Nematoides são responsaveis por perdas de até 30% dos canaviais
Café especial cresce no Brasil
1. IAC,sempreumareferência
O Instituto Agronômico de
Campinas (IAC) é uma
referência mundial na pesquisa
do café. O órgão nasceu tendo
como uma das missões
aumentar a produtividade e
melhor a qualidade do produto
que saia dos campos brasileiros.
O pesquisador do IAC, Gerson
Silva Giomo, afirmou que mais
de 80% da produção de café no
Brasil sai de cultivares do
instituto. “O órgão deu uma
forte contribuição no
desenvolvimento da cultura no
País. O IAC tem 67 cultivares de
café registrados, sendo 66 de
arábica e apenas um de
canéfora (robusta)”, detalhou.
Ele comentou que o setor de
pesquisa do IAC também aposta
em novas variedades
direcionadas para a produção de
cafés especiais. “Temos em
estudo cultivares de variedades
como bourbon vermelho e
amarelo com melhores
características genéticas para a
produção dos cafés especiais”,
salientou.
E os cafés mais sofisticados vão
ganhando cada vez mais espaço
na vida do brasileiro. As
máquinas de espresso viraram
objeto de desejo dos
consumidores, ao mesmo tempo
em que as receitas com a bebida
se proliferam nos cardápios de
cafeterias. A barista
(especialista no preparo de
cafés) Diana Maria Rohwedder
afirmou que brasileiros estão
aprendendo a apreciar os
muitos “blends” de café
disponíveis hoje no mercado.
No Ateliê Café instalado no
Royal Palm Plaza Resort, onde
trabalha, Diana criou um
drinque com frapê de cupuaçu e
outro com sorvete e maracujá.
Mesmo que não se deixa
seduzir por essas novidades
mais radicais já anda
experimentando outras opções .
Como a autônoma Maria José
Antunes. “Adoro café, e sempre
fazía com o coador. Mas aí me
pelo espresso, economizei e
comprei um máquina - e não
troco mais", contou.
Os equipamentos de café
espresso domésticos têm preços
muito variados - na FNAC, por
exemplo, modelos da marca
Nespresso vão de R$ 395,00 a
R$ 1.595,00 (AL/AAN)
No Brasil, o setor de cafés
especiais cresce a cada dia, mas
ainda enfrenta a falta de
investimentos. Produtores
necessitam de treinamento e
qualificação no que diz respeito
aos cuidados com a plantação,
colheita, beneficiamento,
armazenamento e distribuição
de grãos. Poucos realizam a
colheita dos grãos maduros,
como se faz na Colômbia, por
exemplo. A maioria colhe
conjuntamente todos os grãos -
verde, maduro e seco. Esse
processo acarreta perda no
valor de venda e na qualidade
da bebida que chega à xícara do
consumidor. Da mesma fora, as
fazendas e sítios carecem de
equipamentos e treinamento de
seus funcionários, para ampliar
o cuidado com a plantação,
beneficiamento e
armazenamento dos grãos e,
posteriormente, com a venda.
Dependendo da região
produtora, e sem os
investimentos necessários, esse
processo pode comprometer a
qualidade da safra. Já as lojas e
cafeterias precisam investir em
equipamentos, mas,
principalmente, em qualificação
do seu pessoal. Hoje,
encontramos funcionários que
preparam o expresso atuando
também na montagem de
lanches, entre outras atividades
paralelas. O funcionário deveria
ser exclusivo para lidar com o
café – como o barista, por
exemplo”.
Novos sabores, máquinas domésticas de espresso e até drinques garantem expansão constante
2
Adriana Leite
DA AGÊNCIA ANHANGUERA
aleite@rac.com.br
Uma xícara de café logo pela
manhã é um hábito de mi-
lhões de brasileiros. A bebida
é a segunda mais consumida
no País - só perde para a
água. São 83 litros de café per
capita por ano.
É exibindo esses números
- e comemorando o cresci-
mento do mercado - que o se-
tor celebra hoje o Dia Nacio-
nal do Café. E os chamados
cafés especiais são um dos
principais responsáveis por
esse crescimento.
Em 2012, mais de 20 mi-
lhões de sacas foram levadas
à mesa no Brasil em forma
de café passado no coador,
espresso ou compondo drin-
ques.
A expectativa da indústria
do café é movimentar mais
de R$ 8,7 bilhões este ano. O
consumo da bebida fora de
casa deve continuar crescen-
do. Estudo da Associação Bra-
sileira da Indústria do Café
(Abic) aponta que desde 2004
o aumento da demanda da
bebida fora do lar foi de
350%. A entidade aposta ain-
da nas “monodoses” (uma
única xícara) servidas através
de sachês, cápsulas ou em ca-
feterias, são tendência para
os próximos anos.
O uso das máquinas de ca-
fé espresso doméstico tam-
bém vem crescendo ano a
ano - já são mais de 850 mil
unidades, de acordo com a
Abic.
Segundo a entidade, o Pro-
grama de Qualidade do Café
(PQC) monitora 476 marcas
do produto, sendo 115 de ca-
fés gourmet de alta qualida-
de. O diretor comercial e de
marketing do Café Canecão,
Natal Martins, afirmou que o
brasileiro está com o gosto
mais apurado pela bebida e
experimenta produtos que
antes ficavam fora dos carri-
nhos.
“O Brasil é hoje o maior
produtor mundial de café, e
também está atingindo o to-
po do consumo. Atualmente,
tomar café se transformou
em hábito em casa e fora de-
la também”.
Ele salientou que em duas
décadas o consumo do café
mais do que dobrou no País.
“Em 1990, o brasileiro consu-
mia 8,2 milhões de sacas por
ano. Em 2012, o volume ultra-
passou 20,3 milhões. O con-
sumidor busca por novos pro-
dutos e o setor vê nos cafés
especiais uma vertente de
crescimento”, comentou.
Ele pontuou que o seg-
mento está avançando, em
média, 5% ao ano. Martins
afirmou que o mercado tam-
bém é impulsionado pelas be-
bidas a base de café que es-
tão chegando e que serão
concorrentes dos energéti-
cos. O Canecão vai produzir
este ano mais de 3,2 milhões
de quilos e o faturamento de-
ve chegar a R$ 36 milhões.
Encomenda
Percebendo que há de-
manda por produtos espe-
ciais que atendam a palada-
res mais sofisticados, o Ateliê
do Café - torrefação que faz
parte do grupo DPaschoal -
oferece vários “blends”, al-
guns por R$ 36,90 (500 gra-
mas).
“Os produtos são torrados
por encomenda. Atendemos
pedidos de todo o País, en-
viando o produto para o en-
dereço do consumidor”, afir-
mou a coordenadora da em-
presa, Fernanda Pizol.
Fernanda comentou que
para garantir a qualidade de
seus cafés especiais, eles são
certificados e a primeira sele-
ção dos grãos acontece ainda
no campo, na Fazenda Dater-
ra. “No processo de torrefa-
ção, uma máquina seleciona-
dora faz uma nova triagem
nos grãos já torrados”, deta-
lhou.
Festa
Em Campinas, cuja econo-
mia foi fortemente influencia-
da pela cultura do café, as co-
memorações de hoje contam
com eventos técnicos - e a
oferta gratuita da bebida na
região central.
A Prefeitura também pro-
gramou um passeio turístico
que conta a história do café
na cidade e região.
A diretora de Turismo da
Secretaria Municipal de De-
senvolvimento Econômico,
Social e Turismo, Alexandra
Caprioli, afirmou que haverá
uma tenda instalada na Praça
Rui Barbosa, atrás da Cate-
dral Metropolitana, onde será
servido café gratuitamente.
Já o roteiro turístico vai
percorrer a área dos casarões
na região central, o IAC, as fa-
zendas de Sousas e Joaquim
Egídio.
Diretor do Café Canecão
Café se reinventa e consumo cresce
RONEI
THEZOLIN
Jornalista e
gourmand
em cafés
PONTO DE VISTA
Elcio Alves/AAN
NATAL MARTINS
“O Brasil é o
maior produtor
mundial, e agora
caminha para o
topo do consumo”
Copinhos de café serão
servidos gratuitamente hoje na
Praça Rui Barbosa, no Centro
de Campinas
Máquinas garantem qualidade no Ateliê do Café: até R$ 36,90 por meio quilo do produto gourmet
Hoje é o dia escolhido
para celebrar o
produto no País
BEBIDA ||| COMEMORAÇÃO
MIL
ECONOMIA CORREIO POPULAR B3
Campinas, sexta-feira, 24 de maio de 2013
Ainda faltam
investimentos
e mão de obra