Este documento fornece informações sobre hemorragias, ferimentos e traumas em extremidades. Resume os principais tipos de hemorragias, classificação de ferimentos e abordagem inicial para vítimas com hemorragias e ferimentos. Também discute entorses, luxações e fraturas como os principais tipos de traumas em extremidades.
1. HEMORRAGIAS, FERIMENTOS, TRAUMA
DE EXTREMIDADES E CHOQUE
Prof. Dr. Thiago Enggle
Especialista em Urgência e Emergência, Mestre em
Enfermagem, Doutor em Cuidados Clínicos em
Enfermagem e Saúde
Enfermeiro do Samu RN
Oficial Enfermeiro da FAB
2. Hemorragia
Vasos Sanguíneos: transporta o
sangue para as células do corpo.
Artérias
• Vasos calibrosos que se afastam do
coração levando o sangue para os
órgãos do corpo
Veias
• Vasos que trazem o sangue dos
órgãos do corpo para o coração.
Relembrando a anatomia e fisiologia do sistema
cardiovascular
ESSENCIAL NA
PERFUSÃO SANGUÍNEA
3. Hemorragia
Qualquer deficiência no funcionamento
de qualquer um dos três componentes
do sistema cardiovascular compromete
a distribuição de oxigênio e leva o
tecido a morte.
4. Hemorragia
Hemorragia: é a perda de sangue
através da ruptura da parede dos vasos
sanguíneos. Podendo ocorrer de forma
Espontânea ou Traumática.
A hemorragia impede a distribuição de
oxigênio e nutrientes aos tecidos, colocando
em risco a vida do paciente.
O controle da hemorragia na vítima faz
parte da abordagem primária do XABCDE –
passo C.
5. Hemorragia externa: extravasa para o meio ambiente. Ex: hemorragia de
fraturas expostas.
Hemorragia interna: extravasa para dentro dos tecidos ou cavidades
naturais. Ex: ruptura ou laceração de órgãos do tórax ou abdome.
Hemorragia
6. POR ORIFÍCIOS NATURAIS
SÃO HEMORRAGIAS INTERNAS
EXTERIORIZADAS POR ORIFÍCIOS
NATURAIS COMO OUVIDO E
NARIZ
7. CLASSIFICAÇÃO DAS HEMORRAGIAS
Capilar: flui de diminutos vasos da ferida, coloração avermelhada, menos
viva do que a arterial e facilmente controlada.
8. Venosa: sangue de coloração vermelho-escura,
em fluxo contínuo, sob baixa pressão. Grave se
o vaso for de grande calibre.
CLASSIFICAÇÃO DAS HEMORRAGIAS
9. CLASSIFICAÇÃO DAS HEMORRAGIAS
Arterial: sangue com coloração viva, derramado em jato, conforme
batimento cardíaco, geralmente rápido e de difícil controle
10. Hemorragia
Fatores que interferem na gravidade da hemorragia
Volume de sangue perdido
Calibre do vaso rompido
Tipo do vaso lesado
Velocidade da perda de sangue
11. SEGUNDO SUA GRAVIDADE
Classe 1
Até 15%
(750 ml)
Classe 2
15% -30%
(750 –
1500)
Classe 3
30%-40%
(1500-2000)
Classe 4
40%
(> 2000)
12. Hemorragia
Sinais e sintomas da hemorragia
Tempo de enchimento
capilar acima de dois
segundos;
Pulso rápido e fraco;
Pele fria e úmida
(pegajosa);
Pupilas dilatadas com
reação lenta à luz;
Queda da pressão arterial;
Ansiedade, inquietação e
sede;
Náusea e vômito;
Respiração rápida e
profunda;
Perda de consciência e
parada respiratória;
Choque.
13. Hemorragia
Compressão direta
É o método mais rápido e eficiente para o controle da
hemorragia externa
Favorece a formação do coágulo;
Utilizar uma compressa estéril, pressionando
firmemente por 10 a 30 min. Fixando-a em seguida com
curativo;
Em sangramento profuso não perder tempo em localizar
a compressa e pressionar diretamente com a própria mão
enluvada;
A compressão direta em uma hemorragia volumosa é
prioritária em relação à realização de acessos venosos.
14. Hemorragia
Torniquetes
Voltou a ser recomendado;
Aplicar caso o sangramento não tenha sido controlado por
pressão;
Risco de perda do membro;
Perder o membro x salvar a vida;
Pode ser feito com crepom, gravatas, garrotes ou manguito do
tensiômetro;
O tempo: 120 a 150 minutos (não causa lesões nervosas ou
musculares significativas);
O torniquete deve permanecer até que paciente chegue no
hospital.
NUNCA
AFROUXAR!!
!
20. Classificação dos ferimentos
Aberto:
Rompimento da pele;
Exposição de tecidos internos;
Sangramentos;
Risco de infecção.
Fechado:
Lesões nos tecidos ou órgãos
internos;
Não rompe a pele;
Extravasamento de sangue.
Ferimentos
21. Classificação dos ferimentos
Profundidade: superficiais (pele, tecidos subcutâneos e
músculos) e profundos (nervos, tendões, vasos calibrosos,
ossos e vísceras).
Complexidade: simples (sem perda tecidual, contaminação
ou corpo estranho) e complicado (com perda tecidual –
esmagamento, queimaduras, etc.).
Contaminação: limpo (sem presença de sujidade) e
contaminado (presença de detritos, corpo estranho ou
microorganismos patogênicos).
Agente agressor: físico (mecânico, elétrico, irradiante e
térmico) e químico (agentes químicos).
Ferimentos
22. Classificação dos ferimentos – fechados
Contusão; lesão por objeto
contundente, lesa o tecido
subcutâneo.
Hematoma: extravasamento de
sangue no tecido subcutâneo, com
formação de edema e coleção
sanguínea.
Equimose: extravasamento de
sangue no tecido subcutâneo, sem
formar edema.
Ferimentos
24. Ferimentos
Incisivas produzidas por objetos cortantes e
afiados (faca, estiletes, etc.). Apresenta bordas
uniformes e pouco traumatizadas.
25. Corto-contusos lesão aberta associada a contusão,
provocada por objetos cortantes, mas não afiados (rombos).
Resultando em feridas com bordas irregulares e dilaceradas.
Ex.: pau, pedra, socos.
Ferimentos
26. Perfurantes provocado por objetos pontiagudos
e afiados, capazes de perfurar a pele e os tecidos,
resultando em lesão cutânea linear. Ex: arma de
fogo, arma branca, prego, flechas, agulha, etc.
Ferimentos
27. Incrustado lesão com objeto inserido que
permanece fixo aos tecidos.
Ferimentos
28. Transfixantes lesão por objeto capaz de penetrar e
atravessar os tecidos ou determinado órgão, com
orifício de entrada e saída. Ex.: arma de fogo.
Ferimentos
29. Lacerante lesões por objeto com várias faces
cortantes ou produzidas pela compressão da pele,
causando lesões irregulares.
Ferimentos
33. Atendimento à vítima de ferimento
Ferimento fechado:
Compressa gelada por 15’;
Avaliar fratura fechada;
Imobilização do membro.
Ferimentos
34. Ferimento Aberto:
Proteger a ferida contra trauma secundário;
Proteger contra infecção (gaze estéril);
Realizar o XABCDE;
Avaliação do ferimento (natureza, mecanismo de lesão);
Inspeção da área lesada (expor o ferimento);
Limpeza da superfície do ferimento (Soro fisiológico, remover
corpos estranhos livres e detritos);
Imobilizar MMSS e MMII.
Atendimento à vítima de ferimento
Ferimentos
35. Atendimento à vítima de ferimento
Conter sangramentos: compressão direta, elevação
do membro e torniquete, em lesões lacerantes e
amputações;
As partes do corpo amputadas devem ser colocadas
em saco plásticos e levada ao hospital;
Aproximar as bordas das feridas incisivas e realizar
curativos compressivos;
Realizar curativo de três pontas em lesão no tórax
por arma de fogo ou branca.
Ferimentos
37. FERIMENTOS
EVICERAÇÕES
NÃO TENTAR REINTRODUZIR NO ABDOMÊN
OS ÓRGÃOS EVICERADOS
COBRIR AS VÍCERAS COM COMPRESSAS
ESTÉREIS E ÚMIDAS (SOLUÇÃO SALINA)
TRANSPORTAR O PACIENTE EM POSIÇÃO
SUPINA E COM OS JOELHOS FLETIDOS (CASO
NÃO HAJA NENHUM TRAUMA QUE CONTRA
INDIQUE)
38. Lesão na cabeça não pode ser pressionada (Risco de lesão do
cérebro);
Nas lesões incrustadas não deve ser retirado o objeto
encravado;
Nas eviscerações: não recolocar os órgãos para dentro da
cavidade abdominal; cobrir as vísceras com compressas úmidas
com soro fisiológico 0,9%; não oferecer líquidos à viítima.
Em ferimentos de face: desobstruir as vias aéreas.
Remover o paciente o quanto antes ao
hospital.
Atendimento à vítima de ferimento
Ferimentos
40. Ao tratar o paciente politraumatizado grave devemos:
1. Manter as prioridades de avaliação. Não se distrair
com lesões músculo-esqueléticas dramáticas que não
comportam risco de morte.
2. Reconhecer as lesões com risco de morte.
3. Reconhecer a biomecânica do trauma que causou as
lesões músculo-esqueléticas e a possibilidade da
presença de outras lesões com risco de vida causadas
por essa transferência de energia.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
42. ENTORSES
Os entorses são definidos como a situação em que ocorreu a distensão
inelástica dos ligamentos e/ou cápsula articular, causando algum grau de
instabilidade articular, temporária ou definitiva.
Provocado por um movimento que ultrapassa a amplitude normal da
articulação em uma ou mais direções;
Geralmente um entorse é acompanhado de dor e limitação funcional.
A presença de edema, sensibilidade e deformação NÃO É suficiente para
confirmar o entorse.
44. LUXAÇÃO
A luxação é definida como a perda da congruência articular.
De um modo mais simples podemos dizer que é a situação em que
existe algum grau de deslocamento entre os ossos de uma articulação,
além dos limites fisiológicos.
Geralmente uma luxação é acompanhada de muita dor e limitação
funcional.
A presença de edema, sensibilidade e deformação NÃO É suficiente
para confirmar a luxação.
46. As fraturas são definidas como soluções de continuidade
da estrutura óssea.
Ação brusca e violenta;
Gera graves lesões em partes moles, como músculos,
tendões, ligamentos;
Incapacidade de movimentar a área lesionada.
Geralmente uma fratura é acompanhada de dor e
limitação funcional;
A presença de edema, sensibilidade e deformação NÃO É
suficiente para confirmar a fratura;
Fraturas podem levar a grandes hemorragias.
FRATURA
48. PHTLS, 2007; SILVA; BRITO, 2008
TIPOS DE FRATURAS
Fraturas Fechadas
Não há rompimento da pele, ficando o osso no
interior do corpo;
Fraturas Expostas
Há rompimento da pele;
Simultaneamente hemorragia externa, risco iminente
de infecção.
FRATURA
49.
50. PHTLS, 2007; SILVA; BRITO, 2008
FRATURA
CLASSIFICAÇÃO DAS FRATURAS
Fratura completa
Quanto a linha que a
fratura fez no osso,
podendo ser oblíqua,
transversal, espiral
entre outras.
51. PHTLS, 2007; SILVA; BRITO, 2008
CLASSIFICAÇÃO DAS FRATURAS
Fratura completa
Quanto ao número de
fragmentos, pode ser
simples,dupla,múltipla
e cominutiva.
FRATURA
53. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Dor intensa que aumenta com o movimento;
Edema do ponto fraturado;
Deformidade de contorno;
Perda de função;
Posição anormal do membro fraturado;
Sensação de creptação.
FRATURA
55. AVALIAÇÃO INICIAL
X – hemorragias exsanguinantes
A = vias aéreas e coluna cervical
B = respiração e ventilação
C = circulação e controle da hemorragia
D = déficit neurológico
E = exposição e controle ambiente
56. ATENDIMENTO A VÍTIMA
FRATURAS FECHADAS/ ENTORSES/ LUXAÇÕES
Imobilizar na posição em que é encontrada (não alinhar);
As exceções são as fraturas em membros sem pulso e os pacientes que não podem
ser transportados por causa da posição incomum do membro.
As tentativas para alinhar um membro deverão ser abandonadas quando o paciente
se queixar de dor significativa ou quando se perceber resistência ao movimento.
Imobilizar uma articulação acima e abaixo da fratura para evitar qualquer
movimento da parte atingida.
57. ATENDIMENTO A VÍTIMA
FRATURAS FECHADAS/ ENTORSES/ LUXAÇÕES
Observar a perfusão nas extremidades;
Verificar presença de pulso distal e sensibilidade;
Em fraturas anguladas ou em articulações não se deve
tracionar. Imobilizar como estiver.
Administrar analgésicos
58. ATENDIMENTO A VÍTIMA
FRATURAS EXPOSTAS
Hemorragia, risco de contaminação, lesões de tecido
moles;
Cuidadosamente, tentar realinhar o membro;
Estancar a hemorragia (hemostasia);
Não tentar colocar o osso no interior da ferida.
59. ATENDIMENTO A VÍTIMA
FRATURAS EXPOSTAS
Prevenir a contaminação, mediante antissepsia local,
mantendo o ferimento coberto com gaze estéril;
Imobilizar;
Caso não seja possível alinhar a fratura, imobilizá-la
na posição em que estiver.
60. ATENDIMENTO A VÍTIMA
FRATURAS EXPOSTAS
Checar a presença de pulso distal e sensibilidade;
Nos casos em que há ausência de pulso distal e/ou sensibilidade, o transporte
URGENTE ao hospital é medida prioritária.
Tratamento com soro e/ou vacinação antitetânica.
61. ATENDIMENTO A VÍTIMA
ATENDIMENTO A VÍTIMA
Lembretes para qualquer tipo de
imobilização:
1. Remover jóias e relógios, de modo que
esses objetos não venham a prejudicar a
circulação quando o edema aumentar. A
lubrificação com loção ou um gel pode
facilitar a remoção dos anéis apertados;
62. ATENDIMENTO A VÍTIMA
Lembretes para qualquer tipo de
imobilização:
2. Avaliar a função neurovascular
distalmente ao local da lesão antes e depois
de aplicar qualquer imobilização, e depois,
periodicamente. Um membro sem pulso
indica lesão vascular.
64. PHTLS – Atendimento Pré-Hospitalar ao Traumatizado: Comitê do
PHTLS da National Association of Emergency Medical Technicions (NAEMT)
em Cooperação com Comitê de Trauma do Colégio Americano de Cirurgiões.
6º ed. Rio de Janeiro: Mosby Jems – Elsevier, 2007.
OLIVEIRA, B. F. M.; PAROLIN, M. K. F.; TEIXEIRA JÚNIOR, E. V. Trauma:
atendimento pré-hospitalar. São Paulo: Atheneu, 2004.
PIRES, Marco Túlio Baccarini; STARLING, Sizenando Vieira. Manual de
Urgências em Pronto Socorro. Rio de Janeiro : Guanabara Koogan,
2006.
PORCIDES, A. J. Feridas, curativos e Bandagens. In: Manual de
atendimento pré-hospitalar do Corpo de Bombeiros do Paraná.
SIATE/CBPR. Curitiba, 2006.
REFERÊNCIAS