2. Texto narrativo
A atividade de contar histórias está
presente desde sempre em todas as
culturas. É uma característica
universal.
São prova disso as pinturas
rupestres – desenhos gravados nas
rochas, em que os homens do
Paleolítico contavam as suas
aventuras, caçadas e outras
experiências do dia a dia.
Com efeito, o ato de narrar –
contar sobre experiências,
emoções, sentimentos,
pensamentos… – sempre atraiu o
ser humano.
3. Narrar é viver, literalmente… No conjunto de contos
As Mil e Uma Noites, a princesa Sherazade consegue
escapar à morte ao contar histórias fascinantes ao Sultão,
deixando-o curioso para conhecer o fim de cada uma.
Consegue adiar a sua morte, até que o Sultão se apaixona
por ela…
Gravura representando
Sherazade e o sultão (1864).
Texto narrativo
4. Quem nunca viajou para
outro mundo
graças às narrativas, imaginando
mil e um cenários, personagens,
aventuras…?
Texto narrativo
5. O que é, pois, um texto narrativo?
O texto narrativo é um texto que apresenta uma
ação, contada por um narrador, que se situa num
determinado espaço e num determinado tempo e
na qual participam personagens.
A este conjunto de elementos dá-se o nome de
elementos da narrativa.
Texto narrativo
6. Quanto ao relevo
São os acontecimentos que
constituem a história narrada.
A ação pode ser analisada quanto ao
relevo e quanto à delimitação.
Elementos
da narrativa
Ação
Ação principal
Acontecimentos mais relevantes.
Ação secundária
Acontecimentos menos importantes,
contribuindo para o desenvolvimento
da ação e para a caracterização de
personagens.
Texto narrativo
7. São os acontecimentos que
constituem a história narrada.
A ação pode ser analisada quanto ao
relevo e quanto à delimitação.
Elementos
da narrativa
Ação
Quanto à delimitação
Ação fechada
Ação aberta
Cujo desenlace é conhecido e
definitivo.
Cujo desenlace não é
definitivo, permitindo
acrescentar peripécias à
história.
Texto narrativo
8. Exemplos de ação quanto à delimitação:
(Conclusão da narrativa O Cavaleiro da Dinamarca)
– Que maravilhosa fogueira – pensou o Cavaleiro –. Nunca vi fogueira tão bela.
Mas quando chegou em frente da claridade viu que não era uma fogueira. Pois era ali a
clareira de bétulas onde ficava a sua casa. E ao lado da casa, o grande abeto escuro, a maior
árvore da floresta, estava coberta de luzes. Porque os anjos do Natal a tinham enfeitado
com dezenas de pequeninas estrelas para guiar o Cavaleiro.
Esta história, levada de boca em boca, correu os países do Norte. E é por isso que na
noite de Natal se iluminam os pinheiros.
Sophia de Mello Breyner Andresen, O Cavaleiro da Dinamarca
Ação fechada:
o Cavaleiro, a personagem
principal, regressa a casa,
terminando a peregrinação
à Palestina que a obra narra –
desenlace conhecido e
definitivo.
Texto narrativo
9. Ação aberta:
não se sabe o que aconteceu
depois à personagem
principal, podendo o leitor
imaginar a continuação da
narrativa – o desenlace não
é definitivo.
Exemplos de ação quanto à delimitação:
(Conclusão da narrativa Mestre Finezas)
Mas, na minha frente, Mestre Finezas, alheio a tudo, fazia gemer o seu violino, as suas
recordações. O sol da meia tarde entrava pela porta e aureolava-o de uma luz trémula. E
erguia o corpo como levado na toada que os seus dedos desfiavam; ficava nos bicos dos pés,
todo jogado para o teto.
De súbito, uma revoada de notas soltou-se, desencontradas, raivosas.
Encheram a loja, e ficaram vibrando.
Os braços caíram-lhe para os lados do corpo. Numa das mãos segurava o arco, na outra o
violino. E, muito esguio, macilento, Mestre Finezas curvou a cabeça branca, devagar, como a
agradecer os aplausos de um público invisível.
Manuel da Fonseca, «Mestre Finezas», in Aldeia nova
Texto narrativo
10. Espaço físico
Local onde se desenrola a ação.
Espaço social
Ambiente ou meio social a que
pertencem ou em que se
movem as personagens.
Espaço psicológico
O espaço vivenciado pela
personagem, segundo as suas
emoções e os seus pensamentos.
Elementos
da narrativa
São os locais e ambientes em
que decorre a ação.
Espaço
Texto narrativo
11. Exemplos de espaço:
Agora entro, sento-me de perna cruzada, puxo um cigarro, e à pergunta de sempre
respondo soprando o fumo:
– Só a barba.
[…] Mestre Finezas puxava um banquinho para o meio da loja e enrolava-me numa
enorme toalha.
Era pelo inverno. Jantávamos à pressa e nessas noites minha mãe penteava-me com
cuidado. Calçava uns sapatos rebrilhantes e umas peúgas de seda que me enregelavam os
pés. Saíamos. E, no negrume da noite que afogava as ruas da vila, eu conhecia pela voz
famílias que caminhavam na nossa frente e outras que vinham para trás. Depois, ao
entrar no teatro, sentia-me perplexo no meio de tanta luz e gente silenciosa. Mas todos
pareciam corados de satisfação.
Manuel da Fonseca, «Mestre Finezas», in Aldeia nova
Espaço físico:
as ações decorrem:
Na barbearia da vila, onde
o narrador cortava
o cabelo;
Em casa do narrador, onde
jantavam e a mãe do
narrador o penteava;
Nas ruas da vila;
No teatro.
Texto narrativo
12. […] nessas noites minha mãe penteava-me com cuidado. Calçava uns sapatos
rebrilhantes e umas peúgas de seda que me enregelavam os pés. Saíamos. E, no negrume
da noite que afogava as ruas da vila, eu conhecia pela voz famílias que caminhavam na
nossa frente e outras que vinham para trás. Depois, ao entrar no teatro, sentia-me
perplexo no meio de tanta
luz e gente silenciosa. Mas todos pareciam corados de satisfação. […]
Uma noite Mestre Finezas morreu logo no primeiro ato. Foi um desapontamento.
Todos criticaram pelo corredor, no intervalo. «O melhor artista morrer mal entra em
cena!... Não está certo! Agora vamos gramar quatro atos só com canastrões!», dizia o
doutor delegado a meu pai.
Manuel da Fonseca, «Mestre Finezas», in Aldeia nova
Exemplos de espaço: Espaço social:
A ação decorre numa vila,
num meio pequeno
(na rua, o narrador
reconhece as famílias pela
voz) e rural.
A população vestia
as suas melhores roupas para
ir ao grande divertimento
que eram
as peças de teatro amador,
cujos atores eram os próprios
habitantes.
Texto narrativo
13. Exemplos de espaço:
“Era estranho mas, agora que já tinha procurado em todo o lado, não sentia desespero,
mas sim uma sensação de bem-estar por todo o trabalho realizado.”
“A herança”, de Tim Bowley in Não há como escapar e outros contos maravilhosos
Espaço
psicológico:
O espaço é sentido como
algo tranquilizante,
gerador de bem-estar e
felicidade.
Texto narrativo
14. Elementos
da narrativa
O tempo consiste no(s) momento(s) em
que decorre a ação.
Tempo
Tempo da história ou cronológico
A sucessão cronológica dos
acontecimentos, o tempo em que
a ação acontece.
Tempo histórico
A época ou o momento
histórico da ação.
Tempo psicológico
O tempo vivenciado pela
personagem, segundo as suas
emoções e os seus
pensamentos.
Texto narrativo
15. No dia seguinte o Cavaleiro disse ao negociante que queria seguir por mar para
a Dinamarca.
– Estamos em novembro – respondeu o Flamengo –, o frio aumenta todos os
dias e está anunciado um inverno rigoroso. […]
Esta notícia deixou o Cavaleiro consternado […] e durante três dias percorreu
cidade de Antuérpia. […]
Na noite do terceiro dia, depois do jantar, […] o negociante serviu vinho ao seu
hóspede e disse-lhe:
– Tenho uma proposta a fazer-te. Vejo que gostas de viagens
e aventuras e eu preciso de homens dispostos a correr o mundo. Pois os meus
negócios todos os dias aumentam e procuro associados que me possam ajudar.
Chegou o tempo das navegações, começou uma era nova e os homens capazes
de empreendimento podem agora ganhar fortunas fabulosas.
Sophia de Mello Breyner Andresen, O Cavaleiro da Dinamarca
Exemplos de tempo:
Tempo da história:
As expressões de tempo
destacadas revelam
os diferentes momentos em
que as ações decorrem e a
sucessão cronológica das
mesmas.
Tempo histórico:
A ação decorre no início dos
Descobrimentos (século xv).
Texto narrativo
16. Nesse tempo tinha-lhe medo. […]
Era pelo inverno. Jantávamos à pressa e nessas noites
minha mãe penteava me com cuidado. Calçava uns sapatos brilhantes e umas
peúgas de seda que me enregelavam
os pés. Saíamos. E, no negrume da noite que afogava
as ruas da vila, eu conhecia pela voz famílias que
caminhavam na nossa frente e outras que vinham para trás. […]
Passaram anos. Um dia, parti para os estudos. Voltei homem. Mestre Finezas é
ainda a mesma figura alta e seca. Somente tem os cabelos todos brancos.
Manuel da Fonseca, «Mestre Finezas», in Aldeia nova
Exemplos de tempo:
As últimas observações apontam para
a fase adulta do narrador, quando
Mestre Finezas já é idoso.
Tempo da história:
As expressões de tempo a negrito
revelam os diferentes momentos
em que as ações decorrem e a
sucessão cronológica das
mesmas:
Quando o narrador era criança
/ no inverno;
À noite;
Anos depois, quando o
narrador já é adulto.
Texto narrativo
17. Mestre Finezas puxava um banquinho para o meio da loja e enrolava-me numa enorme
toalha. Só me ficava a cabeça de fora.
Como o tempo corria devagar!
A tesoura tinia e cortava junto das minhas orelhas. Eu não podia mexer-me, não podia
bocejar sequer. […] Os pedacitos de cabelo espalhados pelo pescoço, pela cara, faziam
comichão e não me era permitido coçar. […]
E eu – sumido na toalha, tolhido numa posição tão incómoda que todo o corpo me doía
– era para ali uma pobre criatura indefesa nas mãos de Mestre Ilídio Finezas.
Manuel da Fonseca, «Mestre Finezas», in Aldeia nova
Exemplos de tempo:
Tempo psicológico:
A perceção do tempo difere do
tempo real, pois a ida ao
barbeiro, por ser penosa para o
narrador, parecia interminável
(ouvia e sentia a tesoura a cortar
junto das suas orelhas, não se
podia mexer nem bocejar e
sentia comichão provocada pelos
pedacinhos de cabelos cortados).
Texto narrativo
18. Elementos
da narrativa
É a entidade, criada pelo autor, que tem
a função de contar a história.
Pode ser analisado quanto à
participação e quanto à posição na
narrativa.
Narrador
Quanto à participação
Narrador não participante
Narrador participante
Narra acontecimentos em que
não participa como
personagem – narrador na
3.ª pessoa.
Narra acontecimentos em
que participa como
personagem – narrador
na 1.ª pessoa
Texto narrativo
19. Elementos
da narrativa
É a entidade, criada pelo autor, que tem
a função de contar a história.
Pode ser analisado quanto à
participação e quanto à posição na
narrativa.
Narrador
Quanto à posição
Narrador subjetivo
Narrador objetivo
É parcial ao narrar – deixa transparecer as
suas emoções e opiniões ou faz
comentários, valorizando determinados
aspetos daquilo que narra.
É imparcial ao narrar – não deixa
transparecer as suas emoções e
opiniões, nem faz comentários
sobre o que narra.
Texto narrativo
20. Oiço-lhe a voz desencantada:
– A navalha magoa-te?
Uma onda de ternura por aquele velho amolece-me. Dá-me vontade de lhe dizer que
não, que a navalha não magoa, que nem sequer a sinto.
Manuel da Fonseca, «Mestre Finezas», in Aldeia nova.
Exemplo de narrador quanto à participação e à posição:
Grande bicho, aquele Ladino, o pardal! Tão manhoso, em toda a freguesia, só o padre
Gonçalo. Do seu tempo, já todos tinham andado. O piolho, o frio e o costelo não poupavam
ninguém. Salvo seja ele, Ladino.
Miguel Torga, «Ladino», in Bichos.
Narrador
participante:
Narrador
subjetivo:
Narra e participa nos
acontecimentos, como
demonstram as formas
verbais e pronomes de
1.ª pessoa.
Emite a sua opinião sobre
«Ladino, o pardal», como
o comprovam o uso do
adjetivo «Grande» e do
ponto de exclamação.
Texto narrativo
21. Elementos
da narrativa
Personagens
São as entidades que participam na
ação.
Podem ser analisadas quanto ao
relevo na história e quanto ao
processo de caracterização.
Quanto ao relevo
Personagem secundária
Personagem principal ou protagonista
Menos importante, mas
contribuindo para o desenrolar da
ação.
Em torno da qual gira a ação.
Personagem figurante
Ajuda a construir o ambiente,
sem interferir no desenrolar da
ação
Texto narrativo
22. Rezou muito, nessa noite, o Cavaleiro. Rezou pelo fim das misérias e das guerras, rezou
pela paz e pela alegria do mundo. Pediu a Deus que o fizesse um homem de boa vontade, um
homem de vontade clara e direita, capaz de amar os outros. […]
Passado o Natal o Cavaleiro demorou-se ainda dois meses na Palestina. […]
Depois, em fins de fevereiro, despediu-se de Jerusalém e, na companhia de outros
peregrinos, partiu para o porto de Jafa.
Entre esses peregrinos havia um mercador de Veneza com quem o Cavaleiro travou
grande amizade. […]
– Ouve – disse o Mercador ao Cavaleiro –, não fiques aqui à espera de outro navio. Vem
comigo até Veneza.
Sophia de Mello Breyner Andresen, O Cavaleiro da Dinamarca.
Exemplo de personagens quanto ao relevo:
Protagonista:
Personagem
secundária:
Figurantes:
O Cavaleiro, pois é nele que se
centra a ação.
O Mercador, personagem
menos importante do que o
Cavaleiro e que intervém na
ação, contribuindo para
o desenrolar da mesma.
Os restantes peregrinos, que
ajudam a criar o ambiente, sem
chegar a intervir na ação.
Texto narrativo
23. Elementos
da narrativa
Personagens
São as entidades que participam na
ação.
Podem ser analisadas quanto ao
relevo na história e quanto ao
processo de caracterização.
Quanto ao processo
de caracterização
Caracterização indireta
Caracterização direta
Deduções do leitor a partir
dos comportamentos, das atitudes
ou falas da personagem.
Feita pela própria personagem,
por outra personagem ou pelo
narrador.
Texto narrativo
24. Grande bicho, aquele Ladino, o pardal! Tão manhoso, em toda a freguesia, só o padre
Gonçalo. Do seu tempo, já todos tinham andado. […]
Mas como havia de lhe dar o lampo [morrer], se aquilo era uma cautela, um rigor!... E
logo de pequenino. Matulão, homem feito, e quem é que o fazia largar o ninho?! Uma
semana inteira em luta com a família. Erguia o gargalo, olhava, olhava, e – é o atiras dali
abaixo!... A mãe, coitada, bem o entusiasmava.
A ver se o convencia, punha-se a fazer folestrias [brincadeiras] à volta. E falava na
coragem dos irmãos, uns heróis! Bom proveito! Ele é que não queria saber de cantigas.
Ninguém lhe podia garantir que as asas o aguentassem. É que,francamente, não se tratava de
brincadeira nenhuma!
Miguel Torga, Bichos.
Exemplo de caracterização direta e caracterização indireta: Caracterização direta:
Caracterização
indireta:
Ladino, o pardal, era manhoso e,
desde pequeno, cauteloso e
rigoroso.
Ladino era teimoso (não deixava o
ninho, apesar das tentativas da
mãe) e medroso, pois tinha receio
de não voar.
Texto narrativo
25. Modos de representação do discurso
Narração
É o relato dos acontecimentos feito pelo narrador.
É um modo de representação dinâmico, pois corresponde a
um momento de avanço na ação.
Num texto narrativo, existem quatro modos de representação do
discurso: narração, descrição, diálogo e monólogo.
Marcas
Verbos no pretérito perfeito e
no mais-que-perfeito do
indicativo;
Predomínio de verbos de
movimento/ação (ir, vir,
chegar, sair, subir, correr,
lançar…);
Predomínio de nomes.
Texto narrativo
26. Na primavera o Cavaleiro deixou a sua floresta e dirigiu-se para a cidade mais
próxima, que era um porto de mar. Nesse porto embarcou e, levado por bom vento que
soprava do Norte para o Sul, chegou muito antes do Natal às costas da Palestina. Dali
seguiu com outros peregrinos para Jerusalém. […]
Quando chegou o dia de Natal, ao fim da tarde, o Cavaleiro dirigiu-se para a gruta
de Belém. Ali rezou toda a noite. Rezou no lugar onde a Virgem, São José, o boi, o burro,
os pastores, os Reis Magos e os Anjos tinham adorado a criança acabada de nascer.
Sophia de Mello Breyner Andresen, O Cavaleiro da Dinamarca.
Exemplo de narração:
Relato das ações realizadas pelo protagonista (momento de avanço).
Verbos no pretérito perfeito do
indicativo
Predomínio de nomes
Relato das ações do
protagonista
(momento de avanço):
Verbos de movimento
Texto narrativo
27. Modos de representação do discurso
Descrição
É a apresentação de informações
sobre as personagens, os objetos, os
ambientes, o tempo e o espaço.
É um modo de representação
estático, pois corresponde a um
momento de pausa na ação.
Marcas
Predomínio de adjetivos,
recursos expressivos,
expressões de localização
espacial
(lá fora, em cima de, à frente
de…) e vocabulário que
traduz sensações (visuais,
auditivas, olfativas e táteis).
Verbos copulativos (ser,
estar, ficar, parecer,
permanecer, continuar…);
Verbos no pretérito
imperfeito ou no presente do
indicativo;
Texto narrativo
28. Veneza, construída à beira do mar Adriático sobre pequenas ilhas e sobre estacas,
era nesse tempo uma das cidades mais poderosas do mundo. […] As ruas eram canais
onde deslizavam estreitos barcos finos e escuros. Os palácios cresciam das águas que
refletiam os mármores, as pinturas, as colunas. […]
Aérea e leve a cidade pousava sobre as águas verdes, ao longo da sua própria
imagem.
Passavam homens vestidos de damasco e as mulheres arrastavam no chão a orla
dos vestidos bordados. Vozes, risos, canções e sinos enchiam o ar da tarde.
[…] A cidade parecia-lhe fantástica, irreal, nascida do mar, feita de miragens e
reflexos.
Sophia de Mello Breyner Andresen, O Cavaleiro da Dinamarca.
Exemplo de descrição:
Retrato da cidade de Veneza (momento de pausa na ação).
Verbos no pretérito imperfeito
do indicativo
Verbos copulativos
Expressões de localização espacial
Recursos expressivos:
adjetivação, enumeração
Sensações predominantemente
visuais, mas também auditivas
Texto narrativo
29. Modos de representação do discurso
Diálogo
É a reprodução, em discurso direto, das
falas entre as personagens.
Confere verosimilhança à narrativa,
contribui para a caracterização das
personagens, dá informações sobre
acontecimentos e situações e faz
progredir a ação.
Marcas
Verbos introdutores do
discurso (dizer, declarar,
sugerir, perguntar, indagar,
responder…);
Marcação de parágrafo;
Sinais de pontuação: dois
pontos e travessão (ou
aspas);
Predomínio de verbos no
presente do indicativo e no
pretérito perfeito do
indicativo;
Utilização das 1.ª e 2.ª
pessoas gramaticais.
Texto narrativo
30. Até que, certo Natal, aconteceu naquela casa uma coisa que ninguém esperava.
Pois, terminada a ceia, o Cavaleiro voltou-se para a sua família, para os seus amigos e
para os seus criados
e disse:
– Temos sempre festejado e celebrado juntos a noite de Natal. E esta festa tem sido
para nós cheia de paz e alegria. Mas de hoje a um ano não estarei aqui.
– Porquê? – perguntaram os outros todos com grande espanto.
– Vou partir – respondeu ele.
Sophia de Mello Breyner Andresen, O Cavaleiro da Dinamarca.
Exemplo de diálogo:
Reprodução das falas entre o Cavaleiro e os amigos e criados, conferindo
verosimilhança à cena e fazendo progredir a ação. Dois pontos, parágrafo e
travessão
Utilização da
1.ª pessoa gramatical
Verbos introdutores do discurso,
no pretérito perfeito do indicativo
Texto narrativo
31. Modos de representação do discurso
Monólogo
É a reprodução dos pensamentos ou da
fala de uma personagem consigo
mesma.
Revela o mundo interior da
personagem e dá informações
relevantes para compreender
a situação presente.
Marcas
Verbos introdutores do
discurso (dizer, exclamar,
desabafar, murmurar,
pensar…);
Marcação de parágrafo;
Sinais de pontuação: dois
pontos e aspas ou travessão;
Predomínio de verbos no
presente do indicativo e no
pretérito perfeito do
indicativo;
Utilização da 1.ª pessoa
gramatical;
Frases simples e curtas,
frequentemente com
suspensões.
Texto narrativo
32. «Bom sinal» pensou ele, «não me enganei no caminho».
– Estou perdido – murmurou ele baixinho.
«Vou morrer esta noite», pensou o Cavaleiro.
«Que maravilhosa fogueira» pensou o Cavaleiro. «Nunca
vi fogueira tão bela.»
Sophia de Mello Breyner Andresen, O Cavaleiro da Dinamarca.
Exemplo de monólogo:
Reprodução de pensamentos e de uma fala do Cavaleiro consigo mesmo, dando conta
do estado de espírito da personagem e permitindo compreender melhor a situação
por ele vivida.
Dois pontos ou travessão
Utilização da
1.ª pessoa gramatical
Verbos introdutores do discurso,
no pretérito perfeito do indicativo
Frases simples e curtas
Texto narrativo
34. Identifica o intruso em cada conjunto.
A Ação: principal – secundária – fechada – aberta – protagonista
B
C
D
E
Espaço: físico – histórico – social – psicológico
Tempo: da história – histórico – social – psicológico
Narrador: participante – não participante – objetivo – relativo – subjetivo
Modos de representação do discurso:
narração – descrição – diálogo – monólogo – caracterização
SOLUÇÃO
SOLUÇÃO
SOLUÇÃO
SOLUÇÃO
SOLUÇÃO
1.
Texto narrativo
35. Identifica o processo de caracterização das personagens nas passagens seguintes.
2.
A Caracterização do narrador em:
«E eu […] era para ali uma pobre criatura indefesa nas mãos de Mestre Ilídio Finezas.»
(Manuel da Fonseca, «Mestre Finezas»)
B Caracterização do Cavaleiro em:
«— A floresta é grande e na escuridão ninguém a conhece. Fica connosco e dorme esta noite
na minha cabana. Amanhã, ao romper do dia, seguirás o teu caminho.
— Não posso — tornou o Cavaleiro —, prometi que estaria hoje em minha casa.»
(Sophia de Mello Breyner Andresen, O Cavaleiro da Dinamarca)
SOLUÇÃO
Solução A – Caracterização direta Solução B – Caracterização indireta
SOLUÇÃO
Texto narrativo
36. Associa cada modo de representação às características respetivas.
3.
A
B
Narração
Descrição
Momento de avanço na ação
Momento de pausa na ação
Pretérito imperfeito ou do presente do indicativo
Pretérito perfeito ou do pretérito mais-que-perfeito do indicativo
Adjetivos
Nomes
Recursos expressivos
Expressões de localização espacial
Vocabulário relativo a sensações (visuais, auditivas, olfativas e táteis)
SOLUÇÕES
Texto narrativo