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Capítulo4
Espermograma
Cinthia Manzzi Feijó
Deborah Montagnini Spaine
Danielle S. Tibaldi
Sandro C. Esteves
Introdução
O espermograma é o foco central da avaliação laborato-
rial para o homem com queixa de infertilidade. Embora
não seja um teste de função espermática, esse exame for-
nece informações sobre a atividade germinativa, a ativi-
dade dos epidídimos e a atividade das glândulas sexuais
acessórias1
.
Os resultados do espermograma são frequentemente
utilizados como marcadores da fecundidade masculina e
das chances de se estabelecer uma gravidez. É de funda-
mental importância, portanto, que o exame seja executa-
do por profissionais bem treinados e realizado num labo-
ratório de andrologia com rigoroso controle de qualidade
(Figura 1). A acurácia e a reprodutibilidade dos resulta-
dos fornecidos pelo laboratório facilitam ao clínico esta-
belecer a melhor linha diagnóstica e terapêutica2
. Apesar
disso, o valor prognóstico das variáveis seminais, como
concentração, motilidade e morfologia espermática,
como marcadores de fecundidade é limitado. O potencial
fértil do homem é influenciado pela atividade sexual, pelo
estado das glândulas sexuais acessórias e por fatores defi-
nidos, como estado de saúde geral, uso de medicamentos,
drogas ilícitas, tabagismo e álcool, além de outros desco-
nhecidos.
Figura 1. Visão geral do laboratório de andrologia. O laboratório
deve possuir equipamentos e instrumentos específicos e em quan-
tidade necessária ao atendimento de sua demanda, manter manu-
ais técnico-operacionais referentes aos equipamentos e procedi-
mentos realizados facilmente acessíveis aos funcionários do setor,
implementar e manter um programa de manutenção preventiva e
corretiva, além de manter os equipamentos calibrados.
Os valores de referência para as variáveis rotineiramente
analisadas no sêmen foram recentemente atualizados pela
Organização Mundial da Saúde (OMS)3
. Na Tabela 1, en-
contram-se os valores de referência publicados em edições
anteriores consecutivas dos manuais da OMS3-6
. Embora
esses valores sejam largamente utilizados para diferenciar
Espermograma
46
homens férteis e subférteis, existe ampla variação de ferti-
lidade mesmo nos homens com parâmetros anormais. Os
valores de referência utilizados pelo manual da OMS pu-
blicado em 2010 foram estabelecidos com base em resulta-
dos de análises seminais de um grupo de aproximadamen-
te dois mil homens de oito países, que foram capazes de
engravidar suas parceiras por via natural até um ano após
o término da contracepção7
. Os valores dos parâmetros
espermáticos desses homens foram distribuídos em uma
curva, gerando valores médios e intervalos de confiança
para diversos percentis. Estabeleceram-se como valores
de referência aqueles obtidos no percentil 5, ou seja, 95%
dos indivíduos considerados “férteis” possuíam análises
seminais cujos parâmetros espermáticos eram maiores ou
iguais aos observados nesse percentil (Tabela 1)3,7
.
Os valores de referência indicados no novo manual da
OMS não devem, portanto, ser utilizados para uma distin-
ção rígida entre homens férteis e inférteis, embora sirvam
como um guia padronizado para auxiliar na avaliação das
chances de concepção8
. Valores abaixo dos limites estabe-
lecidos podem sugerir a necessidade de tratamento, embo-
ra não tenham poder discriminatório para determinar a
natureza desse tratamento. Entre os parâmetros espermá-
ticos, nenhum deles foi capaz de, isoladamente, distinguir
entre os grupos de homens que obtiveram gravidez daque-
les que não o fizeram, embora a morfologia espermática
tenha sido o parâmetro mais representativo. Os resultados
da análise seminal de um paciente devem ser interpretados
em conjunto com as informações clínicas2,8
.
Coleta do sêmen
O local de coleta tem efeito direto sobre os parâmetros se-
minais, especialmente sobre o volume ejaculado. Preferen-
cialmente, a amostra seminal deve ser colhida em uma sala
silenciosa, isolada, limpa, com banheiro anexo e próxima
ao laboratório onde será realizada a análise (Figura 2). A
coleta domiciliar pode ser autorizada em casos especiais,
desde que o material chegue ao laboratório em no máxi-
mo uma hora e que cuidados sejam tomados durante seu
transporte até o laboratório9
. Os parâmetros seminais são
influenciados por temperaturas abaixo de 25 ºC ou acima
de 37 ºC. Quando isso ocorrer, os resultados obtidos po-
dem não ser confiáveis.
O modo preferencial de coleta é a masturbação. A cole-
ta por coito interrompido não é indicada, pois pode haver
perda da primeira fração do ejaculado ou contaminação
da flora vaginal. Em casos selecionados, pode-se autori-
zar a coleta pelo ato sexual utilizando preservativo atóxico
(ex.: Male-Factor Pak®). Nos portadores de lesão medular,
a coleta pode ser realizada por vibroestimulação ou por
eletroejaculação. Nos casos de ejaculação retrógrada, o pa-
ciente deve ser orientado quanto à alcalinização prévia da
urina obtida pela ingestão oral de bicarbonato de sódio.
O sêmen deve ser colhido utilizando-se um frasco es-
téril, descartável, composto de polipropileno, de boca larga
(cerca de sete centímetros de diâmetro) e com tampa de
rosca. O laboratório sempre deve fornecer o frasco cole-
tor, cujo lote é previamente testado quanto à toxicidade do
plástico sobre a motilidade espermática (Figura 3).
Tabela 1. Valores de referência para os parâmetros seminais publicados nos consecutivos manuais da Organização Mundial da Saúde
(OMS)
Parâmetros seminais Edição (Ano de publicação)
1ª (1980) 2ª (1987) 3ª (1992) 4ª (1999) 5ª (2010)1
Volume (mL) -- ≥ 2,0 ≥ 2,0 ≥ 2,0 ≥ 1,5
Concentração (x106
por mL) 20-200 ≥ 20 ≥ 20 ≥ 20 15
Concentração total (x106
) -- ≥ 40 ≥ 40 ≥ 40 39
Motilidade total (%) ≥ 60 ≥ 50 ≥ 50 ≥ 50 40
Motilidade progressiva2
≥ 23
≥ 25% ≥ 25% (grau a) ≥ 25% (grau a) 32% (a+b)
Vitalidade (% vivos) -- ≥ 50 ≥ 75 ≥ 75 58
Morfologia (% normais) 80,5 ≥ 50 ≥ 304
≥145
46
Leucócitos (x106
por mL) < 4,7 < 1,0 < 1,0 < 1,0 < 1,0
1
Valores de referência correspondentes ao percentil 5, obtidos pela distribuição dos dados dos espermogramas de homens que engravidaram suas
esposas num intervalo ≤ 12 meses; 2
grau a = motilidade progressiva rápida (> 25 µm por s); grau b = motilidade progressiva lenta (5 a 25 µm por s);
3
progressão para frente (escala 0 a 3); 4
valor arbitrário; 5
valor não definido, porém sugerido levando-se em consideração o critério estrito; 6
critério
estrito de Tygerberg. (Adaptado de Esteves SC et al. Critical Appraisal of World Health Organization’s New Reference Values for Human Semen
Characteristics and Effect on Diagnosis and Treatment of Subfertile Men. Urology. 2012;79(1):16-22.)
Espermograma
47
Figura 2. Visão geral da sala utilizada para coleta de sêmen. De
acordo com a Resolução da Diretoria Colegiada nº 23 da Anvisa, a
sala de coleta de sêmen deve garantir o conforto e a privacidade
do paciente e possuir um sanitário com acesso exclusivo.
Figura 3. Frasco coletor comumente utilizado para a coleta de sê-
men. O frasco deve ser estéril, de boca larga e testado quanto à
toxicidade do plástico para a motilidade espermática.
Os parâmetros espermáticos avaliados rotineiramente
são influenciados pelo tempo de abstinência ejaculatória
antes da coleta, pelo método de coleta, pela temperatura e
pelo tempo entre a ejaculação e o início da análise. Em ra-
zão da variabilidade biológica entre espermogramas de um
mesmo paciente, pelo menos dois exames devem ser reali-
zados antes de se estabelecer alguma conclusão diagnósti-
ca2
. O intervalo recomendado entre os exames é arbitrário,
e geralmente se situa entre 7 e 15 dias. O tempo de abstinên-
cia ejaculatória antes da coleta deve ser de dois a sete dias3
.
Análise seminal
O espermograma de rotina deve abranger: (a) característi-
cas físicas do sêmen, que incluem coagulação, liquefação,
viscosidade, aspecto, cor e pH; (b) volume da amostra;
(c) avaliação microscópica, que inclui a concentração de
espermatozoides, motilidade espermática total e progres-
siva, vitalidade espermática, morfologia espermática e
quantificação do número de leucócitos.
Avaliação macroscópica das
características físicas do sêmen
Imediatamente após a ejaculação, o sêmen normal forma
um coágulo semelhante a um gel, em razão da presença de
proteínas secretadas pelas vesículas seminais (semenogeli-
na, fibronectina e lactoferrina). A ausência de coagulação
indica a inexistência ou a deficiência das proteínas que for-
mam o coágulo e pode ocorrer nos casos de obstrução dos
dutos ejaculatórios, ausência congênita ou disfunção das
vesículas seminais.
A liquefação do coágulo seminal é um processo enzi-
mático e a principal enzima envolvida é o antígeno pros-
tático específico (PSA). Depois da observação da presença
ou não do coágulo, o frasco com a amostra seminal pode
ser colocado em uma estufa, à temperatura de 37 ºC, ou
permanecer à temperatura ambiente, para que ocorra a li-
quefação. O tempo médio para a liquefação completa é de
15 a 30 minutos. Caso ela não ocorra em até 60 minutos,
classifica-se a liquefação como “incompleta”, podendo ter
ocorrido alterações prostáticas. Amostras normalmente
liquefeitas podem conter corpúsculos gelatinosos que não
se dissolvem; estes não apresentam nenhum significado
clínico.
A viscosidade do sêmen deve ser avaliada após a li-
quefação, com o auxílio de uma pipeta sorológica de 5 ml.
A viscosidade é considerada normal quando a amostra,
ao sair da pipeta por ação somente da força da gravida-
de, goteja ou forma um filamento com extensão inferior a
2 cm. Quando o filamento formado for superior a 2 cm, a
viscosidade é descrita como aumentada.
O aspecto do sêmen é modificado à medida que os
processos de coagulação e liquefação acontecem. Imedia-
tamente após a coleta, a amostra seminal tem aspecto he-
terogêneo, espesso e gelatinoso, tornando-se opalescente,
homogêneo e mais fluído após a liquefação.
As colorações branca ou acinzentada são consideradas
normais. Alteração na cor pode indicar doenças locais ou
sistêmicas (infecção, hepatite) ou ainda uso de medica-
mentos (antibiópticos, antissépticos urinários ou vitami-
nas). A coloração avermelhada, em razão da presença de
hemácias, é conhecida por hematospermia e pode resul-
Espermograma
48
tar de um processo inflamatório, obstrução ou cistos nos
dutos ejaculatórios, neoplasias, anormalidades vasculares,
entre outros9
.
O pH seminal é resultado da mistura das secreções das
vesículas seminais (pH alcalino) e da próstata (pH ácido).
O valor normal do pH seminal é ≥ 7,2. Após a colheita, o
frasco com a amostra seminal deve permanecer bem fe-
chado para evitar evaporação do CO2
da amostra e altera-
ção do sistema tampão. A determinação do pH é rotinei-
ramente realizada utilizando-se papel de indicador de pH.
Volume
O volume seminal depende primariamente das glândulas
sexuais acessórias, sendo aproximadamente 60% prove-
niente das vesículas seminais, 30% da próstata, 5% de se-
creções do epidídimo, glândulas de Cowper e de Littré, e
5% de elementos figurados (espermatozoides, células ger-
minativas, leucócitos etc.).
De acordo com a mais recente versão do manual da
OMS3
, o volume seminal deve ser avaliado pela sua den-
sidade. Assim, o frasco coletor é pesado antes e depois da
coleta. Sabendo-se que a densidade do sêmen é de 1 g por
ml, calcula-se o volume pela diferença entre as pesagens.
Para simplificar, o volume seminal pode ser medido com
auxílio de uma pipeta sorológica graduada de 5 ml, com
intervalo de 0,1 ml, aspirando-se toda amostra colhida
após a liquefação.
A diminuição do volume seminal (hipospermia) pode
estar relacionada à obstrução dos dutos ejaculatórios ou
ausência congênita das vesículas seminais, obstrução das
vesículas seminais, à ejaculação retrógrada, à disfunção
das glândulas sexuais acessórias e ao hipogonadismo1,2
.
Outros fatores, tais como perda de parte da amostra du-
rante a coleta, ejaculação parcial em razão de orgasmo in-
completo, período de abstinência inadequado e estresse,
também podem diminuir o volume do ejaculado colhido.
Avaliação microscópica das
características do sêmen
Agregação e aglutinação
Após a análise macroscópica, realiza-se a avaliação mi-
croscópica inicial quanto à presença de agregação e de
aglutinação. Para isso, 20 µL do sêmen liquefeito são colo-
cados sobre uma lâmina de microscopia e recobertos com
lamínula. Avalia-se a alíquota sob microscopia óptica com
contraste de fase utilizando magnificação de quatrocentas
vezes. Existem dois tipos de aglutinação: (i) inespecífica
(também conhecida como agregação, em que se observam
espermatozoides imóveis aderidos a células ou debris ce-
lulares); (ii) específica (espermatozoides aderidos uns aos
outros). Esta última é sugestiva da presença de anticorpos
antiespermatozoides10
.
Motilidade espermática
A motilidade é definida como o movimento espontâneo dos
espermatozoides. A determinação do percentual de esper-
matozoides móveis e sua progressão é realizada manualmen-
te ou por meio da utilização de sistemas computadorizados.
Na avaliação manual, uma alíquota do sêmen liquefeito é
avaliada sob microscopia óptica, com contraste de fase, utili-
zando-se aumento de duzentas ou quatrocentas vezes, e, pre-
ferencialmente, sob condições controladas de temperatura, a
37 ºC (placa aquecedora acoplada ao microscópio).
Os espermatozoides podem ser classificados de acordo
com três padrões de motilidade (OMS, 2010), a saber:
ƒƒ motilidade progressiva;
ƒƒ motilidade não progressiva;
ƒƒ imóveis.
Idealmente, a avaliação da motilidade espermática
deve ser realizada com a utilização de câmaras apropria-
das, que possuem profundidade conhecida (ex.: Makler®
,
Horwell®
, Microcell®
) e permitem a livre movimentação
dos espermatozoides (Figura 4). Pelo menos duzentas cé-
lulas são avaliadas, e o cálculo final é expresso em termos
percentuais. De maneira alternativa, pode-se avaliar a mo-
tilidade com o uso de lâmina e lamínula. Para tanto, depo-
sita-se cerca de 10 µL de sêmen liquefeito sobre lâmina de
microscopia, aquecida a 37 ºC, e cobre-se com lamínula.
Inicialmente, contam-se os espermatozoides que exibem
motilidade progressiva em um campo aleatório. A seguir,
contam-se os que exibem motilidade não progressiva, bem
como os imóveis, no mesmo campo visual. O processo é
realizado em duplicata e, ao final, a média é utilizada para
estabelecer o percentual de espermatozoides móveis (mo-
tilidade total) e daqueles com motilidade progressiva.
Concentração espermática
A concentração espermática é definida como o número de
espermatozoides em milhões por mililitro de sêmen (x106
por ml), devendo ser determinada pela diluição volumétrica
associada à hematocitometria. A contagem dos espermato-
zoides deve ser realizada por meio de uma câmara de Neu-
bauer modificada, que apresenta, na verdade, duas câmaras,
Espermograma
49
Figura 4. Câmaras de contagem utilizadas para análise da motilidade espermática: (a) câmara de Makler; (b) Microcell; (c) Horwell.
Figura 5. Câmara de Neubauer modificada (à esquerda). No centro, ilustração representando seu retículo central, que contém 25 quadra-
dos subdivididos em 16 quadrados menores. À direita, fotomicrografia mostrando um dos 25 quadrados do retículo central da câmara,
delimitado por linhas triplas e contendo 16 quadrados menores, nos quais se observam os espermatozoides.
uma superior e outra inferior. Cada uma possui 0,100 mm de
profundidade e um retículo central contendo 25 quadrados
grandes, cada um com 16 quadrados menores (Figura 5).
Para se determinar a concentração espermática,
conta-se o número de espermatozoides presentes nos 25
quadrados grandes (cinco fileiras) de ambas as câmaras,
obtendo-se a média entre as duas contagens. Utiliza-se
microscopia óptica comum com magnificação de duzentas
vezes para a observação dos espermatozoides. Para que os
resultados sejam validados, a diferença entre as contagens
das duas câmaras não deve exceder 1/20 da sua soma. Caso
isso ocorra, é necessário homogeneizar novamente a dilui-
ção e repetir o procedimento.
A concentração de espermatozoides em milhões por
mililitro é resultante da média daqueles contados pelo fa-
tor de diluição da câmara (Tabela 2). 	
A contagem total (do ejaculado) é obtida multiplican-
do-se o valor da concentração de espermatozoides pelo
volume da amostra seminal, e o resultado é expresso em
milhões de espermatozoides por ejaculado.
Morfologia espermática
A morfologia é definida pela forma e pelo aspecto dos es-
permatozoides. Entre os vários sistemas de classificação
morfológica, o recomendado pelo manual da OMS3
é o
critério estrito de Tygerberg, descrito em 1986 por Kruger
et al., que emprega a análise morfométrica para a determi-
nação do padrão de normalidade: segmento cefálico com
forma oval e lisa (possuindo de 5 μm a 6 μm de compri-
mento e de 2,5 μm a 3,5 μm de largura, quando corados
pela coloração do Diff-Quick®
ou panóptico), com acros-
somo compreendendo de 40% a 70% do segmento cefáli-
co. A peça intermediária deve ser delgada, com menos de
1 μm de largura, comprimento aproximado de 1,5 vez o
tamanho do segmento cefálico e não apresentar nenhum
defeito. A cauda deve ser uniforme, levemente mais fina
que a peça intermediária, com comprimento aproximado
de 45 μm, sem defeito, como cauda enrolada, quebrada ou
curta. Pelo critério de Kruger, as formas limítrofes são con-
sideradas anormais (Figura 6).
Tabela 2. Diluições e fatores de correção para determinação da concentração de espermatozoides, utilizando hematocitometria (adapta-
do do manual da Organização Mundial da Saúde para o exame e processamento de sêmen humano, 5ª. Ed., 2010 p. 39)
Número de
espermatozoides por
campo inteiro (exame a
fresco; 200x)
Diluição Volume sêmen (µl) Volume fixador
(diluente) (µl)
Fator de diluição
> 400 1:20 (1+19) 50 950 5
61 a 400 1:5 (1+4) 50 200 20
1 a 60 1:2 (1+1) 50 50 50
Espermograma
50
A análise da morfologia é realizada preparando-se um
esfregaço com 5 μl de sêmen liquefeito. A lâmina de mi-
croscopia utilizada para a confecção do esfregaço deve ser
previamente limpa com álcool 70%, e, após a fixação e co-
loração (Figura 7), no mínimo duzentos espermatozoides
são contados e classificados como normais e anormais.
Para a análise morfométrica, avaliam-se as dimensões
e o aspecto dos espermatozoides sob magnificação de mil
vezes (imersão), com o auxílio de um micrômetro acopla-
do à ocular do microscópio óptico. O resultado é expresso
em porcentagem de formas ovais normais (Figura 8).
Em relação às formas anormais, recomenda-se calcu-
lar o percentual de espermatozoides exibindo defeitos no
segmento cefálico, na peça intermediária e na cauda, bem
como aqueles com excesso de citoplasma residual (Figuras
9, 10 e 11)3
.
Vitalidade espermática
O teste rotineiramente empregado para a avaliação da vi-
talidade espermática utiliza o corante supravital eosina.
Espermatozoides vivos apresentam membrana plasmática
íntegra e não permitem a passagem da eosina para o inte-
rior da célula (espermatozoide não corado). O mesmo não
ocorre com espermatozoides mortos, cujas membranas
não estão intactas (espermatozoide corado de rosa). Pelo
menos duzentos espermatozoides são avaliados utilizan-
do-se microscopia óptica com objetiva de imersão (mag-
nificação de mil vezes) (Figura 12).
De acordo com o manual da OMS3
, a determinação
da vitalidade espermática deve ser realizada apenas quan-
Figura 6. Desenho esquemático do espermatozoide humano visto à microscopia óptica, com as medidas utilizadas na avaliação mor-
fométrica, segundo o critério estrito de Tygerberg (quadro à esquerda). No centro e à direita, ilustrações representando os defeitos
morfológicos mais comuns.
do a porcentagem de espermatozoides imóveis for supe-
rior a 60%.
Concentração de células redondas e
leucócitos
Normalmente, a amostra seminal possui outros elementos
celulares além dos espermatozoides, como células epite-
liais do trato geniturinário, células prostáticas superficiais
ou colunares, células germinativas imaturas – como esper-
matócitos e espermátides –, além de leucócitos. A deter-
minação da concentração desse grupo de células referidas
como “redondas” é realizada empregando-se a mesma me-
todologia descrita para a determinação da concentração
de espermatozoides.
Do ponto de vista clínico, entretanto, o mais impor-
tante é diferenciar os leucócitos das outras células redon-
das, pois a ocorrência de um número elevado de leucó-
citos no sêmen pode indicar infecção genital clínica ou
subclínica, níveis elevados de radicais livres de oxigênio,
títulos elevados de anticorpos antiespermatozoides, fun-
ção espermática deficiente e, consequentemente, diminuir
a fertilidade2,9
. Entre as diversas técnicas existentes para a
identificação dos leucócitos no sêmen, a mais simples é o
teste de Endtz, ou teste da peroxidase. Esse teste permi-
te identificar os neutrófilos polimorfonucleares, que são
os de maior importância clínica e geralmente provêm do
epidídimo. Os neutrófilos também são chamados de gra-
nulócitos, pois possuem grânulos contendo uma enzima
chamada peroxidase.
Espermatozoide normal
com medidas
Cabeça 2,5 a 3,5 mm
Cabeça 5,0 a 6,0 mm
Peça intermediária
1,5 vez a cabeça
Cauda
45 mm
Defeitos de cabeça
Defeitos de peça intermediária Defeitos de cauda
1. Fusiforme
1. Peça
dobrada
1. Cauda
curta
2. Cauda
dobrada
3. Cauda
enrolada
2. Inserção
anômala
3. Peça
grossa
4. Peça
fina
5. Excesso de
citoplasma residual
Globozoospermia
Acromossomo
pequeno
2. Piriforme 3. Cabeça redonda 4. Cabeça amorfa 5. Vacuolado 6. Macrocefálico 7. Microcefálico
Espermograma
51
Figura 7. Coloração pelo método panótico da morfologia espermática. Inicialmente, mergulha-se a lâmina de microscopia com o esfrega-
ço de sêmen (seco) na solução fixadora. O processo é repetido cinco vezes, mantendo-se o esfregaço por um segundo dentro da solução,
com intervalo de um segundo entre os mergulhos. É necessário deixar a lâmina secar completamente antes de prosseguir para o próximo
passo (aproximadamente 15 minutos). Depois, mergulha-se a lâmina seca na solução I do kit panótico, seguindo-se o mesmo método
descrito para a etapa anterior. Deve-se permitir que o excesso do corante escorra, mas a lâmina não deve secar completamente. A última
etapa consiste em mergulhar a lâmina na solução II do kit panótico, processo que deve ser repetido duas vezes, seguindo-se a mesma
sistemática já descrita. O excesso do corante é removido enxaguando-se a lâmina gentilmente em água destilada, e finalmente se deixa a
lâmina secar por completo à temperatura ambiente antes de realizar a leitura.
Figura 8. Fotomicrografias de espermatozoides normais corados pelo método panótico. Os espermatozoides foram avaliados pelo critério
estrito de Tygerberg (Kruger). As setas indicam a visão geral de espermatozoides normais (esquerda). À direita, detalhes da cabeça e da
peça intermediária de espermatozoides normais.
Figura 9. Fotomicrografias de espermatozoides apresentando defeitos morfológicos na cabeça: (A) macrocefálico; (B) microcefálico; (C)
fusiforme; (D) piriforme; (E) redondo; (F) e (G) amorfo; (H) vacuolado (com mais de dois vacúolos ou mais de 20% da área da cabeça ocu-
pada por vacúolos). Os esfregaços foram corados pelo método panótico, e os espermatozoides foram avaliados pelo critério estrito de
Tygerberg (Kruger).
Espermatozoides
normais
5 mm
A
E
B
F
C
G
D
H
Espermograma
52
Figura 10. Fotomicrografia de espermatozoides apresentando defeitos morfológicos na peça intermediária: (A) inserção anômala da
peça; (B) peça espessa; (C) peça fina; (D) peça dobrada; (E) com excesso de citoplasma residual (1/3 ou mais em relação ao tamanho da
cabeça; esse defeito normalmente vem acompanhado de outros defeitos na peça intermediária. Gotas citoplasmáticas são vesículas
pequenas aderidas à peça intermediária e representam elementos normais de espermatozoides funcionais; normalmente, se perdem du-
rante o processo de coloração ou aparecem como distensões da peça intermediária com tamanho inferior a 1/3 da cabeça). Os esfregaços
foram corados pelo método panótico, e os espermatozoides foram avaliados pelo critério estrito de Tygerberg (Kruger).
Figura 11. Fotomicrografia de espermatozoides apresentando defeitos na cauda: (A) cauda curta; (B) cauda enrolada; (C) cauda dobra-
da; (D) cauda dupla. Os esfregaços foram corados pelo método panótico, e os espermatozoides foram avaliados pelo critério estrito de
Tygerberg (Kruger).
Figura 12. Avaliação da vitalidade espermática pelo método da eosina. Espermatozoides com a cabeça corada em rosa são considerados
“mortos”(membrana plasmática não intacta, que permite a entrada do corante supravital), e os não corados (cabeça branca) são conside-
rados“vivos”, pois possuem a membrana íntegra, que não permite a entrada do corante.
A
A
B
B
C
C
D
D
E
Nesse teste, uma alíquota de sêmen liquefeito é incuba-
da com um reagente contendo água oxigenada, que reage
com a peroxidase presente nos grânulos dos neutrófilos.
A peroxidase pertence ao grupo de enzimas com capaci-
dade de oxidar substratos orgânicos, usando o peróxido
de hidrogênio como aceptor de elétrons na reação. Como
resultado, obtém-se uma reação colorimétrica: os neutró-
filos coram-se de marrom e são facilmente identificados à
microscopia óptica, ao passo que as células peroxidase ne-
gativas não se coram (Figura 13). Estas últimas podem re-
presentar células germinativas imaturas ou outros tipos de
leucócitos, como os monócitos, os linfócitos e os macró-
fagos. Depois do ensaio, pelo menos duzentas células são
analisadas, e o resultado é expresso em porcentagem de
células peroxidase positivas. A concentração de neutrófi-
los é calculada multiplicando-se a concentração de células
redondas (x106
por ml) pela porcentagem de neutrófilos
(células peroxidase positivas).
Espermograma
53
Figura 13. Diferenciação das células redondas presentes no sêmen, utilizando o teste de Endtz. À esquerda: célula redonda peroxidase
negativa (seta larga) e granulócito peroxidase-positivo (P+). À direita: visão geral de uma lâmina contendo vários granulócitos peroxidase-
-positivos.
Agradecimento
Os autores agradecem Fausto Barbieri e sua equipe pela
criação das ilustrações.
Referências
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logia no consultório. Porto Alegre: Artmed; 2009, p. 470-80.
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66(4):691-700.
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the examination and processing of human semen, 5th
ed. Ge-
neva, WHO press, 2010, 287 p.
4.	 WorldHealthOrganization:WHOLaboratorymanualfortheex-
amination of human semen and sperm-cervical mucus interac-
tion, 2nd
ed. Cambridge, Cambridge University Press, 1987, 80 p.
5.	 World Health Organization: WHO Laboratory manual for
the examination of human semen and sperm-cervical mucus
interaction, 3rd
ed. Cambridge, Cambridge University Press,
1992, 107 p.
6.	 World Health Organization: WHO Laboratory manual for
the examination of human semen and sperm-cervical mucus
interaction, 4th
ed. Cambridge, Cambridge University Press,
1999, 128 p.
7.	 Cooper TG, Noonan E, von Eckardstein S, Auger J, Baker
HW, Behre HM, et al. World Health Organization reference
values for human semen characteristics. Hum Reprod Up-
date. 2010;16(3):231-45.
8.	 Esteves SC, Zini A, Aziz N, Alvarez JG, Sabanegh ES Jr, Agarwal
A.Criticalappraisalofworldhealthorganization’snewreference
values for human semen characteristics and effect on diagnosis
and treatment of subfertile men. Urology. 2012;79(1):16-22.
9.	 Esteves SC. Espermograma e correlações clínicas. In: Neves,
PA & Rodrigues Netto, N. Jr: Infertilidade masculina. Editora
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10.	 Esteves SC, Schneider DT, Verza S Jr. Influence of antisperm
antibodies in the semen on intracytoplasmic sperm injection
outcome. Int Braz J Urol. 2007;33(6):795-802.
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Espermograma: análise e parâmetros

  • 1. 45 Capítulo4 Espermograma Cinthia Manzzi Feijó Deborah Montagnini Spaine Danielle S. Tibaldi Sandro C. Esteves Introdução O espermograma é o foco central da avaliação laborato- rial para o homem com queixa de infertilidade. Embora não seja um teste de função espermática, esse exame for- nece informações sobre a atividade germinativa, a ativi- dade dos epidídimos e a atividade das glândulas sexuais acessórias1 . Os resultados do espermograma são frequentemente utilizados como marcadores da fecundidade masculina e das chances de se estabelecer uma gravidez. É de funda- mental importância, portanto, que o exame seja executa- do por profissionais bem treinados e realizado num labo- ratório de andrologia com rigoroso controle de qualidade (Figura 1). A acurácia e a reprodutibilidade dos resulta- dos fornecidos pelo laboratório facilitam ao clínico esta- belecer a melhor linha diagnóstica e terapêutica2 . Apesar disso, o valor prognóstico das variáveis seminais, como concentração, motilidade e morfologia espermática, como marcadores de fecundidade é limitado. O potencial fértil do homem é influenciado pela atividade sexual, pelo estado das glândulas sexuais acessórias e por fatores defi- nidos, como estado de saúde geral, uso de medicamentos, drogas ilícitas, tabagismo e álcool, além de outros desco- nhecidos. Figura 1. Visão geral do laboratório de andrologia. O laboratório deve possuir equipamentos e instrumentos específicos e em quan- tidade necessária ao atendimento de sua demanda, manter manu- ais técnico-operacionais referentes aos equipamentos e procedi- mentos realizados facilmente acessíveis aos funcionários do setor, implementar e manter um programa de manutenção preventiva e corretiva, além de manter os equipamentos calibrados. Os valores de referência para as variáveis rotineiramente analisadas no sêmen foram recentemente atualizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS)3 . Na Tabela 1, en- contram-se os valores de referência publicados em edições anteriores consecutivas dos manuais da OMS3-6 . Embora esses valores sejam largamente utilizados para diferenciar
  • 2. Espermograma 46 homens férteis e subférteis, existe ampla variação de ferti- lidade mesmo nos homens com parâmetros anormais. Os valores de referência utilizados pelo manual da OMS pu- blicado em 2010 foram estabelecidos com base em resulta- dos de análises seminais de um grupo de aproximadamen- te dois mil homens de oito países, que foram capazes de engravidar suas parceiras por via natural até um ano após o término da contracepção7 . Os valores dos parâmetros espermáticos desses homens foram distribuídos em uma curva, gerando valores médios e intervalos de confiança para diversos percentis. Estabeleceram-se como valores de referência aqueles obtidos no percentil 5, ou seja, 95% dos indivíduos considerados “férteis” possuíam análises seminais cujos parâmetros espermáticos eram maiores ou iguais aos observados nesse percentil (Tabela 1)3,7 . Os valores de referência indicados no novo manual da OMS não devem, portanto, ser utilizados para uma distin- ção rígida entre homens férteis e inférteis, embora sirvam como um guia padronizado para auxiliar na avaliação das chances de concepção8 . Valores abaixo dos limites estabe- lecidos podem sugerir a necessidade de tratamento, embo- ra não tenham poder discriminatório para determinar a natureza desse tratamento. Entre os parâmetros espermá- ticos, nenhum deles foi capaz de, isoladamente, distinguir entre os grupos de homens que obtiveram gravidez daque- les que não o fizeram, embora a morfologia espermática tenha sido o parâmetro mais representativo. Os resultados da análise seminal de um paciente devem ser interpretados em conjunto com as informações clínicas2,8 . Coleta do sêmen O local de coleta tem efeito direto sobre os parâmetros se- minais, especialmente sobre o volume ejaculado. Preferen- cialmente, a amostra seminal deve ser colhida em uma sala silenciosa, isolada, limpa, com banheiro anexo e próxima ao laboratório onde será realizada a análise (Figura 2). A coleta domiciliar pode ser autorizada em casos especiais, desde que o material chegue ao laboratório em no máxi- mo uma hora e que cuidados sejam tomados durante seu transporte até o laboratório9 . Os parâmetros seminais são influenciados por temperaturas abaixo de 25 ºC ou acima de 37 ºC. Quando isso ocorrer, os resultados obtidos po- dem não ser confiáveis. O modo preferencial de coleta é a masturbação. A cole- ta por coito interrompido não é indicada, pois pode haver perda da primeira fração do ejaculado ou contaminação da flora vaginal. Em casos selecionados, pode-se autori- zar a coleta pelo ato sexual utilizando preservativo atóxico (ex.: Male-Factor Pak®). Nos portadores de lesão medular, a coleta pode ser realizada por vibroestimulação ou por eletroejaculação. Nos casos de ejaculação retrógrada, o pa- ciente deve ser orientado quanto à alcalinização prévia da urina obtida pela ingestão oral de bicarbonato de sódio. O sêmen deve ser colhido utilizando-se um frasco es- téril, descartável, composto de polipropileno, de boca larga (cerca de sete centímetros de diâmetro) e com tampa de rosca. O laboratório sempre deve fornecer o frasco cole- tor, cujo lote é previamente testado quanto à toxicidade do plástico sobre a motilidade espermática (Figura 3). Tabela 1. Valores de referência para os parâmetros seminais publicados nos consecutivos manuais da Organização Mundial da Saúde (OMS) Parâmetros seminais Edição (Ano de publicação) 1ª (1980) 2ª (1987) 3ª (1992) 4ª (1999) 5ª (2010)1 Volume (mL) -- ≥ 2,0 ≥ 2,0 ≥ 2,0 ≥ 1,5 Concentração (x106 por mL) 20-200 ≥ 20 ≥ 20 ≥ 20 15 Concentração total (x106 ) -- ≥ 40 ≥ 40 ≥ 40 39 Motilidade total (%) ≥ 60 ≥ 50 ≥ 50 ≥ 50 40 Motilidade progressiva2 ≥ 23 ≥ 25% ≥ 25% (grau a) ≥ 25% (grau a) 32% (a+b) Vitalidade (% vivos) -- ≥ 50 ≥ 75 ≥ 75 58 Morfologia (% normais) 80,5 ≥ 50 ≥ 304 ≥145 46 Leucócitos (x106 por mL) < 4,7 < 1,0 < 1,0 < 1,0 < 1,0 1 Valores de referência correspondentes ao percentil 5, obtidos pela distribuição dos dados dos espermogramas de homens que engravidaram suas esposas num intervalo ≤ 12 meses; 2 grau a = motilidade progressiva rápida (> 25 µm por s); grau b = motilidade progressiva lenta (5 a 25 µm por s); 3 progressão para frente (escala 0 a 3); 4 valor arbitrário; 5 valor não definido, porém sugerido levando-se em consideração o critério estrito; 6 critério estrito de Tygerberg. (Adaptado de Esteves SC et al. Critical Appraisal of World Health Organization’s New Reference Values for Human Semen Characteristics and Effect on Diagnosis and Treatment of Subfertile Men. Urology. 2012;79(1):16-22.)
  • 3. Espermograma 47 Figura 2. Visão geral da sala utilizada para coleta de sêmen. De acordo com a Resolução da Diretoria Colegiada nº 23 da Anvisa, a sala de coleta de sêmen deve garantir o conforto e a privacidade do paciente e possuir um sanitário com acesso exclusivo. Figura 3. Frasco coletor comumente utilizado para a coleta de sê- men. O frasco deve ser estéril, de boca larga e testado quanto à toxicidade do plástico para a motilidade espermática. Os parâmetros espermáticos avaliados rotineiramente são influenciados pelo tempo de abstinência ejaculatória antes da coleta, pelo método de coleta, pela temperatura e pelo tempo entre a ejaculação e o início da análise. Em ra- zão da variabilidade biológica entre espermogramas de um mesmo paciente, pelo menos dois exames devem ser reali- zados antes de se estabelecer alguma conclusão diagnósti- ca2 . O intervalo recomendado entre os exames é arbitrário, e geralmente se situa entre 7 e 15 dias. O tempo de abstinên- cia ejaculatória antes da coleta deve ser de dois a sete dias3 . Análise seminal O espermograma de rotina deve abranger: (a) característi- cas físicas do sêmen, que incluem coagulação, liquefação, viscosidade, aspecto, cor e pH; (b) volume da amostra; (c) avaliação microscópica, que inclui a concentração de espermatozoides, motilidade espermática total e progres- siva, vitalidade espermática, morfologia espermática e quantificação do número de leucócitos. Avaliação macroscópica das características físicas do sêmen Imediatamente após a ejaculação, o sêmen normal forma um coágulo semelhante a um gel, em razão da presença de proteínas secretadas pelas vesículas seminais (semenogeli- na, fibronectina e lactoferrina). A ausência de coagulação indica a inexistência ou a deficiência das proteínas que for- mam o coágulo e pode ocorrer nos casos de obstrução dos dutos ejaculatórios, ausência congênita ou disfunção das vesículas seminais. A liquefação do coágulo seminal é um processo enzi- mático e a principal enzima envolvida é o antígeno pros- tático específico (PSA). Depois da observação da presença ou não do coágulo, o frasco com a amostra seminal pode ser colocado em uma estufa, à temperatura de 37 ºC, ou permanecer à temperatura ambiente, para que ocorra a li- quefação. O tempo médio para a liquefação completa é de 15 a 30 minutos. Caso ela não ocorra em até 60 minutos, classifica-se a liquefação como “incompleta”, podendo ter ocorrido alterações prostáticas. Amostras normalmente liquefeitas podem conter corpúsculos gelatinosos que não se dissolvem; estes não apresentam nenhum significado clínico. A viscosidade do sêmen deve ser avaliada após a li- quefação, com o auxílio de uma pipeta sorológica de 5 ml. A viscosidade é considerada normal quando a amostra, ao sair da pipeta por ação somente da força da gravida- de, goteja ou forma um filamento com extensão inferior a 2 cm. Quando o filamento formado for superior a 2 cm, a viscosidade é descrita como aumentada. O aspecto do sêmen é modificado à medida que os processos de coagulação e liquefação acontecem. Imedia- tamente após a coleta, a amostra seminal tem aspecto he- terogêneo, espesso e gelatinoso, tornando-se opalescente, homogêneo e mais fluído após a liquefação. As colorações branca ou acinzentada são consideradas normais. Alteração na cor pode indicar doenças locais ou sistêmicas (infecção, hepatite) ou ainda uso de medica- mentos (antibiópticos, antissépticos urinários ou vitami- nas). A coloração avermelhada, em razão da presença de hemácias, é conhecida por hematospermia e pode resul-
  • 4. Espermograma 48 tar de um processo inflamatório, obstrução ou cistos nos dutos ejaculatórios, neoplasias, anormalidades vasculares, entre outros9 . O pH seminal é resultado da mistura das secreções das vesículas seminais (pH alcalino) e da próstata (pH ácido). O valor normal do pH seminal é ≥ 7,2. Após a colheita, o frasco com a amostra seminal deve permanecer bem fe- chado para evitar evaporação do CO2 da amostra e altera- ção do sistema tampão. A determinação do pH é rotinei- ramente realizada utilizando-se papel de indicador de pH. Volume O volume seminal depende primariamente das glândulas sexuais acessórias, sendo aproximadamente 60% prove- niente das vesículas seminais, 30% da próstata, 5% de se- creções do epidídimo, glândulas de Cowper e de Littré, e 5% de elementos figurados (espermatozoides, células ger- minativas, leucócitos etc.). De acordo com a mais recente versão do manual da OMS3 , o volume seminal deve ser avaliado pela sua den- sidade. Assim, o frasco coletor é pesado antes e depois da coleta. Sabendo-se que a densidade do sêmen é de 1 g por ml, calcula-se o volume pela diferença entre as pesagens. Para simplificar, o volume seminal pode ser medido com auxílio de uma pipeta sorológica graduada de 5 ml, com intervalo de 0,1 ml, aspirando-se toda amostra colhida após a liquefação. A diminuição do volume seminal (hipospermia) pode estar relacionada à obstrução dos dutos ejaculatórios ou ausência congênita das vesículas seminais, obstrução das vesículas seminais, à ejaculação retrógrada, à disfunção das glândulas sexuais acessórias e ao hipogonadismo1,2 . Outros fatores, tais como perda de parte da amostra du- rante a coleta, ejaculação parcial em razão de orgasmo in- completo, período de abstinência inadequado e estresse, também podem diminuir o volume do ejaculado colhido. Avaliação microscópica das características do sêmen Agregação e aglutinação Após a análise macroscópica, realiza-se a avaliação mi- croscópica inicial quanto à presença de agregação e de aglutinação. Para isso, 20 µL do sêmen liquefeito são colo- cados sobre uma lâmina de microscopia e recobertos com lamínula. Avalia-se a alíquota sob microscopia óptica com contraste de fase utilizando magnificação de quatrocentas vezes. Existem dois tipos de aglutinação: (i) inespecífica (também conhecida como agregação, em que se observam espermatozoides imóveis aderidos a células ou debris ce- lulares); (ii) específica (espermatozoides aderidos uns aos outros). Esta última é sugestiva da presença de anticorpos antiespermatozoides10 . Motilidade espermática A motilidade é definida como o movimento espontâneo dos espermatozoides. A determinação do percentual de esper- matozoides móveis e sua progressão é realizada manualmen- te ou por meio da utilização de sistemas computadorizados. Na avaliação manual, uma alíquota do sêmen liquefeito é avaliada sob microscopia óptica, com contraste de fase, utili- zando-se aumento de duzentas ou quatrocentas vezes, e, pre- ferencialmente, sob condições controladas de temperatura, a 37 ºC (placa aquecedora acoplada ao microscópio). Os espermatozoides podem ser classificados de acordo com três padrões de motilidade (OMS, 2010), a saber: ƒƒ motilidade progressiva; ƒƒ motilidade não progressiva; ƒƒ imóveis. Idealmente, a avaliação da motilidade espermática deve ser realizada com a utilização de câmaras apropria- das, que possuem profundidade conhecida (ex.: Makler® , Horwell® , Microcell® ) e permitem a livre movimentação dos espermatozoides (Figura 4). Pelo menos duzentas cé- lulas são avaliadas, e o cálculo final é expresso em termos percentuais. De maneira alternativa, pode-se avaliar a mo- tilidade com o uso de lâmina e lamínula. Para tanto, depo- sita-se cerca de 10 µL de sêmen liquefeito sobre lâmina de microscopia, aquecida a 37 ºC, e cobre-se com lamínula. Inicialmente, contam-se os espermatozoides que exibem motilidade progressiva em um campo aleatório. A seguir, contam-se os que exibem motilidade não progressiva, bem como os imóveis, no mesmo campo visual. O processo é realizado em duplicata e, ao final, a média é utilizada para estabelecer o percentual de espermatozoides móveis (mo- tilidade total) e daqueles com motilidade progressiva. Concentração espermática A concentração espermática é definida como o número de espermatozoides em milhões por mililitro de sêmen (x106 por ml), devendo ser determinada pela diluição volumétrica associada à hematocitometria. A contagem dos espermato- zoides deve ser realizada por meio de uma câmara de Neu- bauer modificada, que apresenta, na verdade, duas câmaras,
  • 5. Espermograma 49 Figura 4. Câmaras de contagem utilizadas para análise da motilidade espermática: (a) câmara de Makler; (b) Microcell; (c) Horwell. Figura 5. Câmara de Neubauer modificada (à esquerda). No centro, ilustração representando seu retículo central, que contém 25 quadra- dos subdivididos em 16 quadrados menores. À direita, fotomicrografia mostrando um dos 25 quadrados do retículo central da câmara, delimitado por linhas triplas e contendo 16 quadrados menores, nos quais se observam os espermatozoides. uma superior e outra inferior. Cada uma possui 0,100 mm de profundidade e um retículo central contendo 25 quadrados grandes, cada um com 16 quadrados menores (Figura 5). Para se determinar a concentração espermática, conta-se o número de espermatozoides presentes nos 25 quadrados grandes (cinco fileiras) de ambas as câmaras, obtendo-se a média entre as duas contagens. Utiliza-se microscopia óptica comum com magnificação de duzentas vezes para a observação dos espermatozoides. Para que os resultados sejam validados, a diferença entre as contagens das duas câmaras não deve exceder 1/20 da sua soma. Caso isso ocorra, é necessário homogeneizar novamente a dilui- ção e repetir o procedimento. A concentração de espermatozoides em milhões por mililitro é resultante da média daqueles contados pelo fa- tor de diluição da câmara (Tabela 2). A contagem total (do ejaculado) é obtida multiplican- do-se o valor da concentração de espermatozoides pelo volume da amostra seminal, e o resultado é expresso em milhões de espermatozoides por ejaculado. Morfologia espermática A morfologia é definida pela forma e pelo aspecto dos es- permatozoides. Entre os vários sistemas de classificação morfológica, o recomendado pelo manual da OMS3 é o critério estrito de Tygerberg, descrito em 1986 por Kruger et al., que emprega a análise morfométrica para a determi- nação do padrão de normalidade: segmento cefálico com forma oval e lisa (possuindo de 5 μm a 6 μm de compri- mento e de 2,5 μm a 3,5 μm de largura, quando corados pela coloração do Diff-Quick® ou panóptico), com acros- somo compreendendo de 40% a 70% do segmento cefáli- co. A peça intermediária deve ser delgada, com menos de 1 μm de largura, comprimento aproximado de 1,5 vez o tamanho do segmento cefálico e não apresentar nenhum defeito. A cauda deve ser uniforme, levemente mais fina que a peça intermediária, com comprimento aproximado de 45 μm, sem defeito, como cauda enrolada, quebrada ou curta. Pelo critério de Kruger, as formas limítrofes são con- sideradas anormais (Figura 6). Tabela 2. Diluições e fatores de correção para determinação da concentração de espermatozoides, utilizando hematocitometria (adapta- do do manual da Organização Mundial da Saúde para o exame e processamento de sêmen humano, 5ª. Ed., 2010 p. 39) Número de espermatozoides por campo inteiro (exame a fresco; 200x) Diluição Volume sêmen (µl) Volume fixador (diluente) (µl) Fator de diluição > 400 1:20 (1+19) 50 950 5 61 a 400 1:5 (1+4) 50 200 20 1 a 60 1:2 (1+1) 50 50 50
  • 6. Espermograma 50 A análise da morfologia é realizada preparando-se um esfregaço com 5 μl de sêmen liquefeito. A lâmina de mi- croscopia utilizada para a confecção do esfregaço deve ser previamente limpa com álcool 70%, e, após a fixação e co- loração (Figura 7), no mínimo duzentos espermatozoides são contados e classificados como normais e anormais. Para a análise morfométrica, avaliam-se as dimensões e o aspecto dos espermatozoides sob magnificação de mil vezes (imersão), com o auxílio de um micrômetro acopla- do à ocular do microscópio óptico. O resultado é expresso em porcentagem de formas ovais normais (Figura 8). Em relação às formas anormais, recomenda-se calcu- lar o percentual de espermatozoides exibindo defeitos no segmento cefálico, na peça intermediária e na cauda, bem como aqueles com excesso de citoplasma residual (Figuras 9, 10 e 11)3 . Vitalidade espermática O teste rotineiramente empregado para a avaliação da vi- talidade espermática utiliza o corante supravital eosina. Espermatozoides vivos apresentam membrana plasmática íntegra e não permitem a passagem da eosina para o inte- rior da célula (espermatozoide não corado). O mesmo não ocorre com espermatozoides mortos, cujas membranas não estão intactas (espermatozoide corado de rosa). Pelo menos duzentos espermatozoides são avaliados utilizan- do-se microscopia óptica com objetiva de imersão (mag- nificação de mil vezes) (Figura 12). De acordo com o manual da OMS3 , a determinação da vitalidade espermática deve ser realizada apenas quan- Figura 6. Desenho esquemático do espermatozoide humano visto à microscopia óptica, com as medidas utilizadas na avaliação mor- fométrica, segundo o critério estrito de Tygerberg (quadro à esquerda). No centro e à direita, ilustrações representando os defeitos morfológicos mais comuns. do a porcentagem de espermatozoides imóveis for supe- rior a 60%. Concentração de células redondas e leucócitos Normalmente, a amostra seminal possui outros elementos celulares além dos espermatozoides, como células epite- liais do trato geniturinário, células prostáticas superficiais ou colunares, células germinativas imaturas – como esper- matócitos e espermátides –, além de leucócitos. A deter- minação da concentração desse grupo de células referidas como “redondas” é realizada empregando-se a mesma me- todologia descrita para a determinação da concentração de espermatozoides. Do ponto de vista clínico, entretanto, o mais impor- tante é diferenciar os leucócitos das outras células redon- das, pois a ocorrência de um número elevado de leucó- citos no sêmen pode indicar infecção genital clínica ou subclínica, níveis elevados de radicais livres de oxigênio, títulos elevados de anticorpos antiespermatozoides, fun- ção espermática deficiente e, consequentemente, diminuir a fertilidade2,9 . Entre as diversas técnicas existentes para a identificação dos leucócitos no sêmen, a mais simples é o teste de Endtz, ou teste da peroxidase. Esse teste permi- te identificar os neutrófilos polimorfonucleares, que são os de maior importância clínica e geralmente provêm do epidídimo. Os neutrófilos também são chamados de gra- nulócitos, pois possuem grânulos contendo uma enzima chamada peroxidase. Espermatozoide normal com medidas Cabeça 2,5 a 3,5 mm Cabeça 5,0 a 6,0 mm Peça intermediária 1,5 vez a cabeça Cauda 45 mm Defeitos de cabeça Defeitos de peça intermediária Defeitos de cauda 1. Fusiforme 1. Peça dobrada 1. Cauda curta 2. Cauda dobrada 3. Cauda enrolada 2. Inserção anômala 3. Peça grossa 4. Peça fina 5. Excesso de citoplasma residual Globozoospermia Acromossomo pequeno 2. Piriforme 3. Cabeça redonda 4. Cabeça amorfa 5. Vacuolado 6. Macrocefálico 7. Microcefálico
  • 7. Espermograma 51 Figura 7. Coloração pelo método panótico da morfologia espermática. Inicialmente, mergulha-se a lâmina de microscopia com o esfrega- ço de sêmen (seco) na solução fixadora. O processo é repetido cinco vezes, mantendo-se o esfregaço por um segundo dentro da solução, com intervalo de um segundo entre os mergulhos. É necessário deixar a lâmina secar completamente antes de prosseguir para o próximo passo (aproximadamente 15 minutos). Depois, mergulha-se a lâmina seca na solução I do kit panótico, seguindo-se o mesmo método descrito para a etapa anterior. Deve-se permitir que o excesso do corante escorra, mas a lâmina não deve secar completamente. A última etapa consiste em mergulhar a lâmina na solução II do kit panótico, processo que deve ser repetido duas vezes, seguindo-se a mesma sistemática já descrita. O excesso do corante é removido enxaguando-se a lâmina gentilmente em água destilada, e finalmente se deixa a lâmina secar por completo à temperatura ambiente antes de realizar a leitura. Figura 8. Fotomicrografias de espermatozoides normais corados pelo método panótico. Os espermatozoides foram avaliados pelo critério estrito de Tygerberg (Kruger). As setas indicam a visão geral de espermatozoides normais (esquerda). À direita, detalhes da cabeça e da peça intermediária de espermatozoides normais. Figura 9. Fotomicrografias de espermatozoides apresentando defeitos morfológicos na cabeça: (A) macrocefálico; (B) microcefálico; (C) fusiforme; (D) piriforme; (E) redondo; (F) e (G) amorfo; (H) vacuolado (com mais de dois vacúolos ou mais de 20% da área da cabeça ocu- pada por vacúolos). Os esfregaços foram corados pelo método panótico, e os espermatozoides foram avaliados pelo critério estrito de Tygerberg (Kruger). Espermatozoides normais 5 mm A E B F C G D H
  • 8. Espermograma 52 Figura 10. Fotomicrografia de espermatozoides apresentando defeitos morfológicos na peça intermediária: (A) inserção anômala da peça; (B) peça espessa; (C) peça fina; (D) peça dobrada; (E) com excesso de citoplasma residual (1/3 ou mais em relação ao tamanho da cabeça; esse defeito normalmente vem acompanhado de outros defeitos na peça intermediária. Gotas citoplasmáticas são vesículas pequenas aderidas à peça intermediária e representam elementos normais de espermatozoides funcionais; normalmente, se perdem du- rante o processo de coloração ou aparecem como distensões da peça intermediária com tamanho inferior a 1/3 da cabeça). Os esfregaços foram corados pelo método panótico, e os espermatozoides foram avaliados pelo critério estrito de Tygerberg (Kruger). Figura 11. Fotomicrografia de espermatozoides apresentando defeitos na cauda: (A) cauda curta; (B) cauda enrolada; (C) cauda dobra- da; (D) cauda dupla. Os esfregaços foram corados pelo método panótico, e os espermatozoides foram avaliados pelo critério estrito de Tygerberg (Kruger). Figura 12. Avaliação da vitalidade espermática pelo método da eosina. Espermatozoides com a cabeça corada em rosa são considerados “mortos”(membrana plasmática não intacta, que permite a entrada do corante supravital), e os não corados (cabeça branca) são conside- rados“vivos”, pois possuem a membrana íntegra, que não permite a entrada do corante. A A B B C C D D E Nesse teste, uma alíquota de sêmen liquefeito é incuba- da com um reagente contendo água oxigenada, que reage com a peroxidase presente nos grânulos dos neutrófilos. A peroxidase pertence ao grupo de enzimas com capaci- dade de oxidar substratos orgânicos, usando o peróxido de hidrogênio como aceptor de elétrons na reação. Como resultado, obtém-se uma reação colorimétrica: os neutró- filos coram-se de marrom e são facilmente identificados à microscopia óptica, ao passo que as células peroxidase ne- gativas não se coram (Figura 13). Estas últimas podem re- presentar células germinativas imaturas ou outros tipos de leucócitos, como os monócitos, os linfócitos e os macró- fagos. Depois do ensaio, pelo menos duzentas células são analisadas, e o resultado é expresso em porcentagem de células peroxidase positivas. A concentração de neutrófi- los é calculada multiplicando-se a concentração de células redondas (x106 por ml) pela porcentagem de neutrófilos (células peroxidase positivas).
  • 9. Espermograma 53 Figura 13. Diferenciação das células redondas presentes no sêmen, utilizando o teste de Endtz. À esquerda: célula redonda peroxidase negativa (seta larga) e granulócito peroxidase-positivo (P+). À direita: visão geral de uma lâmina contendo vários granulócitos peroxidase- -positivos. Agradecimento Os autores agradecem Fausto Barbieri e sua equipe pela criação das ilustrações. Referências 1. Esteves SC. Infertilidade masculina. In: Rhoden, EL ed. Uro- logia no consultório. Porto Alegre: Artmed; 2009, p. 470-80. 2. Esteves SC, Miyaoka R, Agarwal A. An update on the clinical assessment of the infertile male. Clinics (São Paulo). 2011; 66(4):691-700. 3. World Health Organization: WHO Laboratory manual for the examination and processing of human semen, 5th ed. Ge- neva, WHO press, 2010, 287 p. 4. WorldHealthOrganization:WHOLaboratorymanualfortheex- amination of human semen and sperm-cervical mucus interac- tion, 2nd ed. Cambridge, Cambridge University Press, 1987, 80 p. 5. World Health Organization: WHO Laboratory manual for the examination of human semen and sperm-cervical mucus interaction, 3rd ed. Cambridge, Cambridge University Press, 1992, 107 p. 6. World Health Organization: WHO Laboratory manual for the examination of human semen and sperm-cervical mucus interaction, 4th ed. Cambridge, Cambridge University Press, 1999, 128 p. 7. Cooper TG, Noonan E, von Eckardstein S, Auger J, Baker HW, Behre HM, et al. World Health Organization reference values for human semen characteristics. Hum Reprod Up- date. 2010;16(3):231-45. 8. Esteves SC, Zini A, Aziz N, Alvarez JG, Sabanegh ES Jr, Agarwal A.Criticalappraisalofworldhealthorganization’snewreference values for human semen characteristics and effect on diagnosis and treatment of subfertile men. Urology. 2012;79(1):16-22. 9. Esteves SC. Espermograma e correlações clínicas. In: Neves, PA & Rodrigues Netto, N. Jr: Infertilidade masculina. Editora Atheneu; São Paulo, Brasil: 2003, p. 59-70. 10. Esteves SC, Schneider DT, Verza S Jr. Influence of antisperm antibodies in the semen on intracytoplasmic sperm injection outcome. Int Braz J Urol. 2007;33(6):795-802. P+