim se portam em termos de obtenção e defensa de recursos, o que por sua vez afeta as taxas de reprodução. (Preushoft & van Hooff, 1997). 5. Experimentos verdadeiros podem usar a estratégia de considerar as variações da "natureza humana" normal pressuposta e, em seguida, avaliar as diferenças entre "normais" e este grupo "experimental". Exemplos dessa abordagem incluem um extenso trabalho de Damásio com cérebro danificado de indivíduos (1994) e estudos que consideram o comportamento “cego” de expressão facial de indivíduos, incluindo um estudo recente comparando expressões faciais espontâneas em atletas cegos de forma congênitae não congênita com atletas com visão normal depois de ganhar / perder partidas de alto nível (Matsumoto & Willingham, 2009). 6. Preço e Sloman (1987) citam a observação de dominância em aves por Schjelderup -Ebbe para argumentar que tristeza é seguida por uma “subrotina que repercute": "Se um determinado um pássaro perde uma luta e tem que fugir voando, o seu comportamento se modifica inteiramente. Profundamente deprimido em espírito, humilde, com asas caídas e cabeça empoeirada - de qualquer forma, diretamente ao serem derrotados sobrevem uma paralisia, embora não se possa detectar qualquer dano físico" (Schjelderup-Ebbe, 1935, p. 966). 7. Outro estudo experimental foi realizado em 1981 e analisou a reação do espectador ao debate para vice-presidência de 1976 entre Robert Dole e Walter Mondale à luz de diferentes conteúdos apresentados (audiovisual, vídeo apenas, transcrição, e conteúdos filtrados, em que a fala era ininteligível, mas que refletiam qualidades paralinguísticas). No entanto, não houve nenhuma codificação direta do comportamento facial não verbal (Krauss et al., 1981), e, portanto, não é aqui utilizado.
  • 19. 8. Os estudos com expressões faciais perto ou abaixo do limiar da percepção consciente demonstraram que expressões faciais de emoções como raiva, medo e felicidade impactam a reação emocional de um indivíduo sem a sua consciência disso (Masters & Way, 1996; Stewart et al., 2009). 9. Quando estes dados foram analisados com base na resposta a um comportamento determinado de expressões faciais, três fatores foram verificados, com expressões de alegria / confiança conduzindo a um fator composto pelos termos fortes, alegre, reconfortante, e interessado; raiva / ameaça levando a um fator composto dos termos irritado e chateado; e medo / evasão levando aos termos temerosos, confuso a se associarem a um fator (Lanzetta et al., 1985). 10. A separabilidade de emoção e cognição, esta última com a primazia, é um dos debates nucleares da psicologia, com debates produtivos entre Zajonc (1980, 1982) e Lazarus (1982) tendo colocado esta discussão na vanguarda das agendas de pesquisa no início dos anos 80. Isso está, no entanto, para além do escopo do presente documento (ver Ekman & Davidson, 1994 para uma excelente discussão sobre as questões fundamentais sobre a natureza da emoção). 11. Além disso, o efeito de personalidade pode precisar ser considerado também, especialmente à luz do recente estudo aplicado on-line sobre as afirmações de Sears (1986), usando um banco de dados de quase 10.000- participantes (N> 9.800) para comparar alunos de graduação e uma amostra comunitária ampla, que constatou significativas e fortes diferenças entre as amostras (Stewart, 2008). Enquanto Stewart observa que personalidade é um fenômeno complexo de mudança, resultado de experiências de vida e idade fisiológica, ela também reconhece um elemento de auto-seleção para o ensino superior, que pode desempenhar um papel em influenciar os efeitos dos estudos experimentais tais quais discutido aqui. 12. A atratividade facial tem papel importante para saber se um indivíduo é considerado um candidato líder porque afeta inferências sobre a competência e a honestidade no mercado de trabalho, na política e na vida em geral (Mazur, 2005). REFERÊNCIAS Abelson, R. P., Kinder, D. R, Peters, M. D., Fiske, S. T. (1982). Affective and semantic components in political personal perception. Journal of Personality and Social Psychology, 42, 619–630. Adams, R. B. J., Gordon, H. L., Baird, A. A., Ambady, N., & Kleck, R. E. (2003). Effects of gaze on amygdale sensitivity to anger and fear faces. Science, 300, 1536–1537. Adolphs, R., Gosselin, F., Buchanan, T. 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