1. Por: Jorge Augusto Monteiro Carriça – Administrador de Empresas – CRA: 23.237
OS MULTIPROFISSIONAIS E O MERCADO
A nova tendência mundial para o mercado de trabalho são os multiprofissionais, em
resumo, são pessoas que detêm uma, duas, três, ou até quatro formações universitárias, ou
destacam-se com excessiva quantidade de pós-graduações, além de dois ou três idiomas
fluentes, geralmente inglês e alemão. Até o mercado educacional já percebeu esse filão e
oferece cursos de “graduação dupla”, ou seja, pelo mesmo tempo de uma faculdade normal
você se forma em duas, por exemplo, em quatro anos conclui-se Administração de Empresas e
Ciências Econômicas.
Porém isto ocorre não somente pela exigência do mercado, mas também pela
necessidade das faculdades de preencher seus quadros de alunos, que tem tido cada vez mais
evasão para cursos mais baratos e de menos tempo, conforme avançam os cursos técnicos em
várias áreas, é normal que apareçam profissionais técnicos que tem um maior feeling do que
outros formados na mesma área só que na faculdade, e como o salário é razoavelmente
menor, o empresário dá preferência para o técnico.
Essa estratégia dos cursos técnicos tem sido desenvolvida, para que a pessoa forme-se
em menos tempo, cada vez mais jovem, e ganhe cada vez menos, assim pode-se mostrar
índices de empregabilidade maior, mas não quer dizer que isso seja crescimento da economia,
já que um profissional formado em faculdade que ganha em média dois mil e cem reais por
mês, será substituído por três profissionais técnicos que ganham setecentos reais cada, ou
seja, o que entra na economia são os mesmos dois mil e cem reais. Isso não contribui para o
crescimento econômico, mas sim para o aumento da miséria já que num futuro próximo o
diploma cairá em desuso, e muitos profissionais perderão todo o tempo e dinheiro investido
na conclusão de uma faculdade.
Realmente o mercado para os técnicos no momento está em crescimento, justamente
por ser mão-de-obra barata e formada em pouco tempo, todavia isso tende a refletir na
qualidade de trabalho, e no baixo desenvolvimento das empresas e seus produtos. Como a
ordem do momento é empregar gente, essa estratégia é utilizada para aumentar a quantidade
de pessoas contratadas, mas a balança econômica continua intacta, só que o profissional da
faculdade que ganha dois mil e cem reais, possui um padrão de vida superior, e mantém-se
melhor além é claro da sua família, já aquele técnico que ganha setecentos reais não consegue
manter-se no mercado por muito tempo, pois sua capacidade de compra é limitadíssima, e
acaba desempregado novamente.
Esses multiprofissionais que “cantam, dançam e sapateiam”, são vistos no mercado
como funcionários chave, que resolvem qualquer tipo de problema, e que preparam-se para
quaisquer situação disposta pelo mercado, e no momento, com toda essa turbulência, toda
essa crise, é isso que as empresas procuram, gente que resolva os problemas, ou que nem
deixe eles acontecerem.
É óbvio que ninguém pode prever o futuro, mas se eu pudesse fazer uma aposta,
certamente seria nas profissões que oferecem áreas mais separadas de especialização, pois
futuramente o profissional não terá que ser apenas formado, mas o mercado exigirá que ele
seja o melhor no que faz, por isso especializar-se é tão importante. Pós-graduação, mestrado,
doutorado, são alguns desses passos a serem seguidos pelo profissional formado, tendo em
vista que quanto mais específico seu trabalho seja, mais chance ele terá de sobreviver no
mundo dos negócios.
A tendência é desaparecer aquele profissional que quer “abraçar o mundo” e fazer de
tudo um pouco, sobreviverá sim, aquele que faz uma coisa só, mas faz bem feito. Até nas
novas literaturas vemos descrições do mercado cada vez mais específico, e cada vez mais
centrado em uma coisa só, QUALIDADE, e não somente qualidade de produtos, mas também
de serviços, e quando abrangemos o assunto qualidade, não é somente o trabalho realizado
pelo profissional ser correto, mas também, demonstrar capacidade de desenvolvimento, ética,
2. moral, profissionalismo, dentre dúzias de adjetivos que elevam o status profissional e pessoal
do trabalhador.
Já sabemos que a informação será o bem mais precioso do mundo daqui alguns anos,
então não é só quantidade de informação que deve fazer a diferença, mas também a
qualidade dessas informações, pois é com elas que o trabalho será realizado da forma mais
fácil, rápida, correta e com menor custo.
Então não é só ter vários diplomas, mas também especializar-se o máximo possível e
aprender tudo que a área oferece para ser aprendido, pois qualificação não depende somente
do quadro na parede do escritório, mas também da qualidade profissional que cada um
exerce, uma dessas capacidades individuais será a de análise de situações e a de trabalhar em
grupo, que é cada vez mais importante no mercado, pois o comércio tende logo-logo a
trabalhar em nível mundial e não somente local. Já é uma realidade pequenas empresas
exportando seus produtos para vários países, então não basta entender somente do comércio
da cidade em que mora, mas também do regional, estadual, nacional, e até mundial.
Ser multiprofissional não é fácil, mas oferece muito mais facilidade em arrumar um
bom emprego ou manter o que se já tem.