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A força do melhor argumento na
deliberação (Jürg Steiner, 2012)

Profa. Dra. Devani Salomão
Apresentado em 6/11/2013
O que é um bom argumento?
• Para Habermas ele deve ser encontrado
em uma discussão mútua, onde todos tem
uma voz igual.
• John S. Dryzek coloca que "nenhum
indivíduo pode possuir autoridade
individual na base de qualquer coisa que
não seja um bom argumento”.
Controvérsia
• A controvérsia diz respeito à questão de
até que ponto as pessoas são razoáveis e
podem concordar e quais são os melhores
argumentos, para que haja probabilidade
de consenso.
Deliberação ideal
• Joshua A. Cohen enfatiza que "a
deliberação ideal tem como objetivo
chegar a um consenso que tenha sido
racionalmente motivado".
• Nem Habermas nem Cohen argumentam
que a deliberação vai sempre levar a um
consenso, pois ele apenas expressa
esperança que este pode ser o caso.
Acordo estratégico
• Pellizzoni entende que a deliberação pode
levar a acordos não estratégicos. Para
ele, "o propósito da deliberação não é se
chegar a um acordo sobre as razões para
a escolha, mas chegar a um acordo não
estratégico”.
• Postula um diálogo no qual a
argumentação é cautelosa e não
categórica.
Quebra do consenso
• Christian F. Rostbøll postula que, às vezes, a
deliberação tem a tarefa de romper o
consenso: "Sob certas condições, devo
argumentar, a deliberação deve visar não a
criação de um consenso mas deve visar a
quebra de um consenso existente, pelo
menos como um passo inicial". Ele menciona
a dominação de qualquer espécie, em
especial dos trabalhadores sob o capitalismo.
Colômbia: experimento de
mudança de posição
• 1. O falante indica uma mudança de
posição: dá como razão para mudar os
argumentos ouvidos durante o
experimento.
• 2. O faltante indica uma mudança de
posição: não se refere aos argumentos
ouvidos durante a discussão em grupo.
Colômbia: o melhor argumento
não é motivo de mudança
• 3. O falante não indica uma mudança de
posição: ele reconhece o valor das outras
posições ouvidas durante o grupo
discussão.
• 4. O falante não indica uma mudança de
posição: ele não reconhece o valor de
outras posições ouvidas durante o grupo
discussão.
Não deve haver pressão social para o
consenso como a única forma deliberativa.
Se todas as posições minoritárias estiverem
devidamente consideradas e uma decisão
precisa ser tomada urgentemente, não há
nada de errado com a votação por maioria
do ponto de vista deliberativo.
Consenso & Perspectiva deliberativa
• Hélène Landemore e Scott E. Page enriquecem a
discussão sobre consenso contra a votação por
maioria a partir de uma perspectiva deliberativa.
• Argumentam que o consenso é apropriado para
a resolução de problemas, por exemplo, sobre o
que fazer com o desemprego elevado, ao passo
que a regra da maioria se encaixa melhor
quando previsões têm de ser feitas, por
exemplo, como o desemprego irá se desenvolver
nos próximos 12 meses.
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2013.5.13 força do melhor argumento na deliberação

  • 1. A força do melhor argumento na deliberação (Jürg Steiner, 2012) Profa. Dra. Devani Salomão Apresentado em 6/11/2013
  • 2. O que é um bom argumento? • Para Habermas ele deve ser encontrado em uma discussão mútua, onde todos tem uma voz igual. • John S. Dryzek coloca que "nenhum indivíduo pode possuir autoridade individual na base de qualquer coisa que não seja um bom argumento”.
  • 3. Controvérsia • A controvérsia diz respeito à questão de até que ponto as pessoas são razoáveis e podem concordar e quais são os melhores argumentos, para que haja probabilidade de consenso.
  • 4. Deliberação ideal • Joshua A. Cohen enfatiza que "a deliberação ideal tem como objetivo chegar a um consenso que tenha sido racionalmente motivado". • Nem Habermas nem Cohen argumentam que a deliberação vai sempre levar a um consenso, pois ele apenas expressa esperança que este pode ser o caso.
  • 5. Acordo estratégico • Pellizzoni entende que a deliberação pode levar a acordos não estratégicos. Para ele, "o propósito da deliberação não é se chegar a um acordo sobre as razões para a escolha, mas chegar a um acordo não estratégico”. • Postula um diálogo no qual a argumentação é cautelosa e não categórica.
  • 6. Quebra do consenso • Christian F. Rostbøll postula que, às vezes, a deliberação tem a tarefa de romper o consenso: "Sob certas condições, devo argumentar, a deliberação deve visar não a criação de um consenso mas deve visar a quebra de um consenso existente, pelo menos como um passo inicial". Ele menciona a dominação de qualquer espécie, em especial dos trabalhadores sob o capitalismo.
  • 7. Colômbia: experimento de mudança de posição • 1. O falante indica uma mudança de posição: dá como razão para mudar os argumentos ouvidos durante o experimento. • 2. O faltante indica uma mudança de posição: não se refere aos argumentos ouvidos durante a discussão em grupo.
  • 8. Colômbia: o melhor argumento não é motivo de mudança • 3. O falante não indica uma mudança de posição: ele reconhece o valor das outras posições ouvidas durante o grupo discussão. • 4. O falante não indica uma mudança de posição: ele não reconhece o valor de outras posições ouvidas durante o grupo discussão.
  • 9. Não deve haver pressão social para o consenso como a única forma deliberativa. Se todas as posições minoritárias estiverem devidamente consideradas e uma decisão precisa ser tomada urgentemente, não há nada de errado com a votação por maioria do ponto de vista deliberativo.
  • 10. Consenso & Perspectiva deliberativa • Hélène Landemore e Scott E. Page enriquecem a discussão sobre consenso contra a votação por maioria a partir de uma perspectiva deliberativa. • Argumentam que o consenso é apropriado para a resolução de problemas, por exemplo, sobre o que fazer com o desemprego elevado, ao passo que a regra da maioria se encaixa melhor quando previsões têm de ser feitas, por exemplo, como o desemprego irá se desenvolver nos próximos 12 meses.
  • 11. Consenso & Perspectiva deliberativa http://youtu.be/wY9h09h0BQ0