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Efeito da continuidade da fisioterapia respiratória até a alta hospitalar na
       incidência de complicações pulmonares após esofagectomia por câncer
            Effect of sustained respiratory care until hospital discharge on the incidence of
                     pulmonary complications following esophagectomy for cancer
                    Adriana Claudia Lunardi1, Juliana Mantovani Resende2, Olívia Maio Cerri2, Celso Ricardo Fernandes de Carvalho3


     1
         Fisioterapeuta; Ms. do Fofito/               RESUMO: O presente estudo avaliou os efeitos na incidência de complicações
         FMUSP (Depto. de                             pulmonares do cuidado contínuo de fisioterapia respiratória no pós-operatório de
         Fonoaudiologia, Fisioterapia e               esofagectomia, até a alta hospitalar. Examinaram-se retrospectivamente 40 prontuários
         Terapia Ocupacional da
         Faculdade de Medicina da                     de pacientes de esofagectomia consecutivos (nenhuma exclusão), que foram
         Universidade de São Paulo,                   divididos em dois grupos: um dos que receberam fisioterapia respiratória apenas na
         São Paulo, SP)                               unidade de tratamento intensivo (gUTI, n=20) e outro dos que a receberam até a
                                                      alta hospitalar (gALTA, n=20). Foram coletadas informações referentes ao pré, intra
     2
         Fisioterapeutas
                                                      e pós-operatório. Os resultados mostram que gUTI e gALTA, respectivamente,
     3
         Fisioterapeuta; Prof. Livre-                 apresentaram-se similares (média±dp) quanto a idade (55,5±9,9 e 57,1±10,8 anos),
         docente do Fofito/FMUSP                      IMC (22,5±3,3 e 18±4 kg/m2), tempo de cirurgia (400±103,8 e 408,5±142 min),
                                                      tempo de anestesia (498,3±107,3 e 516±148,9 min) e número de atendimentos de
 ENDEREÇO PARA                                        fisioterapia na UTI (9,6±14,9 e 8,3±7,6). Apesar de o gALTA apresentar história de
 CORRESPONDÊNCIA
         Adriana Claudia Lunardi                      tabagismo superior (35,7±17,6 vs 26,1±18,4 maços-ano, p<0,05), houve menos 20%
         Fofito/FMUSP - Secretaria da                 de complicações respiratórias após esofagectomia nesse grupo quando comparado
         Fisioterapia                                 ao gUTI (10% vs 30%, p<0,05): incidência 75% menor de derrame pleural e 50%
         Rua Cipotânea 51 Cidade                      menos broncopneumonia. Além disso, o gALTA teve permanência menor de dreno
         Universitária.                               pleural no hemitórax direito (menos 4,5 dias, p<0,05). Estes achados sugerem que
         05360-000 São Paulo SP
         e-mail: adrianalunardi@usp.br                os cuidados de fisioterapia respiratória até a alta hospitalar podem reduzir a incidência
                                                      de complicações pulmonares após esofagectomia por câncer.
                                                      DESCRITORES: Cuidados pós-operatórios; Esofagectomia/complicações; Esofagectomia/
                                                                   reabilitação; Fisioterapia (respiratória)

                                                      ABSTRACT: This study assessed the effects of chest physical therapy all through
                                                      hospital stay until discharge onto the incidence of pulmonary complications
                                                      in patients having undergone esophagectomy for cancer. Medical records of
                                                      esophagectomy patients were examined and 40 subsequent ones selected
                                                      (none excluded), and divided into two groups: one having received chest
                                                      physiotherapy only in the intensive care unit (ICUg, n=20) and the other
                                                      having received it during full hospital stay (DISg, n=20). Information
                                                      concerning pre-, peri- and postoperative periods were drawn from patients’
                                                      records. Results show that ICUg and DISg were similar (mean±sd) concerning
                                                      age (55.5±9.9 vs 57.1±10.8 years old), BMI (22.5±3.3 vs 18±4 kg/m2),
                                                      operating time (400±103.8 vs 408.5±142 min), anesthesia time (498.3±107.3
                                                      vs 516±148.9 min) and number of chest physical therapy sessions in the ICU
                                                      (9.6±14.9 vs 8.3±7.6 sessions). Despite the fact that DISg patients had higher
                                                      tobacco consumption than ICUg ones (35.7±17.6 vs 26.1±18.4 packs-year,
                                                      p<0.05), there were 20% less pulmonary complications in this group when
                                                      compared to the ICU group (10% vs 30%, p<0.05): lesser incidence (75%) of
                                                      pleural effusion and 50% less of bronchopneumonia. DISg also had undergone
                                                      a shorter time (less 4.5 days) with pleural drain on (p<0.05). These findings
                                                      suggest chest physical therapy care all along hospital stay until discharge
 APRESENTAÇÃO                                         may reduce pulmonary complications after esophagectomy for cancer.
         jun. 2007
 ACEITO PARA PUBLICAÇÃO                               KEY WORDS: Esophagectomy/complications; Esophagectomy/rehabilitation; Physical
         fev. 2008                                               therapy (respiratory); Postoperative care



72       FISIOTERAPIA E PESQUISA 2008; 115(1): 72-7
                                         5( 1)
Lunardi et al.                                                                                          Fisioterapia no pós-esofagectomia



                 INTRODUÇÃO                  aquelas verificadas na esofagectomia,
                                             que é a cirurgia com maior morbimor-
                                                                                         peso, altura, índice de massa corpórea
                                                                                         (IMC, calculado pelo produto do peso,
   As cirurgias no compartimento             talidade respiratória4,13. Numa análise     em quilogramas, dividido pela altura
abdominal superior e as torácicas apre-      detalhada das revisões sistemáticas         em metros ao quadrado), dados clíni-
sentam a maior incidência de morbida-        sobre a efetividade da fisioterapia nas     cos, diagnóstico, hábitos e vícios (ta-
de e mortalidade de causa respira-           complicações pós-operatórias abdo-          bagismo e etilismo).
tória1,2, sendo que a taxa de complica-      minais altas, os autores17 constataram
                                                                                            Dados dos procedimentos cirúrgicos:
ções pulmonares no pós-operatório varia      que não foi analisado um único caso
                                                                                         foram coletadas informações sobre tipo
entre 20% e 69%3. Dentre as cirurgias,       de esofagectomia, portanto não se co-
                                                                                         e duração das cirurgias e dos procedi-
a esofagectomia é o tipo abdominal           nhecem estudos que avaliaram os
                                                                                         mentos anestésicos.
que mais comumente cursa com                 efeitos da fisioterapia respiratória nas
complicações respiratórias, especial-        complicações dessa cirurgia.                   Dados pós-operatórios: as informa-
mente quando realizada com acesso                                                        ções referentes à evolução clínica
                                                O objetivo do presente estudo foi
torácico, superando as taxas observa-                                                    observada no período entre a cirurgia
                                             pois o de avaliar os efeitos, sobre a
das nas ressecções pulmonares4-6. Essa                                                   e a alta hospitalar incluíram os seguin-
                                             incidência de complicações pulmo-
elevada ocorrência deve-se principal-                                                    tes eventos considerados como compli-
                                             nares, do cuidado contínuo de fisio-
mente a broncoaspiração, complica-                                                       cações pulmonares pós-operatórias
                                             terapia respiratória após o período
ções cardíacas, infecções, pneumonias,                                                   (CPO):
                                             crítico até a alta hospitalar, de pacien-
insuficiência renal ou respiratória e
                                             tes submetidos à esofagectomia por            (1) atelectasia – confirmada pela
sepse7.
                                             câncer de esôfago.                                imagem radiográfica de redução
   A alta incidência de complicações                                                           do volume pulmonar associada
pulmonares após esofagectomias tem                                                             à opacificação num lobo pulmo-
sido apontada há décadas e diversas                       METODOLOGIA                          nar, podendo estar relacionada
técnicas intra- e pós-operatórias de                                                           à queda da pressão parcial de
caráter profilático têm sido utilizadas         Foram estudados retrospectivamente             O2 no sangue arterial ou satura-
com o objetivo de reduzir a morbidade        40 pacientes consecutivos (nenhuma
                                                                                               ção periférica de oxigênio16;
dessa cirurgia4,8. A grande maioria dos      exclusão) submetidos à esofagectomia
                                             por câncer de esôfago num hospital            (2) pneumonia – definida como pre-
estudos indica uma prevalência de 20
                                             universitário entre abril de 1999 e abril         sença de um infiltrado radiográ-
a 35% de complicações gerais em
                                             de 2004. Este estudo foi aprovado pelo            fico com adição de pelo menos
pacientes submetidos à ressecção do
                                             Comitê de Ética do Hospital (protocolo            dois dos seguintes eventos:
esôfago3-5,8-10. Entretanto, há relatos de
                                             n. 179/05).                                       temperatura corpórea superior a
que a prevalência de acometimentos
                                                                                               37,7°C, contagem de células
respiratórios supere os 30%, indepen-            Os sujeitos foram divididos em dois
                                                                                               brancas sangüíneas acima de
dentemente dos critérios adotados para       grupos (n=20): pacientes submetidos
                                                                                               10.500/µL e/ou demonstração de
determinar o que seja considerado            à esofagectomia entre junho de 1999
                                                                                               organismos patogênicos;
complicação, podendo causar óbito            e junho de 2001, que receberam fisio-
em até 55% dos casos2,11.                    terapia respiratória somente na               (3) derrame pleural – identificado
                                             unidade de terapia intensiva (gUTI); e            na radiografia de tórax pela pre-
   A eficácia da fisioterapia respira-
                                             pacientes submetidos à esofagectomia              sença de velamento de seio cos-
tória durante o período pós-operatório
                                             entre julho de 2001 (quando passou a              tofrênico, podendo conter imagem
em pacientes submetidos a cirurgias
                                             ser oferecido o atendimento de fisio-             de menisco quando houvesse
abdominais altas inclui a reversão de
atelectasias e a melhora na saturação        terapia na enfermaria cirúrgica) e abril          acúmulo de líquido no espaço
de oxigênio12-16. Além disso, se reali-      de 2004, que receberam cuidados de                pleural20.
zada de maneira profilática, a fisiote-      fisioterapia respiratória no período pós-
                                                                                            Fisioterapia respiratória: todos os
rapia respiratória também parece             operatório na enfermaria, até a alta
                                                                                         pacientes (do gUTI e do gALTA) re-
reduzir a incidência de pneumonia em         hospitalar (gALTA). Todos os casos ana-
                                                                                         ceberam cuidados respiratórios na UTI,
pacientes de alto risco submetidos a         lisados receberam cuidados de fisio-
                                                                                         porém apenas os pacientes do gALTA
cirurgias abdominais altas17. Vários         terapia respiratória após a cirurgia na
                                                                                         continuaram a receber atendimento de
estudos avaliam o efeito da fisiote-         unidade de terapia intensiva (UTI). As
                                                                                         fisioterapia respiratória durante sua
rapia respiratória em pacientes subme-       informações referentes aos períodos
                                                                                         estadia na unidade de internação após
tidos a cirurgias abdominais, mas esses      pré e intra-operatórios e as complica-
                                                                                         a cirurgia. O atendimento de fisiote-
estudos não discriminam as cirurgias         ções pós-cirúrgicas foram obtidas do
                                                                                         rapia respiratória na enfermaria não foi
segundo o porte18,19, e não há como          prontuário dos pacientes.
                                                                                         protocolado, mas orientado pelo mes-
comparar as complicações pós-ope-               Dados pré-operatórios: foram cole-       mo profissional fisioterapeuta durante
ratórias de uma colecistectomia ou de        tadas informações no prontuário dos         todo o período avaliado e foi aplicado
uma correção de hérnia inguinal com          pacientes referentes a idade, sexo,         com base nas condições clínicas dos



                                                                                          FISIOTERAPIA E PESQUISA 2008;15(1)           73
pacientes visando: (i) reduzir ou pre-            tava maior número de pacientes idosos          so torácico (metade com toracotomia
 venir o acúmulo de secreção brônqui-              (maiores de 65 anos) quando compara-           e a outra metade por vídeo-toracos-
 ca (através de estímulo de tosse e ma-            do ao gALTA (respectivamente, 25%              copia, Tabela 2). O tempo de duração
 nobras para higiene brônquica); (ii)              vs 15%), apesar de na média não haver          da cirurgia, duração de anestesia, dias
 melhorar a ventilação pulmonar (por               diferença estatística.                         de permanência em UTI e dias de
 meio de exercícios de respiração pro-                                                            assistência de ventilação mecânica
                                                      Os procedimentos cirúrgicos reali-
 funda e uso de inspirômetros de                                                                  após a cirurgia foram similares entre
                                                   zados foram de dois tipos: esofagec-
 incentivo); e (iii) estimular o paciente                                                         o gUTI e o gALTA (Tabela 2).
                                                   tomia trans-hiatal (com laparotomia
 a deambular o mais precocemente
                                                   xifo-umbilical e cervicotomia à es-                Foi aplicada fisioterapia respiratória
 possível após a cirurgia. A duração do
                                                   querda), ou esofagectomia com acesso           em todos os pacientes durante sua per-
 atendimento de fisioterapia foi, em
                                                   torácico, que incluía a toracotomia            manência na UTI, sem diferença esta-
 média, de 20 minutos e nenhum
                                                   (acesso convencional) ou toracoscopia          tística entre os grupos no número de
 paciente foi submetido a exercícios
                                                   (acesso vídeo-assistido) à direita. Não        atendimentos nesse período (Tabela 2).
 com pressão positiva.
                                                   houve diferença quanto ao tipo de pro-         Os pacientes do gALTA receberam, em
    Análise estatística: para a análise            cedimento cirúrgico entre os grupos            média, 12,3 atendimentos na enfer-
 dos dados, foram considerados os                  gUTI e gALTA, sendo que a maioria              maria no período médio de 15,2 dias
 seguintes parâmteros: sensibilidade               dos pacientes foi submetida à esofa-           de internação hospitalar. No total, os
 (power) de 80%; e nível de signifi-               gectomia trans-hiatal e o restante foi         pacientes do gUTI receberam em
 cância de 5% (p<0,05). O teste de                 submetido à esofagectomia com aces-            média 9,6 atendimentos, enquanto os
 Kolmogorov-Smirnov foi usado para
 analisar os dados de distribuição nor-            Tabela 2 Dados (média±dp ou %) intra e pós-operatório dos pacientes com
 mal. Os dados de distribuição não-                         câncer de esôfago submetidos à esofagectomia
 paramétrica foram comparados pelo
 teste de Mann Whitney (rank sum). O                                                              gUTI (n=20) gALTA (n=20)              p
 teste qui-quadrado foi usado para                  Procedimento cirúrgico
 comparar percentuais entre os grupos.                 Trans-hiatal (%)                        65,0        60,0                       1,00
 O nível de significância foi ajustado                 Toracotomia (%)                          15,0        20,0                      1,00
 em 5% (p<0,05).                                       Toracoscopia (%)                         20,0        20,0                      1,00
                                                    Variáveis cirúrgicas
                                                       Tempo de cirurgia (minutos)         400,0±103,8 408,5±142,0                    0,42
                      RESULTADOS                       Tempo de anestesia (minutos)        498,3±107,3 516,0±148,9                    0,33
                                                       Tempo VM (dias)                        1,9±3,3     1,7±1,4                     0,42
    Os pacientes do gUTI e gALTA apre-                 Tempo UTI (dias)                      8,6±12,7    4,1±2,7                      0,07
 sentaram características antropométri-             Fatores pós-operatórios
 cas similares com relação à idade,                    Atendimentos de fisioterapia na UTI   9,6±14,9    8,3±7,6                     0,45
 sexo e IMC (Tabela 1). Antecedentes                   Tempo de dreno no HTD (dias)         12,57±3,41   7,94±1,7                    0,001
 etílicos dos grupos gUTI e gALTA tam-                 Tempo de dreno no HTE (dias)         10,36±4,6    8,38±4,1                    0,08
 bém foram semelhantes, mas o gUTI                     Hospitalização (dias)                15,85±7,6  14,65±12,7                    0,28
 apresentava uma história de tabagis-               gUTI = grupo com fisioterapia respiratória apenas durante a permanência na unidade
 mo mais importante do que o gUTI                   de terapia intensiva; gALTA = grupo com fisioterapia respiratória até a alta hospitalar; VM
 (Tabela 1). O gUTI também apresen-                 = ventilação mecânica; HTD = hemitórax direito; HTE = hemitórax esquerdo

 Tabela 1 Características pré-operatórias (média±dp) dos pacientes com câncer                     pacientes assistidos pela equipe de
          de esôfago, submetidos à esofagectomia                                                  fisioterapia até a alta hospitalar rece-
                                                                                                  beram 20,7 sessões.
     Dados antropométricos                 gUTI (n= 20)        gALTA (n= 20)           p
       Idade (anos)                         55,5±9,9             57,1±10,8            0,32           Além disso, o gALTA permaneceu
                   2                                                                              com o dreno pleural no hemitórax
       IMC (Kg/m )                          22,5±3,3             18,0±4,0             0,26
                                                                                                  direito, em média, 4,5 dias a menos
       Sexo (F/M) (%)                        30/70                 25/75              1,00        que o gUTI (p<0,05). Por outro lado,
     Hábitos e vícios                                                                             não foi observada diferença entre os
       Tabagismo (maços-ano)                26,1±18,4             35,7±7,6           <0,05        dois grupos no tempo de permanência
       Etilismo (%)                             72                   90                           do dreno pleural do lado esquerdo do
     gUTI = grupo com fisioterapia respiratória apenas durante a permanência na unidade           tórax (diferença de apenas 2 dias) e
     de terapia intensiva; gALTA = grupo com fisioterapia respiratória até a alta hospitalar;     no tempo de internação no hospital,
     IMC = índice de massa corpórea; F = feminino; M = masculino; 1 maço-ano =                    tendo o grupo que recebeu fisioterapia
     consumo diário de 1 maço durante 1 ano                                                       respiratória na enfermaria permane-




74    FISIOTERAPIA E PESQUISA 2008; 1 5( 1)
Lunardi et al.                                                                                          Fisioterapia no pós-esofagectomia


                                                                                        excluindo-se pacientes de alto risco19,29.
                                     gUTI
30%                                                                                        Os resultados aqui observados apre-
                                     gALTA
                                                                                        sentam evidências de que os bene-
                                                                                        fícios da fisioterapia respiratória no
                                                                                        período pós-crítico parecem ocorrer
20%                                                                                     independentemente do critério de se-
                                                                                        leção para inclusão dos pacientes, já
                                                                                        que não houve qualquer seleção de
                                                                             *
10%
                                                                                        gravidade dos pacientes analisados
                                                                                        (todos os prontuários foram estudados
                             *                   *
                                                                                        consecutivamente, sem exclusão).
                                                                                        Além disso, os cuidados fisioterapêu-
  0%                                                                                    ticos foram iniciados já no período
                 Derrame pleural    Broncopneumonia        Complicações respiratórias   pós-operatório crítico em ambos os
                                                                                        grupos, sem diferença estatística no
Grafico 1 Percentual de complicações pulmonares pós-operatórias nos dois grupos
                                                                                        tempo de permanência e no número
          de pacientes com câncer de esôfago submetidos à esofagectomia: gUTI
                                                                                        de sessões de fisioterapia respiratória
          = grupo com fisioterapia respiratória apenas durante a permanência na
                                                                                        recebidas pelos pacientes na UTI, o
          unidade de terapia intensiva; gALTA = grupo com fisioterapia
          respiratória até a alta hospitalar; Complicações respiratórias = total de     que denota homogeneidade entre os
          afecções avaliadas; * p<0,05 comparado ao grupo controle.                     grupos analisados. Portanto, os resul-
                                                                                        tados benéficos no gALTA devem de-
cido em média apenas 1 dia a menos          estudo variou de 5 a 30%, sendo menor       correr diretamente do prolongamento
(Tabela 2).                                 do que as taxas descritas na literatura,    da fisioterapia respiratória até a alta
                                            que variam entre 17 e 88% 12,23-25.         hospitalar.
   Os pacientes do gALTA apresenta-
ram uma incidência três vezes menor         Alguns estudos sugerem que certos              Quanto ao tempo de hospitalização,
de complicações pulmonares quando           fatores predispõem à incidência de          o hospital onde este estudo foi reali-
comparados ao do gUTI (p<0,05,              complicações pós-cirúrgicas, tais           zado é considerado referência para
Grafico 1). A menor incidência de           como idade superior a 65 anos, função       cirurgia abdominal, recebendo pacien-
CPO nos pacientes que receberam             pulmonar deteriorada, presença de           tes com um elevado número de co-
fisioterapia respiratória até a alta        malignidade, sítio cirúrgico, desnutri-     morbidades, o que pode explicar o pro-
explica-se pela ocorrência de quatro        ção e desempenho físico e psicos-           longado período no hospital.
vezes menos derrame pleural do que          social4,11,14,17,26,27. Analisando alguns
                                            desses fatores no presente estudo,             De maneira geral, a continuidade
no gUTI (4 de 20 pacientes no gUTI vs
                                                                                        do cuidado respiratório nesses pacien-
1 de 20 pacientes no gALTA, p<0,05)         verificou-se que, apesar de não haver
                                                                                        tes cirúrgicos visou a manutenção das
e de metade da incidência de                diferença estatística entre os grupos,
                                                                                        vias respiratórias livres de secreção,
broncopneumonia (2 de 20 pacientes          o gALTA apresentou maior número de
                                                                                        a redução da incidência de atelectasias
do gUTI vs 1 de 20 pacientes do             idosos e de pacientes com história ta-
                                                                                        e a melhora na ventilação pulmonar30.
gALTA, p<0,05).                             bágica do que o gUTI e, mesmo assim,
                                                                                        No presente estudo, os benefícios foram
                                            apresentou significante menor inci-
                                                                                        observados, apesar de os pacientes
                                            dência de CPO.
                       DISCUSSÃO E                                                      receberem, em média, menos de uma
                                                                                        sessão de fisioterapia respiratória por
                                               Os benefícios da fisioterapia respi-
                       CONCLUSÃO            ratória obtidos pelos pacientes subme-      dia.
   Complicações pós-operatórias             tidos a cirurgias abdominais altas têm         O uso do dreno torácico é freqüente
(CPO) como broncopneumonia e                sido objeto de muitos estudos. Até o        no pós-operatório de esofagectomias
insuficiência respiratória estão entre      momento, porém, a grande maioria            nos casos de acesso torácico, a fim de
as mais freqüentes após a esofagec-         dos estudos avaliou os benefícios obti-     drenar o líquido acumulado no espaço
tomia, excedendo mesmo a inci-              dos pelo atendimento da fisioterapia        pleural20. Apesar de sua importância
dência de morbidade respiratória en-        respiratória profilática28, ou comparou,    no pós-operatório, os drenos limitam
contrada nas ressecções pulmona-            no período pós-operatório, a efetivida-     a mobilidade dos pacientes e causam
res4,21,22. As CPO prolongam a estadia      de de diferentes técnicas fisioterapêu-     dor em alguns, reduzindo a eficiência
hospitalar, aumentam os custos do tra-      ticas, como o inspirômetro de incenti-      da tosse e podendo levar à hipoventi-
tamento e, por fim, a mortalidade ci-       vo, os exercícios com pressão positiva,     lação, causar atelectasias e infecção
rúrgica4,23. A taxa de incidência dessas    a respiração profunda e a deambulação       pulmonar31. A fisioterapia respiratória,
complicações encontradas no presente        precoce – com efeito equivalente,           por meio das técnicas de reexpansão




                                                                                         FISIOTERAPIA E PESQUISA 2008;15(1)            75
pulmonar e de deambulação precoce,          te, reforçando a importância dos resul-     pos. Além disso, não houve diferença
 objetiva reduzir ou prevenir o acúmulo      tados, já que não houve critérios de        significativa entre os grupos no tempo
 de secreção e melhorar a ventilação         exclusão. Alguns fatores podem ser          de permanência e no número de
 pulmonar, facilitando a drenagem do         limitantes na análise destes resultados,    sessões de fisioterapia recebidas pelos
 líquido do espaço pleural, diminuindo       visto que os prontuários podem subes-       pacientes na UTI.
 assim o desconforto do paciente e as        timar informações da rotina clínica,           Dessa forma, acredita-se que houve
 taxas de infecção. Os resultados deste      omitindo-se anotações pela ausência         homogeneidade entre os grupos anali-
 estudo sugerem que a fisioterapia respi-    de padronização em seu preenchimen-         sados, sem influência da intervenção
 ratória na enfermaria pôde estimular        to. Por outro lado, o grupo que recebeu     recebida na UTI. De qualquer maneira,
 a saída de liquido do espaço pleural        fisioterapia respiratória na enfermaria     entende-se que a realização de estu-
 pelo dreno torácico, auxiliando a equi-     foi atendido cronologicamente após o        dos prospectivos aleatorizados seja
 pe médica na antecipação da obten-          grupo que não recebeu esse tratamen-        essencial para corroborar os resultados
 ção dos critérios de sua retirada (débito   to; assim, a utilização de modalidades      aqui obtidos ou expandi-los, incluindo
 seroso menor de 100 ml em 24 horas),        cirúrgicas ou anestésicas mais recentes     variáveis como a quantificação da dor,
 já que houve remoção mais precoce           ou mesmo a maior experiência dos ci-        da mortalidade e da função pulmonar.
 do dreno no gALTA23. Além disso, os         rurgiões poderia ter interferido, pelo         Com base nos resultados obtidos,
 pacientes desse grupo apresentaram          menos parcialmente, nas diferenças          conclui-se que a continuidade dos pro-
 menor incidência de broncopneu-             observadas entre os grupos. No              cedimentos de fisioterapia respiratória
 monia e derrame pleural, porém sem          entanto, isso não parece ter ocorrido       após o período crítico até a alta hos-
                                             porque o tempo cirúrgico, as aborda-        pitalar parece ter papel fundamental
 redução no tempo de hospitalização.
                                             gens cirúrgicas, a duração do efeito        na diminuição da incidência de com-
    Este estudo foi realizado de forma       anestésico e o tempo que os pacientes       plicações pulmonares pós-operatórias
 retrospectiva e os prontuários dos          permaneceram na UTI no pós-opera-           em pacientes submetidos à esofagec-
 pacientes analisados consecutivamen-        tório foram similares entres os dois gru-   tomia por câncer.




                                                       REFERÊNCIAS

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76   FISIOTERAPIA E PESQUISA 2008; 1 5( 1)
Lunardi et al.                                                                                 Fisioterapia no pós-esofagectomia




                                                Referências (cont.)

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                                                                                 FISIOTERAPIA E PESQUISA 2008;15(1)           77

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Efeito da continuidade da fisioterapia respiratória até a alta hospitalar na incidência de complicações pulmonares após esofa (1)

  • 1. Efeito da continuidade da fisioterapia respiratória até a alta hospitalar na incidência de complicações pulmonares após esofagectomia por câncer Effect of sustained respiratory care until hospital discharge on the incidence of pulmonary complications following esophagectomy for cancer Adriana Claudia Lunardi1, Juliana Mantovani Resende2, Olívia Maio Cerri2, Celso Ricardo Fernandes de Carvalho3 1 Fisioterapeuta; Ms. do Fofito/ RESUMO: O presente estudo avaliou os efeitos na incidência de complicações FMUSP (Depto. de pulmonares do cuidado contínuo de fisioterapia respiratória no pós-operatório de Fonoaudiologia, Fisioterapia e esofagectomia, até a alta hospitalar. Examinaram-se retrospectivamente 40 prontuários Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina da de pacientes de esofagectomia consecutivos (nenhuma exclusão), que foram Universidade de São Paulo, divididos em dois grupos: um dos que receberam fisioterapia respiratória apenas na São Paulo, SP) unidade de tratamento intensivo (gUTI, n=20) e outro dos que a receberam até a alta hospitalar (gALTA, n=20). Foram coletadas informações referentes ao pré, intra 2 Fisioterapeutas e pós-operatório. Os resultados mostram que gUTI e gALTA, respectivamente, 3 Fisioterapeuta; Prof. Livre- apresentaram-se similares (média±dp) quanto a idade (55,5±9,9 e 57,1±10,8 anos), docente do Fofito/FMUSP IMC (22,5±3,3 e 18±4 kg/m2), tempo de cirurgia (400±103,8 e 408,5±142 min), tempo de anestesia (498,3±107,3 e 516±148,9 min) e número de atendimentos de ENDEREÇO PARA fisioterapia na UTI (9,6±14,9 e 8,3±7,6). Apesar de o gALTA apresentar história de CORRESPONDÊNCIA Adriana Claudia Lunardi tabagismo superior (35,7±17,6 vs 26,1±18,4 maços-ano, p<0,05), houve menos 20% Fofito/FMUSP - Secretaria da de complicações respiratórias após esofagectomia nesse grupo quando comparado Fisioterapia ao gUTI (10% vs 30%, p<0,05): incidência 75% menor de derrame pleural e 50% Rua Cipotânea 51 Cidade menos broncopneumonia. Além disso, o gALTA teve permanência menor de dreno Universitária. pleural no hemitórax direito (menos 4,5 dias, p<0,05). Estes achados sugerem que 05360-000 São Paulo SP e-mail: adrianalunardi@usp.br os cuidados de fisioterapia respiratória até a alta hospitalar podem reduzir a incidência de complicações pulmonares após esofagectomia por câncer. DESCRITORES: Cuidados pós-operatórios; Esofagectomia/complicações; Esofagectomia/ reabilitação; Fisioterapia (respiratória) ABSTRACT: This study assessed the effects of chest physical therapy all through hospital stay until discharge onto the incidence of pulmonary complications in patients having undergone esophagectomy for cancer. Medical records of esophagectomy patients were examined and 40 subsequent ones selected (none excluded), and divided into two groups: one having received chest physiotherapy only in the intensive care unit (ICUg, n=20) and the other having received it during full hospital stay (DISg, n=20). Information concerning pre-, peri- and postoperative periods were drawn from patients’ records. Results show that ICUg and DISg were similar (mean±sd) concerning age (55.5±9.9 vs 57.1±10.8 years old), BMI (22.5±3.3 vs 18±4 kg/m2), operating time (400±103.8 vs 408.5±142 min), anesthesia time (498.3±107.3 vs 516±148.9 min) and number of chest physical therapy sessions in the ICU (9.6±14.9 vs 8.3±7.6 sessions). Despite the fact that DISg patients had higher tobacco consumption than ICUg ones (35.7±17.6 vs 26.1±18.4 packs-year, p<0.05), there were 20% less pulmonary complications in this group when compared to the ICU group (10% vs 30%, p<0.05): lesser incidence (75%) of pleural effusion and 50% less of bronchopneumonia. DISg also had undergone a shorter time (less 4.5 days) with pleural drain on (p<0.05). These findings suggest chest physical therapy care all along hospital stay until discharge APRESENTAÇÃO may reduce pulmonary complications after esophagectomy for cancer. jun. 2007 ACEITO PARA PUBLICAÇÃO KEY WORDS: Esophagectomy/complications; Esophagectomy/rehabilitation; Physical fev. 2008 therapy (respiratory); Postoperative care 72 FISIOTERAPIA E PESQUISA 2008; 115(1): 72-7 5( 1)
  • 2. Lunardi et al. Fisioterapia no pós-esofagectomia INTRODUÇÃO aquelas verificadas na esofagectomia, que é a cirurgia com maior morbimor- peso, altura, índice de massa corpórea (IMC, calculado pelo produto do peso, As cirurgias no compartimento talidade respiratória4,13. Numa análise em quilogramas, dividido pela altura abdominal superior e as torácicas apre- detalhada das revisões sistemáticas em metros ao quadrado), dados clíni- sentam a maior incidência de morbida- sobre a efetividade da fisioterapia nas cos, diagnóstico, hábitos e vícios (ta- de e mortalidade de causa respira- complicações pós-operatórias abdo- bagismo e etilismo). tória1,2, sendo que a taxa de complica- minais altas, os autores17 constataram Dados dos procedimentos cirúrgicos: ções pulmonares no pós-operatório varia que não foi analisado um único caso foram coletadas informações sobre tipo entre 20% e 69%3. Dentre as cirurgias, de esofagectomia, portanto não se co- e duração das cirurgias e dos procedi- a esofagectomia é o tipo abdominal nhecem estudos que avaliaram os mentos anestésicos. que mais comumente cursa com efeitos da fisioterapia respiratória nas complicações respiratórias, especial- complicações dessa cirurgia. Dados pós-operatórios: as informa- mente quando realizada com acesso ções referentes à evolução clínica O objetivo do presente estudo foi torácico, superando as taxas observa- observada no período entre a cirurgia pois o de avaliar os efeitos, sobre a das nas ressecções pulmonares4-6. Essa e a alta hospitalar incluíram os seguin- incidência de complicações pulmo- elevada ocorrência deve-se principal- tes eventos considerados como compli- nares, do cuidado contínuo de fisio- mente a broncoaspiração, complica- cações pulmonares pós-operatórias terapia respiratória após o período ções cardíacas, infecções, pneumonias, (CPO): crítico até a alta hospitalar, de pacien- insuficiência renal ou respiratória e tes submetidos à esofagectomia por (1) atelectasia – confirmada pela sepse7. câncer de esôfago. imagem radiográfica de redução A alta incidência de complicações do volume pulmonar associada pulmonares após esofagectomias tem à opacificação num lobo pulmo- sido apontada há décadas e diversas METODOLOGIA nar, podendo estar relacionada técnicas intra- e pós-operatórias de à queda da pressão parcial de caráter profilático têm sido utilizadas Foram estudados retrospectivamente O2 no sangue arterial ou satura- com o objetivo de reduzir a morbidade 40 pacientes consecutivos (nenhuma ção periférica de oxigênio16; dessa cirurgia4,8. A grande maioria dos exclusão) submetidos à esofagectomia por câncer de esôfago num hospital (2) pneumonia – definida como pre- estudos indica uma prevalência de 20 universitário entre abril de 1999 e abril sença de um infiltrado radiográ- a 35% de complicações gerais em de 2004. Este estudo foi aprovado pelo fico com adição de pelo menos pacientes submetidos à ressecção do Comitê de Ética do Hospital (protocolo dois dos seguintes eventos: esôfago3-5,8-10. Entretanto, há relatos de n. 179/05). temperatura corpórea superior a que a prevalência de acometimentos 37,7°C, contagem de células respiratórios supere os 30%, indepen- Os sujeitos foram divididos em dois brancas sangüíneas acima de dentemente dos critérios adotados para grupos (n=20): pacientes submetidos 10.500/µL e/ou demonstração de determinar o que seja considerado à esofagectomia entre junho de 1999 organismos patogênicos; complicação, podendo causar óbito e junho de 2001, que receberam fisio- em até 55% dos casos2,11. terapia respiratória somente na (3) derrame pleural – identificado unidade de terapia intensiva (gUTI); e na radiografia de tórax pela pre- A eficácia da fisioterapia respira- pacientes submetidos à esofagectomia sença de velamento de seio cos- tória durante o período pós-operatório entre julho de 2001 (quando passou a tofrênico, podendo conter imagem em pacientes submetidos a cirurgias ser oferecido o atendimento de fisio- de menisco quando houvesse abdominais altas inclui a reversão de atelectasias e a melhora na saturação terapia na enfermaria cirúrgica) e abril acúmulo de líquido no espaço de oxigênio12-16. Além disso, se reali- de 2004, que receberam cuidados de pleural20. zada de maneira profilática, a fisiote- fisioterapia respiratória no período pós- Fisioterapia respiratória: todos os rapia respiratória também parece operatório na enfermaria, até a alta pacientes (do gUTI e do gALTA) re- reduzir a incidência de pneumonia em hospitalar (gALTA). Todos os casos ana- ceberam cuidados respiratórios na UTI, pacientes de alto risco submetidos a lisados receberam cuidados de fisio- porém apenas os pacientes do gALTA cirurgias abdominais altas17. Vários terapia respiratória após a cirurgia na continuaram a receber atendimento de estudos avaliam o efeito da fisiote- unidade de terapia intensiva (UTI). As fisioterapia respiratória durante sua rapia respiratória em pacientes subme- informações referentes aos períodos estadia na unidade de internação após tidos a cirurgias abdominais, mas esses pré e intra-operatórios e as complica- a cirurgia. O atendimento de fisiote- estudos não discriminam as cirurgias ções pós-cirúrgicas foram obtidas do rapia respiratória na enfermaria não foi segundo o porte18,19, e não há como prontuário dos pacientes. protocolado, mas orientado pelo mes- comparar as complicações pós-ope- Dados pré-operatórios: foram cole- mo profissional fisioterapeuta durante ratórias de uma colecistectomia ou de tadas informações no prontuário dos todo o período avaliado e foi aplicado uma correção de hérnia inguinal com pacientes referentes a idade, sexo, com base nas condições clínicas dos FISIOTERAPIA E PESQUISA 2008;15(1) 73
  • 3. pacientes visando: (i) reduzir ou pre- tava maior número de pacientes idosos so torácico (metade com toracotomia venir o acúmulo de secreção brônqui- (maiores de 65 anos) quando compara- e a outra metade por vídeo-toracos- ca (através de estímulo de tosse e ma- do ao gALTA (respectivamente, 25% copia, Tabela 2). O tempo de duração nobras para higiene brônquica); (ii) vs 15%), apesar de na média não haver da cirurgia, duração de anestesia, dias melhorar a ventilação pulmonar (por diferença estatística. de permanência em UTI e dias de meio de exercícios de respiração pro- assistência de ventilação mecânica Os procedimentos cirúrgicos reali- funda e uso de inspirômetros de após a cirurgia foram similares entre zados foram de dois tipos: esofagec- incentivo); e (iii) estimular o paciente o gUTI e o gALTA (Tabela 2). tomia trans-hiatal (com laparotomia a deambular o mais precocemente xifo-umbilical e cervicotomia à es- Foi aplicada fisioterapia respiratória possível após a cirurgia. A duração do querda), ou esofagectomia com acesso em todos os pacientes durante sua per- atendimento de fisioterapia foi, em torácico, que incluía a toracotomia manência na UTI, sem diferença esta- média, de 20 minutos e nenhum (acesso convencional) ou toracoscopia tística entre os grupos no número de paciente foi submetido a exercícios (acesso vídeo-assistido) à direita. Não atendimentos nesse período (Tabela 2). com pressão positiva. houve diferença quanto ao tipo de pro- Os pacientes do gALTA receberam, em Análise estatística: para a análise cedimento cirúrgico entre os grupos média, 12,3 atendimentos na enfer- dos dados, foram considerados os gUTI e gALTA, sendo que a maioria maria no período médio de 15,2 dias seguintes parâmteros: sensibilidade dos pacientes foi submetida à esofa- de internação hospitalar. No total, os (power) de 80%; e nível de signifi- gectomia trans-hiatal e o restante foi pacientes do gUTI receberam em cância de 5% (p<0,05). O teste de submetido à esofagectomia com aces- média 9,6 atendimentos, enquanto os Kolmogorov-Smirnov foi usado para analisar os dados de distribuição nor- Tabela 2 Dados (média±dp ou %) intra e pós-operatório dos pacientes com mal. Os dados de distribuição não- câncer de esôfago submetidos à esofagectomia paramétrica foram comparados pelo teste de Mann Whitney (rank sum). O gUTI (n=20) gALTA (n=20) p teste qui-quadrado foi usado para Procedimento cirúrgico comparar percentuais entre os grupos. Trans-hiatal (%) 65,0 60,0 1,00 O nível de significância foi ajustado Toracotomia (%) 15,0 20,0 1,00 em 5% (p<0,05). Toracoscopia (%) 20,0 20,0 1,00 Variáveis cirúrgicas Tempo de cirurgia (minutos) 400,0±103,8 408,5±142,0 0,42 RESULTADOS Tempo de anestesia (minutos) 498,3±107,3 516,0±148,9 0,33 Tempo VM (dias) 1,9±3,3 1,7±1,4 0,42 Os pacientes do gUTI e gALTA apre- Tempo UTI (dias) 8,6±12,7 4,1±2,7 0,07 sentaram características antropométri- Fatores pós-operatórios cas similares com relação à idade, Atendimentos de fisioterapia na UTI 9,6±14,9 8,3±7,6 0,45 sexo e IMC (Tabela 1). Antecedentes Tempo de dreno no HTD (dias) 12,57±3,41 7,94±1,7 0,001 etílicos dos grupos gUTI e gALTA tam- Tempo de dreno no HTE (dias) 10,36±4,6 8,38±4,1 0,08 bém foram semelhantes, mas o gUTI Hospitalização (dias) 15,85±7,6 14,65±12,7 0,28 apresentava uma história de tabagis- gUTI = grupo com fisioterapia respiratória apenas durante a permanência na unidade mo mais importante do que o gUTI de terapia intensiva; gALTA = grupo com fisioterapia respiratória até a alta hospitalar; VM (Tabela 1). O gUTI também apresen- = ventilação mecânica; HTD = hemitórax direito; HTE = hemitórax esquerdo Tabela 1 Características pré-operatórias (média±dp) dos pacientes com câncer pacientes assistidos pela equipe de de esôfago, submetidos à esofagectomia fisioterapia até a alta hospitalar rece- beram 20,7 sessões. Dados antropométricos gUTI (n= 20) gALTA (n= 20) p Idade (anos) 55,5±9,9 57,1±10,8 0,32 Além disso, o gALTA permaneceu 2 com o dreno pleural no hemitórax IMC (Kg/m ) 22,5±3,3 18,0±4,0 0,26 direito, em média, 4,5 dias a menos Sexo (F/M) (%) 30/70 25/75 1,00 que o gUTI (p<0,05). Por outro lado, Hábitos e vícios não foi observada diferença entre os Tabagismo (maços-ano) 26,1±18,4 35,7±7,6 <0,05 dois grupos no tempo de permanência Etilismo (%) 72 90 do dreno pleural do lado esquerdo do gUTI = grupo com fisioterapia respiratória apenas durante a permanência na unidade tórax (diferença de apenas 2 dias) e de terapia intensiva; gALTA = grupo com fisioterapia respiratória até a alta hospitalar; no tempo de internação no hospital, IMC = índice de massa corpórea; F = feminino; M = masculino; 1 maço-ano = tendo o grupo que recebeu fisioterapia consumo diário de 1 maço durante 1 ano respiratória na enfermaria permane- 74 FISIOTERAPIA E PESQUISA 2008; 1 5( 1)
  • 4. Lunardi et al. Fisioterapia no pós-esofagectomia excluindo-se pacientes de alto risco19,29. gUTI 30% Os resultados aqui observados apre- gALTA sentam evidências de que os bene- fícios da fisioterapia respiratória no período pós-crítico parecem ocorrer 20% independentemente do critério de se- leção para inclusão dos pacientes, já que não houve qualquer seleção de * 10% gravidade dos pacientes analisados (todos os prontuários foram estudados * * consecutivamente, sem exclusão). Além disso, os cuidados fisioterapêu- 0% ticos foram iniciados já no período Derrame pleural Broncopneumonia Complicações respiratórias pós-operatório crítico em ambos os grupos, sem diferença estatística no Grafico 1 Percentual de complicações pulmonares pós-operatórias nos dois grupos tempo de permanência e no número de pacientes com câncer de esôfago submetidos à esofagectomia: gUTI de sessões de fisioterapia respiratória = grupo com fisioterapia respiratória apenas durante a permanência na recebidas pelos pacientes na UTI, o unidade de terapia intensiva; gALTA = grupo com fisioterapia respiratória até a alta hospitalar; Complicações respiratórias = total de que denota homogeneidade entre os afecções avaliadas; * p<0,05 comparado ao grupo controle. grupos analisados. Portanto, os resul- tados benéficos no gALTA devem de- cido em média apenas 1 dia a menos estudo variou de 5 a 30%, sendo menor correr diretamente do prolongamento (Tabela 2). do que as taxas descritas na literatura, da fisioterapia respiratória até a alta que variam entre 17 e 88% 12,23-25. hospitalar. Os pacientes do gALTA apresenta- ram uma incidência três vezes menor Alguns estudos sugerem que certos Quanto ao tempo de hospitalização, de complicações pulmonares quando fatores predispõem à incidência de o hospital onde este estudo foi reali- comparados ao do gUTI (p<0,05, complicações pós-cirúrgicas, tais zado é considerado referência para Grafico 1). A menor incidência de como idade superior a 65 anos, função cirurgia abdominal, recebendo pacien- CPO nos pacientes que receberam pulmonar deteriorada, presença de tes com um elevado número de co- fisioterapia respiratória até a alta malignidade, sítio cirúrgico, desnutri- morbidades, o que pode explicar o pro- explica-se pela ocorrência de quatro ção e desempenho físico e psicos- longado período no hospital. vezes menos derrame pleural do que social4,11,14,17,26,27. Analisando alguns desses fatores no presente estudo, De maneira geral, a continuidade no gUTI (4 de 20 pacientes no gUTI vs do cuidado respiratório nesses pacien- 1 de 20 pacientes no gALTA, p<0,05) verificou-se que, apesar de não haver tes cirúrgicos visou a manutenção das e de metade da incidência de diferença estatística entre os grupos, vias respiratórias livres de secreção, broncopneumonia (2 de 20 pacientes o gALTA apresentou maior número de a redução da incidência de atelectasias do gUTI vs 1 de 20 pacientes do idosos e de pacientes com história ta- e a melhora na ventilação pulmonar30. gALTA, p<0,05). bágica do que o gUTI e, mesmo assim, No presente estudo, os benefícios foram apresentou significante menor inci- observados, apesar de os pacientes dência de CPO. DISCUSSÃO E receberem, em média, menos de uma sessão de fisioterapia respiratória por Os benefícios da fisioterapia respi- CONCLUSÃO ratória obtidos pelos pacientes subme- dia. Complicações pós-operatórias tidos a cirurgias abdominais altas têm O uso do dreno torácico é freqüente (CPO) como broncopneumonia e sido objeto de muitos estudos. Até o no pós-operatório de esofagectomias insuficiência respiratória estão entre momento, porém, a grande maioria nos casos de acesso torácico, a fim de as mais freqüentes após a esofagec- dos estudos avaliou os benefícios obti- drenar o líquido acumulado no espaço tomia, excedendo mesmo a inci- dos pelo atendimento da fisioterapia pleural20. Apesar de sua importância dência de morbidade respiratória en- respiratória profilática28, ou comparou, no pós-operatório, os drenos limitam contrada nas ressecções pulmona- no período pós-operatório, a efetivida- a mobilidade dos pacientes e causam res4,21,22. As CPO prolongam a estadia de de diferentes técnicas fisioterapêu- dor em alguns, reduzindo a eficiência hospitalar, aumentam os custos do tra- ticas, como o inspirômetro de incenti- da tosse e podendo levar à hipoventi- tamento e, por fim, a mortalidade ci- vo, os exercícios com pressão positiva, lação, causar atelectasias e infecção rúrgica4,23. A taxa de incidência dessas a respiração profunda e a deambulação pulmonar31. A fisioterapia respiratória, complicações encontradas no presente precoce – com efeito equivalente, por meio das técnicas de reexpansão FISIOTERAPIA E PESQUISA 2008;15(1) 75
  • 5. pulmonar e de deambulação precoce, te, reforçando a importância dos resul- pos. Além disso, não houve diferença objetiva reduzir ou prevenir o acúmulo tados, já que não houve critérios de significativa entre os grupos no tempo de secreção e melhorar a ventilação exclusão. Alguns fatores podem ser de permanência e no número de pulmonar, facilitando a drenagem do limitantes na análise destes resultados, sessões de fisioterapia recebidas pelos líquido do espaço pleural, diminuindo visto que os prontuários podem subes- pacientes na UTI. assim o desconforto do paciente e as timar informações da rotina clínica, Dessa forma, acredita-se que houve taxas de infecção. Os resultados deste omitindo-se anotações pela ausência homogeneidade entre os grupos anali- estudo sugerem que a fisioterapia respi- de padronização em seu preenchimen- sados, sem influência da intervenção ratória na enfermaria pôde estimular to. Por outro lado, o grupo que recebeu recebida na UTI. De qualquer maneira, a saída de liquido do espaço pleural fisioterapia respiratória na enfermaria entende-se que a realização de estu- pelo dreno torácico, auxiliando a equi- foi atendido cronologicamente após o dos prospectivos aleatorizados seja pe médica na antecipação da obten- grupo que não recebeu esse tratamen- essencial para corroborar os resultados ção dos critérios de sua retirada (débito to; assim, a utilização de modalidades aqui obtidos ou expandi-los, incluindo seroso menor de 100 ml em 24 horas), cirúrgicas ou anestésicas mais recentes variáveis como a quantificação da dor, já que houve remoção mais precoce ou mesmo a maior experiência dos ci- da mortalidade e da função pulmonar. do dreno no gALTA23. Além disso, os rurgiões poderia ter interferido, pelo Com base nos resultados obtidos, pacientes desse grupo apresentaram menos parcialmente, nas diferenças conclui-se que a continuidade dos pro- menor incidência de broncopneu- observadas entre os grupos. No cedimentos de fisioterapia respiratória monia e derrame pleural, porém sem entanto, isso não parece ter ocorrido após o período crítico até a alta hos- porque o tempo cirúrgico, as aborda- pitalar parece ter papel fundamental redução no tempo de hospitalização. gens cirúrgicas, a duração do efeito na diminuição da incidência de com- Este estudo foi realizado de forma anestésico e o tempo que os pacientes plicações pulmonares pós-operatórias retrospectiva e os prontuários dos permaneceram na UTI no pós-opera- em pacientes submetidos à esofagec- pacientes analisados consecutivamen- tório foram similares entres os dois gru- tomia por câncer. REFERÊNCIAS 1 Karl RC, Schreiber R, Boulware D, Baker S, Coppola 6 Allum WH, Griffin SM, Watson A, Colin-Jones D. On D. Factors affecting morbidity, mortality, and behalf of the Association of Upper Gastrointestinal survival in patients undergoing Ivor Lewis Surgeons of Great Britain and Ireland, the British Society esophagogastrectomy. Ann Surg. of Gastroenterology, and the British Association of 2000;231(5):635-43. Surgical Oncology: guidelines for the management of 2 Dimick JB, Pronovost PJ, Cowan JA Jr, Lipsset PA, oesophageal and gastric cancer. Gut. 2002;50(S5):1-23. Stanley JC, Upchurch GR Jr. Variation in 7 Sherry KM. Peri-operative risk factors for acute lung postoperative complication rates after high-risk injury after elective oesophagectomy. [abstract] Surv surgery in the United States. Surgery. Anesthesiol. 2002;46(1):33. 2003;134(4):540-1. 8 Low DE. Evolution in perioperative management of 3 Brooks-Brunn JA. Predictors of postoperative patients undergoing oesophagectomy. Br J Surg. pulmonary complications following abdominal 2007;94(6):655-6. surgery. Chest. 1997;111(3):564-71. 9 Gosselink R, Schrever K, Cops P, Witvrouwen H, De 4 Ferguson MK, Durkin AE. Preoperative prediction of Leyn P, Troosters T, et al. Incentive spirometry does the risk of pulmonary complications after not enhance recovery after thoracic surgery. Crit esophagectomy for cancer. J Thorac Cardiovasc Surg. Care Med. 2000;28(3):679-83. 2002;123:661-9. 10 Lawrence VA, Cornell J E, Smetana GW. Strategies to 5 Leigh Y, Mcculloch P. Mortality and pulmonary reduce postoperative pulmonary complications after complications after transhiatal and transthoracic noncardiothoracic surgery: systematic review for the oesophagectomy: the evolving evidence [abstract]. American College of Physicians. Ann Intern Med. Br J Surg. 2007;94(S2):172. 2006;144:596-608. 76 FISIOTERAPIA E PESQUISA 2008; 1 5( 1)
  • 6. Lunardi et al. Fisioterapia no pós-esofagectomia Referências (cont.) 11 Law S. Predictive factors for postoperative pulmonary 22 Shackcloth MJ, McCarron E, Kendall J, Russell GN, complications and mortality after esophagectomy for Pennefather SH, Tran J, et al. Randomized clinical cancer. An Surg. 2004;240:791-800. trial to determine the effect of nasogastric drainage 12 Brooks D, Parsons J, Newton J, Dear C, Silaj E, on tracheal acid aspiration following Sinclair L, et al. Discharge criteria from oesophagectomy. Br J Surg. 2006;93(5):547-52. perioperative physical therapy. Chest. 23 Sziranyi E, Mayer A. Results of surgical treatment of 2002;121(2):488-94. esophageal cancer. Magy Seb. 2001;54(3):158-61. 13 Overend TJ, Anderson CM, Lucy SD, Bhatia C, 24 Gillinov AM, Heitmiller RF. Strategies to reduce Jonsson BI, Timmermans C. The effect of incentive pulmonary complications after transhiatal spirometry on postoperative pulmonary esophagectomy. Dis Esophagus. 1998;11(1):43-7. complications. Chest. 2001;120(3):971-8. 25 Baudouin SV. Lung injury after thoracotomy. Br J 14 Atkins B Z, Shah AS, Hutcheson KA, Mangum JH, Anaesth. 2003;91(1):132-42. Pappas TN, Harpole Jr. DH et al. Reducing hospital 26 Abramov D, Yeshaaiahu M, Tsodikov V, Gatot I, morbidity and mortality following esophagectomy. Orman S, Gavriel A, et al. Timing of chest tube Ann Thorac Surg. 2004;78:1170-6. removal after coronary artery bypass surgery. J Card 15 Vyas S, Mitchell I, Stoker D. Routine underwater seal Surg. 2005;20(2):142-6. drainage of the pleural cavity is not required after 27 Abunasra H, Lewis S, Beggs L, Duffy J, Beggs D, transthoracic oesophagectomy: a pilot study Morgan E. Predictors of operative death after [abstract]. Br J Surg. 2007;94(S5):35. oesophagectomy for carcinoma. Br J Surg. 16 Duggan M, Kavanagh BP. Pulmonary atelectasis: a 2005;92(8):1029-33. pathogenic perioperative entity. Anesthesiology. 28 Aquino JLB. Avaliação da anastomose 2005;102(4):838-54. esofagogástrica cervical com sutura mecânica em 17 Avendano CE, Flume PA, Silvestri GA, King LB, Reed pacientes com megaesôfago avançado. Rev Col Bras CE. Pulmonary complications after esophagectomy. Cir. 2005;32(3):143-6. Ann Thorac Surg. 2002;73:922-6. 29 Pasquina P, Tramer MR, Granier JM, Walder B. 18 Brooks-Brunn JA. Postoperative atelectasis and Respiratory physiotherapy to prevent pulmonary pneumonia. Heart Lung. 1995;24:94-115. complications after abdominal surgery: a systematic 19 Stock MC, Downs JB, Gauer PK, Alster JM, Imrey PB. review. Chest. 2006;130(6):1887-99. Prevention of postoperative pulmonary complications 30 Katsuta T, Saito T, Shigemitsu Y, Kinoshita T, Shiraishi with CPAP, incentive spirometry, and conservative N, Kitano S. Relation between tumor necrosis factor therapy. Chest. 1985;87(2):151-7. and interleukin 1 producing capacity of peripheral 20 Evans AL, Gleeson F V. Radiology in pleural disease: monocytes and pulmonary complications following state of the art. Respirology. 2004;9(3):300-12. oesophagectomy. Br J Surg. 1998;85(4):548-53. 21 Cui Y. Pulmonary complications after esophagectomy 31 Kirby TJ. Pitfalls and complications of left results from multiple factors. Ann Thorac Surg. thoracoabdominal esophagectomy. Chest Surg Clin N 2002;74:1747-8. Am. 1997;7(3):613-22. FISIOTERAPIA E PESQUISA 2008;15(1) 77