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Síndrome
Compartimental
Leidiva Correia dos Santos
Medicina, 5º ano
Definição
• A síndrome compartimental
(SC) diz respeito ao aumento
da pressão intersticial sobre a
pressão de perfusão capilar
dentro de um compartimento
osteofascial fechado,
podendo comprometer vasos,
músculos e terminações
nervosas provocando lesão
tecidual e isquemia muscular
e nervosa
• A síndrome compartimental é
fundamentalmente uma
doença dos membros, sendo
mais comum na parte inferior
do membro inferior e no
antebraço. No entanto, a
síndrome compartimental
também pode ocorrer em
outros locais (p. ex., no
membro superior, no abdome
e na região glútea).
• Síndrome compartimental
é uma condição na qual o
aumento da pressão
dentro de um
compartimento confinado
e pouco expansivo
prejudica o aporte
sanguíneo para as
estruturas presentes
dentro do mesmo.
 Dado que os homens geralmente têm maior massa muscular, a
incidência é maior neste grupo (especialmente homens com <
de 35 anos de idade).
 Fraturas de ossos longos: cerca de ¾ dos casos
 ↑ risco de síndrome compartimental aguda em fraturas
cominutivas
 Ossos mais afetados: Tíbia (mais comum)
Úmero, na região próxima ao cotovelo
(fraturas supracondilianas em crianças)
 Em 70% dos casos é secundário a uma fratura.
Epidemiologia
Etiologia
Causas comuns da síndrome compartimental são:
• Fraturas
• Contusões graves ou lesões por esmagamento
• Lesão de reperfusão após lesão vascular e reparo
Causas raras incluem mordidas de cobra, queimaduras, esforço severo
durante exercicios, superdosagem de fármaco (heroína, cocaína), gesso,
curativos apertados e outros fechamentos rígidos que limitem o edema e,
assim, aumentem a pressão compartimental, infecções bacterianas,
cateterismo venoso, comorbidades como Diabete mellitus, etc.
A pressão prolongada de um músculo durante o coma pode causar
rabdomiólise.
A elevação da pressão pode ocorrer por aumento do conteúdo do compartimento
(edema muscular ou visceral) ou pela redução de volume ou complacência do
compartimento (pressão externa localizada e talas).
Classificação
Aguda:
• Desenvolve-se quando a pressão
intracompartimental excede a pressão
arterial capilar por um periodo prolongado.
• Causada com mais frequência por
traumatismo, lesão arterial e compressão
extrínseca (aparelho gessado, garrote,
pressão postural sobre o membro, etc..) e
demanda tratamento de urgência.
Crônica:
• Sintomatologia mais discreta.
• Desencadeada por atividades
fisicas.
• Eventualmente pode se
transformar em um episódio
agudo.
Fisiopatologia
 Os grupos musculares estão divididos em compartimentos, reforçados por membranas
fasciais.
 ↑ pressão do compartimento → obstrução do fluxo venoso (↑ pressão venosa) → colapso
arteriolar (↓ pressão arterial) → diminuição da perfusão do tecido → anóxia celular → dano dos
tecidos nervosos e musculares
 Fatores que afetam a lesão:
1.Pressão: Pressão normal dentro de um compartimento: geralmente 0-8 mm Hg
Pressões toleradas sem danos: até 20 mm Hg
2.Duração: A exposição prolongada a pressões elevadas resulta em morte celular. Lesão
muscular reversível: < 4 horas
Lesão muscular irreversível: ≥ 8 horas
Perda de condução nervosa: 2 horas
Neuropraxia: 4 horas
Lesão nervosa irreversível: ≥ 8 horas
3.Tipo e localização da lesão: Pode afetar qualquer compartimento do corpo: Extremidades
inferiores (perna): localização mais comum de síndorme; compartimental aguda; Antebraço:
síndrome compartimental associada a fratura supracondiliana (crianças) e fratura do rádio distal
(adultos); Braço; Mão; Abdómen; Nádega.
A síndrome compartimental é uma cascata de eventos que se autoperpetua. Começa com o edema
do tecido que normalmente ocorre após a lesão (p. ex., por edema ou hematoma de tecidos moles).
Se o edema ocorre dentro do compartimento fascial, normalmente, no compartimento anterior ou
posterior do membro inferior, há pouco espaço para expansão do tecido; dessa maneira, a pressão
intersticial (compartimental) aumenta. À medida que a pressão compartimental excede a pressão
capilar normal de cerca de 8 mmHg, a perfusão celular desacelera e com o tempo pode parar.
A isquemia tecidual resultante posteriormente piora o edema, e isso gera um círculo vicioso.
Conforme a isquemia progride, os músculos tornam-se necrosados, o que leva, às vezes,
à rabdomiólise, infecções e hiperpotassemia, ameaçando a perda do membro e podendo levar ao
óbito, caso não seja tratada. Hipotensão ou insuficiência arterial pode comprometer a perfusão
tecidual mesmo com pressão compartimental levemente elevada, causando ou piorando a
síndrome compartimental. Podem aparecer contraturas depois da cicatrização dos tecidos
necrosados.
Fisiopatologia
Sinais e sintomas
• O sintoma inicial da síndrome
compartimental é a piora da dor.
• A dor é tipicamente desproporcional à
gravidade da lesão aparente, sendo
agravada por estiramento passivo dos
músculos no interior do compartimento. A
dor não alivia com medicação analgésica e
também não diminui com a imobilização
do membro.
• A dor, é um dos 5 sintomas da isquemia
do tecido, é seguida de outros 4:
parestesia, paralisia, palidez e pulso
ausente. Os compartimentos podem estar
tensos à palpação.
• A parestesia pode ser um sintoma mais tardio e
é geralmente descrita como uma sensação de
queimação, e reflete sofrimento nervoso. O
edema do membro é evidente, brilhante, duro e
quente. Outros sinais tardios incluem paralisia,
devido à prolongada compressão de nervos e
danos musculares irreversíveis, palidez e
ausência de pulso.
• A ausência de pulso pode ser verificada na
palpação ou com doppler, e sua existência não é
necessária para o diagnóstico da síndrome
compartimental. Ao exame físico ainda podemos
encontrar equimoses e flictenas.
Diagnóstico
• Quadro clínico
• Medida da pressão compartimental:A síndrome compartimental é confirmada se a pressão
compartimental exceder 30 mmHg ou tiver cerca de 30 mmHg da pressão arterial diastólica.
Para confirmar o diagnóstico, eles verificam o pulso no membro e medem a
pressão no compartimento. Para medir a pressão, eles podem usar uma
agulha com um monitor de pressão preso a ela. Eles inserem a agulha no
compartimento do membro afetado, logo abaixo da fáscia. O monitor registra a
pressão e a agulha é retirada. Ou, em vez de uma agulha, eles podem inserir
um tubo flexível fino (cateter) que permanece no lugar para que a pressão
possa ser monitorada continuamente.
• Laboratorialmente pode-se ter um aumento da creatina fosfoquinase (CPK) num valor de
1000-5000 U/mL demonstrando uma mioglobinúria que pode sugerir o diagnóstico.
Diagnóstico
Diferencial
Crônica:
• Síndrome compressiva da artéria poplítea
• Doença venosa crônica
• Miosite
• Tendinite
Aguda:
• Trombose venosa
• Lesão arterial
• Lesão de nervo
Tratamento
 O tratamento inicial da síndrome compartimental
é a remoção de qualquer estrutura constritiva (p.
ex., gesso ou tala) em volta do membro.
 Correção da hipotensão
 Analgesia e administração de suplementação de
oxigênio, como necessário
 Monitoram-se os níveis de potássio e tratam-se os
pacientes com hiperpotassemia e rabdomiólise
conforme necessário.
 Normalmente, a menos que a pressão
compartimental caia rapidamente e os sintomas
diminuam, é necessário fazer uma fasciotomia de
urgência.
 A amputação é indicada se a necrose for extensa.
A fasciotomia deve ser feita através de
grandes incisões na pele para abrir
todos os compartimentos da fácia no
membro e, assim, aliviar a pressão.
Deve-se inspecionar cuidosamente
todos os músculos em termos de
viabilidade, e qualquer tecido não
viável deve ser desbridado.
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  • 2. Definição • A síndrome compartimental (SC) diz respeito ao aumento da pressão intersticial sobre a pressão de perfusão capilar dentro de um compartimento osteofascial fechado, podendo comprometer vasos, músculos e terminações nervosas provocando lesão tecidual e isquemia muscular e nervosa • A síndrome compartimental é fundamentalmente uma doença dos membros, sendo mais comum na parte inferior do membro inferior e no antebraço. No entanto, a síndrome compartimental também pode ocorrer em outros locais (p. ex., no membro superior, no abdome e na região glútea). • Síndrome compartimental é uma condição na qual o aumento da pressão dentro de um compartimento confinado e pouco expansivo prejudica o aporte sanguíneo para as estruturas presentes dentro do mesmo.
  • 3.  Dado que os homens geralmente têm maior massa muscular, a incidência é maior neste grupo (especialmente homens com < de 35 anos de idade).  Fraturas de ossos longos: cerca de ¾ dos casos  ↑ risco de síndrome compartimental aguda em fraturas cominutivas  Ossos mais afetados: Tíbia (mais comum) Úmero, na região próxima ao cotovelo (fraturas supracondilianas em crianças)  Em 70% dos casos é secundário a uma fratura. Epidemiologia
  • 4. Etiologia Causas comuns da síndrome compartimental são: • Fraturas • Contusões graves ou lesões por esmagamento • Lesão de reperfusão após lesão vascular e reparo Causas raras incluem mordidas de cobra, queimaduras, esforço severo durante exercicios, superdosagem de fármaco (heroína, cocaína), gesso, curativos apertados e outros fechamentos rígidos que limitem o edema e, assim, aumentem a pressão compartimental, infecções bacterianas, cateterismo venoso, comorbidades como Diabete mellitus, etc. A pressão prolongada de um músculo durante o coma pode causar rabdomiólise. A elevação da pressão pode ocorrer por aumento do conteúdo do compartimento (edema muscular ou visceral) ou pela redução de volume ou complacência do compartimento (pressão externa localizada e talas).
  • 5. Classificação Aguda: • Desenvolve-se quando a pressão intracompartimental excede a pressão arterial capilar por um periodo prolongado. • Causada com mais frequência por traumatismo, lesão arterial e compressão extrínseca (aparelho gessado, garrote, pressão postural sobre o membro, etc..) e demanda tratamento de urgência. Crônica: • Sintomatologia mais discreta. • Desencadeada por atividades fisicas. • Eventualmente pode se transformar em um episódio agudo.
  • 6. Fisiopatologia  Os grupos musculares estão divididos em compartimentos, reforçados por membranas fasciais.  ↑ pressão do compartimento → obstrução do fluxo venoso (↑ pressão venosa) → colapso arteriolar (↓ pressão arterial) → diminuição da perfusão do tecido → anóxia celular → dano dos tecidos nervosos e musculares  Fatores que afetam a lesão: 1.Pressão: Pressão normal dentro de um compartimento: geralmente 0-8 mm Hg Pressões toleradas sem danos: até 20 mm Hg 2.Duração: A exposição prolongada a pressões elevadas resulta em morte celular. Lesão muscular reversível: < 4 horas Lesão muscular irreversível: ≥ 8 horas Perda de condução nervosa: 2 horas Neuropraxia: 4 horas Lesão nervosa irreversível: ≥ 8 horas 3.Tipo e localização da lesão: Pode afetar qualquer compartimento do corpo: Extremidades inferiores (perna): localização mais comum de síndorme; compartimental aguda; Antebraço: síndrome compartimental associada a fratura supracondiliana (crianças) e fratura do rádio distal (adultos); Braço; Mão; Abdómen; Nádega.
  • 7. A síndrome compartimental é uma cascata de eventos que se autoperpetua. Começa com o edema do tecido que normalmente ocorre após a lesão (p. ex., por edema ou hematoma de tecidos moles). Se o edema ocorre dentro do compartimento fascial, normalmente, no compartimento anterior ou posterior do membro inferior, há pouco espaço para expansão do tecido; dessa maneira, a pressão intersticial (compartimental) aumenta. À medida que a pressão compartimental excede a pressão capilar normal de cerca de 8 mmHg, a perfusão celular desacelera e com o tempo pode parar. A isquemia tecidual resultante posteriormente piora o edema, e isso gera um círculo vicioso. Conforme a isquemia progride, os músculos tornam-se necrosados, o que leva, às vezes, à rabdomiólise, infecções e hiperpotassemia, ameaçando a perda do membro e podendo levar ao óbito, caso não seja tratada. Hipotensão ou insuficiência arterial pode comprometer a perfusão tecidual mesmo com pressão compartimental levemente elevada, causando ou piorando a síndrome compartimental. Podem aparecer contraturas depois da cicatrização dos tecidos necrosados. Fisiopatologia
  • 8. Sinais e sintomas • O sintoma inicial da síndrome compartimental é a piora da dor. • A dor é tipicamente desproporcional à gravidade da lesão aparente, sendo agravada por estiramento passivo dos músculos no interior do compartimento. A dor não alivia com medicação analgésica e também não diminui com a imobilização do membro. • A dor, é um dos 5 sintomas da isquemia do tecido, é seguida de outros 4: parestesia, paralisia, palidez e pulso ausente. Os compartimentos podem estar tensos à palpação. • A parestesia pode ser um sintoma mais tardio e é geralmente descrita como uma sensação de queimação, e reflete sofrimento nervoso. O edema do membro é evidente, brilhante, duro e quente. Outros sinais tardios incluem paralisia, devido à prolongada compressão de nervos e danos musculares irreversíveis, palidez e ausência de pulso. • A ausência de pulso pode ser verificada na palpação ou com doppler, e sua existência não é necessária para o diagnóstico da síndrome compartimental. Ao exame físico ainda podemos encontrar equimoses e flictenas.
  • 9. Diagnóstico • Quadro clínico • Medida da pressão compartimental:A síndrome compartimental é confirmada se a pressão compartimental exceder 30 mmHg ou tiver cerca de 30 mmHg da pressão arterial diastólica. Para confirmar o diagnóstico, eles verificam o pulso no membro e medem a pressão no compartimento. Para medir a pressão, eles podem usar uma agulha com um monitor de pressão preso a ela. Eles inserem a agulha no compartimento do membro afetado, logo abaixo da fáscia. O monitor registra a pressão e a agulha é retirada. Ou, em vez de uma agulha, eles podem inserir um tubo flexível fino (cateter) que permanece no lugar para que a pressão possa ser monitorada continuamente. • Laboratorialmente pode-se ter um aumento da creatina fosfoquinase (CPK) num valor de 1000-5000 U/mL demonstrando uma mioglobinúria que pode sugerir o diagnóstico.
  • 10. Diagnóstico Diferencial Crônica: • Síndrome compressiva da artéria poplítea • Doença venosa crônica • Miosite • Tendinite Aguda: • Trombose venosa • Lesão arterial • Lesão de nervo
  • 11. Tratamento  O tratamento inicial da síndrome compartimental é a remoção de qualquer estrutura constritiva (p. ex., gesso ou tala) em volta do membro.  Correção da hipotensão  Analgesia e administração de suplementação de oxigênio, como necessário  Monitoram-se os níveis de potássio e tratam-se os pacientes com hiperpotassemia e rabdomiólise conforme necessário.  Normalmente, a menos que a pressão compartimental caia rapidamente e os sintomas diminuam, é necessário fazer uma fasciotomia de urgência.  A amputação é indicada se a necrose for extensa. A fasciotomia deve ser feita através de grandes incisões na pele para abrir todos os compartimentos da fácia no membro e, assim, aliviar a pressão. Deve-se inspecionar cuidosamente todos os músculos em termos de viabilidade, e qualquer tecido não viável deve ser desbridado.