Este documento discute a auto-avaliação de bibliotecas escolares. A autora reflete sobre os desafios de avaliar domínios sobrepostos e a importância da reflexão para promover mudanças. Embora tenham ocorrido algumas melhorias, existem oportunidades para aumentar a colaboração entre professores e bibliotecários e melhorar a avaliação com evidências. A autora vê valor em compartilhar experiências para sugerir novas práticas.
1. Práticas e modelos de auto-avaliação das Bibliotecas Escolares
Sessão 1 / 2ª parte da tarefa– Reflexão
A realização desta primeira tarefa revelou-se algo confusa, uma vez que os parâmetros se cruzam, não
sendo muito linear os aspectos a contemplar em cada um deles. Refiro-me, por exemplo, à questão da
alfabetização informacional, que tanto pode ser enquadrada no domínio "A BE como espaço de aprendizagem",
como no referente às literacias. Por vezes, a distinção entre pontos fortes e oportunidades (mesmo sabendo que
estas dependem de factores externos) também não é muito nítida.
Considero, no entanto, que estes aspectos não são relevantes, quando o preenchimento desta tabela
atinge o seu principal objectivo – uma reflexão sobre os domínios em que a BE deve actuar e uma
consciencialização do trabalho efectuado. Ao reflectirmos sobre as nossas práticas, estamos já a dar um passo
importante para a mudança. Ao vermos esquematizadas as nossas fraquezas, torna-se mais evidente o rumo a
tomar, os obstáculos a ultrapassar e os desafios a implementar.
Estando na equipa da BE há apenas três anos, já foi possível assistir a algumas mudanças, nomeadamente
no que diz respeito à sua integração no Projecto Curricular e no Regulamento Interno do agrupamento, bem
como a sua representação no Conselho Pedagógico. No entanto, é longa a lista do que é urgente alterar. Uma vez
que estas mudanças dependem ora dos órgãos superiores de gestão, ora de vontades humanas, prevê-se que a
transformação ocorra paulatinamente.
Uma grande parte do trabalho desenvolvido pela BE faz-se em articulação. Um dos principais objectivos, o
de "apoiar e promover os objectivos educativos delineados de acordo com as finalidades e curriculum da escola"
(IFLA/UNESCO, Manifesto das Bibliotecas Escolares), depende do trabalho colaborativo entre a equipa da BE e os
diferentes departamentos. Embora na minha realidade escolar haja abertura e interesse, por parte do grupo
docente, nesta colaboração, o tempo nunca é suficiente para planificar, organizar, reflectir e avaliar. Na minha
opinião, actualmente, os professores estão sobrecarregados de cargos, funções, tarefas, papéis e reuniões, sendo
este o principal factor que impede o trabalho colaborativo. Na missão de apoio ao currículo, a principal
dificuldade tem sido a planificação conjunta com os grupos disciplinares e a envolvência efectiva de alguns
docentes.
Este processo é ainda dificultado pela constituição da própria equipa da BE. Embora no ano transacto,
tenha havido contactos com a Direcção, no sentido de constituir uma equipa motivada e com elementos dos
vários departamentos, isso não foi contemplado. A equipa da BE é composta unicamente por professoras do
departamento de Línguas, com a agravante de possuírem poucas horas para a BE, o que, de certa forma, não lhes
dá a sensação de integrarem, de serem, realmente, a equipa da BE. Acabam por ficar responsáveis por uma
actividade, ficando o professor bibliotecário com um número interminável de funções. No nosso caso, nota-se
ainda a ausência de professores com formação na área das BE, nomeadamente em catalogação. Embora
2. tenhamos adquirido o software no final do ano lectivo transacto, apenas a coordenadora e uma professora de TIC
(90' semanais) se encontram a catalogar.
Outra área onde a BE precisa de evoluir é na avaliação. Embora para todas as actividades se elabore um
relatório, a partir da análise de questionários colocados a alunos e professores, a recolha de evidências é ainda
muito incipiente. Com um número reduzido de recursos humanos, dá-se prioridade à dinamização de actividades,
em detrimento de outras tarefas, nomeadamente a recolha de evidências. Estas, no entanto, são fundamentais
para aferir a qualidade dos serviços e, consequentemente, provocar mudanças.
A segunda parte da tarefa poderá revelar-se útil pelo facto de contactarmos com outras experiências,
outras perspectivas, outras práticas. A partir deste contacto, podem dar-se sugestões, alterar-se hábitos e
partilhar não só angústias, mas também soluções.
Concluindo, considero útil a realização desta primeira tarefa, não só para evidenciar os pontos fortes (o
que é sempre motivador), como também para reflectir sobre as fraquezas e, sobretudo, sobre as acções a
implementar para as ultrapassar. A reflexão deve conduzir à mudança.
Bonifácia Vieira