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ESTUDO DIRIGIDO:
Teorias Ecológicas e Biológicas do desenvolvimento humano
Daniela Boneti Soares1
Karen Vitória de Jesus Alves2
RESUMO
No presente artigo buscamos relacionar o modelo da Teoria Bioecológica do psicólogo Urie
Bronfenbrenner com a aplicação de tal nos estudos das crianças em situação de rua.
Primeiramente apresentando a teoria original em seu sentido amplo, posteriormente
discorrendo sobre a teoria no âmbito do desenvolvimento das crianças em situação de rua,
compreendendo assim como essas crianças, mesmo em situação de vulnerabilidade tem seus
próprios processos e seus meios de se desenvolver.
Palavras–Chave: Desenvolvimento; Teoria Ecológica; Crianças de Rua.
1 INTRODUÇÃO
Segundo BARRETO (2014), a teoria ecológica do desenvolvimento humano de Urie
Bronfenbrenner traz um amplo estudo que serviu como fundamento para várias áreas da
educação, medicina e psicologia, sendo a principal teoria utilizada para a compreensão dos
fenômenos, como o uso de drogas, abusos sexuais, violências, entre outros. Nesse sentido, a
presente pesquisa acadêmica tem como objetivo apresentar os aspectos históricos e
conceituais da teoria e como ela pode ser aplicada nos estudos com crianças e adolescentes
em situação de rua.
Para realizar a pesquisa foram utilizados os seguintes artigos para embasamento teórico:
¨Paradigma Sistêmico no Desenvolvimento Humano e Familiar: A Teoria Bioecológica de
Urie Bronfenbrenner¨ (BARRETO, 2014); Questões sobre o desenvolvimento de crianças em
situação de rua de Claudio Simon Hutz e Sílvia Helena Koller (1996); Atividades Cotidianas
de Crianças em Situação de Rua por Paola Biasoli Alves, Sílvia Helena Koller, Aline Santos
2
Acadêmica do Curso de Licenciatura em Pedagogia no Instituto Federal Catarinense Campus
Camboriú,LP 23, email:karenalves14151617@gmail.com.
1
Acadêmica do Curso de Licenciatura em Pedagogia no Instituto Federal Catarinense Campus
Camboriú, LP 23, email: dany3u.u@gmail.com.
Silva, Clarisse Longo do Santos, Milena Rosa da Silva, Caroline Tozzi Reppold e Luciano
Telles Prade (2002).
2 DESENVOLVIMENTO SOCIAL, COGNITIVO, FÍSICO E EMOCIONAL DAS
CRIANÇAS EM SITUAÇÃO DE RUA:
2.1 DESENVOLVIMENTO SOCIAL
Envolve diferentes meios e técnicas para a obtenção de alimento e abrigo, para se
manterem seguros. Alguns estudos demonstram, assim, a aptidão dessas crianças em
usufruir de experiências afetivas e de proteção vividas em seus grupos (HUTZ &
KOLLER, 1997; KUSCHICK, REPPOLD, DANI, RAFFAELLI & KOLLER, 1996),
encontram nessas relações algo em que para se apoiar, pelo fato de serem percebidos como
sujeitos, diferentemente da sociedade geral que, ao contrário, os marginaliza e exclui
(HUTZ & KOLLER, 1997; KOLLER, 1994; KUSCHICK & COLS., 1996). Buscam
também, aproveitar ao máximo o auxílio oferecido pelas instituições.
2.2 DESENVOLVIMENTO COGNITIVO
Extremamente afetado pelo uso contínuo de drogas, em especial o chamado “loló”, e
nada vem sendo feito para evitar isso ou sequer diminuir mesmo que o efeito dela seja
brutal (HUTZ & KOLLER, 1996). Também foi constatado nos trabalhos de campo do
CEP-RUA, a dificuldade dessas crianças em se concentrar por um período maior de tempo
em determinada tarefa, a atenção em si é eficaz, porém ao realizar uma tarefa mais longa, a
falta de habilidade é percebida. Outro déficit percebido é com relação à dificuldade em
perceber o tempo, como a passagem dos dias, meses e anos, apontado pela autora como
resultado da falta de rotina e mesmo de objetos que auxiliam na medição do tempo, como
relógios e calendários atualizados (HUTZ & KOLLER, 1996).
A falta de escolaridade não pode ser menosprezada, apesar dos bons resultados em
desenvolvimento nas habilidades matemáticas percebidos na pesquisa do projeto, as
habilidades em relação à linguagem ficaram defasadas. Ainda assim é inegável que o
conhecimento obtido na rua e as habilidades desenvolvidas a partir da “sabedoria de rua”
são importantes para o preparo dessas crianças para o possível futuro no ensino formal,
sendo necessário adequar os conteúdos aos conhecimentos prévios delas.
2.3 DESENVOLVIMENTO FÍSICO
O desenvolvimento físico das crianças em situação de rua é objeto de estudo
principalmente na área médica, em fatores como nutrição, puberdade e o uso de drogas. No
entanto, a Psicologia também se debruça neste estudo, relacionando os enfrentamentos
necessários para a sobrevivência com as estratégias criadas para superá-los. Evidencia-se
na pesquisa a conformidade com o frio e a chuva, a falta de garantia de alimentação, ao
mesmo tempo que se desenvolve uma engenhosidade característica para driblar tais
dificuldades.
2.4 DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL
Nos estudos do CEP-RUA,ficou evidenciado que conflitos familiares, abusos físico e
sexual e a busca de uma centelha de liberdade estão entre os motivos que fazem as crianças
buscarem o caminho da rua (BANDEIRA ET AL., 1994; KOLLER ET AL., 1996)
Koller, Hutz e Silva (1996) examinaram o nível de bem-estar subjetivo de crianças em
situação de rua em comparação com crianças de famílias de baixa renda. Não houve
diferença significativa no nível de bem-estar subjetivo entre os dois grupos.
Mesmo com a demonstração de elevados riscos em suas trajetórias , não parece haver
uma defasagem em suas emoções e expressões sentimentais. Observou-se um melhor
desempenho em superar conflitos em comparação às crianças e adolescentes provenientes
de famílias pobres. Os adolescentes que frequentavam a escola apresentavam maior
incidência de sintomas de depressão, pensamentos conflitantes e recorriam a estratégias
ineficazes para lidar com o estresse. Normalmente, do ponto de vista psicológico, a saída
de casa representa o fracasso da manutenção de laços familiares, rebatendo tal afirmação
Donald e Swart-Kruger (1994) apresentam a versão da criança que já não tinha laços antes
mesmo de sair de sua casa, o que havia era a violência e instabilidade dentro do seu lar.
3 TEORIA ECOLÓGICA
A Teoria dos Sistemas Ecológicos apresentada pelo psicólogo americano Urie
Bronfenbrenner (1979/1996, 1989, 1993, 1995; BRONFENBRENNER & MORRIS,
1998), Tem sido reconhecida como uma base de avaliação, tanto do ponto de vista teórico
quanto metodológico, para as pesquisas do desenvolvimento de crianças em situação de
rua.
De acordo com Barreto (2014), sua teoria apresenta um novo padrão de compreensão
dos seres vivos determinados pelos processos de mudanças, na visão temporal, e em seus
contextos humanos e familiares, e ler apenas um artigo ou volume das obras do autor pode
apenas dar uma explicação incompleta da teoria, visto que ela foi sistematizada e
desenvolvida ao longo da vida do psicólogo, e é dividida em três períodos:
O primeiro período foi de 1942 a 1970 em que ele realizou pesquisas transculturais,
estudos sobre personalidade, e foi nesse período que ele fazia um comparativo entre os
EUA e a União Soviética, além disso, passa pela transição de teoria de classe para
sistêmica.
O segundo período foi de 1971 a 1980, já na vida adulta ele afirma o modelo ecológico
do desenvolvimento humano em seu livro intitulado ¨ A Ecologia do Desenvolvimento
Humano: experimentos naturais e planejados¨
O terceiro período foi de 1981 a 2005, insatisfeito com a teoria anterior, agora com a
maturação de suas ideias ele afirma que sua teoria é bioecológica, mostrando a evolução da
análise sistêmica nos estudo de desenvolvimento humano, uma vez que não é mais sobre
idades mas como os seres humanos se relacionam consigo mesmos e entre si.
A teoria de Bronfenbrenner inter-relaciona quatro aspectos principais: : A Pessoa, O
Processo, O Contexto e O Tempo.
No estudo das crianças em situação de rua é possível ter uma observação
individualizada, facilitando a pesquisa, podendo levar em consideração os aspectos da
etnia, do gênero, da competência social, e das redes de apoio envolvidas (ALVES,
KOLLER, SILVA, SANTOS, SILVA, REPPOLD & PRADE, 2002), entender tais
características e como elas afetam o dia a dia dessas crianças podem auxiliar na
compreensão do seu desenvolvimento, sendo este saudável ou não.
No Processo, definido por Bronfenbrenner (1989), os elementos psicológicos estão
intimamente relacionados a como a pessoa encara seu momento da vida, ao que ela dá
importância e a conexão entre ambos.
O Contexto segundo Bronfenbrenner (1979/1996, 1989, 1993) se dá a partir de quatro
sistemas de análise:
Microssistema: Dimensão que possibilita a interação face-a-face entre a pessoa, os
outros, os símbolos e objetos. É o espaço onde essas interações ocorrem,a rua é esse
espaço.
Mesossistema: A interligação entre os microssistemas, a rua, família, escola, grupos
comunitários e de assistência integram o mesossistema das crianças em situação de rua.
Exossistema: É o espaço de interações dinâmicas onde o indivíduo em
desenvolvimento não está presente mas ainda assim sofre com as influências geradas.
Macrossistema: A reunião de todos os sistemas anteriores, representa a cultura em que
o indivíduo pertence, representa também os âmbitos econômico, social e histórico. É
necessário,portanto, levar em consideração nos estudos com crianças em situação de rua, o
desenvolvimento econômico da cidade que a criança se encontra, qual a visão delas perante
a sociedade, a presença ou não do preconceito entre outros aspectos que podem ter
influenciado a trajetória desses indivíduos.
Diretamente ligado ao aspecto do Processo, Bronfenbrenner (1989) propõe o núcleo
Tempo, chamado também de Cronossistema, defendendo ser de grande importância tanto
acontecimentos históricos marcantes (mudança de Presidentes, greves) , quanto o
desenrolar de pequenas transições naturais da vida (saída de casa, institucionalização,
entrada em algum projeto de trabalho,etc. (BRONFENBRENNER & MORRIS, 1998). É
essencial que o pesquisador apreenda os eventos marcantes para a criança e o sentido que
ela deu a eles, podendo, assim, vincular essas situações aos processos de desenvolvimento
da criança.
4 CONCLUSÃO
A pesquisa evidenciou que a teoria de Bronfenbrenner está relacionada diretamente
com o desenvolvimento humano, uma vez que os aspectos físicos, biológicos e ambientais
proporcionam diferentes desenvolvimentos em cada ser humano, seja ele uma criança de
rua, uma criança de classe média, ou uma criança que passou por algum tipo de violência,
além disso, vale salientar que esses indivíduos também transformam o ambiente em que
estão inseridos, sendo influenciados pelas cultura mas também produzindo sua própria
cultura nestes ambiente em que vivem.
REFERÊNCIAS
ALVES, Paola Biasoli; KOLLER, Sílvia Helena; SILVA, Aline Santos; SANTOS, Clarisse
Longo do; SILVA, Milena Rosa da; REPPOLD, Caroline Tozzi; PRADE, Luciano Telles.
Atividades cotidianas de crianças em situação de rua. Psicologia: Teoria e Pesquisa,
[S.L.], v. 18, n. 3, p. 305-313, dez. 2002. FapUNIFESP (SciELO).
http://dx.doi.org/10.1590/s0102-37722002000300010.
BANDEIRA, D., KOLLER, S. H., HUTZ, C., & FORSTER, L. (1996). Desenvolvimento
psico-social e profissionalização: uma experiência com adolescentes de risco.
Psicologia: Reflexão e Crítica, 9, 185-207.
BARRETO, A,C. Paradigma Sistêmico no Desenvolvimento Humano e Familiar: A
Teoria Bioecológica de Urie Bronfenbrenner. Disponivél
em:<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-116820160002000
03>. Acesso em: 06 de nov. 2023.
BRONFENBRENNER, U. (1993). The ecology of cognitive development: Research
models and fugitive findings. Em R. Wozniak & K. Fischer (Orgs.), Development in
context: Acting and thinking in specific environments (pp. 3-44). Hillsdale, NJ: Erlbaum.
BRONFENBRENNER, U. (1995). Developmental ecology through space and time: A
future perspective. Em P. Moen, G.H. Elder & K. Lüscher (Orgs.), Examining lives in
context - Perspectives on the ecology of human development (pp.619-648). Washington:
American Psychological Association.
BRONFENBRENNER, U. (1996). A ecologia do desenvolvimento humano:
Experimentos naturais e planejados. Porto Alegre: Artes Médicas. (Original publicado
em 1979).
BRONFENBRENNER, U. & MORRIS, P. (1998). The ecology of developmental
processes. Em W. Damon (Org.), Handbook of child psychology (Vol. 1, pp.993-1027).
New York: John Wiley & Sons.
BRONFENBRENNER, U. (1989). Ecological systems theory. Annals of Child
Development, 6,187-249.
DONALD, D., & SWART-KRUGER, J. (1994). The South-African street child:
developmental implications. South-African Journal of Psychology, 24, 169-174.
HUTZ, Claudio Simon; KOLLER, Sílvia Helena. Questões sobre o desenvolvimento de
crianças em situação de rua. Estudos de Psicologia (Natal), [S.L.], v. 2, n. 1, p. 175-197,
jun. 1997. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s1413-294x1997000100011.
HUTZ, C.S. & KOLLER, S.H. (1997). Questões sobre o desenvolvimento de crianças
em situação de rua. Estudos em Psicologia, 2, 175-197.
KUSCHICK, M., REPPOLD, C., DANI, D., RAFFAELLI, M., & KOLLER, S. H. (1996).
A visão dos meninos e meninas de rua sobre sua situação de vida. Trabalho apresentado
na XXVI Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Psicologia. Ribeirão Preto, SP.
KOLLER, S. (1994). Julgamento moral pró-social de meninos e meninas de rua. Tese
de Doutorado, não-publicada, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul,
Porto Alegre.
KOLLER, S. H., HUTZ, C., & SILVA, M. (1996). Subjective well-being in Brazilian
street-children. Trabalho apresentado no XXVI International Congress of Psychology.
Montreal, Canadá.
SANTOS, Gabriela de Araújo Braz dos. Desenvolvimento de esquemas iniciais
desadaptativos em adolescentes em vulnerabilidade social. 2020. 131 p. Dissertação
(Mestrado em Psicologia) - Instituto de Educação, Universidade Federal Rural do Rio de
Janeiro, Seropédica, 2020.

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  • 1. ESTUDO DIRIGIDO: Teorias Ecológicas e Biológicas do desenvolvimento humano Daniela Boneti Soares1 Karen Vitória de Jesus Alves2 RESUMO No presente artigo buscamos relacionar o modelo da Teoria Bioecológica do psicólogo Urie Bronfenbrenner com a aplicação de tal nos estudos das crianças em situação de rua. Primeiramente apresentando a teoria original em seu sentido amplo, posteriormente discorrendo sobre a teoria no âmbito do desenvolvimento das crianças em situação de rua, compreendendo assim como essas crianças, mesmo em situação de vulnerabilidade tem seus próprios processos e seus meios de se desenvolver. Palavras–Chave: Desenvolvimento; Teoria Ecológica; Crianças de Rua. 1 INTRODUÇÃO Segundo BARRETO (2014), a teoria ecológica do desenvolvimento humano de Urie Bronfenbrenner traz um amplo estudo que serviu como fundamento para várias áreas da educação, medicina e psicologia, sendo a principal teoria utilizada para a compreensão dos fenômenos, como o uso de drogas, abusos sexuais, violências, entre outros. Nesse sentido, a presente pesquisa acadêmica tem como objetivo apresentar os aspectos históricos e conceituais da teoria e como ela pode ser aplicada nos estudos com crianças e adolescentes em situação de rua. Para realizar a pesquisa foram utilizados os seguintes artigos para embasamento teórico: ¨Paradigma Sistêmico no Desenvolvimento Humano e Familiar: A Teoria Bioecológica de Urie Bronfenbrenner¨ (BARRETO, 2014); Questões sobre o desenvolvimento de crianças em situação de rua de Claudio Simon Hutz e Sílvia Helena Koller (1996); Atividades Cotidianas de Crianças em Situação de Rua por Paola Biasoli Alves, Sílvia Helena Koller, Aline Santos 2 Acadêmica do Curso de Licenciatura em Pedagogia no Instituto Federal Catarinense Campus Camboriú,LP 23, email:karenalves14151617@gmail.com. 1 Acadêmica do Curso de Licenciatura em Pedagogia no Instituto Federal Catarinense Campus Camboriú, LP 23, email: dany3u.u@gmail.com.
  • 2. Silva, Clarisse Longo do Santos, Milena Rosa da Silva, Caroline Tozzi Reppold e Luciano Telles Prade (2002). 2 DESENVOLVIMENTO SOCIAL, COGNITIVO, FÍSICO E EMOCIONAL DAS CRIANÇAS EM SITUAÇÃO DE RUA: 2.1 DESENVOLVIMENTO SOCIAL Envolve diferentes meios e técnicas para a obtenção de alimento e abrigo, para se manterem seguros. Alguns estudos demonstram, assim, a aptidão dessas crianças em usufruir de experiências afetivas e de proteção vividas em seus grupos (HUTZ & KOLLER, 1997; KUSCHICK, REPPOLD, DANI, RAFFAELLI & KOLLER, 1996), encontram nessas relações algo em que para se apoiar, pelo fato de serem percebidos como sujeitos, diferentemente da sociedade geral que, ao contrário, os marginaliza e exclui (HUTZ & KOLLER, 1997; KOLLER, 1994; KUSCHICK & COLS., 1996). Buscam também, aproveitar ao máximo o auxílio oferecido pelas instituições. 2.2 DESENVOLVIMENTO COGNITIVO Extremamente afetado pelo uso contínuo de drogas, em especial o chamado “loló”, e nada vem sendo feito para evitar isso ou sequer diminuir mesmo que o efeito dela seja brutal (HUTZ & KOLLER, 1996). Também foi constatado nos trabalhos de campo do CEP-RUA, a dificuldade dessas crianças em se concentrar por um período maior de tempo em determinada tarefa, a atenção em si é eficaz, porém ao realizar uma tarefa mais longa, a falta de habilidade é percebida. Outro déficit percebido é com relação à dificuldade em perceber o tempo, como a passagem dos dias, meses e anos, apontado pela autora como resultado da falta de rotina e mesmo de objetos que auxiliam na medição do tempo, como relógios e calendários atualizados (HUTZ & KOLLER, 1996). A falta de escolaridade não pode ser menosprezada, apesar dos bons resultados em desenvolvimento nas habilidades matemáticas percebidos na pesquisa do projeto, as habilidades em relação à linguagem ficaram defasadas. Ainda assim é inegável que o conhecimento obtido na rua e as habilidades desenvolvidas a partir da “sabedoria de rua” são importantes para o preparo dessas crianças para o possível futuro no ensino formal, sendo necessário adequar os conteúdos aos conhecimentos prévios delas.
  • 3. 2.3 DESENVOLVIMENTO FÍSICO O desenvolvimento físico das crianças em situação de rua é objeto de estudo principalmente na área médica, em fatores como nutrição, puberdade e o uso de drogas. No entanto, a Psicologia também se debruça neste estudo, relacionando os enfrentamentos necessários para a sobrevivência com as estratégias criadas para superá-los. Evidencia-se na pesquisa a conformidade com o frio e a chuva, a falta de garantia de alimentação, ao mesmo tempo que se desenvolve uma engenhosidade característica para driblar tais dificuldades. 2.4 DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL Nos estudos do CEP-RUA,ficou evidenciado que conflitos familiares, abusos físico e sexual e a busca de uma centelha de liberdade estão entre os motivos que fazem as crianças buscarem o caminho da rua (BANDEIRA ET AL., 1994; KOLLER ET AL., 1996) Koller, Hutz e Silva (1996) examinaram o nível de bem-estar subjetivo de crianças em situação de rua em comparação com crianças de famílias de baixa renda. Não houve diferença significativa no nível de bem-estar subjetivo entre os dois grupos. Mesmo com a demonstração de elevados riscos em suas trajetórias , não parece haver uma defasagem em suas emoções e expressões sentimentais. Observou-se um melhor desempenho em superar conflitos em comparação às crianças e adolescentes provenientes de famílias pobres. Os adolescentes que frequentavam a escola apresentavam maior incidência de sintomas de depressão, pensamentos conflitantes e recorriam a estratégias ineficazes para lidar com o estresse. Normalmente, do ponto de vista psicológico, a saída de casa representa o fracasso da manutenção de laços familiares, rebatendo tal afirmação Donald e Swart-Kruger (1994) apresentam a versão da criança que já não tinha laços antes mesmo de sair de sua casa, o que havia era a violência e instabilidade dentro do seu lar. 3 TEORIA ECOLÓGICA A Teoria dos Sistemas Ecológicos apresentada pelo psicólogo americano Urie Bronfenbrenner (1979/1996, 1989, 1993, 1995; BRONFENBRENNER & MORRIS, 1998), Tem sido reconhecida como uma base de avaliação, tanto do ponto de vista teórico quanto metodológico, para as pesquisas do desenvolvimento de crianças em situação de
  • 4. rua. De acordo com Barreto (2014), sua teoria apresenta um novo padrão de compreensão dos seres vivos determinados pelos processos de mudanças, na visão temporal, e em seus contextos humanos e familiares, e ler apenas um artigo ou volume das obras do autor pode apenas dar uma explicação incompleta da teoria, visto que ela foi sistematizada e desenvolvida ao longo da vida do psicólogo, e é dividida em três períodos: O primeiro período foi de 1942 a 1970 em que ele realizou pesquisas transculturais, estudos sobre personalidade, e foi nesse período que ele fazia um comparativo entre os EUA e a União Soviética, além disso, passa pela transição de teoria de classe para sistêmica. O segundo período foi de 1971 a 1980, já na vida adulta ele afirma o modelo ecológico do desenvolvimento humano em seu livro intitulado ¨ A Ecologia do Desenvolvimento Humano: experimentos naturais e planejados¨ O terceiro período foi de 1981 a 2005, insatisfeito com a teoria anterior, agora com a maturação de suas ideias ele afirma que sua teoria é bioecológica, mostrando a evolução da análise sistêmica nos estudo de desenvolvimento humano, uma vez que não é mais sobre idades mas como os seres humanos se relacionam consigo mesmos e entre si. A teoria de Bronfenbrenner inter-relaciona quatro aspectos principais: : A Pessoa, O Processo, O Contexto e O Tempo. No estudo das crianças em situação de rua é possível ter uma observação individualizada, facilitando a pesquisa, podendo levar em consideração os aspectos da etnia, do gênero, da competência social, e das redes de apoio envolvidas (ALVES, KOLLER, SILVA, SANTOS, SILVA, REPPOLD & PRADE, 2002), entender tais características e como elas afetam o dia a dia dessas crianças podem auxiliar na compreensão do seu desenvolvimento, sendo este saudável ou não. No Processo, definido por Bronfenbrenner (1989), os elementos psicológicos estão intimamente relacionados a como a pessoa encara seu momento da vida, ao que ela dá importância e a conexão entre ambos. O Contexto segundo Bronfenbrenner (1979/1996, 1989, 1993) se dá a partir de quatro sistemas de análise: Microssistema: Dimensão que possibilita a interação face-a-face entre a pessoa, os outros, os símbolos e objetos. É o espaço onde essas interações ocorrem,a rua é esse espaço.
  • 5. Mesossistema: A interligação entre os microssistemas, a rua, família, escola, grupos comunitários e de assistência integram o mesossistema das crianças em situação de rua. Exossistema: É o espaço de interações dinâmicas onde o indivíduo em desenvolvimento não está presente mas ainda assim sofre com as influências geradas. Macrossistema: A reunião de todos os sistemas anteriores, representa a cultura em que o indivíduo pertence, representa também os âmbitos econômico, social e histórico. É necessário,portanto, levar em consideração nos estudos com crianças em situação de rua, o desenvolvimento econômico da cidade que a criança se encontra, qual a visão delas perante a sociedade, a presença ou não do preconceito entre outros aspectos que podem ter influenciado a trajetória desses indivíduos. Diretamente ligado ao aspecto do Processo, Bronfenbrenner (1989) propõe o núcleo Tempo, chamado também de Cronossistema, defendendo ser de grande importância tanto acontecimentos históricos marcantes (mudança de Presidentes, greves) , quanto o desenrolar de pequenas transições naturais da vida (saída de casa, institucionalização, entrada em algum projeto de trabalho,etc. (BRONFENBRENNER & MORRIS, 1998). É essencial que o pesquisador apreenda os eventos marcantes para a criança e o sentido que ela deu a eles, podendo, assim, vincular essas situações aos processos de desenvolvimento da criança. 4 CONCLUSÃO A pesquisa evidenciou que a teoria de Bronfenbrenner está relacionada diretamente com o desenvolvimento humano, uma vez que os aspectos físicos, biológicos e ambientais proporcionam diferentes desenvolvimentos em cada ser humano, seja ele uma criança de rua, uma criança de classe média, ou uma criança que passou por algum tipo de violência, além disso, vale salientar que esses indivíduos também transformam o ambiente em que estão inseridos, sendo influenciados pelas cultura mas também produzindo sua própria cultura nestes ambiente em que vivem. REFERÊNCIAS ALVES, Paola Biasoli; KOLLER, Sílvia Helena; SILVA, Aline Santos; SANTOS, Clarisse Longo do; SILVA, Milena Rosa da; REPPOLD, Caroline Tozzi; PRADE, Luciano Telles. Atividades cotidianas de crianças em situação de rua. Psicologia: Teoria e Pesquisa, [S.L.], v. 18, n. 3, p. 305-313, dez. 2002. FapUNIFESP (SciELO).
  • 6. http://dx.doi.org/10.1590/s0102-37722002000300010. BANDEIRA, D., KOLLER, S. H., HUTZ, C., & FORSTER, L. (1996). Desenvolvimento psico-social e profissionalização: uma experiência com adolescentes de risco. Psicologia: Reflexão e Crítica, 9, 185-207. BARRETO, A,C. Paradigma Sistêmico no Desenvolvimento Humano e Familiar: A Teoria Bioecológica de Urie Bronfenbrenner. Disponivél em:<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-116820160002000 03>. Acesso em: 06 de nov. 2023. BRONFENBRENNER, U. (1993). The ecology of cognitive development: Research models and fugitive findings. Em R. Wozniak & K. Fischer (Orgs.), Development in context: Acting and thinking in specific environments (pp. 3-44). Hillsdale, NJ: Erlbaum. BRONFENBRENNER, U. (1995). Developmental ecology through space and time: A future perspective. Em P. Moen, G.H. Elder & K. Lüscher (Orgs.), Examining lives in context - Perspectives on the ecology of human development (pp.619-648). Washington: American Psychological Association. BRONFENBRENNER, U. (1996). A ecologia do desenvolvimento humano: Experimentos naturais e planejados. Porto Alegre: Artes Médicas. (Original publicado em 1979). BRONFENBRENNER, U. & MORRIS, P. (1998). The ecology of developmental processes. Em W. Damon (Org.), Handbook of child psychology (Vol. 1, pp.993-1027). New York: John Wiley & Sons. BRONFENBRENNER, U. (1989). Ecological systems theory. Annals of Child Development, 6,187-249. DONALD, D., & SWART-KRUGER, J. (1994). The South-African street child: developmental implications. South-African Journal of Psychology, 24, 169-174. HUTZ, Claudio Simon; KOLLER, Sílvia Helena. Questões sobre o desenvolvimento de crianças em situação de rua. Estudos de Psicologia (Natal), [S.L.], v. 2, n. 1, p. 175-197, jun. 1997. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s1413-294x1997000100011. HUTZ, C.S. & KOLLER, S.H. (1997). Questões sobre o desenvolvimento de crianças em situação de rua. Estudos em Psicologia, 2, 175-197. KUSCHICK, M., REPPOLD, C., DANI, D., RAFFAELLI, M., & KOLLER, S. H. (1996). A visão dos meninos e meninas de rua sobre sua situação de vida. Trabalho apresentado na XXVI Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Psicologia. Ribeirão Preto, SP. KOLLER, S. (1994). Julgamento moral pró-social de meninos e meninas de rua. Tese de Doutorado, não-publicada, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.
  • 7. KOLLER, S. H., HUTZ, C., & SILVA, M. (1996). Subjective well-being in Brazilian street-children. Trabalho apresentado no XXVI International Congress of Psychology. Montreal, Canadá. SANTOS, Gabriela de Araújo Braz dos. Desenvolvimento de esquemas iniciais desadaptativos em adolescentes em vulnerabilidade social. 2020. 131 p. Dissertação (Mestrado em Psicologia) - Instituto de Educação, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, 2020.